RESUMO

A utilização de aparelhos pode nos dar um feedback muito positivo sobre as condições físicas e de saúde dos sujeitos, verificando ainda se a zona de treinamento está correta, já que a percepção de esforço é subjetiva. Este estudo de pesquisa de campo tem como objetivo geral, desvelar se há diferença de saturação da oxigenação sanguínea, na aferição entre membros inferiores e superiores, no momento pré e pós exercício aeróbio. Participaram desta pesquisa 15 indivíduos, sendo 13 mulheres e 2 homens. Os resultados mostram uma parcela o aumento das concentrações de oxigênio após o teste, e outra, a diminuição deste. O aumento pode ser explicado pela treinabilidade e pela maior solicitação dos músculos de membros inferiores, já a diminuição parece estar vinculada à utilização do esmalte, no qual impedem parcialmente a passagem das luzes infravermelha e vermelha do oxímetro, que através destes é realizado a conversão em números.

Palavras-chave: Princípios de treinamento. Treinamento aeróbio. Oxímetro.

  1. 1.            INTRODUÇÃO

A Educação Física é uma área das Ciências da Saúde que vem aos poucos ganhando seu espaço e reconhecimento devido ao seu “engatinhamento” no processo de evolução dos estudos, baseando-se em ciências mães e utilizando como carta na manga, alguns equipamentos para seus objetivos.

A utilização de determinados equipamentos científicos torna-se essencial atualmente, e podemos observar o quanto isto vem gerando descobertas positivas para o homem. Entretanto, manter a visão holística é relevante, pois preconiza a tentar explicar por vários ângulos, determinadas situações, e consequentemente resultados.

Neste trabalho de estágio, é de suma importância abordar o treinamento aeróbio, pois este melhora condições cardiorrespiratória e cardiovascular, além de uma melhora e relevante estabilização crônica na pressão diastólica e sistólica, servindo ainda como tratamento de alguns problemas respiratórios. Além deste, explicaremos brevemente os princípios do treinamento, pois pautar estes conceitos serão essenciais nas abordagens das conclusões a seguir através da análise da oxigenação sanguínea em praticantes regulares de musculação na academia Wave de Itapema. Neste estudo temos como problema de pesquisa: os níveis de saturação da oxigenação sanguínea distinguem-se quando aferidos em membros superiores e membros inferiores, no momento pré e pós exercício aeróbico?

Para ter um acompanhamento correto dessa frequência cardíaca e do nível de oxigenação sanguínea usamos em nossa pesquisa um aparelho oxímetro, que além de verificar a oxigenação sanguínea, também verifica a frequência cardíaca, nos auxiliando assim, em alguns resultados, que por sua vez, levantam algumas questões sobre o mesmo.

Nosso objetivo geral é desvelar se há diferença de saturação da oxigenação sanguínea, na aferição entre membros inferiores e superiores, no momento pré e pós exercício aeróbico. Todavia, destacamos que a literatura pesquisada não abordou este assunto, tornando escassa nossas fundamentações a respeito do tema. Para chegar às devidas conclusões, nossos objetivos específicos vão desde a análise dos níveis de oxigenação sanguínea, tabulação dos dados e verificar se há diferença ou não nessas aferições, e por fim, triangular a teoria e a prática, elucidando as variáveis e limitações que permeiam o presente estudo para melhor entendimento e reflexão.

  1. 2.            REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Princípios do treinamento com exercícios

O objetivo principal do treinamento com exercícios continua sendo a estimulação das adaptações estruturais e funcionais para aprimorar o desempenho em tarefas físicas específicas. Estas adaptações, por sua vez, torna necessário o incremento de programas minuciosamente planejados nas mais diversas variáveis, seja frequência e duração das sessões de trabalho, tipo de treinamento, velocidade, intensidade, duração e repetição da atividade e intervalos de repouso. Estes são alguns dos princípios fisiológicos e variáveis comuns para aprimorar o desempenho nas mais diversas atividades físicas. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2011, p.466)

De acordo com Lussac (2008), Tubino (1984) aponta cinco princípios do treinamento, que são: o Princípio da Individualidade Biológica, o Princípio da Adaptação, o Princípio da Sobrecarga, o Princípio da Continuidade e o Princípio da Interdependência Volume-Intensidade. Porém, “Antes de passar ao estudo de cada princípio, é importante enfatizar que os 5 princípios se inter-relacionam em todas as suas aplicações.” (TUBINO, 1984, p. 99, citado por LUSSAC, 2008).

Basicamente, o Princípio da Individualidade Biológica é “o fenômeno que explica a variabilidade entre elementos da mesma espécie, o que faz que com que não existam pessoas iguais entre si” (TUBINO, 1984, p. 100, citado por LUSSAC, 2008) e que nem todos os indivíduos respondem de maneira igual ou semelhante a um determinado estímulo de treinamento. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2011, p.468)

No caso do Princípio da Adaptação, de acordo com Weineck (1991), em apontamento de Lussac (2008), a adaptação é a lei mais universal e importante da vida. Adaptações biológicas apresentam-se como mudanças funcionais e estruturais em quase todos os sistemas. Sob “adaptações biológicas no esporte”, entendem-se as alterações dos órgãos e sistemas funcionais, que aparecem em decorrência das atividades psicofísicas e esportivas (WEINECK, 1991, citado por LUSSAC, 2008)

O Princípio da Sobrecarga, de acordo com Mcardle, Katch e Katch (2011, p.467) é a aplicação regular de uma sobrecarga na forma de um exercício específico, que aprimore a função fisiológica para induzir uma resposta ao treinamento. Realizado em intensidades acima dos níveis normais, estimulam adaptações altamente específicas, para que o corpo funcione com maior eficácia à demanda.

É importante destacar o Princípio da Continuidade ou Reversibilidade, este que está intimamente ligado ao Princípio da Adaptação, pois para que se tenha uma condição de aptidão desejável, faz-se necessário a continuidade regular da atividade, o que em contrapartida, o destreinamento ocorre rapidamente quando uma pessoa encerra sua participação na atividade física regular.

“Apenas 1 ou 2 semanas de destreinamento acarretam uma redução na capacidade tanto metabólica quanto de realizar o exercício, com muitos aprimoramentos induzidos pelo treinamento sendo perdidos completamente dentro de alguns meses.” (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2011, p.468)

O Princípio da Interdependência Volume-Intensidade está intimamente ligado ao da sobrecarga também, “pois o aumento das cargas de trabalho é um dos fatores que melhora a performance. Este aumento ocorrerá por conta do volume e devido à intensidade.” (LUSSAC, 2008)

Para Tubino (1984) citado por Lussac (2008), afirma-se que os êxitos de atletas de alto rendimento, independente do esporte, estão referenciados a uma grande quantidade (volume) e uma alta qualificação (intensidade) no trabalho, sendo que as variáveis de volume e intensidade deverão sempre estar adequadas as fases de treinamento, seguindo uma orientação de proporcionalidade inversa. “Na maioria das vezes, o aumento dos estímulos de uma dessas duas variáveis é acompanhado da diminuição da abordagem em treinamento da outra” (TUBINO, 1984, p.110, citado por LUSSAC, 2008).

Atualizando o elenco dos cinco princípios preconizados por Tubino, Estélio Dantas incluiu mais um: O Princípio da Especificidade (DANTAS, 1995). Este associa a preocupação em adequar o treinamento do segmento corporal ao sistema energético e ao gesto esportivo, utilizados na performance. Podemos dizer que este princípio sempre esteve intrínseco em todo o treinamento esportivo, desde o mais rústico nas práticas utilitárias, mas tê-lo como princípio norteador e como um dos parâmetros que devem ser levados em consideração é essencial ao estudo e planejamento crítico. (LUSSAC, 2008)

“O princípio da especificidade é aquele que impõe, como ponto essencial, que o treinamento deve ser montado sobre os requisitos específicos da performance desportiva, em termos de qualidade física interveniente, sistema energético preponderante, segmento corporal e coordenações psicomotoras utilizados” (DANTAS, 1995, p. 50, citado por LUSSAC, 2008).

A especificidade do treinamento com exercícios refere-se a adaptações nas funções metabólicas e fisiológicas que dependem do tipo e da modalidade de sobrecarga imposta. Um estresse com exercícios anaeróbios específicos (ex.: treinamento de força-potência) induz adaptações específicas de força-potência; o estresse de um exercício de endurance específico induz adaptações específicas do sistema aeróbico. Entretanto, o princípio da especificidade vai muito além dessa demarcação. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2011, p.467)

A avaliação mais apropriada do desempenho esporte-específico ocorre quando a mensuração laboratorial simula mais intimamente a atividade esportiva real e/ou utiliza a massa muscular exigida pelo esporte. Isto implica dizer que o exercício específico desencadeia adaptações específicas destinadas a promover efeitos específicos do treinamento, e pode ser exposto de uma maneira mais fácil de lembrar: especificidade refere-se a Adaptações Específicas às Demandas (AEDI). (ibdem)

Ao treinar para atividades aeróbias específicas tipo ciclismo, natação, remo ou corrida, a sobrecarga deve primeiramente solicitar os músculos apropriados exigidos pela atividade e, segundo, proporcionar um exercício em um nível suficiente para sobrecarregar o sistema cardiovascular. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2011, p.468) Pesquisas apontam que as adaptações ocorrem mais provavelmente dentro da musculatura ativa e não no sistema circulatório central, isoladamente.

A sobrecarga imposta a grupos musculares específicos com o treinamento de endurance aumenta o desempenho nos exercícios e a potência aeróbica por facilitar o transporte de oxigênio e a utilização de oxigênio ao nível local dos músculos treinados. As adaptações metabólicas locais fazem aumentar a capacidade dos músculos treinados de gerarem ATP aerobicamente antes do início do acúmulo de lactato. A especificidade da melhora aeróbica pode resultar também no maior fluxo sanguíneo regional nos tecidos ativos em virtude de (1) aumento da microcirculação, (2) distribuição mais efetiva do débito cardíaco ou (3) o efeito combinado de ambos os fatores. Seja qual for o mecanismo, essas adaptações ocorrem somente nos músculos treinados especificamente e tornam-se evidentes somente no exercício que ativa essa musculatura. (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2011, p.468)

2.2 Treinamento aeróbio

O treinamento aeróbio além de toda questão de espaço, local adequado, equipamentos de qualidade e uma boa prescrição também necessita de algumas combinações fisiológicas como componentes básicos: frequência cardíaca, duração e intensidade dos esforços físicos.

O volume conhecido como tempo/duração e a intensidade conhecida como velocidade, formam uma unidade indivisível, condicionando uma à outra. O ajuste entre eles é o que determina o nível e o tipo de exercícios que estaremos realizando. Por exemplo, os de intensidade mais baixa tendem a ser de maior duração, portanto com predomínio aeróbio, segundo Guedes & Guedes (1998).

Para Hollmannn & Hettinger (1983), a atividade física aeróbia deve apresentar um esforço de longa duração e intensidade baixa/moderada. Lopes (1987) e Fetter (1994), afirmam que a intensidade, a frequência semanal e a duração das sessões e o tipo de programa influenciam diretamente no efeito do treinamento aeróbio, entretanto, Lopes (1987) sugere que não há diferenças significativas em treinamento continuo e treinamento com intervalos de dias, em relação aos benefícios cardiorrespiratórios. Grunelwald & Wollzenmuller (1984), entendem por treinamento aeróbio a capacidade de poder executar um trabalho muscular durante um longo período, sem apresentar consideráveis sinais de fadiga.

Segundo Cooper (1978 e 1982), sugere que o treinamento aeróbico ocorra no mínimo 3 vezes por semana, mas se possível 4 vezes por semana. Entretanto a American College of Sport Medicine (1980), recomenda uma frequência de treinamento de 3 a 5 dias por semana. Segundo Pollock (1993), o treinamento aeróbio feito 2 vezes por semana com uma carga de 30% superior do que um treinamento de 3 vezes por semana, não difere em relação ao ganho de VO2 máximo de uma pessoa, entretanto com o treinamento feito 2 vezes por semana não se obtêm perdas na composição corporal. Para indivíduos com insuficiência cardíaca, Rondon (2000), afirma que o treino deve ser feito apenas 3 vezes por semana em dias intercalados para uma melhor recuperação do organismo.

A American College of Sport Medicine (1980), recomenda uma duração de 15 a 60 minutos contínuos. Mcardle, Katch & Katch (1998), afirma que o treino não precisa ultrapassar 30 minutos. Pollock (1993), descreve que o treino pode ser de 20 a 30 minutos. Entretanto, Cosenza (2001), afirma que em seus estudos na literatura encontrou como um bom volume de atividade aeróbica uma faixa de 40 a 45 minutos contínuos. Pacientes com insuficiência cardíaca devem começar com 15 minutos e progressivamente a 30 e 40 minutos, afirma Rondon (2000). American College of Sport Medicine (1980), recomenda uma frequência cardíaca de 60% a 90% da FC máxima ou 50% a 85% do VO2 máx.

Sendo assim a importância do treinamento aeróbio para pessoas em treinamento, seja visando a saúde ou não, é de grande importância, mas nem sempre isso acaba sendo feito corretamente. Portanto, a aproximação do exercício físico aeróbico se inicia com o nível de condicionamento físico atual e progride gradualmente até patamares mais elevados. Desse modo, a primeira coisa que devemos fazer é estabelecer esforços físicos envolvendo intensidade, duração, frequência e o tipo de fonte energética sendo utilizada, muitas vezes sendo controlada pela frequência cardíaca ou pelo consumo de oxigênio máximo.

2.3 Saturação do oxigênio sanguíneo e oxímetro

A saturação do oxigênio sanguíneo nos diz a porcentagem de oxigênio que está presente no sangue. Através deste indicativo, podemos avaliar a eficiência que as pessoas tem em relação ao oxigênio e exercício físico, e por conseguinte, verificar sua treinabilidade. Este indicativo de oxigênio no sangue pode ser alterado devido ao treino que a pessoa ou o atleta estiver executando. Quanto maior for a intensidade do exercício, menor será o PH sanguíneo, fazendo com o que a afinidade da hemoglobina para o oxigênio seja reduzida.

Cada molécula de hemoglobina tem quatro links disponíveis para combinar com a molécula de oxigênio, sendo assim conhecido como saturação periférica de oxigênio (SaO2 quando medido no sangue arterial) o que é realmente chamado de SpO2 porque é medido na periferia do corpo humano, por exemplo pelo dedo. Essas medições SpO2 são muitos úteis para que médicos e educadores físicos tenham mais um feedback de seus clientes. Pessoas que possuem algumas condições patológicas e insuficiências respiratórias precisam ter uma atenção especial em seu nível de saturação sanguínea, pois a falta de oxigênio no sangue pode ter relações a um treino de alta intensidade que ocasionará a uma hiperventilação feita de forma errada ou inadequada. (MUCCI, 2004).

Neste contexto, entra um aparelho tão útil neste procedimento quanto prático e funcional: o oxímetro. O oxímetro é um aparelho não invasivo, que não causa dor nenhuma, que mede a quantidade de oxigênio no sangue. Para isto basta colocar o dedo no dispositivo que parece um pregador e, em segundos, o resultado está pronto. Sua função principal é verificar a cor do sangue e traduzir a saturação do oxigênio em números.  Ele mostra quando há muito oxigênio dissolvido no sangue, ficando com uma cor mais avermelhada. Quando há menos oxigênio, fica mais azulado.

O aparelho age como uma lanterna que dispõe de dois tipos de luzes diferentes para iluminar a ponta do dedo que está fixada no pregador: uma o infravermelho e a outra vermelha. A luz emitida pelo oxímetro é forte o suficiente para iluminar o sangue que está no interior dos vasos sanguíneos, sob a pele.

O oxímetro enxerga o infravermelho. Sendo que uma luz do aparelho é vermelha e a outra não tem cor (infravermelho). Quando a luz infravermelha é mais absorvida, significa que o sangue tem bastante oxigenação, e quando há pouco oxigênio, é a luz vermelha que é absorvida. A partir desses dados, o aparelho converte a diferença de absorção entre as duas luzes em números que aparecem no visor.

Ao medir a saturação de oxigênio estamos medindo a quantidade de oxigênio combinado com a hemoglobina, por isso que esta medida é uma medida relativa, não absoluta, já que não indica a quantidade de oxigênio no fornecimento de sangue para os tecidos, mas a relação entre a quantidade de hemoglobina presente e a quantidade de hemoglobina combinada com oxigênio (oxi-hemoglona). Ele baseia-se na cor do sangue, que varia com o oxigênio saturado que é devido as propriedades ópticas do heme da molécula de hemoglobina, quando a molécula de hemoglobina libera o oxigênio, ela perde sua cor rosa, tornando-se mais vermelha azulada e não permitindo tanta luz. Sendo assim a saturação de oxigênio oxímetro de dedo determinada como espectrofotometria medida pelo seu infravermelho que analisa o “grau” de sangue azul na artéria. A partir disto podemos então afirmar que quando mais “sangue azul” temos em nossas artérias menor será o índice de oxigenação sanguínea em nosso corpo.

Os indivíduos com menos aptidão sofrem dessaturação de oxigênio no exercício vigoroso. Concluindo que dessaturação de oxigênio está relacionada como valor de VO2 máximo e do nível de preparação. (MIYACHI, 1999).

  1. 3.            METODOLOGIA

Através do estágio supervisionado, foram realizadas 9 intervenções na Academia Wave de Itapema-SC, onde desempenhamos também nossa pesquisa de campo, com abordagem quantitativa e finalidade explicativa (já que nossa amostra de pesquisa é relativamente pequena: apenas 15 pessoas) na intenção de quantificar os fatos dados, para analisar e interpretar estes em forma de gráficos e tabelas, procurando elucidar e relacionar fenômenos que podem influenciar nos resultados, através de revisões bibliográficas que nos dessem base paras as discussões sobre o mesmo.

A pesquisa quantitativa tem suas raízes no pensamento positivista lógico, tende a enfatizar o raciocínio dedutivo, as regras da lógica e os atributos mensuráveis da experiência humana. (POLIT, BECKER & HUNGLER, 2004, p. 201, citado por GERHARDT & SILVEIRA, 2009, p.33)

Das 9 intervenções que ocorreram no dia 03 de agosto de 2014 a 05 de novembro de 2014, no turno vespertino das 13:30 horas até as 17:00 horas, procuramos dar o auxílio na supervisão da sala de musculação juntamente com os outros professores. Em momentos oportunos com dias diferentes, realizamos a coleta de dados através do oxímetro, e destas 9 intervenções apenas 5 foram necessárias para desenvolvermos o projeto e a coleta de dados de pesquisa.

Para ter um acompanhamento semanalmente e controle melhor em relação à proposta da investigação, antes de cada intervenção fazia-se necessário ter os planos de ações em mãos, e ao final os relatórios para conseguirmos levantar os dados.

Para Libâneo (1994) o plano de ação é certamente em detalhamento do plano de ensino, é uma especificação do mesmo. O detalhamento da aula é fundamental para obtermos uma qualidade de ensino e intervenção, sendo assim, o plano de ação torna-se indispensável, fato este que nos garantiu o suporte à continuidade na pesquisa

Utilizamos como instrumento para a coleta de dados o Oxímetro de Dedo More Fitness, modelo MF- 417 com faixa de medição de 35-99% do SpO2, com precisão de -2%, e a medida de intervalo referente ao pulso é de 30-240 BPM, com precisão de - 2 BPM. Este aparelho, segundo fontes que vendem o aparelho, está de acordo com a Diretiva 93/42/CEE de 14 de Junho de 1993, referente aos aparelhos médicos.

Não usamos critérios na escolha da população, seja por sexo, cor, etnia ou idade. Assim, o critério de inclusão é simplesmente de forma aleatória, entretanto, convidamos apenas os que fariam o aquecimento de cunho aeróbio de no mínimo 10 minutos.

Para a elaboração do presente artigo, as informações referentes ao oxímetro utilizamos os sites nacionais e internacionais de venda do aparelho e de informações sobre seu uso. É relevante ressaltar que não encontramos nenhum presente estudo referente ao uso do oxímetro no exercício físico, tornando a pesquisa escassa, em relação à revisão referente ao nosso tema, objetivos e investigação, devendo assim, relacionar a literatura com as palavras chaves. Para as revisões da literatura, utilizamos a ferramenta de busca online do Google Acadêmico, pesquisando artigos através das palavras-chave: princípios de treinamento, treinamento aeróbio e oxímetro, com grande utilização da revista Efdeportes e o livro de fisiologia do exercício de MCardle, Katch&Katch (2011). Não utilizamos critério de inclusão dos artigos por data, apenas os destacados por relevância e páginas em português, cujos temas condissessem com as palavras-chave do nosso presente estudo, o que nos redirecionou para os sites de revistas especializadas na área da Educação Física.

  1. 4.          APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

4.1 Apresentação da pesquisa

Como dito anteriormente, nossa amostra foi de 15 pessoas, distribuídos da seguinte forma:

Amostra por idade

Adolescentes

Adultos

Idosos

2

12

1

                    Tabela 1. Amostra por idade

A maioria da amostra é composta por adultos do sexo feminino, e pode ser justificado pela tabela abaixo e sua interpretação:

Amostra por sexo

Masculino

Feminino

2

13

                                Tabela 2. Amostra por sexo

 

Aparentemente, nas quartas-feiras à tarde há uma grande movimentação de mulheres na academia à espera da aula de Zumba, o que pode evidenciar o maior número de mulheres em nossa pesquisa, já que também, a maioria dos homens estariam trabalhando neste horário, e de acordo com nossa observação relatada, normalmente aquecem com aparelhos específicos.

Utilização dos aparelhos para aquecimento

Elíptico

Esteira

Bicicleta ergométrica

6

5

4

            Tabela 3. Utilização dos aparelhos para aquecimento

Segundo relatos de alguns participantes no campo de estágio (as participantes?), a maior utilização do elíptico e da esteira é devido ao acesso dos aparelhos, ou seja, utilizam estes aparelhos pois não há esta disponibilidade na rua ou em casa.

Como nossa amostra carrega uma predominância feminina de classe média-alta, não poderíamos deixar de observar o uso do esmalte.

A tabela abaixo nos traz, sem dúvida, uma das limitações na pesquisa que merecem atenção especial, pois o uso do esmalte neste teste bloqueia a infiltração dos raios de luz emitida pelo oxímetro.

Utilização de esmalte

Nenhum

Mãos

Pés

Pés e mãos

6

1

3

5

                   Tabela 4. Utilização do esmalte

O tempo de aquecimento/exercício utilizado deve-se pelo programa de treino estabelecido pelos professores da musculação e também pelo aquecimento de interesse pessoal que querem realizar antes da aula de Zumba.

Tempo de exercício realizado (teste)

10min

15min

20min

8

5

2

                   Tabela 5. Tempo de exercício realizado (teste)

Segundo Myachi (2009), os indivíduos com menos aptidão, sofrem dessaturação de oxigênio no exercício vigoroso. Concluindo que dessaturação de oxigênio está relacionada como valor de VO2 máx. e do nível de preparação. A partir desta colocação, surge a necessidade de diagnosticar o tempo de treinabilidade para qualquer eventual resultado. Escolhemos então prontificar a treinabilidade dos participantes “maior ou igual à 6 meses” (conforme tabela abaixo), pois este tempo já é o suficiente para haver adaptação crônica significativa em qualquer organismo (relevando a idade) que tenha regularidade de treino.

Treinabilidade ≥ 6 meses

Sim

Não

13

2

                              Tabela 6. Treinabilidade ≥ 6 meses

Vale destacar a tabela a seguir antes da apresentação dos resultados:

Exercício antes do teste

Sim

Não

0

15

                            Tabela 7. Exercício antes do teste

Abordar se houve algum tipo de exercício antes do teste pode descartar uma das várias possibilidades de interferência nos resultados, e como visto, nenhum dos participantes realizaram algum tipo de exercício no dia do teste.

4.2 Análise e discussão dos dados

O seguinte gráfico apresenta a comparação de membros inferiores, tendo como a variável a porcentagem de SpO2 dos 15 participantes, nos momentos de pré-teste e pós teste.

 

 

Gráfico 1. Comparação de membros inferiores nos momentos pré-teste e pós-teste

 

No gráfico 1 é possível verificar que há dois extremos: indivíduos que aumentaram os níveis de oxigenação sanguínea (1, 2, 3, 4, 12, 13 e 15), e outros que diminuíram (5, 6, 8, 9, 10, e 11).

Traduzindo em porcentagem de forma coletiva os resultados dos níveis de oxigenação sanguínea de membros inferiores no pós-teste, o gráfico abaixo nos revela pontos interessantes a serem analisados:

 

 

Gráfico 2. Resultado do pós-teste dos membros inferiores

 

Neste resultado acima, é possível verificar uma das adaptações agudas do exercício, como a vascularização e o aumento da oxigenação sanguínea.

Em resumo, pode-se dizer que durante um período de exercício, o corpo humano sofre adaptações cardiovasculares e respiratórias a fim de atender às demandas aumentadas dos músculos ativos e, à medida que essas adaptações são repetidas, ocorrem modificações nesses músculos, permitindo que o organismo melhore o seu desempenho. Entram em ação processos fisiológicos e metabólicos, otimizando a distribuição de oxigênio pelos tecidos em atividade. (WILMORE e COSTILL, 2003)

           

Todavia, percebeu-se uma queda considerável da oxigenação em 40% dos participantes. Fica a dúvida então se há interferência do esmalte; se a treinabilidade real dos sujeitos está em pauta; se o aquecimento aproximou-se da zona anaeróbia ou outros fatores intervenientes.

Neste próximo gráfico, é apresentado também a comparação de membros superiores, tendo como a variável a porcentagem de SpO2 dos 15 participantes, nos momentos de pré-teste e pós teste.

 

Gráfico 3. Comparação de membros superiores nos momentos pré-teste e pós-teste

 

No gráfico 3 percebe-se que praticamente metade dos indivíduos mantiveram os níveis de oxigenação sanguínea (como é possível diagnosticar nos indivíduos 3, 4, 6, 7, 9, 12 e 14) e outra parcela significativa diminuiu os níveis de oxigenação sanguínea (como é possível diagnosticar nos indivíduos 2, 5, 8, 10, 11).

Traduzindo em porcentagem de forma coletiva os resultados dos níveis de oxigenação sanguínea de membros inferiores no pós-teste, o gráfico abaixo apresenta os seguintes dados:

 

 

Gráfico 4. Resultado do pós-teste dos membros superiores

 

Um dos fatos mais evidentes que levam a crer o porquê das alterações nos níveis de oxigenação sanguínea em geral é a utilização de determinado aparelho específico; aqui no caso destacamos a esteira e o elíptico, que foram mais utilizados, no qual induzem o movimento de marcha, porém, a intensidade maior está ainda, em membros inferiores, justificando assim a não alteração desses níveis em membros superiores, reforçando a tese de que [...] o exercício físico é uma atividade realizada com repetições sistemáticas de movimentos orientados, com consequente aumento no consumo de oxigênio devido à solicitação muscular, gerando, portanto, trabalho. (BARROS e TEBEXRENI, 1999)

Os indivíduos que tiveram a diminuição da oxigenação podem ter sofrido interferência do esmalte, já que as camadas de tinta podem impossibilitar o infiltramento da luz vermelha e infravermelha. (Descarta-se a possibilidade dos dois indivíduos masculinos, pois não fazem parte do grupo que houve diminuição da oxigenação sanguínea no pós-teste)

  1. 5.            CONSIDERAÇÕES FINAIS

É sabido que os exercícios tendem a alterar funções metabólicas e fisiológicas no corpo, e cada corpo reage diferente diante dos estímulos, e mediante a isto podemos verificar diferenças nas concentrações de oxigênio quando foram utilizados aparelhos diferentes. Ressaltamos aqui que este artigo serve como um estudo piloto para um futuro projeto de conclusão de curso, e como já relatamos, a literatura não apresentou fundamentações sobre o tema e protocolos de teste, o que dificultou o fechamento de conclusões sobre os resultados, gerando várias questões que evidenciam as alterações e dispersões sobre o mesmo, cabendo a nós discutirmos questões dos princípios do treinamento e treinamento aeróbio, levando em consideração o sistema de uso do oxímetro. Além do mais, verificamos que para esta pesquisa é de suma importância um grupo controle, na intenção de reduzir limitações, pois como imaginamos desde o início do estudo, o uso do esmalte influenciou diretamente nas aferições.

 REFERÊNCIAS

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LUSSAC, Ricardo M. P. Os princípios do treinamento esportivo: conceitos, definições, possíveis aplicações e um possível novo olhar. Efdeportes.com - Revista Digital, Buenos Aires, v. 121, p.1-1, jun. 2008. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd121/os-principios-do-treinamento-esportivo-conceitos-definicoes.htm>. Acesso em: 10 ago. 2014.

Métodos de pesquisa. [organizado por] Tatiana Engel Gerhardt e Denise Tolfo Silveira. Universidade Aberta do Brasil – UAB/UFRGS e pelo Curso de

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da SEAD/UFRGS. – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 120 p., 2009, Disponível em: <http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie> Acesso em: 08 nov. 2014

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