PEDAGOGIA HOSPITALAR: A IMPORTANCIA, A CONTRIBUIÇÃO E OS DESAFIOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM NO HOSPITAL. UM FOCO NA DOCENCIA SUPERIOR DE ENFERMAGEM E PEDAGOGIA.

Cristina de Moraes Santiago1

Priscila Lau Lacerda

Richelle Cristina Dos Santos Menezes

 

Orientador: PROF. MSc. Mauro Sérgio Soares Rabelo2

RESUMO: O estudo tem o objetivo de analisar sobre a atuação do pedagogo na área hospitalar. O presente trabalho realizou a pesquisa bibliográfica para análise sobre a importância do pedagogo, suas contribuições e seus desafios. A partir do estudo das teorias de Matos e Mugiatti (2008), entre outros, mostrou que o objetivo da pedagogia hospitalar é manter a criança em contato com a escola. O pedagogo e o enfermeiro ainda na formação acadêmica necessitam de uma formação diferenciada que desenvolva suas habilidades nessa área da pedagogia escolar.

Palavras-chave: Pedagogia Hospitalar; Prática Pedagógica; Formação.

[1] Acadêmicos do Curso de Especialização em Gestão e Docência no Ensino Superior da Faculdade de Teologia e Ciências Humanas (FATECH). Email[email protected],

[email protected].br,[email protected].

2 Pedagogo pelo Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA, PA). Mestre em Ciência da Educação pela Faculdade Integrada de Goiás (FIG). Graduado Tecnólogo em Gestão de Comércio Exterior (UNINTER). Prós graduando em Metodologia no Ensino Superior em EAD pela Faculdade Educacional da Lapa (FAEL, PR). Especialista em Educação Profissional pelo Instituto de Ensino Superior do Amapá (IESAP, AP). Email: [email protected].

INTRODUÇÃO

 Atualmente, um novo conceito de pedagogia vem ganhando força na esfera educacional, a “pedagogia hospitalar”. Pouco se fala dessa modalidade de ensino, o estudo sobre o tema é precário o que torna esse termo quase desconhecido, principalmente no Brasil.

A criança tem um medo folclórico e vivencia situação de pânico diante de pessoas vestidas de branco, o pedagogo hospitalar pode atuar como um mediador lúdico nesse momento, para ajudar a criança a ter mais confiança e sentir-se segura. Nesse sentido se enfatiza a importância de expandir o conhecimento da temática para as faculdades superiores de ensino, para os cursos de enfermagem e pedagogia, são profissionais que podem trabalhar em conjunto de forma dinâmica objetivando o bem estar da criança enferma e assim contribuindo para uma rápida recuperação.

Trata-se de um atendimento especial diferenciado para a criança ou jovem internado, que teve sua rotina escolar interrompida por uma doença, a fim garantir o desenvolvimento e a construção de seus conhecimentos mesmo estando doente.

A hospitalização é um momento difícil na vida de qualquer pessoa e especialmente na vida de uma criança. E para minimizar o entorno da criança em termos de dificuldades de aprendizagem, por conta da doença, o pedagogo hospitalar trabalha junto a essa criança para que seja mais fácil para ela, se reinserir no seu contexto original.

A pedagogia hospitalar trata a criança hospitalizada como um ser em processo de aprendizagem, e age para que não haja uma ruptura do atendimento que recebia na sua escola, fazendo a ligação entre o saber que tinha na escola com o saber que tem dentro do hospital. Isto é, configura-se como um processo pedagógico que funciona em parceria entre o hospital e a escola, através de professores que trabalham preservando a continuidade do desenvolvimento da aprendizagem por meio de metodologias diferenciadas, flexíveis e vigilantes que respeitem o quadro clínico.

Além de utilizar o hospital como espaço acadêmico, a pedagogia hospitalar surge com reconhecimento de que crianças e adolescentes, no momento de hospitalização, carecem ter assegurado não somente a atenção à sua saúde, mas também ao seu desenvolvimento psíquico e cognitivo, ou seja, ter seu direito à saúde e à educação respeitada.

          Dessa forma, o objetivo deste estudo é analisar a importância e a contribuição do pedagogo hospitalar para na formação da criança/adolescente se que encontra internada. Assim como, os desafios desse profissional na sua pratica pedagógica.

            A presente pesquisa se estrutura em 05 (cinco) capítulos. O primeiro intitula-se “breve histórico” e se constitui na análise histórica e fundamentos da Educação e da Pedagogia Hospitalar.

          O segundo capítulo menciona a observância da legislação sobre o tema; pressupostos básicos para implantação da pedagogia hospitalar como ensino especial e obrigatório para a criança que se encontra internada.

          Já, o terceiro capítulo que ressalta a importância e as contribuições do pedagogo hospitalar; a formação de professores para atuar na área hospitalar; organização pedagógica: aspectos metodológicos da prática docente no hospital; a função social da instituição hospitalar no processo educativo da criança internada.

            O quarto capítulo fala sobre um olhar na formação dos graduados de enfermagem e pedagogia, com relação a sua pedagogia em ambiente hospitalar e da importância do estudo tanto nas faculdades de pedagogia quanto de enfermagem.

            E por fim o quinto e último capitulo traz a metodologia trabalha, com as perguntas  realizadas e seus respectivos resultados.

         Esse estudo faz uma análise acerca do processo educativo na modalidade pedagogia hospitalar, bem como contribuir com a ação pedagógica hospitalar no município de Macapá.

1 –CONCEITUANDO PEDAGOGIA HOSPITALAR

 Falando em diversidade de movimentos pedagógicos, atualmente um novo conceito de pedagogia vem ganhando força na esfera educacional, a “pedagogia hospitalar”. Pouco se fala dessa modalidade de ensino, o estudo sobre o tema é precário o que torna esse termo quase desconhecido, principalmente no Brasil.

Pedagogia e hospitalar são termos que pelo dicionário Aurélio possuem definições indiferentes, “pedagogia” representa “teoria e ciência da educação e do ensino” e o termo “hospitalar” quer dizer “relativo a hospital, onde se tratam doentes internados ou não”. A junção destes dois termos se deu no momento em que se percebeu a necessidade em dar continuidade aos estudos daquelas crianças que estavam afastadas do meio escolar.

              A Pedagogia Hospitalar surgiu dentro desse contexto, oferecendo uma assessoria diferenciada por meio de atendimento emocional e humanístico para crianças e adolescentes como também para seus familiares, com intuito de dar continuidade na escolaridade formal e melhorar a adaptação de pacientes em hospitais.

Se a ação pedagógica integrada é importante para toda pessoa também o será para a criança (ou adolescente) enferma, considerando que o seuprocesso de educação foi interrompido, gerando, entre outros impedimentos, o de frequentar a escola regular. (MATOS & MUGIATTI, 2007, p.46)

              Nesse sentido, nota-se que a continuidade do processo educativo dentro do hospital ajuda no tratamento da criança enferma, uma vez que, enquanto paciente, a criança sente-se capaz de levar uma vida normal, apesar da doença. Uma ação pedagógica de forma diferenciada minimiza a ausência dos amigos, familiares e de toda a rotina que outrora vivenciava na escola, o que contribui com sua recuperação.

“A Pedagogia Hospitalar é uma modalidade de Educação que visa melhorar a Qualidade de Vida da criança hospitalizada, portanto afastada de seu meio social e do contato com o mundo exterior. Sua visão humanística permite olhar para criança tomando-a como um ser global, seu objetivo é atender de forma global e humana (filosofia humanística) os alunos que estão impossibilitados de frequentar as salas de aulas nas escolas da rede regular de ensino”. (ESTEVES, 2012)       

Trata-se de um atendimento especial diferenciado para a criança ou jovem internado, que teve sua rotina escolar interrompida por uma doença, a fim garantir o desenvolvimento e a construção de seus conhecimentos mesmo estando doente.

            Ou seja, se define Pedagogia Hospitalar como uma nova forma de atendimento educacional humanizado, cujo objetivo é manter a criança em contato com a escola, mesmo estando internada.

A hospitalização é um momento difícil na vida de qualquer pessoa e especialmente na vida de uma criança. E para minimizar o entorno da criança em termos de dificuldades de aprendizagem, por conta da doença, o pedagogo hospitalar trabalha junto a essa criança para que seja mais fácil para ela, se reinserir no seu contexto original.

“A classe hospitalar ou pedagogia hospitalar é uma denominação institucional que visa o exercício do professor junto à criança e adolescente hospitalizado nas demandas pedagógicas, nas demandas de entendimento desse sujeito dentro desse contexto e das necessidades que ele há de precisar no momento dos pós alta hospitalar, que é de reinserção do contexto escolar”.

(LIBÂNEO, 2001 p. 9)

Além de utilizar o hospital com espaço acadêmico, a pedagogia hospitalar surge como reconhecimento de que crianças e adolescentes, no momento de hospitalização, carecem ter assegurado, não somente a atenção à sua saúde, mas também ao seu desenvolvimento psíquico e cognitivo, ou seja, ter seu direito à saúde e à educação respeitada.

A pedagogia hospitalar trata a criança hospitalizada como um ser em processo de aprendizagem, e age para que não haja uma ruptura do atendimento que recebia na sua escola, fazendo a ligação entre o saber que tinha na escola com o saber que tem dentro do hospital. Isto é, configura-se como um processo pedagógico que funciona em parceria entre o hospital e a escola, através de professores que trabalham preservando a continuidade do desenvolvimento da aprendizagem por meio de metodologias diferenciados, flexíveis e vigilantes que respeitem o quadro clínico.

Em termos gerais a Pedagogia Hospitalar é um processo novo e alternativo de educação, que supera os métodos tradicionais escola/aluno, pois, busca atender a criança doente como forma de apoio educacional e que pode auxiliar na recuperação desse paciente.

No contexto estadual o Amapá já possui uma Lei Complementar de Autoria do deputado Charles Marques, que dispõe sobre a garantia do Direito da Criança e do Adolescente ao Atendimento Pedagógico e escolar na internação hospitalar no Estado do Amapá. Fica reconhecida a classe hospitalar como o atendimento pedagógico dispensado à criança e ao adolescente hospitalizado em Unidades de Saúde do Sistema Único de Saúde do Estado do Amapá - SUS/AP e Hospitais da Rede Privada, durante seu internamento. (LEI COMPLEMENTAR Nº 0001/2011)

1.1  – O ambiente hospitalar

            De acordo com o dicionário Aurélio, “o hospital é um local destinado ao diagnóstico e ao tratamento de doentes, onde se pratica também a investigação e o ensino.” Com o passar do tempo, a noção passou a dizer respeito à qualidade. Segundo definição do Ministério da Saúde, um espaço de educação de acolher/hospedar alguém bem e com satisfação.

Hospital é a parte integrante de uma organização médica e social, cuja função básica consiste em proporcionar à população assistência médica integral, curativa e preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive o domiciliar, constituindo-se também em centro de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisas, em saúde, bem como de encaminhamento de pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente. (BRASIL, 1977, p.329).

Antigamente, um hospital era um local onde se exercia a caridade a pessoas pobres, doentes, órfãs, idosas e a peregrinos, acolhidos por monges e freiras.

O hospital como estabelecimento de saúde, tem como finalidade cumprir as funções de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças. Os hospitais podem ser gerais, psiquiátricos, geriátricos e materno-infantis (as maternidades), entre outras especialidades.

1.2  -A criança no ambiente hospitalar

     A educação se processa como garantia dos direitos sociais, auxiliando crianças/ adolescentes na reflexão e ação no período de internação, assim como na reflexão mais profunda sobre sua condição de vida e saúde em nome da superação do paradigma de meros pacientes para se tornarem agentes do seu processo de desenvolvimento e cura.

Nesse contexto, os profissionais de saúde tentam encontrar formas de amenizar o sofrimento das crianças e, uma das maneiras encontradas, é o uso do brinquedo no hospital. O brinquedo beneficia não apenas a criança, ajudando- a no entendimento do que está acontecendo, liberando temores, tensões e ansiedade, como também ao enfermeiro e ao hospital. (LEITE E SHIMO, 2008, P. 309)

O direito de brincar da criança deve ser garantido sempre e a humanização é uma forma de garantir à palavra a sua dignidade ética. Ou seja, para que o sofrimento humano e as percepções de dor ou de prazer sejam reconhecidas pelo outro. É preciso ainda, que esse sujeito ouça das outras palavras do seu reconhecimento.

Desse modo, qualquer instituição hospitalar deveria elaborar projetos que garantissem o atendimento pedagógico hospitalar para crianças que estão doentes e internadas, a fim de que essa atividade educativa nesse momento difícil possa ajudá-las numa recuperação mais rápida. Isto é, a pedagogia hospitalar se fundamenta na humanização do seu trabalho realizado com essas crianças, na dedicação, no amor, na confiança e na superação do dia a dia.

Assim para que o objetivo da Pedagogia Hospitalar seja alcançado, é necessário que o hospital garanta essa possibilidade oferecendo a ela o acesso a um profissional competente e habilitado, a variados e diversos recursos apropriados e ambiente organizado. Somente dessa forma a criança hospitalizada poderá dispor de uma boa qualidade de vida.

2–O PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM EM AMBIENTE NÃO EDUCACIONAL.

A primeira Classe Hospitalar no Brasil surgiu em 1950, no Rio de Janeiro na Escola Hospital Menino Jesus, que está em funcionamento até os dias atuais. Desde, então, o atendimento vem se expandindo vagarosamente. Em nosso país existem quase 7000 hospitais, mas existem apenas 90 Classes Hospitalares.

Diante do exposto, pode-se afirmar que estudos e pesquisas confirmam que a Pedagogia Hospitalar é um trabalho raro nos hospitais brasileiros, apesar da existência das leis que garantem o atendimento escolar em hospitais.

Comparativamente, pode-se entender o hospital para a criança/adolescente como um amplo cenário do qual participam os mais diversos atores [...] considerando, portanto, esse valioso elenco participante, vê-se como dá mais extrema importância a atuação de todos, quanto às suas respectivas atribuições, pela necessidade de preservação da real qualidade de suas tarefas.(Matos e Mugiatti2001, p. 31

              Ou seja, quando os estudantes adoecem costumam ser afastados do convívio escolar, dos amigos, da família e sentem-se tristes e desamparados, o que prejudica também sua recuperação durante o tratamento, afetando sua auto estima e reduzindo assim, os resultados na melhora de saúde. Dessa forma, entre tantos profissionais que atuam no hospital em prol dessa criança, deve estar o pedagogo, que também contribuirá com a recuperação e auto estima. Uma vez que, esse profissional dará continuidade no processo ensino aprendizagem da criança dentro de um contexto hospitalar. Garantido assim o direito da criança à educação, conforme descrito na art. 205 da Constituição Federal e na LDB.

              Montessori defendia o respeito às necessidades de cada criança, independentemente de sua faixa etária ou condição e reforçava a idéia de que as crianças são capazes de conduzir seu próprio aprendizado, precisando somente ser monitorada nesse processo. Na visão da autora, “a educação é uma conquista da criança, pois percebeu que já nascemos com a capacidade de ensinar a nós mesmos, se nos forem dadas as condições”. (VASCONCELOS, 2000)

              Dessa forma, compreende-se que a educação não se dá somente no ambiente escolar, dentro dos padrões determinados pelo sistema, mas surge da necessidade de se fazer aprender. A educação vai além do uso de materiais convencionais escolares, pois, ela precisa se apropriar também, de recursos lúdicos que desperte o interesse e o desenvolvimento da criança.

Na realidade atual do Brasil, em que as condições humanas são cada vez mais precárias, percebe-se o grande número de crianças com saúde debilitada. No caso de criança na idade escolar, é muito comum acontecer a interrupção de seus estudos, ou seja, a criança precisa ser hospitalizada e com isso deixa de freqüentar a escola suspendendo sua rotina escolar. Nesse momento, a pedagogia educacional ultrapassa os muros da escola e chega aos hospitais, surgindo assim a pedagogia hospitalar, a fim de levar até essa criança em condições especiais de saúde, a continuidade de sua jornada escolar.

A intervenção faz com que a criança mantenha rastros que a ajudem a recuperar seu caminho e garantir o reconhecimento de sua identidade. O contato com sua escolarização faz do hospital uma agência educacional para a criança hospitalizada desenvolver atividades que a ajudem a construir um percurso cognitivo, emocional e social para manter uma ligação com a vida familiar e a realidade no hospital. (Esteves, 2012).

              Diante disso, pode-se concluir que a educação hospitalar está totalmente vinculada com o contexto real e familiar da criança, visando garantir a continuidade do desenvolvimento que a criança já recebe em casa e na escola seja ele cognitivo emocional e social mesmo sob condições de saúde debilitada. 

Entre os principais objetivos da pedagogia hospitalar está o de tornar o hospital um lugar mais agradável para o paciente. A descontração deve ser o ponto principal para tornar tanto a prática educativa quanto o tratamento menos doloroso para o paciente. A doença pode levar ao isolamento, causando diversos efeitos à pessoa hospitalizada. Como consequência dessa hospitalização pode-se apresentar ansiedade, depressão, solidão, busca de proteção e atrasos emocionais e cognitivos, principalmente em crianças. A atuação do pedagogo em conjunto com a família e a equipe médica é primordial nesses casos (VASCONCELOS, 2000)

Nesse sentido, o papel da pedagogia hospitalar é primordialmente de fazer com que a criança sinta-se num ambiente familiar e possa esquecer, por alguns momentos, que se encontra doente e hospitalizada. Mas, para isso acontecer faz-se necessário que todos trabalhem juntos, família, escola e hospital.

A Classe Hospitalar fundamenta um papel importante ao atendimento que presta à criança hospitalizada, num momento em que esta necessita de uma atenção redobrada, já que seu estado físico e emocional está potencialmente abalado devido à enfermidade que esta acometida.

A atuação do pedagogo hospitalar está relacionada à visão humanística, demonstrando em sua prática que não é só o corpo que deve ser "olhado", mas o ser integral, suas necessidades físicas, psíquicas e sociais. Ao promover essas experiências vivenciais dentro de um hospital: brincar, pensar, criar, trocar, o pedagogo estará favorecendo o desenvolvimento da criança, que não deve ser interrompido em função de uma hospitalização.

A pedagogia Hospitalar permite que a criança e ao adolescente mantenham laços com o mundo exterior, assim como uma rápida adaptação à sua nova rotina.Daí a importância da classe hospitalar para o desenvolvimento cognitivo e emocional da criança, durante o período em que se encontra hospitalizada acometida por alguma enfermidade que a impossibilite de frequentar a escola em tempo integral. Isso se faz necessário devido à importância dado a educação especial, foco central das discussões educativas nos dias atuais.

3 – O DESAFIO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NO AMBIENTE HOSPITALAR.

 O papel do pedagogo é de atender as dificuldades das crianças e dos adolescentes, propondo a realização do processo educativo, com atividades diversificadas de escritas, leitura, matemática e jogos para garantir o desenvolvimento intelectual, assim como, o acompanhamento escolar.

A respeito da formação pedagógica, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de pedagogia constadas na Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006, em seu art. 3º parágrafo único, preveem a formação dos estudantes do curso de pedagogia, para que esses possam atuar em diversos campos além do ambiente escolar.

Art.3º O estudante de pedagogia trabalhará com um repertório de informações e habilidades composto por pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, cuja consolidação será proporcionada no exercício da profissão, fundamentando-se em princípios de interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética. Parágrafo único. Para a formação do licenciado em Pedagogia é central: I - o conhecimento da escola como organização complexa que tem função de promover a educação para a cidadania;  II - a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse da área educacional; III - a participação na gestão de processos  educativos e na organização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino. (ESTEVES, 2012).

O pedagogo hospitalar precisa ter características fundamentais como: sensibilidade, compreensão, força de vontade, criatividade, persistência e paciência.

Portanto, é indispensável que o pedagogo hospitalar realize suas atividades e aplique-as de forma consciente, visando melhoria na qualidade de ensino e formando cidadãos mais preparados para a sua realidade humana.

A pedagogia hospitalar é um desafio, para o pedagogo que desenvolve um trabalho humanizado ajudando pacientes prejudicados na sua escolarização, proporcionando conhecimento e qualidade de vida ao paciente.

O pedagogo que desenvolve seu trabalho no ambiente hospitalar tem uma importante função na sociedade, é um espaço novo para a atuação do mesmo, por isso, deve ter clareza da sua atuação neste espaço que envolve muitos cuidados e dedicação. Pois, os pacientes envolvidos no processo de aprendizagem necessitam de muita atenção e compreensão. As crianças e adolescentes, que ali permanecem, precisam de muito apoio tanto físico quanto emocional e o pedagogo pode contribuir para que a melhora deste paciente seja satisfatória.

Nessa perspectiva, o pedagogo precisará preparar suas atividades educativas dentro do hospital, visando contemplar as necessidades dos alunos presentes na instituição, sendo eles aluno estudante ou aluno clientes.

4 – UM OLHAR NA FORMAÇÃO DOS GRADUADOS DE ENFERMAGEM E PEDAGOGIA, COM RELAÇÃO A SUA PEDAGOGIA EM AMBIENTE HOSPITALAR.         

            O papel do pedagogo é de atender as dificuldades das crianças e dos adolescentes, propondo a realização do processo educativo, com atividades diversificadas de escritas, leitura, matemática e jogos para garantir o desenvolvimento intelectual, assim como, o acompanhamento escolar.

A respeito da formação pedagógica, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de pedagogia constadas na Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006, em seu art. 3º parágrafo único, prevêem a formação dos estudantes do curso de pedagogia, para que esses possam atuar em diversos campos além do ambiente escolar.

Art.3º O estudante de pedagogia trabalhará com um repertório de informações e habilidades composto por pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, cuja consolidação será proporcionada no exercício da profissão, fundamentando-se em princípios de interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética. Parágrafo único. Para a formação do licenciado em Pedagogia é central: I - o conhecimento da escola como organização complexa que tem função de promover a educação para a cidadania;  II - a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse da área educacional; III - a participação na gestão de processos  educativos e na organização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino. (BRASIL, 2006).

Atualmente o cidadão formado em “pedagogia” está habilitado para atuar tanto nos espaços escolares como nos espaços não escolares. E um desses espaços, fora da escola, é o hospital, no qual, atua o pedagogo hospitalar. Porém, para atuar no espaço hospitalar o professor precisa ter formação pedagógica, preferencialmente em Educação Especial ou especialização em Pedagogia Hospitalar e Educação Inclusiva.

Deste modo, o pedagogo para atuar na área hospitalar deve estar realmente preparado para trabalhar com crianças que estão necessitadas de cuidados especiais. Sua prática deve ser multidisciplinar com inserção de valores como: adversidade, ética e cidadania.

Nota-se, então, que não basta apenas ter formação profissional especializada para atuar nessa área, é preciso principalmente aptidões e capacitações. Uma vez que, a educação não formal no hospital requer uma prática educativa com atividades escolares e jogos educativos que servem como ponte de interação harmoniosa entre ações educativas da escola e as ações educativas no hospital.

Nesse momento, o enfermeiro também enfrenta grandes desafios que é trabalhar com uma criança ou adolescente que se encontra internado num hospital acometido por uma doença. Seu papel é fundamental em dar assistência ao paciente pediátrico e resgatar na criança o estímulo à vida, através de motivação, afeto, amor, confiança. Para isso, deve promover e incentivar práticas que gerem o bem estar das crianças que estão afastadas do contexto escolar. Uma vez que seu papel não é apenas contribuir para o resultado final (cura) do seu paciente.

O enfermeiro precisa adquirir amplos conhecimentos práticos e teóricos sobre a pedagogia hospitalar ficando ciente que o pedagogo pode ser seu aliado em seu trabalho no setor infantil de um hospital. No estabelecimento de conhecimento técnico adquirido por um enfermeiro, os fundamentos mais preciosos desses conhecimentos científicos e acima de tudo é da humanização deverá ser essencial para o sucesso da recuperação de seu paciente infantil.

Alguns estudos mostraram que as pesquisas acadêmicas de enfermeiros sobre sua atuação lúdica no contexto hospitalar reforçam os resultados positivos desta prática, o que é evidenciado também em outros trabalhos científicos. O número crescente de estudos sobre a temática denota uma progressiva valorização do ser humano, não só em termos nacionais, mas, também, internacionais. (LEITE E SHIMO, 2008, p. 39

O enfermeiro no ambiente hospitalar deve atuar como orientador e facilitador da assistência à criança, mantendo uma relação de harmonia com a equipe multidisciplinar e a família, não esquecendo que apesar de ser um profissional que preenche várias lacunas no atendimento, é essencial que cada membro da equipe de saúde exerça a sua função, para que seja atingido o objetivo esperado.

Sendo assim, destaca-se a importância do ensino sobre a pedagogia hospitalar ainda na faculdade de enfermagem ao profissional para que ele tenha uma visão holística com relação aqueles em que ele presta atendimento, pois ele deve estar atento aos aspectos pedagógicos, às necessidades físicas e emocionais dos alunos e até mesmo precisa visar o lado emocional dos seus familiares.

5 – METODOLOGIA

Esse artigo, está fundamentado em uma pesquisa de campo, na modalidade qualitativa, feita com 10 profissionais da área de saúde, lotados na unidade Básica de Saúde Marabaixo, que fica localizada na Rua 4, bairro Marabaixo ll S/N.

 

Tabulação dos Resultados

  1. 1.    Você acha importante a presença do pedagogo nesse ambiente hospitalar?

 

Fonte: Funcionários da Unidade Básica Marabaixo.

Como podemos analisar as respostas acima, a inserção do pedagogo no espaço hospitalar acontece de várias formas. Diante desse quadro, podemos ver que instituição/unidade básica não contemplam as propostas do MEC sobre a formação da equipe em classe hospitalar. Isso se dá pela ausência de políticas públicas que garantam a atuação dos pedagogos nesses ambientes, onde os mesmos deveriam ser preparados para tal atuação. E se faz indispensável uma parceria entre a secretaria de educação e saúde para garantir de fato a continuidade dos estudos das crianças atendidas.

2. As crianças necessitam continuar seus estudos quando internados nessa unidade de saúde?

 

Fonte:Funcionários da Unidade Básica Marabaixo.

Podemos notar, nas falas, que a sua atuação e a necessidade vão além da sala de aula, transpassa para outros locais da instituição, atendendo assim um número maior de alunos/pacientes. Já os pais dos enfermos se limitam apenas em um local, dificultando o acesso ao aprendizado das demais crianças que não possam frequentar tais ambientes, deixando de cumprir a lei que determina que toda criança tem o direito a educação e ao lazer, entre outros.

3. Você acha que as crianças poderiam aprender de fato os conteúdos escolares dentro dessa unidade de saúde?

 

Fonte: Funcionários da Unidade Básica Marabaixo.

No que se refere aos saberes necessários para a atuação do pedagogo, obtivemos conceitos variados. Os professores e profissionais da saúde, podemos notar certa amplitude desses saberes, tanto do aspecto físico como do emocional. Já os demais dizem que são necessários somente os conhecimentos relacionados a doença e ao tratamento que são submetidas as crianças.

4. Hoje temos algum profissional de saúde que contribuem com a educação dentro dessa unidade?


Fonte: Funcionários da Unidade Básica Marabaixo.

 

Como podemos ver no Gráfico quase toda a totalidade dos entrevistados desconhece a atuação desse profissional na Unidade Básica de Saúde. O que é realmente preocupante e desafiador para nós profissionais da educação, mas principalmente para as autoridades aí constituídas do nosso Estado do Amapá.

5. Você sabe que já tem no Estado do Amapá uma Lei que criou a Função de Pedagogo nas unidades Hospitalar?

 

 

Fonte: Funcionários da Unidade Básica Marabaixo.

Como podemos ver no Gráfico quase a totalidade dos entrevistados desconhece a Lei. O que é realmente preocupante, pois, já temos a Lei, mas precisamos colocá-la em prática, para um melhoramento e aprendizado das crianças que se encontram enfermas.

A Propósito a Lei é de autoria do Deputado Charles Marques do PSDC, que no dia 09 de Junho de 2011 aprovou nos termos de Projeto de Lei Complementar nº 0001/11-AL do Art.107, da Constituição Estadual Lei Complementar dos nos incisos 1º ao15º.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            A pedagogia hospitalar é um processo relevante de readaptação da criança doente na sua rotina escolar. E apesar de ser um atendimento garantido por lei necessário e obrigatório, parece que ainda não há um conhecimento suficientemente preciso sobre essa nova modalidade de ensino.

A Classe Hospitalar fundamenta um papel importante ao atendimento que presta à criança hospitalizada, num momento em que esta necessita de uma atenção redobrada, já que seu estado físico e emocional está potencialmente abalado devido à enfermidade que esta acometida.

          Portanto, a pesquisa corrobora que a prática da Pedagogia Hospitalar na Unidade Básica de Saúde do Marabaixo estará consolidada quando houver “Políticas Públicas” voltadas a oferecer atendimento educacional especializado para as crianças que ali se encontram internada. Assim como, estruturas adequadas, organizadas e planejadas, com profissionais qualificados que visem um atendimento especial diferenciado e humanizado às crianças que se encontram enfermas e hospitalizadas naquela instituição.

         No resultado do gráfico de nº1, apenas 10% dos enfermeiros não consideram importante a presença de um pedagogo hospitalar, assim é possível analisar que os profissionais sabem da importância de um pedagogo hospitalar. No gráfico nº 2, dos entrevistados 100% concordaram com a atuação do pedagogo dentro da unidade de saúde. A respeito do 3 gráfico apenas 20% dos entrevistados disseram acreditar, que a criança não aprenderia estudando em um leito de hospital. No gráfico nº 4, todos os entrevistados afirmaram que não existe um pedagogo hospitalar na unidade de saúde. E no quinto e último gráfico, os entrevistados em sua totalidade disseram não ter conhecimento da lei estadual que dá direito a criança internada de ter um atendimento pedagógico hospitalar.

        Contudo o profissional de saúde precisa buscar especialização dentro deste ramo da educacional, sua habilitação a esta nova modalidade da educação seria primordial para ser considerado um profissional completo e poder atuar dentro da pedagogia hospitalar, surgindo assim mais uma vertente dentro da enfermagem e mais um novo profissional no mercado.

REFERÊNCIAS

AMORIM, N. S. A. Pedagogia Hospitalar Enquanto Prática Inclusiva. Porto Velho, 2011.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Lei nº 9.394, de 23 de dezembro de 1996. Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001.

ESTEVES, C. R. Pedagogia Hospitalar: um breve histórico. Disponível em

<http://www.santamarina.g12.br. Acesso em: 10 jan. 2016.

FRANCO, M. A. S. Pedagogia como ciência da Educação.  Campinas, SP: Papirus, 2005.

KICHE, M. T; ALMEIDA, F. A. Brinquedo terapêutico: estratégia de alívio da dor e tensão durante o curativo cirúrgico em crianças.Acta Paul Enferm. São Paulo, 2009.

LEITE, T. M. C; SHIMO, A. K. K. Uso do brinquedo no hospital: o que os enfermeiros brasileiros estão estudando?RevEscEnferm USP. São Paulo, 2008.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos, para quê?4. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

MATOS, E. L. M. & MUGIATTI. M. M. T. F. Pedagogia Hospitalar: a humanização integrando educação e saúde. 3ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

VASCONCELOS, Sandra Maia Farias. Educação em âmbito hospitalar: o mito da descontinuidade. Rio de Janeiro. Anais do 1º Encontro sobre Atendimento Escolar Hospitalar. 2000.