PEDAGOGIA DO OPRIMIDO: DIÁLOGOS E CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO FUNDAMENTAL

Irany Souza Costa[1]

RESUMO

O presente artigo apresenta uma pesquisa que buscou investigar como ocorre o processo ensino/aprendizagem e os métodos educacionais utilizados na Escola municipal Senhor do Bonfim, no Município de Conceição do Araguaia-PA. Por meio do estágio de regência observou e participou-se da construção do planejamento de aula dos educandos, observando e atuando nas ministrações dos conteúdos. Para subsidiar nossas pesquisas, análises e reflexões utilizamos a obra de Paulo Freire “A Pedagogia do Oprimido”, tendo a educação como prática da liberdade, fazendo um paralelo com o método tradicional, que revela a opressão exercida, a fim de dominação por parte do aluno. Essa pesquisa compreende a função da educação na vida do ser humano, e a didática de ensino como meio de aquisição de conhecimento e humanização do indivíduo. O corpus analisado nos apontou a não existência de métodos diferenciados dificultando a aprendizagem dos alunos. Considera-se a reflexão em torno dessa pesquisa satisfatória e capaz de propiciar um novo olhar de valorização das experiências vivenciados fora da escola, sugerindo-se realizar um círculo de cultura, que surgem para auxiliar em situações que a opressão predomina, como análise de como melhorar a aprendizagem, e o professor sendo o responsável por essa mudança da realidade educacional.

1 INTRODUÇÃO

A educação em modo geral é vista como uma ferramenta de ascensão do indivíduo ao mundo do conhecimento, proporcionando-lhe uma gama de possibilidades na busca de um futuro melhor. Mesmo inserido em um sistema capitalista, a educação  torna o indivíduo capaz de  sair da condição  de alienação e marginalização e se tornar questionador das ideologias impostas, estabelecendo o fim de um quadro  de estagnação e evoluindo assim como sujeito pensante.

O ambiente responsável por essa promoção seria a escola. Todavia, o sistema regido pelos governantes tentam impedir que a educação liberte pessoas da opressão. Hoje o sistema educação rege leis que asseguram um ensino para todos, todavia necessita-se ser pensado se o processo aprendizagem que garanta essa elevação do conhecimento.

O ensino garante um caráter heterogêneo de aprendizagem, que contempla várias esferas da vida de um indivíduo, vale observar se de fato as instituições escolares garantem tal pluralidade existente na clientela.

Para maior compreensão do que se refere este artigo, será realizada o estudo da obra de Paulo Freire “Pedagogia do oprimido”, a fim comparar com a educação ofertada nas escolas públicas, em especial no ensino fundamental. E por meio do estágio de regência de turma na escola... no 4º ano, será realizado uma análise das possibilidades de metodologias que o autor possibilita no ambiente escolar.

A pergunta que motivou esta pesquisa foi: como ocorre o processo ensino aprendizagem nas escolas públicas de Conceição do Araguaia? Qual o método de ensino utilizado? Será que a construção do conhecimento é respaldada no sistema tradicional ou sócio construtivista?

Tais indagações serão esclarecidas ao longo da pesquisa, a fim de mostrar como o ensino ocorre em nossa cidade, por meio do estágio de regência que ocorreu na Escola Municipal Senhor do Bonfim, e posteriormente dar sugestões eficazes baseadas nas metodologias construtivistas de Paulo Freire e as novas possibilidades de contribuições da aprendizagem que pode ser direcionada a esta instituição.

Para embasamento desta pesquisa explorou-se o universo da vida e obra de Paulo Freire, tendo como pano de fundo da pesquisa contexto real de sala de aula, onde se realizou o estágio e percebeu-se um distanciamento dos debates de sala de aula em busca de um ensino dinâmico. A coleta de dados foi feita por meio do estágio e sistematizada através de um relatório.

  • EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO DO SER HUMANO

A ideia de que a educação forma o homem integramente é debatida em diversas pesquisas, a base desta também se referirá a essa afirmação. Para Tonet (2005):

Costuma-se dizer que a educação deve formar o homem integral, vale dizer, indivíduos capazes de pensar com lógica, de ter autonomia moral; indivíduos que se tornem cidadãos capazes de contribuir para transformações sociais, culturais e científicas e tecnológicas que garantam paz, progresso, uma vida saudável e a preservação do nosso planeta. (TONET, 2005, p. 6)

Percebe-se que a educação como grande aparelho ideológico, de controle capitalista sobre a sociedade. Quanto mais bem formado o cidadão, mais questionamento há em relação as desigualdades existentes, para tanto, o Estado busca controlar a qualidade de educação fornecida.

Romper essas barreiras seria uma vitória, que por meio do conhecimento poderá estabelecer novos olhares. É necessário propor atividades educativas que auxiliem na construção do conhecimento, pois o processo educacional torna-se lento, porém auxilia o indivíduo no seu projeto de vida.

Nota-se que a metáfora da modelagem representa o processo educacional, onde a criança desde as séries iniciais vai sendo lapidada até chegar ao ponto em que ela saiba qual é a finalidade de sua existência. Isso é o que os autores supracitados desejam, mas infelizmente o que se vê na realidade não é isto, o que se é visível nos dias atuais é um número incontável de pessoas que “entraram” e “saíram” da escola e não conseguiram descobrir sua própria identidade. Infelizmente isso acontece por que o sujeito da educação é sem dúvida um submisso, objeto maleável nas mãos do educador.

Se a escola forma cidadão, quem seria o responsável direto por esta formação? Sim, o professor torna-se o mediador do conhecimento. Segundo Paulo Freire (1979), o trabalho do professor seria a base da formação escolar, onde seu compromisso com a docência torna-se determinante p reger a ação exercida.

À luz de Schiller (1993) a ação docente torna-se capaz de transformar o meio social:

Tudo se processa de modo totalmente diferente com o artista pedagógico e político, que faz do ser humano simultaneamente o seu material e a sua tarefa. Aqui o objetivo regressa a matéria, e só porque o todo serve as partes é que as partes se podem submeter ao todo. [...] O artista político tem de aproximar-se da sua [matéria] e de cuidar da sua particularidade e personalidade da mesma, não apenas de modo subjectivo e com vista a exercer um efeito ilusório nos sentidos, mas de forma objectiva e em favor da essência interior (Schiller,1993, p. 35).

No enunciado acima, o que o autor pretende dizer é que o educador sendo o responsável pela formação e transformação do educando não pode prepará-lo apenas para o mundo exterior, mas também o interior, onde ele deve por si só esculpir sua própria estátua, e descobrir a si mesmo. Deixa evidente ainda, que o escultor faz de sua escultura o seu material de trabalho, onde superficialmente o modela até chegar a forma desejada e esquece que além disso existe uma alma um espírito a ser também moldado. No entanto, enquanto profissional da educação estiver apenas, preocupado em ensinar conteúdos, matérias escolares aos seus alunos, visando apenas o preenchimento de carga horária, com certeza nunca poder-se transformar o sistema educacional e nem formar bons cidadãos para as sociedades em geral.

Nesse sentido quanto a aprendizagem das virtudes do cidadão, esta é decorrente do exercício da liberdade individual e no contexto da sociedade, de maneira a preservar os direitos naturais de cada um como: liberdade, igualdade e amizade. Portanto o processo de humanização do sujeito e da própria coletividade exige o não isolamento do homem, propondo que se disponibilize a comprometer-se com o outro e com o mundo, envolvendo-se em todos os aspectos condizentes a sua vida.

Assim Paulo Freire (1897), apresenta uma porta de entrada para aquisição do conhecimento e desperta no ser humano a inspiração e sensibilidade para um leque de possibilidades de aprendizagem. Sua função social é real quando se mostra capaz de defender uma ideologia, e o indivíduo é estimulado a desenvolver o senso crítico. Transformando e intensificando a capacidade humana, esta possui arte de relacionar o real e a ficção em um só texto. Integrando as várias potencialidades do leitor. O curso de pedagogia é considerado atualmente o mais importante e estratégico, pois trata do direito de aprender da sociedade. O ensino e pedagógico é o mais procurado e desejado das novas gerações, porque cuida especificamente da aprendizagem do aluno:

Todo professor deveria ser “pedagogo”, não como é o pedagogo profissional, mas no compromisso de cuidar da aprendizagem do aluno. É tempo de superar a mixórdia entre o diplomado em curso superior e o licenciado, não só porque não fazemos bem nem um, nem outro, mas principalmente porque o licenciado precisa ser obtido após o curso profissional em entidade pedagógica específica (DEMO 2007).

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