RESUMO

A naturalidade humana rege que quando a mulher se encontra gravida, o bebê precisa nascer, e que isto é parte da fisiologia do ser humano. Entretanto, com o tempo o processo de parir vem sendo considerado um ato cirúrgico e a mulher uma paciente, tratada como doente e impossibilitada de fazer escolhas quanto ao nascimento de seu próprio filho. Através de estudos e pesquisas procuramos responder o porquê muitas mulheres vem buscando restaurar o parto normal em domicilio. O objetivo é salientar a importância de resgatar essa pratica a fim de que muitas mulheres sintam-se encorajadas a lutar pela libertação da desumanidade a que estão submetidas ao ser internadas para a realização do parto mecanizado e de intervenções cirúrgicas desnecessárias.

Palavras-chave: parto domiciliar; parto industrializado; cesariana, humanização.

ABSTRACT

The human nature rules that when a woman gets pregnant, the baby has to be born, that is part of human physiology. However, through the years, the process of giving birth has been considered a surgery and the woman has been seen as a patient, unable to make choices about her own child’s birth. Through continuous researches, we try to understand why more and more women have been opting to return to the normal birth at home. Our goal is to emphasize the importance of re-establishing this practice, with the intention to encourage more women to fight for release from cruelty that they are subordinated at mechanized birth and unnecessary surgery.

Keywords:  homebirth; industrialized childbirth, cesarean.

INTRODUÇÃO

Desde os primórdios dos tempos a natureza humana rege que a mulher engravida e a criança precisa nascer; esta é a sequencia mais simples e certa para a vida, a qual faz parte do ciclo vital: nasce, cresce, reproduz e morre.

Porém, dura é a realidade, quando um índice grandioso de mulheres e crianças vieram a óbito na sequencia do parto, muitas vezes por inexperiência, pela falta de entendimento, de recursos humanos, material e monetário.

Ao procurar o conhecimento das formas de nascer no decorrer histórico, deparamo-nos com estatísticas menos drásticas que na antiguidade. Pode-se afirmar que hoje o obituário materno é significativamente menor. Entretanto, atualmente existem grandes diferenças entre países e regiões que devido a sua politica econômica, não permitem o desenvolvimento tecnológico compatível com a problemática local, não dando vazão ao conhecimento fisiológico, nem o alcance do diagnostico e tratamento corretos na área de ginecologia e obstetrícia.¹

Considerando que a normalidade do parto não está em ser submetida à mulher a certas praticas utilizadas em hospitais e maternidades, (posição horizontal, tricotomia, enema, indução, fórceps, episiotomia etc.) causando assim, intervenções traumáticas e praticamente sem a participação ativa da parturiente, um índice crescente de mulheres, com gestações de baixo risco, tem procurado a opção do parto doméstico, o qual tem sido mais rápido, natural, com a assistência de parteiras e familiares, e sem intervenções consideradas abusivas por parte de alguns profissionais da saúde.

Percebe-se, entretanto, um desgaste por parte de alguns médicos obstetras e Conselhos Regionais de Medicina, os quais tentam refrear a pratica saudável de nascimento, tentando obstruir os recursos já conquistados por alguns órgãos institucionais, ONGs e mulheres que desejam libertar-se da medicalização, do traumatismo, e da desumanidade e do risco a que podem ser submetidas.

Entretanto, há uma historia; um desenvolvimento cultural, econômico e social que permeia a construção dessa historia, mostrando uma visão evolutiva e de retrocessos que culminaram com os avanços medicinais, intervenções cirúrgicas e a industrialização do parto. Portanto, não devemos nos esquecer da frase celebre do grande historiador Augusto Conite que diz: “Não se deve praticar uma ciência a menos que se conheça a historia”.¹

OBJETIVO

 Este estudo teve como objetivo realizar uma pesquisa bibliografica para salientar a importância de resgatar a prática do parto domiciliar, a fim de que muitas mulheres sintam-se encorajadas a lutar pela libertação da desumanidade a que  muitas vezes estão submetidas ao ser internadas para a realização do parto mecanizado e de intervenções cirúrgicas sem necessidade.

METODOLOGIA

Para desenvolver o presente estudo a metodologia adotada teve como base a pesquisa bibliografica de carater exploratorio; o conjunto de materiais utilizados foram livros e artigos científicos que diziam respeito ao assunto que se pretendia abordar. Foram utilizados artigos de revistas indexadas e dissertações nas bases de dados das bibliotecas virtuais Scielo(Scientific Eletronic Library Online), BIREME (Biblioteca Regional de Medicina) e Google Acadêmico, utilizando como descritores os termos “Parto domiciliar e humanização”.

Inicialmente foi realizada a leitura do resumo das publicações localizadas a fim de identificar quais atendiam os critérios de inclusão, ou seja, abordar o parto domiciliar e sua historia e ter relação com a procura das mulheres a essa modalidade de parto; foram utilizados os trabalhos os quais apresentassem textos na íntegra em português ou inglês, publicados a partir do ano 2002; entretanto, devido à contribuição historica na contrução deste artigo foi utilizado um livro com publicação de 1976.

 Por se tratar de uma pesquisa bibliográfica, não foi necessária a aprovação por um Comitê de ética em Pesquisa.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

HISTORIA DO PARTO

O nascimento de uma criança é considerado um dos fatos mais marcantes na vida do ser humano; mesmo em gerações mais remotas, esse acontecimento, como quase tudo no mundo, também vem marcado por transformações significativas.

Antigamente o parto era considerado algo natural, espontâneo e fisiológico, pois os instintos naturais eram aguçados nas pessoas. A mulher sentia a gravidez e procurava um lugar isolado para parir, passava suas dores sozinha, sem qualquer forma de assistência, era um trabalho de parto solitário e apreensivo, pois nestas circunstancias muitas vezes vinha a óbito, tanto a mãe como a criança. Ainda hoje acontece esse ritual de parto em algumas partes do mundo como na África e no Amazonas, onde muitas tribos indígenas têm suas tradições mais arraizadas.¹

Logo, começou haver entre as mulheres, troca de informações e acumulo de saberes, transformando-as em “especialistas” em parto tradicional. Houve ai o surgimento da parteira, que auxiliava outras mulheres em suas residências, embora seus conhecimentos fossem baseados somente em sua pratica e tradição de saberes passados de mãe para filha; sua dedicação é nobre e seu tempo não é seu, mas da parturiente. Seu trabalho é a dedicação em uma espera sem pressa, onde repassa à mulher todos os passos que terá de percorrer ate o nascimento do bebê, observando, tranquilizando e deixando que a natureza cuide de seu próprio curso.3 7

Observando que as dores do parto eram intensas e que as mulheres sofriam demais, os familiares passaram a convidar sacerdotes, feiticeiros e curandeiros para auxiliá-las, a fim de aliviar as dores. Por muito tempo os métodos mais práticos para minorar o sofrimento da mulher, foram as rezas, simpatias e os chás calmantes ministrados pelos assistentes.4

Depois houve o experimento da hipnose; em meados de 1880, os percursores desta técnica experimental foram: Le Menat des Chesnais, Luys, Panton e Auvard. Já em 1938 Strobanski, descobria o caráter psicológico da dor, o que serviu para uma nova experiência: a psicoprofilaxia. Que conforme o médico Nicolaiev, a dor no parto e sua intensidade, estavam interligadas com o sistema nervoso da mulher, e a relação do córtex cerebral e o subcortex.4

Com a igreja controlando a religiosidade e as politicas, criaram-se as escolas universitárias e cursos profissionalizantes para médicos; admitindo-se exclusivamente homens de classes nobres.1

Como a gravidez e o parto não estavam listados entre as doenças, não havia interesse no assunto por parte dos médicos. Os partos normais continuaram sendo atendidos em casa pelas parteiras. As posições para o parto eram variadas, desde que estivessem em posição vertical, poderiam estar de cócoras, sentadas, apoiadas em bancos, montes de tijolos, tamboretes e cadeiras construídas com exclusividade para partos, estas eram utilizadas pelas senhoras da sociedade.1

Em 1880, alguns cirurgiões foram inseridos na assistência aos partos, quando surgiam gestações e partos complicados e perigosos, entretanto as mulheres que eram atendidas pelo medico, perdiam cinco virtudes: o pudor, a pureza, a fidelidade, o bom exemplo e o espirito de sacrifício. Com os médicos assistindo aos partos, logo, o procedimento passou a ser considerado um ato cirúrgico e a mulher uma paciente, tratada como doente e impossibilitada de escolher a posição mais confortável para o nascimento do seu filho.1 

Dessa maneira a mulher deixa de ser a protagonista de um dos momentos mais importantes de sua vida, não podendo nem mesmo opinar, nem participar ativamente do nascimento da criança; ela passa a ser um mero objeto de trabalho.4

Assim, a posição para executar o parto com facilidade e menos sofrimento, que foi passada de geração em geração pelas mulheres, passou a ser negada a elas pelo medico, exigindo que se posicionassem na horizontal.

Com a intervenção do medico e a criação da maternidade, as mulheres passaram a se sentir mais seguras pra realizar o parto nestes ambientes, devido aos serviços de atendimento prestados a mãe e ao bebê, durante o tempo necessário para a sua recuperação.

As parteiras acabaram perdendo aos poucos a sua posição de auxiliar a parturiente para auxiliar os médicos, que controlavam suas ações exigindo o mesmo padrão do atendimento medico.4

O parto domiciliar foi substituído pelo parto hospitalar, onde enfermeiras obstétricas e médicos proporcionam um atendimento mecanizado as mães e posteriormente aos bebês, deixaram de existir a relação fraternal entre a parteira e a parturiente, para dar lugar a um relacionamento frio, sem sentimentos e extremamente traumática.4

 

O PARTO INDUSTRIALIZADO

No inicio do século XX, o parto industrializado foi formalizado. Os médicos estavam no comando das ações, as parteiras passaram a ser subservientes aos médicos, dizendo-se que os médicos melhorariam a assistência a parturiente. No entanto, os motivos que levaram a banir as parteiras eram puramente econômicos. Devido ao atendimento das parteiras, os atendimentos médicos eram reduzidos, automaticamente seus negócios não estavam seguros, e a pobre clientela das parteiras, reduzia também as chances de novas obstetras treinarem seu ofício.5

FORCEPS, EPISIOTOMIA E A SEDAÇÃO

O professor obstetra Joseph de Lee, palestrante e inventor de aparelhos obstétricos, teve uma atuação notável para formalidade do parto industrializado. Em seu discurso datado do ano de 1929 “o uso profilático do fórceps, ele afirmou que “o parto é um processo patológico” e recomendou o uso de fórceps e episiotomia em todos os partos juntamente coma sedação da paciente com éter, normatizando assim, a obstetrícia profilática.5

O SONO DO CREPUSCULO

O sono do crepúsculo tratava-sede uma técnica alemã, onde se injetava morfina na parturiente no início do trabalho de parto e por sequencia no decorrer do parto, aplicava-se escapolamina, droga amnésica, a qual proporcionava o completo esquecimento na parturiente. Muitas mulheres do mundo todo iludidas por uma proposta de parto indolor, sujeitavam-se sem imquirirem-se os reais motivos do mesmo, que era torna-las mais controláveis e silenciosas durante o parto. Com isso a relação médico, enfermeira, e paciente se tornaram impessoal e as enfermeiras passaram ignorar as pacientes cientes de que elas não se lembrariam de nada mesmo.5

A CESARIANA

Com os avanços da tecnologia e a disseminação diversificada de antibióticos, anestesias e analgésicos, a utilização desenfreada da cesariana, acabou por marginalizar as formas de parto seguro e natural, mecanizando o nascimentoe tornado-o simplesmente em mais um procedimento técnico.

A cesariana aqual foi vista por alguns como: “A magnifica operação de salvamento”pode ser vista também como um modelo de parto abusivo e mecânico, sem a mínima humanidade, descrito por Barini6 da seguinte forma:

Cesariana programada. Hora marcada. Jejum. Enema tricotomia. Anestesia assepsia. Insisão baixa. Abertura do abdomem por planos. Analgésicos. Gases lactação. Tudo muito previsível. Parto indolor. Pos operatório sensível. Mais analgésicos, interferindo na relação mãe e filho. Baixo risco para a mulher prevenção de problemas genitais. Risco potencial de problemas respiratórios pra ao bebe. Isto é o resumo de uma cesária marcada.

Pode-se acreditar que isso seja muito bom, mas, este deveria ser um processo de utilização de ultima instancia exclusivo para o salvamento da parturiente ou do bebê. Entretanto esta pratica desde que descoberta teve um crescimento abusivo que em alguns países, bem como no Brasil, chegou a um índice agudo de aproximadamente 80%.4

“parto por cima” ou “parto por baixo”?

Essa escolha sem precedentes oferecida as novas gerações é sem duvida, um marco na historia dos...mamíferos. Em poucas décadas, uma operação de salvamento tornou-se um tipo de parto comum.6

Estudiosos finlandeses em 1987 fizeram registros com dados do Registro Nacional de Nascimentos, envolvendo 60.000 crianças nascidas de cesariana eletiva, sem trabalho de parto, tem um maior índice de contrair asma. Acredita-se que no trabalho de parto o bebê libera no liquido amniótico uma substancia que indica a maturação do pulmão, e quando a mãe é submetida à cesariana programada o bebê nasce ainda sem a maturação pulmonar suficiente, o que interfere sensivelmente na saúde da criança.6

PARTO NORMAL / PARTO HUMANIZADO

Pode-se entender por parto normal domiciliar o parto realizado em casa, num ambiente acolhedor, perto de familiares  e amigos, onde os acompanha uma parteira tradicional ou hospitalar e médicos que se disponibilizam a essa pratica. Infelizmente os convênios não custeiam o parto domiciliar por acreditarem ser de alto risco,  o que segundo Medeiros é ao contrario: “Dentre os adeptos da humanização o parto domiciliar é o máximo, o auge ou o ápice do que se pode alcançar em termos de não intervenção medica e de respeito ao processo do nascimento”.8

O parto domiciliar planejado tem sido uma opção mais natural e livre das normas e rotinas hospitalares e tem abrangido um índice significativo de mulheres no Brasil e no mundo. A partir da década de 70, aumentou o movimento de defesa do parto domiciliar e da criação de casas de parto, onde médicos e enfermeiras obstetras aderiram ao movimento.  Ainda durante o ano de 1984, foi instituído o Programa de Assistência Integral e Saúde da Mulher (PAISM) com o proposito de fortalecer o cuidado a saúde da mulher, incluindo assim a humanização do parto.9

Já na década de 90 o Ministério da Saúde instituía varias normas propositadas a melhorar a qualidade no atendimento as parturientes, citado por Galvão:9

  • A regulamentação da realização de parto normal sem distócia e emissão GMn.163/1998
  • A instituição de centros de parto normal a partir da Portaria nº 888/1999 e a sua regulamentação através da Portaria GMn. 985/1999;
  • O incentivo a criação de cursos de Enfermagem Obstétrica em 1999;
  • A determinação do teto percentual para o pagamento de cesarianas no SUS.

Também a OMS (Organização Mundial de Saúde), convocou em 1996, um grupo de trabalho que desenvolveu uma classificação de base sobre o parto normal, o qual se divide em quatro partes. Praticas uteis que devem ser conservadas; praticas prejudiciais que devem ser eliminadas praticas sem evidencias de apoio para a utilização e praticas utilizadas de modo inadequado.

Essas praticas devem ser revisadas periodicamente pois, com o avanço da medicina, surgem novas evidencias.14

O que se tem em vigor sugere as seguintes praticas. Praticas no parto normal uteis e uteis e que devem ser estimuladas:

  • Planejamento do parto, determinando o local e quem o realizara;
  • Pré-natal para avaliar possíveis riscos;
  •  Monitoramento emocional e físico da parturiente no trabalho de parto (TP);
  • Oferecer liquido a parturiente durante o TP;
  • Respeitar a escolha da mulher pelo local de parto;
  • Fornecer assistência obstétrica para a seguridade do parto;
  • Respeitar o direito de privacidade da mulher no local do parto;
  • Apoiar emocionalmente à parturiente; durante o trabalho de parto;
  • Informar as mulheres cada passo do processo do parto;
  • Aplicar métodos não-invasivos e nem farmacológicas para aliviar a dor, no trabalho de parto (massagens e técnicas de relaxamento);
  • Auscultar o feto e observar as contrações uterinas através de palpação abdominal;
  • Utilizar materiais descartáveis e descontaminar adequadamente os reutilizáveis;
  • Fazer uso de luvas em todo o processo do trabalho de parto;
  • Dar liberdade para que a parturiente se movimente de modo a sentir-se comodamente;
  • Estimular posições não-supinas durante o trabalho de parto.
  • Acompanhar cuidadosamente o trabalho de parto;
  • Quando houver risco de hemorragia, administrar OCITOCINA para prevenir;
  • Proporcionar condições estéreis no corte do cordão umbilical;
  • Protejer o bebê contra a hipotermia;
  • Prevenir a hemorragia neonatal com vitamina K;
  • Utilizar nitrato de prata ou tetracilina para prevenir oftalmia gonocócica;
  • Proporcionar o contato entre mãe e filho logo após o parto e incentivar a amamentação;
  • Alojar mãe e filho no mesmo quarto;
  • Fazer cessar a lactação em mães com HIV;
  • Examinar a placenta e membranas ovulares.14

PRATICAS NO PARTO NORMAL PREJUDICIAIS E QUE DEVEM SER ELIMINADAS

  • Uso do enema como rotina
  • Uso da tricotomia;
  • Infusão endovenosa durante o trabalho de parto;
  • Cateterizaçao venosa de rotina;
  • Posição supina durante o trabalho de parto;
  • Exame retal;
  • Pelvimetria por RX;
  • Uso de OCITOCINA antes do parto de modo que não permita o controle de efeitos;
  • Uso da posição de litotomia como rotina;
  • Manobra de valsalva no 2° estagio de trabalho de parto;
  • Massagem e distenção do períneo no 2°estagio;
  • Uso de ergometrina em comprimidos no 3º estagio para evitar hemorragia;
  • Lavagem uterina após parto como rotina;
  • Revisão do útero pos parto;
  • Uso da episiotomia;
  • Toques vaginais e por diversos examinadores;
  • Manobra de Kristeller ou similares no período expulsivo com pressões inadequadas ao fundo uterino;
  • Pratica livre de cesariana;
  • Aspiração nasofaringea em bebês normais;
  • Ar frio na sala de parto durante o nascimento.

Ainda estamos longe do alcançar tais objetivos; isto é evidente, pela tecnocracia utilizada nos hospitais ao parto e puerpério, bem como as altas taxas de morbimortalidade perinatal e maternas, parto transformado em algo patológico,10 mulheres sem acompanhamento do marido ou familiares, hostilizadas por profissionais com baixa remuneração e com condições de trabalho muito estressantes.

Estes fatores podem ser fortes contribuintes pra que haja complicações no parto, tais como as distócias funcionais e feto-anexiais. O uso de ocitocina, como rotina nas mulheres,10 o uso de fórceps, anestesia, tricotomia, enema, episiotomia, analgesia, incompreensão, desleixo e solidão, e cesariana.

A OrganizaçaoPanamericana de Saude e o Ministerio Público de Saúde, dispõem que a humanização é promover o parto saudável e a prevenção da mortalidade perinatal e materna e nessa pratica acompanha o respeito a fisiologia do nascer de cada criança e o uso criterioso das tecnologias em disposição.11

Nos Estados Unidos, cada família tem o direito de experimentar o nascimento da criança em um contexto que respeita variações culturais, dignidade humana e determinação própria.12

De acordo com a pratica ética, e bases evidentes, a American College of Nurses Midwives, sustentarem o nascimento em casa, bem como certifica enfermeiras obstetras e reconhece parteiras qualificadas para assistir o parto domestico planejado.12

O movimento pela medicina baseada em evidencias (MBE), afirma que o corpo da mulher que busca o resgate do parto natural, é apto pra parir na maioria das vezes sem a necessidade de intervenções de qualquer espécie e o nascimento do bebê é colocado como um processo fisiológico necessário a transição (imunológica, respiratória e endócrina) e não um perigo pra a criança. Que o parto natural deveria ser considerado com respeito e como uma experiência singular, pessoal, sexual e familiar.13

O parto está deixando de ser algo que traz medo e horror as mulheres e passa a revolucionar uma nova etapa de conquistas femininas, onde é permitido aqueles elementos por muitos considerados indispensáveis como: as dores do parto, as emoções grandiosas, a genitália, os gemidos, a sexualidade, a natureza agindo sem previsão de horário e data, o contato com o bebê e familiares, a lagrima de emoção e abraços afetuosos.13

CONCLUSÃO

Após extensa pesquisa e incansável busca pelo conhecimento histórico, cultural e autêntico de nascer, percorremos caminhos que nos levaram a questões que ficaram na incógnita por muito tempo, uma das quais nos estimulou a procurar com mais insistência desvendar o desejo de muitas mulheres pelo parto domiciliar.

Deparamos com ações evolutivas emocionantes em contraposição a outras consideradas um avanço medicinal, em cuja utilização preconizava a solução para o parto sem dor, e que, resguardava homogeneizar a atuação médica com o restabelecimento materno, julgando assim um procedimento futurista, deparamo-nos também com o crescente ato da desumanização com relação ao nascer, onde parteira tornou-se absoluta, o médico ganhou vulto histórico e a mulher passou a ser um objeto de trabalho obstétrico, sujeitando-se a todo tipo de abuso, discriminação e desinteresse humanitário.

Nesta era de globalização ainda podemos encontrar a personalização de restabelecimento coerente de raízes tradicionais que incentivam rebuscar o saudável, e com isto vem interferindo nas decisões pessoais de vida saudável, onde a abertura dos olhos de mulheres inteligentes faz com que haja o poder da escolha pelo parto natural.

Deus criou com perfeição o ser humano capaz e racional; se o parto hospitalar fosse realmente humanizado, as mulheres não estariam lutando pelo parto domiciliar. O que significa fugir das internações desnecessárias e buscar assumir com segurança seu papel de “mulher” capaz.

Estamos efetivando uma caminhada, que se faz historia não só no Brasil, mas no mundo, onde a prioridade não é só mais um desacorrentamento da escravidão do parir, mas um grito pela liberdade de escolha feminina e familiar, desde que os esposos, companheiros e familiares tem compartilhado essa caminhada.

Devemos quebrar o estigma da parte hospitalar, da cesariana por esporte, dos maus tratos por muitos profissionais de saúde, que se resguardam no direito de tratar a mulher e o bebê como simples objetos, quando não como animais.

Essa caminhada deve ser o grito de liberdade da mulher com sua força, sua natureza, sua escolha, pelo seu bem estar físico, moral e emocional, levando-a a sentir-se realmente um instrumento natural de Deus para a preservação da espécie; um baluarte para as famílias, aquela que chamamos de MÃE, pela sua epígrafe eterna nas poesias e na vida real.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

1-      SABATINO, H; SABATINO, V. Resgate das formas de nascer. SARÁO Memoria e Vida Cultural de Campinas, Campinas, v.2, n.4, janeiro. 2004

2-      CRISOSTOMO C.D; NERY. I.S; LUZ MHB. Vivência no Parto Domiciliar e Hospitalar. Esc Anna Nery R. Enferm. 2007. Março; 11 (1): 98.104.

3-      Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal (VII/
ICIEON. 2011: Belo Horizonte, MG), Parto Domiciliar Planejado: A Vivência Das Enfermeiras Da Equipe Hanami - O Florescer Da Vida: anais do VII COBEON/ICIEON [recurso eletrônico], Belo Horizonte. MG, 06 a 08 de julho de 2011.490-4109 p.

4- VELAY, Pierre. Parto sem Dor. São Paulo: Ibrasa,1976.  

5-      ODENT, Michel. O camponês e a parteira: uma alternativa à industrialização da agricultura e do parto. São Paulo: Editora Ground Informação Ltda, 2003.

6-      ODENT, Michel. A Cesariana. São José: Saint Germain, 2004.

7-      DIAS, MD. Histórias de vida: as parteiras tradicionais e o nascimento em casa. Revista Eletrônica de Enfermagem [serial online] 2007 Mai-Ago; 9(2):474-486.

8-      CARNEIRO, RG. Dizer sim a Experiencia– Caderno Espaço Feminino/ v.22 nº2/agosto/Dezembro.2009

9-      Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal (VII/
ICIEON. 2011: Belo Horizonte, MG), Parto Domiciliar: Uma alternativa ao modelo institucional nos Centros Urbanos: anais do VII COBEON/ICIEON [recurso eletrônico], Belo Horizonte. MG, 06 a 08 de julho de 2011. 5560-5575 p.

10-  DAVIM, RMB e Menezes RPM. Assistência ao parto Normal no Domicilio. Rev Latino-am Enfermagem 2001 novembro-dezembro; 9(6):62-8

11-  Kruno RB e BONICHA. ALL. Parto no domicilio na voz das mulheres: Uma perspectiva a luz da humanização. Rev Gaúcha de Enferm, Porto Alegre (RS) 2004 dez; 25(3): 396-407.

12-  ACNM, Home Birth. Approved by the ACNM Board of Directors. 2005 December, 1 (1&4). Available from:www.Midwife.Org/sitefiles/position/ homebirth/pdf

13-  DINIZ, Carmen Simone Grilo. Humanização da assistência ao parto no Brasil: os muitos sentidos de um movimento. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2005, vol.10, n.3, pp. 627-637. ISSN 1413-8123.

14-  BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília: Ministério da Sáude, 2003.