Os riscos toxicológicos das interações medicamentosas

 

Os efeitos dos medicamentos já eram conhecidos dos nossos antepassados quando, intuitivamente, buscavam em fontes da natureza a cura para seus males físicos e mentais. Desde os tempos pré-históricos, o homem é exposto a substâncias químicas que, interagindo com o seu organismo, resultam em reações benéficas, adversas ou, quando em doses excessivas, em intoxicações. 

RISCOS

O risco de ocorrência de uma interação medicamentosa depende do número de medicamentos usados, da tendência que determinadas drogas têm para a interação e da quantidade tomada do medicamento. Muitas interações são

descobertas durante testes de medicamentos. Os efeitos de diversas drogas,

quando administradas concomitantemente, podem não ser os mesmos previsíveis

graças ao conhecimento possuído de seus efeitos quando empregadas isoladamente. Quando duas drogas interagem, a resposta farmacológica final pode resultar: No aumento dos efeitos de uma droga; No aparecimento de efeitos

totalmente novos, diferentes dos observados com quaisquer das drogas usadas isoladamente; Da inibição dos efeitos de uma droga pela outra; Ou pode não ocorrer nenhuma modificação no efeito final. O risco de uma interação medicamentosa aumenta quando não há coordenação entre a receita dos medicamentos, o fornecimento e a orientação de seu uso. As pessoas que

estão aos cuidados de vários médicos estão em maior risco, porque um dos

profissionais pode não ter conhecimento de todos os medicamentos que estão

sendo tomados. Os mecanismos pelos quais se dão as interações medicamentosas, de um modo geral estão divididos em três grupos: fatores ligados à própria droga, fatores ligados ao paciente e fatores ligados à

administração do medicamento.

 

Conclusão

O reconhecimento dos efeitos benéficos e a prevenção das interações farmacológicas adversas exige o total conhecimento dos efeitos pretendidos e possíveis dos fármacos prescritos. Por isso, influenciada diretamente por sua formação profissional, que é particularmente direcionada para o estudo dos fármacos, sua cinética e dinâmica no organismo, o farmacêutico evidencia-se como o profissional mais indicado para fornecer informações relativas as interações medicamentosas. Sendo assim, vale ressaltar aqui a importância da orientação farmacêutica na prevenção das interações medicamentosas, preservando a saúde da população e reduzindo custos para o sistema de saúde6 que possam ser decorrentes a uma ineficácia terapêutica ou toxicidade inerente e ocasionada por uma interação medicamentosa.

A atuação do farmacêutico na prevenção ou resolução dos problemas relacionados a medicamentos poderá realizar-se após o medicamento ser prescrito. De posse da prescrição, o farmacêutico pode atuar no acompanhamento do paciente, mediante as revisões das prescrições médicas e do perfil farmacoterapêutico do paciente. Em geral, sugere-se acompanhar os pacientes que utilizam o maior número de medicamentos (polimedicados, portadores de doenças crônicas), pacientes graves, pediátricos e geriátricos8. Por fim, conclui-se que a atuação do farmacêutico na prevenção ou resolução dos problemas relacionados a medicamentos constitui-se como uma ferramenta primordial na promoção do uso racional de medicamentos, contribuindo para a inserção de uma prática terapêutica segura e eficaz.

Anna Cristina Ribeiro Pereira Soares