DESENVOLVIMENTO
Os conceitos de organização, gestão, participação e cultura organizacional.
Para uma melhor visualização do que estamos abordando até então, optamos por definir alguns conceitos do tipo: organização, administração e gestão. Termos aplicados aos processos organizacionais, com significados muito parecidos. Organizar significa dispor de forma ordenada, articular as partes de um todo, prover as condições necessárias para realizar uma ação; administrar é o ato de governar, de pôr em prática um conjunto de normas e funções; gerir é administrar, gerenciar, dirigir.
Coordenar e controlar o trabalho das pessoas são duas expressões distintas. A primeira merece uma atenção se visto a questão relativa a dar suporte técnico e humano; para ser mais claro, desafiar acreditando e potencializando a ação.
O controlador é aquele que ao não saber ser líder, possui receio de ser substituído, não é digno assim de respeito dos funcionários.
A definição acima vem de encontro com os termos gestão e direção, ora tomados como sinônimos, ora o primeiro praticamente se confundindo com administração e o segundo como um aspecto do processo administrativo.
"Em seu sentido geral, podemos afirmar que a administração é a utilização racional de recursos para a realização de fins determinados". (...) os recursos (...) envolvem, por um lado, os elementos materiais e conceptuais que o homem coloca entre si e a natureza para dominá-la em seu proveito; por outro, os esforços despendidos pelos homens e que precisam ser coordenados com vistas a um propósito comum. (...) a administração pode ser vista, assim, tanto na teoria como na prática, como dois amplos campos que se interpenetram: "a racionalização do trabalho" e a "coordenação do esforço humano coletivo."
(Paro, 1986, p.19)

Todavia, a administração realiza-se no contexto de uma organização.
"As organizações são unidades sociais (e, portanto, de pessoas que trabalham juntas) que existem para alcançar determinados objetivos". Os objetivos podem ser o lucro, as transações comerciais, o ensino, a prestação de serviços públicos, a caridade, o lazer etc. nossas vidas estão intimamente ligadas às organizações, porque tudo o que fazemos é feito dentro de organizações."
(Chiavenato, 1989, p.3)
Diante disso, a empresa deve ser o lugar prazeroso, que valoriza o profissional, mas também o potencializa em suas ações. Geralmente os funcionários passam o maior tempo no trabalho, e como tal necessitam sentir-se bem; sem falar que o funcionário intrinsecamente motivado, oferece melhores resultados aos seus líderes e também não apresentam problemas de saúde, viabilizando maior produtividade e menos gastos a empresa.
Assim, acreditamos que:
"Organizar (...) é bem dispor elementos (coisas e pessoas), dentro de condições operativas (modos de fazer), que conduzem a fins determinados. Administrar é regular tudo isso, demarcando esferas de responsabilidade e níveis de autoridade nas pessoas congregadas, a fim de que não se perca a coesão do trabalho e sua eficiência geral".
(Lourenço Filho, 1976, p.41)
Adotamos nesse trabalho o sentido amplo de organização, ou seja, unidade social que reúne pessoas que interagem entre si e que opera por meio de estruturas e processos organizativos próprios, a fim de alcançar os objetivos da empresa. Priorizamos o caráter grupal e cooperativo. As empresas são, portanto, organizações, e nela sobressai a interação entre as pessoas, para a promoção da formação humana.
Para que a empresa funcione e, assim, realize seus objetivos, requer-se a tomada de decisão e a direção e controle dessas decisões. É esse o processo que denominamos gestão. Utilizamos, pois, a expressão organização e gestão da empresa, considerando que esses termos, colocados juntos, são mais abrangentes que administração. Em síntese, a organização e gestão visam:
Prover condições, os meios e todos os recursos necessários ao ótimo funcionamento da empresa e do trabalho dos funcionários.
Promover o envolvimento das pessoas no trabalho por meio da participação e fazendo o acompanhamento e a avaliação dessa participação, tendo como referencia os objetivos a serem atingidos na empresa. Enfim, todas as demais funções da organização (o planejamento, a estrutura organizacional, a direção, a avaliação) estão referidas ao processo eficaz de tomada de decisões. Esse é mais um reforço de que os processos intencionais e sistemáticos de se chegar a uma decisão e de fazer a decisão funcionar caracterizam a ação que denominamos gestão. Por exemplo, numa concepção técnico ? cientifica de empresa, a direção é centralizada numa pessoa, as decisões vem de cima para baixo, bastando cumprir um plano previamente elaborado, sem participação dos funcionários. Diríamos até que é um bom começo; agora em se tratando da insatisfação de um coletivo, algo implica que alguma coisa não está muito bem. Cabe, portanto, o olhar atento do gestor dessa empresa para com o seu pessoal, que como vimos interfere no profissional.
"Nas empresas, a participação nas decisões é quase sempre uma estratégia que visa o aumento da produtividade". (Libâneo, 2004. P. 102).
Entretanto, há aí um sentido mais forte de prática democrática, de experimentar formas não-autoritárias de exercício do poder, de intervir nas decisões da organização e definir coletivamente o rumo dos trabalhos.
Como a autonomia opõe-se as formas autoritárias de tomada de decisão, sua realização concreta nas instituições é a participação. Portanto, um modelo de gestão democrática tem na autonomia um dos seus mais importantes princípios, implicando a livre escolha de objetivos e processos de trabalho e a construção conjunta do ambiente de trabalho. Nesse foco, baseia-se nossa pesquisa de campo; visando a reflexão de todos, através de uma introdução ao trabalho em equipe. Uma equipe é um grupo de pessoas que trabalha junto, de forma colaborativa e solidária, visando à formação e a aprendizagem compartilhada.
Para se formar uma equipe, não basta existir um grupo de pessoas. É necessária, em primeiro lugar, a adesão do grupo de profissionais que assumem conscientemente a disposição de construir conjuntamente uma equipe, de tomar decisões coletivamente, de pôr em prática o que foi decidido e cumprir sua parte em relação ao que foi decidido. Em segundo lugar, o trabalho em equipe apenas ganha sentido dentro de um conjunto articulado e consistente de práticas dentro da empresa: uma estrutura organizacional sólida, processos de gestão definidos e eficazes, práticas participativas, projetos de melhoria e envolvimento da equipe de trabalho, tal como formação continuada de funcionários. Em terceiro lugar, para que o trabalho em equipe funcione, os membros precisam aprender determinadas competências: capacidade de comunicação e expressão oral, habilidades de trabalhar em grupo, capacidade de argumentação, formas criativas de enfrentar problemas e situações difíceis. Por parte dos líderes, é preciso capacidade de liderar e gerir práticas de cooperação em grande grupo, de modo a criar uma outra cultura organizacional, ou seja, uma mentalidade de organização de empresa instituída a partir das percepções, modos de pensar e agir, práticas, próprias da cultura existente entre os integrantes da empresa.
Em resumo, para um trabalho em equipe eficaz, faz-se necessário:
Definição conjunta de objetivos e metas comuns, compreendidos e desejados por todos;
Existência de sólida estrutura de organização e gestão, em que haja um forte comprometimento da direção e da equipe, definição clara de responsabilidades e capacidade de liderança para motivar e mobilizar as pessoas em torno de objetivos comuns;
Estabelecimento de canais de comunicação, em que sejam passadas informações, realizadas consultas, envolvendo troca de ideias entre o gestor e a equipe.
Em relação, ainda, ao trabalho em equipe, é importante assinalar que a liderança não é atributo exclusivo do líder, nem está ligada apenas ao cargo e ao status da pessoa. É uma qualidade que pode ser desenvolvida por todas as pessoas por meio de práticas participativas e de ações de desenvolvimento pessoal e profissional. Sendo assim, mais uma vez reforçamos que a participação é um meio de alcançar melhor e mais democraticamente os objetivos.
Todavia, é preciso considerar que a participação implica processos de organização e gestão, procedimentos administrativos, modos adequados de fazer as coisas, a coordenação, o acompanhamento e a avaliação das atividades, a cobrança das responsabilidades.
A organização empresarial necessária é aquela que melhor favorece aqueles objetivos e assegura as melhores condições de realização do trabalho, fazendo com que os funcionários sintam-se envolvidos e motivados com a sua prática diária. Lembrando que a cultura organizacional diz respeito ao conjunto de fatores sociais, culturais, psicológicos que influenciam os modos de agir da organização como um todo e do comportamento das pessoas em particular. "Também já tem sido ressaltada nas teorias da organização escolar a importância da criação de um clima favorável e do incentivo para que todas as pessoas da equipe se envolvam com a empresa." (LIBÂNEO, 2004. P.102)
Isso significa que o gestor da empresa pode promover a criação de uma cultura organizacional, de um clima favorável, de relações de confiança, como condições para melhor funcionamento da organização. Significa, em outras palavras, que a cultura da empresa pode ser modelada, planejada, conformada para atender aos objetivos da direção, como a coesão e o espírito grupal. Essa maneira de ver tem algum valor, porque vai além de um sistema de gestão baseado apenas na autoridade do gestor e nos procedimentos burocráticos.
A cultura organizacional deve então ser construído pelos seus próprios membros, com base nos significados que dão ao seu trabalho, aos objetivos da escola, as decisões que são tomadas.
Em resumo, a partir da interação, a empresa vai adquirindo, na vivência do dia a dia, traços culturais próprios de agir, práticas. É o que estamos denominando cultura da empresa. Essa cultura própria vai sendo internalizada pelas pessoas e gerando um estilo coletivo de perceber as coisas, de pensar os problemas, de encontrar soluções. É claro que isso não se dá sem conflitos, diferenças, discordâncias, podendo haver até quem destoe dessa cultura. No entanto, o líder assume o papel de mediador nesse momento, concluindo o que pode ser melhor para a empresa.
Cabe ressaltar mais uma vez, a importância das reuniões que visam discutir, avaliar e planejar novo rumo que responda aos propósitos da direção, do líder.
A conseqüência prática disso é que precisa haver coerência entre os objetivos proclamados e a cultura organizacional.
É preciso considerar, finalmente, que levar em conta os significados subjetivos e as características culturais das pessoas nas práticas de organização e gestão da empresa não significa excluir os conflitos, as diferentes visões de mundo, os diferentes modos de agir. A cultura organizacional das empresas é algo muito complexo, envolvendo interesses distintos entre pessoas e grupos e diferentes bagagens culturais.
Apesar de ser complexo, é possível emergir nas pequenas causas, evitando as maiores e assim o diálogo é imprescindível para um qualitativo desenvolvimento da empresa.
Somente a prática pode ajudar a esclarecer esses problemas, de modo a encontrar formas de acordo mútuas e de ajuda recíproca, melhorando a organização do trabalho na empresa.

BIBLIOGRAFIA
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NASSAR, Paulo (org). Comunicação interna: a força das empresas. Vol. 1. São Paulo, Aberje Editorial, 2006.
FLIPPO, Edwin B. Princípios de administração de Pessoal. Vol. 2. São Paulo, Atlas, 1975.