PARASITOSES, AINDA, UM GRANDE PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA

 

A maior parte de doenças parasitárias está relacionada com o nível social, cultural e econômico da população. A falta de orientação e conscientização higiênica desta induz a alta incidência de contaminação parasitária.

Alguns sintomas são comuns a quase todas as parasitoses intestinais, tais como a dor e a distenção abdominal, diarréia, náuseas, vômitos, fraqueza, irritabilidade, insônia, perda ou aumento do apetite, entre outros, porém convém lembrar que não é necessária a presença de todos eles. O portador pode apresentar períodos assintomáticos.

Em geral, a evolução das verminoses ocorre sem maiores complicações. Todavia, o risco de ocorrência de complicações como pancreatite, icterícia obstrutiva, rotura intestinal, peritonite, apendicite, abcesso pulmonar secundárias à migração do Ascaris lumbricoides, ou anemia e prolapso retal causadas pelo Trichuris trichiura estão relacionadas à intensidade do parasitismo, ao ciclo do helminto, bem como a demora no diagnóstico e na terapêutica.

De um modo geral, as formas de contágio das endoparasitoses são por contato direto pessoa a pessoa, por via oral, por intermédio de objetos inanimados (água e alimentos contaminados), ou por intermédio de artrópodes. Sendo assim, a medida mais importante na prevenção das endoparasitoses é a educação sobre os cuidados da higiene e saúde. Com isso, o problema passa a ser verdadeiramente evitado e controlado.

A distribuição geográfica das parasitoses tem vários fatores intervenientes: presença de hospedeiros susceptíveis apropriados, migrações humanas, condições ambientais (temperatura, umidade, altitude) favoráveis, potencial biótico elevado (parasitos com ciclo monoxênico são mais cosmopolitas que os com ciclo heteroxênico).

Ascaridíase, ancilostomíase e tricuríase representam as parasitoses mais freqüentes no Brasil.

 

As parasitoses intestinais ou enteroparasitoses, decorrentes de protozoários e/ou helmintos, representam um grave problema de saúde pública particularmente nos países subdesenvolvidos onde se apresentam bastante disseminadas e com alta prevalência, decorrente das más condições de vida das camadas populacionais mais carentes.

Três fatores, a clássica tríade epidemiológica das doenças parasitárias, são indispensáveis para que ocorra a infecção: as condições do hospedeiro, o parasito e o meio ambiente. Em relação ao hospedeiro os fatores predisponentes incluem: idade, estado nutricional, fatores genéticos, culturais, comportamentais e profissionais. Pesa para o lado do parasito: a resistência ao sistema imune do hospedeiro e os mecanismos de escape vinculados às transformações bioquímicas e imunológicas verificadas ao longo do ciclo de cada parasito. As condições ambientais associadas aos fatores anteriores irão favorecer e definir a ocorrência de infecção e doença. Assim, prevalência de uma dada parasitose reflete, portanto, deficiências de saneamento básico, nível de vida, higiene pessoal e coletiva.

Diversos programas governamentais têm sido implementados para o controle das parasitoses intestinais em diferentes países. No entanto, nos países subdesenvolvidos a baixa eficácia de tais iniciativas vincula-se ao aporte financeiro insuficiente para a adoção de medidas de saneamento básico e quimioterapia. Concorre para o insucesso desses programas a falta de envolvimento e participação da comunidade. Indicadores epidemiológicos têm sido utilizados como importantes instrumentos para monitorar o progresso na promoção da saúde. Por esta razão, os sistemas de estatísticas atuais precisam fortalecer-se, sobretudo nos países em desenvolvimento. Melhorara cobertura, confiabilidade e desagregação de dados, especialmente por gênero, grupo de renda e área geográfica é fundamental para a melhoria das condições de vida. É necessário também aumentar a velocidade, a regularidade na coleta de dados e a disseminação de informação para os usuários interessados. (FREI et al, 2008).

 

No Brasil, mais da metade de pré-escolares e escolares encontra-se parasitada. Com relação à faixa etária alvo da infecção, crianças e adolescentes são os mais parasitados e os mais expostos aos riscos de morbidade. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a criança menor de cinco anos de idade, por se encontrar em período de crescimento e desenvolvimento, sofre mais as conseqüências das parasitoses intestinais. (MACEDO et al, 2004).

São consideradas problema de saúde pública, principalmente em países chamados periféricos, onde são mais freqüentes, com prevalências totais, quando considerado o bloco de países mais pobres do mundo, estimadas de 26%, 17% e 15% para ascaridíase, tricuríase e ancilostomíase. Sua transmissão depende das condições sanitárias e de higiene das comunidades. Além disso, muitas dessas parasitoses relacionam-se a déficit no desenvolvimento físico e cognitivo e desnutrição. (MANFROI et al, 2006).

A abordagem das parasitas não pode ser, portanto, centrada nos parasitas e sim no hospedeiro, devendo dirigir-se tanto ao individuo quanto ao coletivo, à comunidade. (ALVES, 2006).

 

Anualmente cerca de 50 milhões de pessoas apresentam a doença na forma invasiva, resultando em 100.000 óbitos, sendo assim a segunda causa mais comum de morte por doenças parasitárias em humanos. (FREITAS, 2007, apud, WHO, 1997).

CONCLUSÃO

 

Algumas das patologias de maior incidência na população infantil brasileira são as parasitoses. Entretanto, sabemos que a maioria delas pode ser evitada através de medidas como a adoção de hábitos de higiene pessoal e ambiental, tratamento adequado da água e alimentos, além da eliminação de possíveis vetores.

O processo crescente de urbanização, verificado nas cidades dos países em desenvolvimento, acarreta a aglomeração de pessoas nas periferias das grandes cidades geralmente em áreas com infra-estrutura sanitária precária. Este fato propicia a instalação das infecções parasitárias, sobretudo as causadas pelo Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Giárdia duodenalis e Entamoeba histolytica.

A difícil situação econômica que o país vem suportando nos últimos anos, aliada a uma política governamental de descompromisso pela organização de programas para o setor de saneamento, fizeram com que os recursos para investimento em sistemas de esgotamento sanitário fossem insuficientes para acompanhar o crescimento da população. Urge, pois, que o estado, ante o compromisso de igualdade entre cidadãos, possa promover ações que gerem respostas sociais adequadas às necessidades diversas, superando distorções provocadas pela atual realidade mundial.

 

REFERENCIAS

 

ALVES, Claudia R. L et al.. Saúde da Familia: cuidando de crianças e adolescentes. Belo Horizonte: COOPMED, 2006.

 

FREI, Fernando et al. Levantamento epidemiológico das parasitoses intestinais: viés analítico decorrente do tratamento profilático. Universidade Estadual Paulista – Brasil. Rio de Janeiro, 2008.

 

MACEDO, Leda M. C. et al. Controle de Geohelmintíases em Creche Municipal do Rio De Janeiro. Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária Belo Horizonte –12 a 15 de setembro de 2004.

Disponível em:http://www.ufmg.br/congrext/Saude/Saude63.pdf. Acesso em: 23 de maio de 2009.

 

MANFROI, Angélica et al. Abordagem das Parasitoses Intestinais mais Prevalentes na Infancia pelo Médico de Família e Comunidade. Novembro de 2006.

Disponível em: http://www.sbmfc.org.br/site/diretrizes/download/d4_Parasitoses.pdf. Acesso em: 23 de maio de 2009.