Vem solidão
Que de ti à vezes necessito
Para rencontrar-me
Com minhas próprias carências,

Nutrir este eu cansado e apressado,
Nos passos da vida
E suas insanas exigências.

Vem
Para que eu possa outra vez sentir
Que correr demais é ferir
E aniquilar os próprios sonhos.


Congele o Pêndulo do relógio!
Cale a fugacidade do instante,
Nesse solitário refletir!

Orne o mundo
À minha volta,
Escancare dele toda alheia dor

Arranca-me do meu próprio ego
Ambicioso, ilhado e infecundo
E incapaz de ofertar ao próximo
Um banal gesto de amor.

Vem solidão e liberta-me
Dessa soturna prisão!
Conduza-me nessa procura à descoberta
Da minha mais humana e plural condição