Um verdadeiro servidor da humanidade não pode pretender resolver questões sociais pelas armas, com violência e seqüestros, coisas próprias de um terrorismo retrógrado que ficou enterrado no romantismo esquerdista da década de sessenta e que não chegou a resolver nenhum daqueles problemas que ainda afligem as nossas sociedades.

As armas do homem deste século devem ser a inteligência e os sentimentos. Um mundo globalizado, com uma imprensa que se aperfeiçoa e a internet que permite que vozes antes inaudíveis hoje repercutam, permite o diálogo e o debate que alguns insistem calar através da violência e das anacrônicas guerrilhas.

Não se pode considerar que a democracia seja conquistada por exércitos revolucionários, pela força, que é a sua antítese; por agrupamentos criminosos que torturam, intimidam, seqüestram, matam, e depois de chegar ao poder transformam-se nos mesmos ditadores que destronaram.

Mesmo que as notícias que nos cheguem sejam, às vezes, distorcidas, a realidade da violência intimidante destes grupos é inquestionável e indesculpável. Defendê-los é defender o terror e a babárie. A única arma capaz de combater a violência é a inteligência.

Todos devem repudiar a violência, lutar contra ela, mas com a inteligência, que é um dom dado ao homem e muito pouco utilizado por ser, antes de tudo, capacidade de convivência pacífica, o que o homem não aprendeu até hoje.

Aos intelectuais, políticos e homens de imprensa que apóiam as agressões mencionadas, não podemos mais que demonstrar o nosso protesto por utilizarem suas tribunas para insuflar os desentendimentos. Lamentavelmente, a nossa sociedade se apóia sobre o tripé dos interesses, dos prazeres e da ambição desmedidos, muitas vezes travestidos de mansidão e serviço à humanidade. As atrocidades medievais dos homens do poder repetem-se com acentuado grau de sofisticação. As duras lições impostas pelas guerras não foram entendidas. Os seres humanos continuam se destruindo e a Natureza com uma crueldade que animal algum seria capaz de perpetrar

O verdadeiro servidor da humanidade não tergiversa e nem crê em interpretações duvidosas sobre a realidade; age dentro dos limites de sua órbita com a inteligência e o coração; luta, mas não agride, começando por destruir em si mesmo as ideologias e superstições que encarceram os fanáticos de toda índole causadores de tanto mal.

Os melhoramentos humanos devem partir do indivíduo, para alcançar depois a sociedade. Nada deve ser imposto ao homem, nem mesmo a sua liberdade, que deve ser conquistada individualmente, começando por liberar-se de preconceitos seculares, temores infundados e deficiências pessoais resultantes de uma cultura materialista que afastou o homem de seus semelhantes.

A grande revolução a ser travada contra o anacronismo materialista e ideológico é cultural, psicológica e espiritual, levando ser humano a encarar sua própria realidade pessoal e a empreender a impostergável tarefa de seu aperfeiçoamento.

Nagib Anderáos Neto

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