PARA ONDE VÃO AS ÁGUAS?

Observando o leito de um rio, percebo que o mesmo corre ininterruptamente para uma mesma direção. Às vezes é interrompido por ação do homem que destrói a natureza e acaba por impedir o seu avanço, mas mesmo assim ele procura meios de se safar e de outra forma acaba por continuar seu percurso, mesmo machucado, sofrido e sem uma direção certa, vai, e nada o detém, e de certa forma ainda acaba por danificar o seu agressor, causando males a eles próprios devido a sua ação.

O ser humano assim o fez, no velho ditado de que “o que aqui se faz aqui se paga”, o homem não tem o poder suficiente para prever o resultado de sua ação, è limítrofe e sem dados seguros, e assim causa destruição.

Assim caminha a humanidade na destruição de seu próprio povo, a violência assim como o rio, vai se espalhando, o seu limite foi alterado quando a justiça não tem objetivos concretos e suporte necessário a sua extinção. Desviou-se do leito e atingiu o que na verdade era para controlar, e agora nem um e nem outro conseguem se entender sai lavando tudo, destruindo sem ter nada que a impeça, fruto do mesmo homem que a acidentou, tirou fora das circunstâncias naturais e tentou uma adaptação legal que não contemplou a sua finalização futura.

Contemplar o Rio e ou contemplar a violência? Para onde vai? O que se espera? Quais as conseqüências do desenfreamento dessas atitudes tão racionais, que culminam em tão trágicos eventos de natureza metereológicos e humanos de destruição e dor.

Sofre o rio e sofre a humanidade vendo teus bens tão preciosos sendo destruídos, massacrados, sem esperança para um futuro digno para os herdeiros da terra.

A violência sob a tutela de leis avança medonhamente, nada teme nada a detém, assim como o rio,vai destruindo tudo, deixando um rastro de destruição e dor.

Enquanto isso chora de dor as viúvas, os órfãos, os analfabetos da violência, que não compreendem o real significado das tantas facetas da violência e não compactuam nessa inclusão desumana de sua condição.

Assim como o rio caminhamos rumo ao desconhecido, jamais retornaremos ao mesmo local, contornaremos situações, obstáculos, e muita luta para prosseguir, alguns sendo aniquilados durante e outros depois, mas sempre prosseguindo. E assim como a violência somos arrebatados grosseiramente de nossos espaços, do nosso eu para sofrermos a dor e a desilusão, fazendo com que o prosseguir seja muito doloroso, mas o objetivo de se lutar pela vida, enseja uma vontade divina quase impossível, mas realizável.

Creiamos que acima de tudo somos humanos e temos em nosso ser assim como o rio a intrepidez, a vontade imensa de concluir o trajeto, e só assim venceremos a violência.

 

Delmário Guimarães de Araujo.