OS PRINCIPAIS SISTEMAS TÁTICOS ENTRE AS COPAS DE 1958 E 2002

 

 

autor: Weiler C Rueda.  *

 

1. INTRODUÇÃO

                                                                                                  

A Evolução tática do futebol surgiu como uma necessidade estratégica para suplantar o adversário. A tática é um elemento fundamental pois demonstrará a forma prática da estratégia individual e coletiva. Desde o princípio das disputas esportivas, no âmbito do futebol, aqui destacadas, ouve a preocupação com a disposição dos participantes no campo de jogo e a maneira coletiva que seria seguida no decorrer das disputas. Isto implica dizer que para surpreender o adversário com estratégias de ataque e defesa ou para frustrar suas as ações, os jogadores precisam de constante movimentação no campo de jogo, com ou sem a posse da bola. (FRISELLI; MANTOVANI, 1999)

O sistema tático teve sua evolução, por vários fatores, tais como, mudanças na regra do jogo e, nos últimos anos, pelo condicionamento físico, cada vez mais aprimorado pelos atletas, o que diminui os espaços em campo, aumentando a velocidade das partidas e diminuindo o tempo de reação para tomada de decisões, gerando a necessidade de novas concepções táticas que inovem e surpreendam. Para que isso ocorra, os jogadores necessitam de grande capacidade cognitiva e quanto maior sua capacidade intelectual, maior facilidade para absorver as informações e administrar as situações de estresse, à que são submetidas os jogadores, no decorrer das partidas (GRECO, 1992).

Portanto, o presente trabalho, tem por objetivo principal, realizar um levantamento histórico, através de artigos e livros, a cerca das variações táticas ocorridas ao longo da história, além de informar aos futuros profissionais, estudiosos e fãs do futebol, sobre a evolução tática do esporte mais praticado no Brasil.

2. HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO TÁTICA

            Um dos principais aspectos que caracterizam o futebol é sua parte estratégica, que gira em torno de sistemas táticos. Os sistemas táticos são utilizados em qualquer parte do mundo com o intuito de organizar uma equipe no campo de jogo. Definir um sistema tático de uma equipe permite solucionar problemas, determinar objetivos ao longo de uma partida e de um campeonato (AZEVEDO, 2009). O esquema tático, por sua vez, é a parte pessoal do sistema tático, onde o treinador demonstrará seu conhecimento, acerca de seu time, da equipe adversária, e aplicará sua criatividade e liderança sobre a equipe. Ele decide, a partir de um sistema, o posicionamento individual dentro do campo, as formas de marcação, saídas de jogo e jogadas ensaiadas (FALK,  2010; MANTOVANI, FRISSELI, 1999; DRUBSKY, 2003). 

Concepções táticas, didáticas e novos modelos de treinos são algumas mudanças presentes no futebol atual. Este futebol moderno requer dos atletas constantes deslocamentos com ou sem a posse de bola, e esse aumento considerável de suas funções rendeu-lhes a denominação de jogadores “universais ou polivalentes”, ou seja, segundo (LEAL, 2001) os jogadores tem que ser capazes de atuar em várias posições dentro das múltiplas concepções táticas propostas para cada situação de jogo. Isso transformou a preparação física numa área de crescente interesse e a prova disso são os mais diversos sistemas de jogo e ações táticas que tem surgido com a evolução do esporte.

A tática, de acordo com (GRECO, 1992), envolve processos cognitivos e exige alto grau de concentração e capacidade de raciocínio rápido por parte dos atletas.  O atleta é envolvido, durante a partida, em situações que requerem reflexão, avaliação da situação, tomada de decisão e ponderações sobre suas reações instintivas, onde o componente tático e sua capacidade crítica são imprescindíveis. Isso implica dizer que a capacidade atlética aliada ao conhecimento intelectual torna mais fácil a compreensão e ao autocontrole necessário dentro de uma partida, bem como à compreensão de variações táticas que podem ocorrer transcorrer da partida. 

 O desenvolvimento das habilidades, que facilitarão o aprendizado da parte tática, oferece ao atleta subsídios fundamentais na busca de soluções às mais variadas situações que o jogo competitivo lhe imporá (GRECO, 1992). Para tanto, é fundamental que haja uma programação consciente, metódica, progressiva e planificada de fatores que possam indicar ao atleta, seu desenvolvimento no que tange à sua capacidade de percepção, antecipação e tomada de decisão, como também da análise de quais os resultados serão atingidos a partir da decisão tomada naquele milésimo de segundo (GRECO e BENDA, 1998).

Atletas profissionais que foram submetidos à treinamentos táticos no início da prática esportiva, ou seja, na iniciação esportiva, tendem a ter maior poder de compreensão às variações táticas desempenhadas por cada treinador e ainda mais às mudanças ocorridas no decorrer das partidas. É fundamental que os profissionais do esporte, sejam eles atletas ou treinadores, preparadores físicos e auxiliares estejam em constante atualização e a cada dia mais dispostos a mudar concepções e quebrar paradigmas.     

Desde o princípio da prática esportiva, de forma intuitiva, o sistema de jogo já se fazia presente através de um desenho tático ou de uma estratégia usada pelos grupos que se enfrentavam, para superar o oponente, utilizando ferramentas que hoje podemos caracterizá-las da seguinte forma:

Sistema de jogo: É a distribuição dos jogadores, no campo de jogo, para o início de uma partida. É a formação básica que tem por objetivo preencher todos os espaços do campo de modo uniforme (FRISELLI; MANTOVANI 1999; BANGSBO; PEITERSEN 2003). Deve-se definir o sistema básico da equipe, treiná-lo com afinco toda a dinâmica do sistema e variações. (EMÍLIO PAULO, 2004).

Estratégia: Determina o posicionamento e a movimentação de cada atleta  durante a partida, tanto relacionada à visão individual quanto coletiva (BANGSBO; PEITERSEN, 2003).

Tática de jogo: Entende-se como sendo a ação que determina a maneira de ataque e defesa, sendo dividida em tática individual ou tática coletiva, ocorrendo com a bola em movimento, ou seja, são, em tese, todos os movimentos realizados pelos jogadores durante a partida, que tem a função de surpreender ou frustrar as ações e tentativas do adversário (FRISELLI; MANTOVANI, 1999).

De acordo com (FERREIRA, PAOLI & COSTA, 2008), a tática pode ser observada como resultado de várias ações individuais e coletivas dos jogadores, para a qual a equipe está organizada e treinada, de uma forma racional. Enquanto que o sistema tático é uma situação estática, imóvel, de cada atleta, utilizada para a distribuição dos jogadores em campo para o início da partida.

Os interesses individuais e os interesses coletivos não podem entrar em conflito. (PARREIRA, 2006)

De acordo com (THOMAZ & PAOLI, 2007), o aspecto tático representa apenas uma parte, dentro do universo de uma partida de futebol, e todas as ações que são executadas pelas equipes são consideradas táticas.

Os sistemas táticos tratam da disposição dos jogadores em campo permitindo as mais variadas possibilidades de alteração destas táticas (BARBIERI,  BENITES,  SOUZA  NETO,  2009; VENDITE,  MORAIS, 2006;  CRIVELLENTI,  SOARES,  2005;  RÉ,  2008,  AZEVEDO,  2009).  Para  Leal (2001),  os  sistemas  táticos  além  da  função  de  distribuição  dos  jogadores  em  uma posição inicial  organizada  e  coordenada, tem  funções definidas  que  se  complementam  e  se  deslocam  visando, o alcance do resultado com maior qualidade e o  menor  esforço possível,

2. SISTEMAS TÁTICOS QUE MARCARAM COPAS DO MUNDO

Na Copa do Mundo 1958, na Suécia, o Brasil sagrou-se campeão com o sistema 4-2-4, com variações táticas que ajudavam o sistema defensivo. (MANTOVANI; FRISSELLI, 1999)

O Campeonato Mundial do Chile, em 1962, sacramentou o fim do Sistema WM. O Brasil foi campeão com 4-2-4, mas, em seguida, surpreendeu e reforçou o meio de campo com um sistema denominado 4-3-3 (MANTOVANI; FRISSELLI, 1999).

O sistema 4-3-3 obteve grande êxito na copa do Mundo de 1970, no México, na qual o Brasil sagrou-se campeão. Um dos meio campistas era marcador enquanto dois apoiavam o ataque e fechavam os espaços adversários sem a posse de bola (MELO, 1999)

 A Copa do Mundo de 1974, na Alemanha Ocidental, ficou marcada pela chamada “Laranja Mecânica” da Holanda. Os holandeses foram vice-campeões, mas marcaram história por adotar um esquema totalmente diferente dos demais: uma rotatividade muito grande por todos os setores do campo, onde até os defensores saiam da sua zona e apoiavam no ataque ou na armação de jogadas (MELO, 1999).

Em 1982, na Espanha, houve uma grande concentração de jogadores no meio campo, todas as equipes recuavam um ou dois atacantes, o que causou um grande desequilíbrio entre a defesa e o ataque. A maioria das equipes apresentou o sistema 4-4-2, com um líbero (MELO, 1999).

Na Copa do México de 1986. A Argentina foi a campeã deste torneio, utilizando o esquema 3-5-2, um sistema apresentado pela maioria das equipes europeias. (MELO 1999)

Em 1994, o grande sistema de jogo vencedor foi o 4-4-2 empregado pelo Brasil e também por mais duas seleções, Suécia e Bulgária. (MELO 1999)

 Na Copa do Mundo da França, em 1998, as equipes da França e da Noruega utilizaram o sistema 4-5-1, criado em 1994. A França sagrou-se campeã, vencendo o Brasil na Final (MANTOVANI; FRISSELLI, 1999).

 O sistema 3-5-2 foi o responsável pela conquista do pentacampeonato da Copa do Mundo, pela seleção brasileira, em2002, na Coréia e no Japão. O técnico “Felipão” enfrentou as críticas e escalou uma equipe com três zagueiros, dois alas, três meias e dois atacantes, as críticas diziam que esse sistema utilizado era muito defensivo. (MANTOVANI; FRISSELLI, 1999; MELO 1999)

3. REFERÊNCIAS

AZEVEDO, J. P. P. A construção de uma forma de jogar especifica. Um Estudo

de Caso com Carlos Brito na Equipa Sénior do Rio Ave Futebol Clube. Porto,

2009.

BARBIERI, F.; BENITES, L.; SOUZA NETO, S. Os sistemas de jogo e as regras

do futebol: considerações sobre suas modificações. Motriz, Rio Claro, v.15, n.2,

p.427-435, abr./jun. 2009.

CRIVELLENTI, F. C.; SOARES, F. L. Organização e Evolução do Sistema Tático

no Futebol. Batatais, Mon. Centro Universitário Claretiano, 2005.

DRUBSCKY, Ricardo. O universo tático do futebol, Escola Brasileira, Belo Horizonte. Health, 2003.

Emílio, Paulo. Futebol: dos alicerces ao telhado. Rio de janeiro: Oficina dos livros. 2ª Ed. 2004.

FALK, P. R. A.; PEREIRA, D. P. Futebol: Gestão e Treinamento. São Paulo:

Editora Ícone, 2010.

Ferreira, R. B., Paoli, P. B., & Costa, F. R. (2008). Proposta de 'scout' tático para o futebolEFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, año 12.

FRISSELLI, A., MANTOVANI, M futebol: teoria e prática. São Paulo: Phorte Editora. 1999.

GRECO, P.J.; CHAGAS, M.H. Considerações teóricas da tática nos jogos esportivos coletivos. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, 1992.

LEAL, J. C. Futebol Arte e Ofício. Rio de Janeiro: Editora Sprint, 2001.

MELO, Rogério silva. Sistemas e táticas para o futebol. Rio de janeiro: Sprint, 1999.

PARREIRA, Carlos A. Formando Equipes Vencedoras. Rio de Janeiro: Editora BestSeller, 2ª edição, 2006.

RÉ, A. N. Características do Futebol e do Futsal: implicações para o

treinamento de adolescentes adultos jovens. Buenos Aires. Revista Digital

Buenos Aires – Año 13 – nº 127 – Diciembre de 2008.

VENDITE, Caroline C. & MORAES, Antonio Carlos de. Sistema, estratégia e tática de jogo: Uma análise do conhecimento dos profissionais que atuam no futebol. Disponível em: http://bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000383600&f d=y Acesso em: 10 mar. 2014.