A maioria ainda não percebeu... mas os tempos são chegados. É verdade. Não se trata de figura de linguagem ou de uma mera invocação do Livro das Revelações. Aliás, não se cuida sequer de um anúncio religioso ou fundado na fé pura e simples dos que vêm no Apocalipse uma autêntica profecia. Os tempos são chegados e isso é óbvio.

Tantos já acreditaram estar diante do julgamento final a cada momento de crise neste planeta... No entanto, ouso asseverar, estamos agora, sim, vivenciando a separação do joio do trigo. Não há uma guerra de homens contra homens, não há exércitos marchando pelas grandes cidades do mundo, não há discursos nacionalistas. Nem mesmo o alarido religioso que segrega irmãos sustenta um conflito universal. Contudo, há um combate constante nos últimos anos, uma batalha cada vez tão mais intensa quanto insidiosa, dissimulada, terrivelmente cruel.

Descerremos os olhos!

Os Quatro Cavaleiros estão sob o comando eficaz da Besta. O Dragão subiu dos Abismos e habita entre nós, soberano enquanto durar sua missão sagrada de vibrar a espada que conduz os réprobos da Lei ao seu legítimo destino nas Trevas, sob seu império, no contexto da Harmonia Universal. Lúcifer é, hoje, mandatário de imenso poder, poder que Deus lhe concede para que a Lei se cumpra.

O mundo é, em todos os seus aspectos, um imenso paradoxo. A Terra hospeda toda sorte de desatinados que comungam da experiência evolutiva ao lado dos que buscam sincera elevação em direção à Luz.

Safras agrícolas são colhidas sob contornos técnicos que vencem pragas e até mesmo os rigores naturais do clima. A fome jamais campeou tanto nos celeiros desse mesmo planeta, ceifando vidas no nascedouro, coroando a inércia de tantos povos que, deixando de promover o socorro misericordioso, tornam-se instrumentos nécios, pífios, ineptos da Luz, ao mesmo tempo em que recebem galardões e medalhas do Demônio. Por outro lado, o Mundo todo se une, se irmana, se aproxima, descendo barreiras e fronteiras, interagindo com extremo dinamismo nos fluxos imensos de recursos e riquezas de lá para cá, daqui para lá, mais ali e acolá. Longe dos navios, dos aviões e da fabulosa rede de comunhão virtual, bilhões de homens prostram-se nos mesmos moldes antepassados de tradições castradoras e impedientes do universalismo que seria o reflexo da união que o próprio Cristo veio ensinar.

Mal superado o susto inicial pela peste que consome desatinados das sensações e das paixões desenfreadas, a cada pequeno e claudicante passo da conscientização inadiável miríades de invigilantes são derrotados pelo descuido criminoso negligenciando deveres mínimos à imprudência com que continuam navegando em seus apelos sensoriais. Pragas mais antigas ganham novo impulso putrefando corpos ainda em vida, sobrecarregando mecanismos de requalificação e refazimento, reproduzindo no microcosmo do veículo de barro a desarmonia em que repastam mentes décadas a fio.

A Luz penetra o fumo denso das preocupações constantes do homem, incapaz de dissipar os tormentos voluntários que a concupiscência gera no exercício do seu livre-arbítrio. Bem e Mal combatem em sangrenta guerra. No dia-a-dia humano, seja nos palácios, seja nos casebres, poucos compreendem a distinção entre o que é e o que não é... A Besta comanda soldados com extrema inteligência. Move silenciosos esquadrões minando as referências que a maioria mal pode divisar. Na alegria aplica a irresponsabilidade; na caridade, estimula a vadiagem; na pregação, traz o personalismo que macula o orador na sedução da vaidade; na prudência, conduz à frieza; na piedade, inocula o desencanto; na coragem, desdenha o dever de auto-preservação.

E assim a Besta traz ao homem o extermínio. Crava na testa de bilhões o signo das trevas. Cumpre a Lei de Deus deixando ilesos apenas e tão-somente os que, não sendo anjos, livram-se do terrível destino com a boa-vontade e o esforço indispensável dos que anseiam a Luz.

Nada mais é pedido ao homem do que ter Boa-Vontade, ser Indulgente e Perdoar. O Ensinamento é o mesmo de milhares de anos, em vários povos e muitos idiomas. Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Procurar o que agrada a Deus antes de tudo, com garra e determinação, trabalho e suor, deixando que tudo o mais venha por acréscimo, nas mãos abençoadas da Providência Divina.

Rogo a Deus que o Amor toque a tantos quantos por Ele anseiem.