PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA E O ENEM

Leônidas Pimentel Batista
A presença dos pais na escola. Essa uma preocupação que todos têm. E complemento afirmando que fazer Educação de qualidade sem a participação da família na escola não é possível. Mas como implementar, de forma efetiva, essa participação. O senador Cristovam Buarque apresentou um projeto de Lei que obriga (isso mesmo) obriga os pais a ter presença regular nas escolas dos seus filhos, como forma de melhorar a educação. Conforme o projeto de Lei, caso os pais não cumpram tal absurda determinação, sofrerão sanções. Causa espécie o fato de um projeto com tal envergadura ter surgido da mente, que para mim é brilhante em se tratando de fazer Educação, como o professor Cristovam Buarque. Seria essa uma solução para o problema da Educação neste país?
Armindo Miranda (2012) descreve uma reunião de pais e professores, na qual é informado que de 1.200 alunos, correspondendo a aproximadamente 2.400 pais/responsáveis, apenas 90 se faziam presentes. Isso corresponde a 3.75% dos responsáveis pelos estudantes daquela escola. Acrescenta o autor, na sua narração, que ao facultar o Diretor da escola a palavra aos pais, as perguntas destes eram as mais esdrúxulas que se possa imaginar. A mais pertinente falava do uso de drogas pelos jovens e o que a escola estaria fazendo para combater isto. Ao que, de pronto, o Diretor discorreu em sua resposta que a escola não poderia ser responsabilizada pela conduta dos seus alunos fora do ambiente escolar e que essa função caberia muito mais aos pais.
Durante um bom tempo da minha vida docente no ensino básico, em escolas públicas e privadas, participei de reuniões de pais e professores. Para nós a participação sempre foi obrigatória, e não era diferente. Além da baixíssima presença de pais, e alguns já chegavam se justificando que não poderiam demorar, não se registravam na assembleia questionamentos sobre a formação, sobre as ações da escola que visavam a melhoria da educação. Geralmente o(a) Diretor(a) comparecia na condição de “convidado”, proferia algumas palavras sobre as reformas da escola e depois deixava a condução da reunião para a Coordenação. Ouvia-se dos pais algumas queixas sobre a utilização do livro, sobre o comportamento dos filhos na escola, reclamações sobre a mensalidade, dentre outras questões que nada alavancaria o início de um processo de mudança que trouxesse benefícios à Educação como um todo.
Batista (2014), apresenta dados importantes sobre o envolvimento da família no processo de acompanhamento dos alunos na educação. Demonstrado no gráfico a seguir, a pesquisa realizada em escolas públicas e privadas do Ceará, coletou que ao serem perguntados sobre fazem o acompanhamento do rendimento dos filhos na escolha, a minoria respondeu que o faz indo às reuniões de pais e professores e a maioria sequer acompanha.

FONTE: BATISTA, L. P. História da Educação Básica no Brasil: suas implicações no desenvolvimento
social e econômico do Ceará. Dissertação de Mestrado, UNINTER-PY. 2014.
Todos sabem o quanto é importante a participação da família na educação escolar dos estudantes, mas quem se dispõe a participar de uma ação que promova, de fato, essa participação? Uma lei que obrigue? Ações governamentais? A escola é um espaço público e todos os que estão dispostos a colaborar com a construção de uma escola de qualidade para todos devem ter a obrigação cívica, consciente e não imposta de agir para que isso de fato ocorra.
Chega de eufemismos, de apresentar fórmulas mágicas copiadas de outras nações. É hora de mostrar que o Brasil tem suas especificidades, tem seus modelos próprios e que os velhos paradigmas da educação devem ser derrubados.
Para fomentar minhas pesquisas da Tese de Doutorado, prestei o exame do ENEM em 2015. Parcialmente exponho uma preocupação: o ENEM, como está sendo feito (e não foi concebido para o fim que ora se aplica), não avalia a qualidade da educação escolar no Brasil, não promove acesso ao ensino superior como bradam aos quatro cantos deste país. O ENEM, de fato, só corrobora com o que afirma o professor Armindo Moreira (2012), que por não termos professores bem preparados (e não os culpo), estes se limitam a educar e não a instruir.

Referências:
MOREIRA, A. Professor não é Educador. Profeduc, Cascavel/PR. 2012.

BATISTA, L. P. História da Educação Básica no Brasil: suas implicações no desenvolvimento social e econômico do Ceará. Dissertação de Mestrado, UNINTER-PY. 2014.