Pedagogia da Música: uma experiência com alunos do magistério da escola Nilton Kucker.

ALMEIDA, Suelyn Alves
RODRIGUES, Vanessa Ribeiro de Lima de Mello



RESUMO: Neste artigo nós estagiarias do curso de licenciatura em música, da universidade do vale do Itajaí -UNIVALI, buscamos relatar nossa prática de estagio com alunas do magistério da escola Deputado Nilton Kucker situada no centro de Itajaí –SC, sendo que as mesmas estavam em seu ultimo ano, de magistério,onde estariam prestes a se tornar professoras de educação infantil. Visando que a música está a fazer definitivamente parte da grade curricular, demos o nome para este de pedagogia da música, onde demonstramos vários aspectos relacionados a educação da música em sala de aula, Segundo educadores como: SCHAFER (1991), BRITO (2003), JEANDOT (1997), entre outros, relacionamos seu uso de forma lúdica, e facilitada, visando que com o corpo, voz e objetos do cotidiano, é possível capacitar e proporcionar momentos de ouvir,fazer, e criar em sala de aula. Nossa prática se deu a partir de 10 intervenções com a intenção de levantar interesse por nossas alunas de proporcionar momentos de educação da música de forma adequada para seus futuros alunos.

Palavras- chave : Educação musical, Magistério,educação infantil.



INTRODUÇÃO

O estágio supervisionado é um processo que origina possibilidades de experiências em diversos campos da educação, como a inclusiva, educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. Desta forma, permite a investigação, aplicação e resultados dos processos de ensino e aprendizagem. Sua importância dá-se no âmbito das experiências geradas e cria situações que permitem reflexões sobre a prática docente.
Considerando assim, todo o estudo feito na universidade remete ao estágio, a pesquisa, pois neste processo que o acadêmico mostra seu conhecimento, e pode decidir por esta prática para o seu dia a dia. Sendo que o ensino de música está diretamente ligado ao sentimento do querer dar aula, das atitudes como docente, formando alunos livres, críticos e criativos. Dentro destes pensamentos, acreditamos que a música deve estar presente em todas as instituições de ensino, pois proporciona às pessoas a possibilidade de se relacionar e de viver em grupo, desenvolver competências, percepções, além de trabalhar a sensibilidade e a cognição, fatores necessários para toda a comunidade.
Dentro destes pressupostos nosso principal objetivo nesta pesquisa foi mostrar as diversas formas de musicalizar a partir de jogos e brincadeiras, trazendo a tona conhecimentos específicos da música, promovendo aos professores do magistério saberes e didáticas do ensino de música. Especificamente buscamos mostrar a importância da música na educação infantil, a compreensão dos elementos básicos da música e da teoria musical, a construção de instrumentos musicais com materiais alternativos e a construção de um repertório infantil. Para tanto os parâmetros curriculares de arte fundamentam nossos pensamentos quando diz:

Para que a aprendizagem da música possa ser fundamental na formação de cidadãos é necessário que todos tenham a oportunidade de participar ativamente como ouvintes, interpretes, compositores e improvisadores, dentro e fora da sala de aula. Envolvendo pessoas de fora no enriquecimento do ensino e promovendo interação com os grupos musicais e artísticos das localidades, a escola pode contribuir para que os alunos se tornem ouvintes sensíveis, amadores talentosos ou músicos profissionais. Incentivando a participar em shows, festivais, concertos, eventos da cultura popular e outras manifestações musicais, ela pode proporcionar condições para uma apreciação rica e ampla onde o aluno aprenda a valorizar os momentos importantes em que a música se inscreve no tempo e na história. (ARTE, Parâmetros Curriculares Nacionais, 2001, p.77).

A partir destas palavras, sabemos que despertar no indivíduo a motivação do fazer musical constrói um ambiente favorável ao desenvolvimento artístico, este foi um dos ideais da nossa investigação. Esta pesquisa se justifica na medida em que consideramos interessante perceber a forte influência que a música tem no ser humano, na criança ajuda formação da sua personalidade, e para o adulto é um forte meio de comunicação e de expressão dos seus sentimentos.
Música é uma linguagem, assim devemos seguir em relação à música, o mesmo processo de desenvolvimento que adotamos a linguagem falada, ou seja, devemos expor a criança à linguagem musical e dialogar com ela sobre e por meio da música. Como acontece com a linguagem cada civilização, cada grupo social, tem sua expressão musical própria. O educador antes de transmitir sua própria cultura musical, deve pesquisar o universo musical em que a criança pertence, e encorajar atividades relacionadas com a descoberta e com a criação de novas formas de expressão através da música. (JEANDOT, 2002, p. 20).

Considerando que vivemos em um mundo musical, onde cada pessoa mesmo que não estude música, mas ouvem, ou, participam desta arte, percebemos que a educação musical deve estar presente na vida dos indivíduos até mesmo não para formar músicos, mas sim para formar indivíduos críticos, para desenvolver uma escuta sensível e ativa. “Uma aprendizagem voltada apenas para os aspectos técnicos da música é inútil e até prejudicial, se ela não despertar o senso musical, não desenvolver a sensibilidade” (JEANDOT, 2002, p.21).
Desta forma, esta pesquisa foi desenvolvida com um grupo de alunas da escola Deputado Estadual Nilton Kucker, localizada no bairro Villa Operária em Itajaí, SC. Este trabalho foi parte integrante da disciplina de Estágio Supervisionado Pesquisa da Prática Pedagógica do sexto período do curso de Licenciatura em Música da UNIVALI. Sendo que para tanto, observamos alguns pontos a refletir e que gerou o seguinte questionamento: Como musicalizar, alunos do magistério, em pouco tempo, com o objetivo de despertar o interesse pela música, sendo que possivelmente irão utilizar em sua ação como docentes.


O PAPEL DA MÚSICA: as diversas formas de musicalizar.
A música é um forte meio de comunicação e de expressão de sentimentos, portanto, a educação musical pode e deve ser usada como meio de desenvolvimento para os diversos alunos, sejam estes alunos de espaços formais, não formal ou informal. Assim, por meio da música, as emoções são liberadas e o raciocínio e as capacidades, que todos nós possuímos, são desenvolvidos. Segundo os parâmetros curriculares em Arte:
A música sempre esteve associada as tradições e as culturas de cada época. Atualmente, o desenvolvimento tecnológico aplicado às comunicações vem modificando consideravelmente as referencias musicais das sociedades pela possibilidade de uma escuta simultânea de toda produção mundial por meio de discos, fitas, rádio, televisão, computador, jogos eletrônicos, cinema, publicidade, etc. Qualquer proposta de ensino que considere essa diversidade precisa abrir espaço para o aluno trazer música para a sala de aula, acolhendo-a, contextualizando-a e oferecendo acesso a obras que possam ser significativas para o seu desenvolvimento pessoal em atividades de apreciação e produção. A diversidade permite ao aluno a construção de hipóteses sobre o lugar de cada obra no patrimônio musical da humanidade, aprimorando sua condição de avaliar a qualidade das próprias produções e a dos outros. (ARTE, Parâmetros Curriculares Nacionais, 2001, p.75).

Foram estes conceitos que nos levaram a realizar esta pesquisa, onde a partir de jogos e brincadeiras, buscamos trazer a tona conhecimentos específicos da música, sabendo que a mesma pode vir a desempenhar um papel de suma importância no desenvolvimento de percepções e nas capacidades do ser humano como um todo. Isto mostra que a prática de atividades musicais, faz com que nós educadores possamos refletir acerca de sua utilização em sala de aula. Assim, as palavras de Amaral completam este pensamento quando diz:

O uso da música pode contribuir positivamente no comportamento, do ser humano na melhora do potencial de aprendizagem, incluir a comunicação entre os seres, assim como trabalhar as habilidades cognitivas, as motoras emocionais e sociais. A música pode usar de diferentes maneiras para enfocar o seu objetivo, ela pode ser usada como estrutura, como um transportador de informações como um motivador; portanto podemos usá-la como um meio de expressão, de comunicação, assim como de uma experiência social. (AMARAL, 2002, p. 02)

Seguindo esses pressupostos agora que a música está incluída na grade curricular das escolas, visamos promover aos futuros professores do magistério saberes e didáticas do seu ensino. Especificamente, as atividades nortearam a importância da música na educação infantil, a compreensão dos elementos básicos da música e da teoria musical, a construção de instrumentos musicais com materiais alternativos e a construção de um repertório infantil, a criação musical, prática instrumental, notação musical contemporânea, e o aprendizado sobre as propriedades do som. Algo que precisaria de mais tempo para o seu ensino, porém como nos comenta FONTERRADA, (2003) relatando que os professore de hoje não sabe mais cantar, tocar, perderam suas aptidões para a música, devido a mesma ter ficado fora das escolas, da mesma forma BRITO, ( 2005). Traz-nos a importância de trazer seu ensino de forma lúdica, para que mesmo em pouco tempo podemos adquirir resultados, que podem influenciar o ser humano a busca pelo o querer ir além, e aprender ainda mais, pois a música tem um papel de influenciar, como o de capacitar, interagir, socializar.

MÚSICA NO MAGISTÉRIO
Partindo que a música faz parte da grade curricular, considera-se que a mesma disciplina na escola hoje é vista como um mito, algo novo, ao mesmo tempo em que podemos achar o quanto, a música nos pode trazer alegrias. Atualmente percebeu-se a necessidade do ensino de música voltar às escolas, é através da lei nº11/7860que conquistamos este espaço tão importante dentro da sala de aula, considerando esta seriedade, sem dúvida é de suma importância a capacitação de profissionais do ensino, que já estão ou que futuramente estarão dentro da sala de aula, para que o ensino de música realmente seja algo que preencha esta necessidade de diversas escolas. Segundo Fonterrada,

O abandono da educação musical por parte das escolas e do governo foi acompanhado por profundas modificações na sociedade, que abriu para lazer, e outro meio de comunicação em massa, afastando-se a população escolar, cada vez mais, da prática da música como atividade pedagógica, em vez disso só é utilizado como modismo. (FONTERRADA, 2005, p. 13).

O mesmo autor considera que a música vem recuperando seu status de disciplina, educacional, tem voltado a estar presente nas escolas, no entanto esteve ausente por três décadas, Com isso podemos dizer que se perdeu a tradição da educação musical, Desta forma deve-se repensar propostas para agir em sala de aula, sendo que a ação da prática da educação musical depende da forma em que estará sendo abordada. SCHAFER (1991) fala sobre a naturalidade de se ensinar música trazendo para seu ensino, algo novo, contemporâneo, exemplos do qual trabalhamos em aula; sendo que para este educador, antes mesmo de ensinar música, deve-se ouvir, saber apreciar, entender, para ele a compreensão vem antes da execução, podemos usar de elementos do cotidiano para ensinar música, brincar com os sons, montar desmontar sonoridades, descobrir, criar, organizar, juntar. Em uma aula de música deve-se ouvir, executar, criar. Para Schafer estes são os três parâmetros essenciais em uma aula de música, baseado nestes fundamentos em nossas aulas utilizamos e demonstramos a importância do ouvir, criar e executar.
A música nas séries iniciais freqüentemente está relacionada a diversos objetivos que não são propriamente musicais. É bastante comum o uso da música como auxiliar para a aprendizagem de outros conteúdos ou ainda como atividade de relaxamento e divertimento na escola. Esta situação é decorrente de vários fatores. Um deles certamente está relacionado à falta de preparação musical dos professores das séries iniciais que, quando incluem a música em suas atividades, o fazem de maneira superficial em função de não terem vivenciado experiências significativas e consistentes nesta área do conhecimento ao longo de sua formação escolar. É por este motivo que buscamos a capacitação dos alunos do magistério, sendo que estes alunos são os futuros professores da educação infantil e das séries iniciais. Musicalização é um método pedagógico musical infantil, do qual visa além de trazer conhecimentos para a música, trabalhar na criança coordenação motora, o lado sócio afetivo. Para BRITO (2003), a criança recebe tudo que é ensinado de forma aberta, por isso deve-se estar preparado para ensinar, sua abordagem em sala de aula deve sempre estar fundamentada e se tratando de um mundo infantil, trazer o lúdico e o criativo para um ensino de qualidade.
O grande educador musical Shafer(1991), nos tráz varias maneiras de abordar o ensino de música em sala de aula, onde com elementos do dia dia do aluno, relacionando com tudo que ele esteja ouvindo ou vendo o professor pode estar abordando o ensino da música, desta forma o professor que esteja capacitado para o ensino da música em sala de aula, não precisaria de grandes coisas para uma boa aula, o mesmo basta ter além do preparo, criatividade e vontade para ensinar e já está pronto.


Procedimentos Metodológicos

A primeira foi a uma visita técnica seguida de uma aula diagnóstica, para verificação do espaço da escola Nilton Kucker, escolhido como nosso campo de estágio, o conhecimento musical das alunas, a disponibilidade de material didático, o interesse em relação a prática docente com a música onde comunicamos nosso plano de ação para 10 intervenções, do qual causou bastante entusiasmo.
O colégio que atende desde séries iniciais, segundo grau e magistério. Da mesma forma visitamos a turma a qual iríamos trabalhar que é o quarto ano do magistério e conhecemos nossas alunas 26 mulheres de idade variada.
Para as intervenções, os estagiários apresentaram recursos de audio, instrumentos musicais, material didático referente aos conteúdos, texto que se referem a lei que regulariza o ensino da música na escola contextualizando a educação musical e sua influência no desenvolvimento do indivíduo
Para tanto, nossas alunas ficaram ansiosas para aprenderem música, e suas metodologias de ensino e saber como agir em sala de aula, segundo Viviane Gilbert:

(....) Não somente os professores devem basear toda a sua atividade em objetivos precisos, como dá-los a conhecer ao seus alunos sem ambigüidade nem mistérios”. (GILBERT, 2005, p. 05).

Para que pudéssemos atingir nossos objetivos, nos propomos a realizar uma pesquisa de ordem qualitativa, investigando a prática do magistério, e sua ação dentro da escola, sabendo que o mesmo visa capacitar futuros docentes para a educação infantil, visando o ensino de diversas áreas. As principais características dos métodos qualitativos são a imersão do pesquisador no contexto e a perspectiva interpretativa de condução da pesquisa. A pesquisa qualitativa, segundo Andre “(...) não envolve manipulação de variáveis, nem tratamento experimental; é o estudo do fenômeno em seu acontecer natural (...)” (ANDRE, 1986, p.06).
Desta forma buscamos para coleta de dados e análise partindo da observação nas atividades das alunas, das avaliações e atividades escritas, de fotos, relatórios escritos nas orientações do estágio, das entrevistas realizadas com as alunas e coordenadora da escola em questão e das discussões em sala de aula acerca da importância do ensino da música na escola.


ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS

Experiência, Pesquisa e Aprendizado
Todas as atividades foram desenvolvidas através de nossas experiências docentes anteriores adquiridas em nossos estágios, bem como a partir dos métodos de Cecilia Cavalieri França (livro Para fazer música, 2008) e do compositor Schafer, (livro Ouvido Pensante, 1991). As aulas em geral foram de maneira expositivas, com a interação entre professor aluno e, pudemos perceber o interesse das alunas em participar das aulas que trouxeram conhecimentos específicos mais contemporâneos, a teoria musical tradicional de certa forma não foi tão bem aceita pelas mesmas. Comentamos um pouco sobre Schafer educador musical que por sinal causou bastante interesse nas alunas, juntas começamos uma atividade que o mesmo chama de ‘limpeza de ouvido’, explicamos a diferença de som e ruído que segundo Schafer som é tudo que o ouvido pode perceber e ruído e o que interfere no que se está ouvindo.
Em seguida, pedimos para todas fecharem os olhos por um minuto e desenhar todo o som que estivessem ouvindo, por três vezes repetimos esta atividade e percebemos que na última vez em que a atividade foi realizada já havia um critério de percepção. Partindo destes pressupostos pedimos para realizarem outra atividade, novamente de olhos fechados as alunas ouviram os sons ao nosso redor, grafando cada som que mais marcasse nessa audição a partir de desenhos, depois cada aluna apresentou sua chamada “paisagem sonora” por meio de representação sonora com a voz e corpo. Segundo Jeandot:
Durante séculos fomos condicionados a acreditar que a música é uma combinação de notas dentro de uma escala, e temos dificuldade em concebê-la em termos diferentes. Ruídos de sapateado, sons de castanholas, estalos de dedos ou de chicotes, golpes da palma da mão sobre um instrumento musical ou uma vestimenta, ou ainda gestos do cotidiano, são elementos atualmente considerados como legítimos participantes do universo musical. (JEANDOT, 2002 p.15).

Relacionamos essas atividades com uma aula de música e explicamos o conceito de propriedades do som. Todas representaram as paisagens sonoras de suas colegas e juntas trabalharam intensidade e duração. Mostramos também que com papeis e desenhos pode-se criar histórias e sonorizá-las, após isto explicamos nossos objetivos como educadoras musicais, construindo com as alunas exemplos de sons fracos, sons fortes, andamento, lento e rápido, grave ou agudo, enfim, elementos que fazem parte do nosso cotidiano e que quase ninguém tem trabalhado estes conceitos como metodologia do ensino da música. Trabalhamos ativamente com a criação musical, a forma das palavras, em geral, som e poesia. Segundo Jeandot:
A música é uma linguagem universal, mas com muitos dialetos, que variam de cultura para cultura, envolvendo a maneira de tocar, de cantar, de organizar os sons e de definir as notas básicas e seus intervalos. (JEANDOT, 2002 p.12).
Foram estes pressupostos que nos deram embasamento para este tipo de conteúdo, o importante para nos é que as alunas soubessem criar, improvisar musicalmente com seus alunos, ou futuros alunos. Em outro momento dialogamos sobre a importância da música e seus conceitos para a educação infantil. Após isto comentamos um pouco sobre Schafer educador musical que por sinal causou bastante interesse nas alunas, e junto começamos uma atividade que o educador chama de ‘limpeza de ouvido’.
Schafer é um educador Canadense, do qual escreveu o livro Ouvido pensante, em que relaciona a música com as artes, nos faz refletir conceitos sobre a mesma até então definidos, partindo neste conceito explicamos a diferença de som e ruído que segundo Schafer: é tudo que o ouvido pode perceber e ruído e o que interfere no que se está ouvindo. Em seguida, pedimos para todas fecharem os olhos por um minuto e desenhar todo o som que estivessem ouvindo, por três vezes repetimos esta atividade e percebemos que na última vez em que a atividade foi realizada já havia um critério de percepção.
Segundo SCHAFER,(2003) em uma aula de música deve conter, audição, execução, criação. Audição consiste em ouvir, apreciar, execução como ela própria nos relata em fazer musical, e criação, em criar, improvisar. Partindo destes pressupostos pedimos para realizarem outra atividade, novamente de olhos fechados as alunas ouviram os sons ao nosso redor, grafando cada som que mais marcasse nessa audição, depois cada aluna apresentou sua chamada “paisagem sonora”. Segundo Jeandot:

Durante séculos fomos condicionados a acreditar que a música é uma combinação de notas dentro de uma escala, e temos dificuldade em concebê-la em termos diferentes. Ruídos de sapateado, sons de castanholas, estalos de dedos ou de chicotes, golpes da palma da mão sobre um instrumento musical ou uma vestimenta, ou ainda gestos do cotidiano, são elementos atualmente considerados como legítimos participantes do universo musical. (JEANDOT, 2002, p.15).


Desta forma, relacionamos essas atividades com uma aula de música e explicamos o conceito de propriedades do som. Todas representaram as paisagens sonoras de suas colegas e juntas trabalharam intensidade e duração. Mostramos também que com papéis e desenho podem-se criar histórias e sonorizá-las. Após isto explicamos nossos objetivos como educadoras musicais, e comentamos brevemente sobre a lei nº.7/860 que tem como obrigatoriedade o ensino de música na escola. Em uma próxima aula iniciamos o trabalho com uma teoria musical mais tradicional, pois acreditamos que por mais que isso não seja fundamental em aulas de músicas pensamos ao mesmo tempo em que quem esta se preparando para ser professor e ministrar aulas de música deve conhecer sobre esta teoria. Para as alunas não foi de tanto interesse este conteúdo, o nome de notas e a escala musical já lhes chamou um pouco mais de interesse, trabalhamos a escala com a musica minha canção dos saltimbancos e as notas com exercícios da autora e professora Cecilia Cavalieri França após trabalharmos com esta teoria voltamos a usar uma teoria mais contemporânea comparando então o resultado e diferentes modos de grafar música. Passamos então a trabalhar ritmo, parlendas e criações de poesia foram um dos nossos principais meios de desenvolver conteúdos pertinentes a música, trabalhamos diferentes parlendas e em ritmos separados por grupo, ora cantando em uníssono e ora cantando em duas alturas de vozes diferentes. Segundo Becker:

O canto se faz companheiro inseparável da vida harmoniosa, desde o berço. Canta-se para ritmar o trabalho, para estimular o prazer, para expandir alegrias ou embalar tristezas. Canta-se, mesmo, sem razão, maquinalmente, ao longo das ocupações do dia-a-dia. O ato de cantar envolve uma série de movimentos ritmados. Cada vez que se canta, que se murmuram algumas notas ao acaso, seja de que forma for, sem da atenção ao que se está fazendo, põem-se em ação as inúmeras peças de um aparelho complicado, o aparelho vocal. (BECKER, 1989, p.35).



Sem dúvida para as alunas o cantar foi muito interessante, pudemos também aprender muito diferentes par lendas com as futuras professoras, pois para quem trabalha com crianças pode dizer e afirmar que tanto as par lendas como o canto faz parte do cotidiano de qualquer criança. Becker novamente fundamenta nosso pensar quando diz que:


É comum vermos crianças de três anos possuírem grande musicalidade, cantarem espontaneamente e criarem melodias simples com as quais acompanham seus movimentos, jogos e brincadeiras ou ainda seguirem com o corpo a pulsação da canção ou a música que escutam. Aos seis, sete e oito anos tornam-se inibidas, perdendo a alegria e a espontaneidade de cantar. Nesse sentido, o coro adquire um enorme valor psicossocial, uma vez que auxilia a criança insegura a expressar-se sem temor, ensina-a a esperar, a aguardar sua vez de participar, alem de desenvolver-lhe a consciência da própria responsabilidade, levando-a a cumprir sua tarefa, certa de que ela é tão importante quanto as demais. Para Gonzales, apud Becker, a maioria das crianças nasce com uma disposição natural para o canto e a música, e essa disposição pode aumentar decrescer ou desaparecer, conforme as oportunidades que lhes oferecem. (BECKER, 1989, p.36).



Trabalhamos intensamente, ritmos e parlendas infantil, o famoso brinquedo cantado e com isto fomos trabalhando vários conteúdos musicais possíveis dentro de um mesmo exercício, dentre estes a coordenação motora, a interação do grupo, ritmos diversos, jogos de mão, etc. Após isto como método de avaliação de todo o nosso estágio pedimos para que cada aluna criasse um plano de aula de música trazendo à tona os diversos conteúdos musicais aprendidos pelas mesmas.




CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste relato de experiência podemos perceber o quanto é de vital importância, essa prática de estágio. Sendo o que o mesmo nos prepara e capacita, para nossa atuação na área docente, Desta forma sabemos que como educador musical, devemos estar embasados para estar atuando nesta área.: Jeandot, (2002, p.12), nos trás a importância da compreensão, em relação a música pois a trata como uma linguagem universal.
Apesar de pouco tempo, conseguimos trazer conhecimentos dos quais estávamos propostas a ensinar, sabendo que a música agora faz parte da grade curricular, colocamos além de seu aprendizado a sua importância: Brito, (2003) nos fala sobre seu uso de forma lúdica e criativa.
Foram estes pressupostos que nos deram embasamento para este tipo de conteúdo, o importante para nos é que as alunas soubessem criar, improvisar musicalmente com seus alunos, ou futuros alunos. O resultado foi gratificante, pois pudemos perceber que as alunas realmente aprenderam os conteúdos trabalhados durante todo o estagio, sem duvida muitas delas saberão como trabalhar música dentro de sua sala de aula. Concluímos nosso estágio, satisfeitas por ter alcançado nossos objetivos.






REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. Professores e Professauros. Rio de Janeiro: Petrópolis, Vozes, 2007.

BECKER, Rosane Nunes. Musicalização da descoberta a consciência rítmica e sonora. Ijuí, UNIJUÍ, 1989.

BRITO, Teca Alencar. Música na educação infantil. São Paulo: Peirópolis, 2003.

FAULIN, Aparecida Delayt Bernardi. O castelo DÓ, RÉ, MI. Ricord 1976.

FRANÇA, Cecília Cavalieri. Para fazer música. UFMG, 2008.

JEANDOT, Nicole. Explorando o universo da música. São Paulo : Scipione, 2002.

JOLY, Leme Ilza Zenker, música e educação especial: uma possibilidade completa para promover desenvolvimento de indivíduos, São Paulo, São Carlos, Universidade Federal de São Carlos, 2003.

SCHAFER, Murray. Ouvido Pensante. São Paulo, UNESP, 2003.

SWANWICK, Keith. Ensinando música musicalmente. São Paulo, editora Moderna, 2003.
VALLIM, Viviane Chiarelli. A produção musical na educação infantil: Um desafio da escola do futuro. Florianópolis, Clã Editora, 2003.

ESTEVES, João Pissarra. Niklas Luhmann – Uma representação. In LUHMANN, Niklas. A Improbabilidade da Comunicação. Lisboa: Editora Veja, 1993.

ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: E.P.U, 1986

Orientado por prof. Mestre Maria Luiza feres do amaral