Universidade Estadual do Ceará- UECE

Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos- FAFIDAM

Curso: História

Disciplina: História Contemporânea II

Professora: Vera

Os Primeiros Cinquenta Anos do Século XX

Edinilma Ribeiro da Costa

Limoeiro do Norte, Dezembro de 2011

O Século XX: Grandes Acontecimentos e Grandes Transformações

Edinilma Ribeiro da Costa[1] 

Resumo: Pretendo com esse trabalho, por meio de narrações e diálogos historiográficos analisar os principais acontecimentos ocorridos no século XX, expondo também as principais transformações deixadas por esse século, procurando senão compreender sua brevidade e impacto nos modos culturais mundiais, mas ao menos expô-los. 

Palavras-chave: Disputas, conflitos e transformações; 

Introdução

O presente artigo trata da primeira metade do século XX, os principais eventos ocorridos no mesmo, tratando desde os processos históricos que antecederam a Primeira Guerra Mundial, aos acontecimentos que levariam o mundo a Segunda Guerra Mundial.

O objetivo do trabalho é relatar os principais eventos e as transformações deixadas por um século tão marcante para toda a humanidade.

Para isso trabalharei com autores como Héctor H. Bruit, Eric Hobsbawm, Alcir Lenharo e Mary Del Priore.

O trabalho está dividido em três tópicos: Antecedentes da Guerra, onde estabelecerei a ligação entre os acontecimentos ocorridos na corrida imperialista com o início do conflito Mundial. O outro tópico, Grandes Transformações, onde estabelecerei a relação entre as transformações ocorridas no período e as mudanças trazidas para vida das pessoas. E por fim os grandes conflitos que abalaram o século XX, onde falarei um pouco sobre os grandes eventos que sacudiram o século.

Antecedentes da Guerra        

Antes de adentrar aos eventos ocorridos no século xx, voltarei um pouco ao tempo, mais precisamente na segunda metade do século XIX, sendo que no meu entender o que aconteceu nesse período na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, foi um dos fatores que contribuíram para os acontecimentos que culminariam na Primeira Guerra Mundial.

Esse período de conquista política, econômica e cultural da África, Ásia, Oceania e América (em especial África e Ásia), ficou conhecido como Imperialismo. Os Estados Europeus e os Estados Unidos repartiram esses continentes entre si, organizando poderosos impérios e com um único objetivo em comum, o desenvolvimento da acumulação capitalista.

          Os Estados Europeus voltavam seus interesses especialmente para os continentes africano e asiático, pretendiam não apenas expandirem suas economias, mas também buscarem novos mercados consumidores. Efetivamente, o desenvolvimento capitalista nesses países, que já vinha se processando desde o século XVIII, devido a Primeira Revolução Industrial, significou uma transformação acelerada na estrutura econômica e nos hábitos sociais destes países.

          Esse desenvolvimento industrial ampliou a demanda de matérias- primas, à medida que aumentava a produção desses artigos industriais, ampliava ainda mais a necessidade de mercados exteriores que consumissem os produtos. Era preciso expandir o mercado para fora, já que Europa já tinha todos aqueles produtos, para isso não mediram esforços, estabeleceram-se, não importando se fosse pacífica ou violentamente.

          De início essa “expansão” significava uma busca por mercados consumidores, posteriormente a busca foi por matérias-primas existentes nesses países. Segundo Hobsbawn, o desenvolvimento tecnológico agora dependia de matérias-primas que, devido ao clima ou ao acaso geológico, seriam encontradas exclusiva ou profundamente em lugares remotos[2]. Por exemplo, o motor de combustão interna, criado no período, dependia do petróleo e da borracha. O petróleo era abundante no Oriente Médio e já se tornava objeto de intensos confrontos, já a borracha era um produto exclusivamente tropical, encontrada nas florestas do Congo e da Amazônia. Esses eram apenas alguns dos muitos produtos cobiçados pelas grandes potências.

          Segundo Eric Hobsbawn, o imperialismo ocorre devido há uma crise econômica, a partir dessa crise no século XIX que a expansão capitalista fica estagnada, é que esses países buscam novos mercados, para assim expandirem.

Além dos fatores econômicos, que ficaram evidentes, existiam outros fatores de natureza político-estratégica, que motivavam essas potências rivais, cada uma dessas queria evitar que uma porção excessiva, mesmo sem valor, ou uma parcela atraente fosse parar nas mãos da outra, adquirir colônias na época era uma forma de prestígio. Segundo Eric Hobsbawn:

                                                    [...] Uma vez que o status de grande                 potência se associou, assim, à sua bandeira tremulando em alguma praia bordada de palmeiras (ou, mais provavelmente, em áreas cobertas de arbustos secos), a aquisição de colônias se tornou um símbolo de status em si, independente de seu valor [...] [3]

       

Existiam ainda outras justificativas, que eram usadas como explicação para todo esse processo. Como a da missão civilizadora de uma raça superior, a branca. Mais em que se baseava essa convicção de raça superior? Tanto os europeus, como os americanos viam essa superioridade em suas instituições políticas, na organização da sociedade e no desenvolvimento industrial. E essa imagem ainda era reforçada e estimulada por doutrinas racistas. A que mais se destacou foi o darwinismo social, formulada pelo inglês H. Spencer, o qual defendia a ideia de que a Teoria da Evolução das Espécies de Darwin podia ser aplicada à sociedade. Assim como existia uma seleção natural entre as espécies, ela também existia na sociedade. A luta pela sobrevivência entre os animais correspondia à concorrência capitalista. Segundo Héctor H. Bruit:

  

[...] A seleção natural não era nada além da livre troca dos produtos entre os homens; a sobrevivência do mais capaz, do mais forte demonstrada pela forma criativa dos gigantes da indústria que engoliam os competidores mais fracos, em seu caminho para o enriquecimento. O sucesso dos negócios demonstrava habilidade superior de adaptação às mudanças; o fracasso indicava capacidade inferior. Por estas razões, a intervenção do estado era prejudicial, já que interrompia o processo pelo qual a natureza impessoal premiava o forte e eliminava o fraco.[4]

                                      

           Unificadas apenas em 1871, Alemanha e Itália entram mais tarde nessa corrida imperialista, ficando com poucos territórios sentem-se prejudicadas. A concorrência entre as nações se torna cada vez mais complexa. Nesse período formam-se blocos de poder com o intuito estabelecer alianças, evitando assim o isolamento das potências. A Alemanha parte na frente é a primeira a formar aliança, em 1879, a austro-alemã, mais adiante se transformaria na Tríplice Aliança. A França se alia primeiramente a Rússia e depois a Inglaterra, por fim o acordo anglo-russo, estava formada a Entente.

          Retomando a ideia inicial, entendo que todo esse processo de dominação e exploração exercido sobre esses povos, conseguiu resolver o problema das potências, pois nesses continentes não apenas dominaram pessoas mais também as riquezas que existiam nesse local expandindo seus comércios. No entanto acabaram gerando tensões entre as potências por conta da repartição desigual dos territórios, e essas tensões levaram a rupturas impossíveis de serem contornadas de forma diplomática. O conflito se tornaria uma questão de tempo.

 

Grandes Transformações

          

           Entre 1870 e 1914, não acontecera nem uma grande guerra, praticamente 100 anos sem grandes conflitos. Época marcada por profundas transformações, não apenas no âmbito das idéias e da cultura, da tecnologia, mais principalmente dos costumes, dos hábitos.

          A germinação dessas transformações, já vinha desde a Primeira Revolução Industrial. As mudanças ocorridas desde esse período, que não implicaram apenas na passagem de uma economia de base agrícola e artesanal para uma economia de base industrial e mecanizada, essas significaram modificações nos hábitos, nos costumes dessas pessoas. Por exemplo, mudaram-se as relações de trabalho, a constituição da família (principal mão-de-obra das fábricas nesse período eram de crianças e mulheres), muda-se a vida da população urbana, isso por conta do aumento significativo de pessoas que migraram do campo para cidade em busca de emprego nas fábricas, com esse grande contingente populacional, aumentam os problemas sociais, como miséria, muitos mendigos nas ruas, a insalubridade. Até mesmo o tempo passa a ter outra dimensão, tinha todo um controle nas fábricas, a perda desse significava perda de lucro para o dono da fábrica.

          Essas mudanças continuariam de forma intensa com a Segunda Revolução Industrial, as transformações se deram no âmbito das ciências, da tecnologia, na utilização de novas fontes de energia (petróleo), desenvolvimento de novos setores de produção, dos meios de transportes e de comunicações (criação do automóvel, do avião, do telégrafo,do telefone). Essas mudanças se refletiram especialmente na estrutura familiar, a mulher, que antes cabia apenas o espaço privado da casa, começa buscar novos espaços fora do âmbito familiar. Segundo Mary Del Priore:

                                                                               [...] Nunca, em período anterior, tantas pessoas foram envolvidas em tal processo de transformação de hábitos cotidianos, convicções e percepções, influenciadas, querendo-se ou não, pela expansão do capitalismo:a energia, o petróleo, os altos fornos, o desenvolvimento da indústria química e metalúrgica, e também da bacteriologia e da bioquímica, os impactos de novas medidas de higiene e profilaxia, isso e muito mais influenciou definitivamente o cotidiano [...] O impacto dessa revolução científico-tecnológica se fez sentir nos hábitos do dia-a-dia e, por conseguinte,nas formas de relacionamento.[5]

          Gradativamente essas mudanças foram modificando os hábitos, os costumes e formando uma nova sociedade com novos valores.

Os Grandes Conflitos que Abalaram o Século XX

 

          O século XX foi palco dos maiores conflitos da história da humanidade, não é por acaso que este é visto por muitos, apenas por os eventos catastróficos e massacrantes. Sem dúvidas não podemos tirar deste, o pioneirismo em matéria de horrores e atrocidades. Visto que as quatro piores guerras ocorreram nesse século, seria impossível compreendê-lo sem falar um pouco destas. Houve momentos em que se pensasse que seriam os últimos dias da humanidade, por tamanha proporção dos 31 anos de conflito mundial. Segundo Eric Hobsbawn:

                                               A humanidade sobreviveu. Contudo, o grande edifício da civilização do século XX desmoronou nas chamas da guerra mundial, quando suas colunas ruíram. Não há como compreender o Breve Século XX sem ela. Ele foi marcado pela guerra. Viveu e pensou em termos de guerra mundial, mesmo quando os canhões se calavam e as bombas não explodiam [...][6]

                                  

                           Esse século que foi abalado por duas grandes guerras, seguidas de fortes rebeliões e revoluções globais, não poderia ser visto de outra maneira por aqueles que viveram esse século. Segundo Hobsbawn que viveu esse século, para os historiadores de sua geração e origem, o passado é indestrutível[7]. E isso não é apenas por conta desses terem pertencido àquela geração, mais principalmente por conta dos acontecimentos ocorridos nesse período fazerem parte da textura de vida dessas pessoas.

                           As duas grandes guerras propiciaram para a humanidade episódios de carnificina impossíveis de serem esquecidas. O mundo que assombrou-se com os desastres da Primeira Grande Guerra, não imaginava as proporções que essa tomaria na Segunda Grande Guerra. O mundo pôde perceber essa dimensão trazida justamente por conta do potencial industrial-tecnológico, foram usadas armas que proporcionaram mortes em massa, como as bombas atômicas jogadas sobre as cidades japonesas de Hiroxima e Nagasáki.

                          O “Breve Século XX” também trouxe a cena uma nova força: a Revolução Mundial. Segundo Eric Hobsbawn a revolução foi filha da Guerra no século XX: especificamente a Revolução Russa de 1917, que criou a União Soviética, transformada em superpotência[8].

A Revolução Russa se tornou tão importante para o século XX como a Revolução Francesa para o século XIX, mais como essa teria ganhado essas proporções? Bem, essa foi feita não somente para que tivesse repercussões na Rússia, mas em uma escala global, com repercussões em todo o mundo. A razão fundamental dessa revolução era a construção de uma nova alternativa de sistema para a sociedade capitalista. O que se pretendia era trazer á tona uma nova possibilidade de sociedade, sem opressão, sem desigualdades e sem injustiças.

 Quais eram as condições históricas da Rússia naquele momento? E esta estava preparada para uma revolução socialista-proletária? Eram necessárias certas condições, que no momento não se encontravam na Rússia. Segundo Hobsbawn:

                                                              [...] As condições para uma tal transformação simplesmente não estavam presente num país camponês que era um sinônimo de pobreza, ignorância e atraso, e onde o proletariado industrial, o predestinado coveiro do capitalismo de Marx, era apenas uma minúscula minoria,embora estrategicamente localizada. Os próprios revolucionários marxistas russos partilhavam dessa opinião. Por si mesma, a derrubada do czarismo e do sistema de latifundiários iria produzir, e só se poderia esperar que produzisse, uma “revolução burguesa” [...][9]

                

            

Como vimos, a Rússia atravessava um período de dificuldades, além de todos esses problemas, ainda existiam os efeitos deixados por conta da Primeira Guerra Mundial, que vitimara milhões de soldados russos.  

Mas como um país que vivia uma situação tão difícil pôde por em prática um acontecimento tão grandioso? Que fatores poderiam ter contribuído para isso? Primeiro que a Revolução Russa não foi planejada, a primeira noite foi um golpe de Estado, as pessoas tomaram o Palácio de Inverno e tomam o poder, isso liderados por Lênin.  

                            Um fator básico da Revolução Russa foi seu proletariado, que era alfabetizado, conseguiam se organizarem, agregarem rapidamente.  Todas essas condições, unidas a incapacidade da burguesia de fazer uma revolução e ainda a reivindicação da massa popular, que exigiam entre outras coisas, o pão, a terra, melhores condições de trabalho, com o aumento de salários, e uma carga horária menor de trabalho, tornaram possível o acontecimento na Rússia.

                                   A Revolução Russa ficou conhecida em todo o mundo, os acontecimentos proporcionados por a mesma, abalaram o mundo, inspirando revolucionários em todas as partes do globo. 

Em todo o século XX viveu-se essa constante entre crise total e recomeço, catástrofes e avanços, anos de glória e outros de calamidade. O ano de 1929 foi marcado por uma crise, que abalaria e levaria a economia mundial, quase que ao colapso (ficando imune apenas a União Soviética). Essa “Grande Depressão” não deixou apenas marcas econômicas. Segundo Hobsbawn, um de seus maiores efeitos foi o fortalecimento da direita radical [...] inspirado pelo movimento fascista, “que compartilhava nacionalismo, anticomunismo, antiliberalismo [...] [10]

                            O desemprego e as desastrosas consequências da crise de 1929 acentuaram ainda mais o clima de incertezas em todo o mundo.

        Os movimentos fascistas ecoaram-se pelo o mundo, encontrando em diversos países (como Itália e Alemanha) condições propícias para se estabelecerem.

A Alemanha vivia em uma época muito difícil, o povo estava muito sofrido, necessitavam de alguém que reerguesse o Estado. Os partidos direitistas irão encontrar a Alemanha em um momento ideal. O nazismo surge na Alemanha nesse contexto, com a liderança de Adolf Hitler.

Mais quais seriam as características desse regime, e como o mesmo conseguiu perdurar durante tanto anos e com o apóio da maioria da população alemã?

                           Segundo Alcir Lenharo a aceitação da maioria da população se devia principalmente ao poder de persuasão da propaganda Nazista, de forma que a população foi seduzida ao ponto de aceitar e se deixar levar por uma minoria de poderosos.

Assim como a Revolução Russa que teve repercussão em todo o mundo, os movimentos fascistas também se repercutiram por todo o mundo, inclusive no Brasil.

                           O surgimento desses regimes totalitários possibilitou ao mundo, uma aliança jamais inimaginável, “capitalismo” e “comunismo”, ou seja, Estados Unidos e União Soviética, não que os mesmos tivessem ideais comuns, tinham a necessidade de combaterem um inimigo em comum que se aproxima cada vez, com maior força (nazismo).

                            

 

Considerações Finais

 

         A meu ver, o século XX não pode ser visto apenas pelos grandes eventos causadores de mortes, acontecimentos que de uma forma ou de outra, marcaram a vida da humanidade. Foi sem dúvidas alguma o século dos massacres, dos horrores, da miséria, das desgraças, das mortes, tudo acontecia aos milhares. Mas também foi o século das grandes transformações, essas ocorreram nos diversos campos, econômicos, científicos, tecnológicos, cultural, moral, mudanças que de certa forma se refletiram na vida, nos costumes, nos hábitos, nos valores de toda a humanidade. E de uma intensidade incomparável.   

Poderíamos dizer que o século XX, foi um divisor de águas, pois até o século XIX o passado era tido como referência, à tradição era o que se deveria seguir, o ideal, o novo era o que vinha para destruir. A partir do século XX, o passado deixa de ser modelo, há um rompimento. Essa foi uma das grandes características do final século XX, nos dizeres de Hobsbawn “Houve a destruição do passado- ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas”. Os jovens que viriam não mais tomariam o passado como referência, esses cresceriam numa espécie de presente continuo.  

        Essas mudanças se refletiram principalmente, na estrutura familiar, nos espaços da vida privada. Antes à mulher cabia o espaço privado (cuidar da casa, dos filhos), e ao homem o espaço público (trabalhar fora). Essas mudanças se deram a partir desse século, onde as mulheres começaram a conquista de espaços fora de seu ambiente privado, espaços não imagináveis, que vai desde o poder de escolha do marido ao direito de exercer profissões direcionadas antes apenas aos homens. 

O Breve Século XX”, não é por acaso que Hobsbawn usa essa expressão para falar desse século, as mudanças, os acontecimentos, os grandes conflitos mundiais, as grandes transformações ocorridas no mesmo foram tão intensas e profundas que acabaram tornando-o breve demais.   

Referências Bibliográficas

BRUIT, Héctor H. O Imperialismo/ São Paulo: Atual; Campinas, SP: editora da Universidade de Campinas, 1988.

DEL PRIORE, Mary. História do Amor no Brasil. SP: Ed.: Contexto. 2006.

HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914-1991. São Paulo, Cia. Das Letras, 1995.

HOBSBAWN, Eric. A Era dos Impérios. Tradução: Sieni Maria Campos e Yolanda Steidel de Toledo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

LENHARO, Alcir. Nazismo o Triunfo da Vontade. São Paulo. Editora: ática. 1991.

 

Universidade Estadual do Ceará- UECE

Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos- FAFIDAM

Curso: História

Disciplina: História Contemporânea II

Professora: Vera

 

 

 

 

 

 

Os Primeiros Cinquenta Anos do Século XX

 

 

 

Edinilma Ribeiro da Costa

 

 

 

 

 

 

Limoeiro do Norte, Dezembro de 2011

O Século XX: Grandes Acontecimentos e Grandes Transformações

Edinilma Ribeiro da Costa[11]

 

Resumo: Pretendo com esse trabalho, por meio de narrações e diálogos historiográficos analisar os principais acontecimentos ocorridos no século XX, expondo também as principais transformações deixadas por esse século, procurando senão compreender sua brevidade e impacto nos modos culturais mundiais, mas ao menos expô-los.

 

Palavras-chave: Disputas, conflitos e transformações;

 

Introdução

O presente artigo trata da primeira metade do século XX, os principais eventos ocorridos no mesmo, tratando desde os processos históricos que antecederam a Primeira Guerra Mundial, aos acontecimentos que levariam o mundo a Segunda Guerra Mundial.

O objetivo do trabalho é relatar os principais eventos e as transformações deixadas por um século tão marcante para toda a humanidade.

Para isso trabalharei com autores como Héctor H. Bruit, Eric Hobsbawm, Alcir Lenharo e Mary Del Priore.

O trabalho está dividido em três tópicos: Antecedentes da Guerra, onde estabelecerei a ligação entre os acontecimentos ocorridos na corrida imperialista com o início do conflito Mundial. O outro tópico, Grandes Transformações, onde estabelecerei a relação entre as transformações ocorridas no período e as mudanças trazidas para vida das pessoas. E por fim os grandes conflitos que abalaram o século XX, onde falarei um pouco sobre os grandes eventos que sacudiram o século.

Antecedentes da Guerra

        

Antes de adentrar aos eventos ocorridos no século xx, voltarei um pouco ao tempo, mais precisamente na segunda metade do século XIX, sendo que no meu entender o que aconteceu nesse período na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, foi um dos fatores que contribuíram para os acontecimentos que culminariam na Primeira Guerra Mundial.

Esse período de conquista política, econômica e cultural da África, Ásia, Oceania e América (em especial África e Ásia), ficou conhecido como Imperialismo. Os Estados Europeus e os Estados Unidos repartiram esses continentes entre si, organizando poderosos impérios e com um único objetivo em comum, o desenvolvimento da acumulação capitalista.

          Os Estados Europeus voltavam seus interesses especialmente para os continentes africano e asiático, pretendiam não apenas expandirem suas economias, mas também buscarem novos mercados consumidores. Efetivamente, o desenvolvimento capitalista nesses países, que já vinha se processando desde o século XVIII, devido a Primeira Revolução Industrial, significou uma transformação acelerada na estrutura econômica e nos hábitos sociais destes países.

          Esse desenvolvimento industrial ampliou a demanda de matérias- primas, à medida que aumentava a produção desses artigos industriais, ampliava ainda mais a necessidade de mercados exteriores que consumissem os produtos. Era preciso expandir o mercado para fora, já que Europa já tinha todos aqueles produtos, para isso não mediram esforços, estabeleceram-se, não importando se fosse pacífica ou violentamente.

          De início essa “expansão” significava uma busca por mercados consumidores, posteriormente a busca foi por matérias-primas existentes nesses países. Segundo Hobsbawn, o desenvolvimento tecnológico agora dependia de matérias-primas que, devido ao clima ou ao acaso geológico, seriam encontradas exclusiva ou profundamente em lugares remotos[12]. Por exemplo, o motor de combustão interna, criado no período, dependia do petróleo e da borracha. O petróleo era abundante no Oriente Médio e já se tornava objeto de intensos confrontos, já a borracha era um produto exclusivamente tropical, encontrada nas florestas do Congo e da Amazônia. Esses eram apenas alguns dos muitos produtos cobiçados pelas grandes potências.

          Segundo Eric Hobsbawn, o imperialismo ocorre devido há uma crise econômica, a partir dessa crise no século XIX que a expansão capitalista fica estagnada, é que esses países buscam novos mercados, para assim expandirem.

Além dos fatores econômicos, que ficaram evidentes, existiam outros fatores de natureza político-estratégica, que motivavam essas potências rivais, cada uma dessas queria evitar que uma porção excessiva, mesmo sem valor, ou uma parcela atraente fosse parar nas mãos da outra, adquirir colônias na época era uma forma de prestígio. Segundo Eric Hobsbawn:

                                                    [...] Uma vez que o status de grande                 potência se associou, assim, à sua bandeira tremulando em alguma praia bordada de palmeiras (ou, mais provavelmente, em áreas cobertas de arbustos secos), a aquisição de colônias se tornou um símbolo de status em si, independente de seu valor [...] [13]

       

Existiam ainda outras justificativas, que eram usadas como explicação para todo esse processo. Como a da missão civilizadora de uma raça superior, a branca. Mais em que se baseava essa convicção de raça superior? Tanto os europeus, como os americanos viam essa superioridade em suas instituições políticas, na organização da sociedade e no desenvolvimento industrial. E essa imagem ainda era reforçada e estimulada por doutrinas racistas. A que mais se destacou foi o darwinismo social, formulada pelo inglês H. Spencer, o qual defendia a ideia de que a Teoria da Evolução das Espécies de Darwin podia ser aplicada à sociedade. Assim como existia uma seleção natural entre as espécies, ela também existia na sociedade. A luta pela sobrevivência entre os animais correspondia à concorrência capitalista. Segundo Héctor H. Bruit:

  

[...] A seleção natural não era nada além da livre troca dos produtos entre os homens; a sobrevivência do mais capaz, do mais forte demonstrada pela forma criativa dos gigantes da indústria que engoliam os competidores mais fracos, em seu caminho para o enriquecimento. O sucesso dos negócios demonstrava habilidade superior de adaptação às mudanças; o fracasso indicava capacidade inferior. Por estas razões, a intervenção do estado era prejudicial, já que interrompia o processo pelo qual a natureza impessoal premiava o forte e eliminava o fraco.[14]

                                      

           Unificadas apenas em 1871, Alemanha e Itália entram mais tarde nessa corrida imperialista, ficando com poucos territórios sentem-se prejudicadas. A concorrência entre as nações se torna cada vez mais complexa. Nesse período formam-se blocos de poder com o intuito estabelecer alianças, evitando assim o isolamento das potências. A Alemanha parte na frente é a primeira a formar aliança, em 1879, a austro-alemã, mais adiante se transformaria na Tríplice Aliança. A França se alia primeiramente a Rússia e depois a Inglaterra, por fim o acordo anglo-russo, estava formada a Entente.

          Retomando a ideia inicial, entendo que todo esse processo de dominação e exploração exercido sobre esses povos, conseguiu resolver o problema das potências, pois nesses continentes não apenas dominaram pessoas mais também as riquezas que existiam nesse local expandindo seus comércios. No entanto acabaram gerando tensões entre as potências por conta da repartição desigual dos territórios, e essas tensões levaram a rupturas impossíveis de serem contornadas de forma diplomática. O conflito se tornaria uma questão de tempo.

 

Grandes Transformações

          

           Entre 1870 e 1914, não acontecera nem uma grande guerra, praticamente 100 anos sem grandes conflitos. Época marcada por profundas transformações, não apenas no âmbito das idéias e da cultura, da tecnologia, mais principalmente dos costumes, dos hábitos.

          A germinação dessas transformações, já vinha desde a Primeira Revolução Industrial. As mudanças ocorridas desde esse período, que não implicaram apenas na passagem de uma economia de base agrícola e artesanal para uma economia de base industrial e mecanizada, essas significaram modificações nos hábitos, nos costumes dessas pessoas. Por exemplo, mudaram-se as relações de trabalho, a constituição da família (principal mão-de-obra das fábricas nesse período eram de crianças e mulheres), muda-se a vida da população urbana, isso por conta do aumento significativo de pessoas que migraram do campo para cidade em busca de emprego nas fábricas, com esse grande contingente populacional, aumentam os problemas sociais, como miséria, muitos mendigos nas ruas, a insalubridade. Até mesmo o tempo passa a ter outra dimensão, tinha todo um controle nas fábricas, a perda desse significava perda de lucro para o dono da fábrica.

          Essas mudanças continuariam de forma intensa com a Segunda Revolução Industrial, as transformações se deram no âmbito das ciências, da tecnologia, na utilização de novas fontes de energia (petróleo), desenvolvimento de novos setores de produção, dos meios de transportes e de comunicações (criação do automóvel, do avião, do telégrafo,do telefone). Essas mudanças se refletiram especialmente na estrutura familiar, a mulher, que antes cabia apenas o espaço privado da casa, começa buscar novos espaços fora do âmbito familiar. Segundo Mary Del Priore:

                                                                               [...] Nunca, em período anterior, tantas pessoas foram envolvidas em tal processo de transformação de hábitos cotidianos, convicções e percepções, influenciadas, querendo-se ou não, pela expansão do capitalismo:a energia, o petróleo, os altos fornos, o desenvolvimento da indústria química e metalúrgica, e também da bacteriologia e da bioquímica, os impactos de novas medidas de higiene e profilaxia, isso e muito mais influenciou definitivamente o cotidiano [...] O impacto dessa revolução científico-tecnológica se fez sentir nos hábitos do dia-a-dia e, por conseguinte,nas formas de relacionamento.[15]

          Gradativamente essas mudanças foram modificando os hábitos, os costumes e formando uma nova sociedade com novos valores.

Os Grandes Conflitos que Abalaram o Século XX

 

          O século XX foi palco dos maiores conflitos da história da humanidade, não é por acaso que este é visto por muitos, apenas por os eventos catastróficos e massacrantes. Sem dúvidas não podemos tirar deste, o pioneirismo em matéria de horrores e atrocidades. Visto que as quatro piores guerras ocorreram nesse século, seria impossível compreendê-lo sem falar um pouco destas. Houve momentos em que se pensasse que seriam os últimos dias da humanidade, por tamanha proporção dos 31 anos de conflito mundial. Segundo Eric Hobsbawn:

                                               A humanidade sobreviveu. Contudo, o grande edifício da civilização do século XX desmoronou nas chamas da guerra mundial, quando suas colunas ruíram. Não há como compreender o Breve Século XX sem ela. Ele foi marcado pela guerra. Viveu e pensou em termos de guerra mundial, mesmo quando os canhões se calavam e as bombas não explodiam [...][16]

                                  

                           Esse século que foi abalado por duas grandes guerras, seguidas de fortes rebeliões e revoluções globais, não poderia ser visto de outra maneira por aqueles que viveram esse século. Segundo Hobsbawn que viveu esse século, para os historiadores de sua geração e origem, o passado é indestrutível[17]. E isso não é apenas por conta desses terem pertencido àquela geração, mais principalmente por conta dos acontecimentos ocorridos nesse período fazerem parte da textura de vida dessas pessoas.

                           As duas grandes guerras propiciaram para a humanidade episódios de carnificina impossíveis de serem esquecidas. O mundo que assombrou-se com os desastres da Primeira Grande Guerra, não imaginava as proporções que essa tomaria na Segunda Grande Guerra. O mundo pôde perceber essa dimensão trazida justamente por conta do potencial industrial-tecnológico, foram usadas armas que proporcionaram mortes em massa, como as bombas atômicas jogadas sobre as cidades japonesas de Hiroxima e Nagasáki.

                          O “Breve Século XX” também trouxe a cena uma nova força: a Revolução Mundial. Segundo Eric Hobsbawn a revolução foi filha da Guerra no século XX: especificamente a Revolução Russa de 1917, que criou a União Soviética, transformada em superpotência[18].

A Revolução Russa se tornou tão importante para o século XX como a Revolução Francesa para o século XIX, mais como essa teria ganhado essas proporções? Bem, essa foi feita não somente para que tivesse repercussões na Rússia, mas em uma escala global, com repercussões em todo o mundo. A razão fundamental dessa revolução era a construção de uma nova alternativa de sistema para a sociedade capitalista. O que se pretendia era trazer á tona uma nova possibilidade de sociedade, sem opressão, sem desigualdades e sem injustiças.

 Quais eram as condições históricas da Rússia naquele momento? E esta estava preparada para uma revolução socialista-proletária? Eram necessárias certas condições, que no momento não se encontravam na Rússia. Segundo Hobsbawn:

                                                              [...] As condições para uma tal transformação simplesmente não estavam presente num país camponês que era um sinônimo de pobreza, ignorância e atraso, e onde o proletariado industrial, o predestinado coveiro do capitalismo de Marx, era apenas uma minúscula minoria,embora estrategicamente localizada. Os próprios revolucionários marxistas russos partilhavam dessa opinião. Por si mesma, a derrubada do czarismo e do sistema de latifundiários iria produzir, e só se poderia esperar que produzisse, uma “revolução burguesa” [...][19]

                

            

Como vimos, a Rússia atravessava um período de dificuldades, além de todos esses problemas, ainda existiam os efeitos deixados por conta da Primeira Guerra Mundial, que vitimara milhões de soldados russos.  

Mas como um país que vivia uma situação tão difícil pôde por em prática um acontecimento tão grandioso? Que fatores poderiam ter contribuído para isso? Primeiro que a Revolução Russa não foi planejada, a primeira noite foi um golpe de Estado, as pessoas tomaram o Palácio de Inverno e tomam o poder, isso liderados por Lênin.  

                            Um fator básico da Revolução Russa foi seu proletariado, que era alfabetizado, conseguiam se organizarem, agregarem rapidamente.  Todas essas condições, unidas a incapacidade da burguesia de fazer uma revolução e ainda a reivindicação da massa popular, que exigiam entre outras coisas, o pão, a terra, melhores condições de trabalho, com o aumento de salários, e uma carga horária menor de trabalho, tornaram possível o acontecimento na Rússia.

                                   A Revolução Russa ficou conhecida em todo o mundo, os acontecimentos proporcionados por a mesma, abalaram o mundo, inspirando revolucionários em todas as partes do globo. 

Em todo o século XX viveu-se essa constante entre crise total e recomeço, catástrofes e avanços, anos de glória e outros de calamidade. O ano de 1929 foi marcado por uma crise, que abalaria e levaria a economia mundial, quase que ao colapso (ficando imune apenas a União Soviética). Essa “Grande Depressão” não deixou apenas marcas econômicas. Segundo Hobsbawn, um de seus maiores efeitos foi o fortalecimento da direita radical [...] inspirado pelo movimento fascista, “que compartilhava nacionalismo, anticomunismo, antiliberalismo [...] [20]

                            O desemprego e as desastrosas consequências da crise de 1929 acentuaram ainda mais o clima de incertezas em todo o mundo.

        Os movimentos fascistas ecoaram-se pelo o mundo, encontrando em diversos países (como Itália e Alemanha) condições propícias para se estabelecerem.

A Alemanha vivia em uma época muito difícil, o povo estava muito sofrido, necessitavam de alguém que reerguesse o Estado. Os partidos direitistas irão encontrar a Alemanha em um momento ideal. O nazismo surge na Alemanha nesse contexto, com a liderança de Adolf Hitler.

Mais quais seriam as características desse regime, e como o mesmo conseguiu perdurar durante tanto anos e com o apóio da maioria da população alemã?

                           Segundo Alcir Lenharo a aceitação da maioria da população se devia principalmente ao poder de persuasão da propaganda Nazista, de forma que a população foi seduzida ao ponto de aceitar e se deixar levar por uma minoria de poderosos.

Assim como a Revolução Russa que teve repercussão em todo o mundo, os movimentos fascistas também se repercutiram por todo o mundo, inclusive no Brasil.

                           O surgimento desses regimes totalitários possibilitou ao mundo, uma aliança jamais inimaginável, “capitalismo” e “comunismo”, ou seja, Estados Unidos e União Soviética, não que os mesmos tivessem ideais comuns, tinham a necessidade de combaterem um inimigo em comum que se aproxima cada vez, com maior força (nazismo).

                            

 

Considerações Finais

 

         A meu ver, o século XX não pode ser visto apenas pelos grandes eventos causadores de mortes, acontecimentos que de uma forma ou de outra, marcaram a vida da humanidade. Foi sem dúvidas alguma o século dos massacres, dos horrores, da miséria, das desgraças, das mortes, tudo acontecia aos milhares. Mas também foi o século das grandes transformações, essas ocorreram nos diversos campos, econômicos, científicos, tecnológicos, cultural, moral, mudanças que de certa forma se refletiram na vida, nos costumes, nos hábitos, nos valores de toda a humanidade. E de uma intensidade incomparável.   

Poderíamos dizer que o século XX, foi um divisor de águas, pois até o século XIX o passado era tido como referência, à tradição era o que se deveria seguir, o ideal, o novo era o que vinha para destruir. A partir do século XX, o passado deixa de ser modelo, há um rompimento. Essa foi uma das grandes características do final século XX, nos dizeres de Hobsbawn “Houve a destruição do passado- ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas”. Os jovens que viriam não mais tomariam o passado como referência, esses cresceriam numa espécie de presente continuo.  

        Essas mudanças se refletiram principalmente, na estrutura familiar, nos espaços da vida privada. Antes à mulher cabia o espaço privado (cuidar da casa, dos filhos), e ao homem o espaço público (trabalhar fora). Essas mudanças se deram a partir desse século, onde as mulheres começaram a conquista de espaços fora de seu ambiente privado, espaços não imagináveis, que vai desde o poder de escolha do marido ao direito de exercer profissões direcionadas antes apenas aos homens. 

O Breve Século XX”, não é por acaso que Hobsbawn usa essa expressão para falar desse século, as mudanças, os acontecimentos, os grandes conflitos mundiais, as grandes transformações ocorridas no mesmo foram tão intensas e profundas que acabaram tornando-o breve demais.   

Referências Bibliográficas

BRUIT, Héctor H. O Imperialismo/ São Paulo: Atual; Campinas, SP: editora da Universidade de Campinas, 1988.

DEL PRIORE, Mary. História do Amor no Brasil. SP: Ed.: Contexto. 2006.

HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914-1991. São Paulo, Cia. Das Letras, 1995.

HOBSBAWN, Eric. A Era dos Impérios. Tradução: Sieni Maria Campos e Yolanda Steidel de Toledo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

LENHARO, Alcir. Nazismo o Triunfo da Vontade. São Paulo. Editora: ática. 1991.

 

 

         

        

       

 

 

Universidade Estadual do Ceará- UECE

Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos- FAFIDAM

Curso: História

Disciplina: História Contemporânea II

Professora: Vera

 

 

 

 

 

 

Os Primeiros Cinquenta Anos do Século XX

 

 

 

Edinilma Ribeiro da Costa

 

 

 

 

 

 

Limoeiro do Norte, Dezembro de 2011

O Século XX: Grandes Acontecimentos e Grandes Transformações

Edinilma Ribeiro da Costa[21]

 

Resumo: Pretendo com esse trabalho, por meio de narrações e diálogos historiográficos analisar os principais acontecimentos ocorridos no século XX, expondo também as principais transformações deixadas por esse século, procurando senão compreender sua brevidade e impacto nos modos culturais mundiais, mas ao menos expô-los.

 

Palavras-chave: Disputas, conflitos e transformações;

 

Introdução

O presente artigo trata da primeira metade do século XX, os principais eventos ocorridos no mesmo, tratando desde os processos históricos que antecederam a Primeira Guerra Mundial, aos acontecimentos que levariam o mundo a Segunda Guerra Mundial.

O objetivo do trabalho é relatar os principais eventos e as transformações deixadas por um século tão marcante para toda a humanidade.

Para isso trabalharei com autores como Héctor H. Bruit, Eric Hobsbawm, Alcir Lenharo e Mary Del Priore.

O trabalho está dividido em três tópicos: Antecedentes da Guerra, onde estabelecerei a ligação entre os acontecimentos ocorridos na corrida imperialista com o início do conflito Mundial. O outro tópico, Grandes Transformações, onde estabelecerei a relação entre as transformações ocorridas no período e as mudanças trazidas para vida das pessoas. E por fim os grandes conflitos que abalaram o século XX, onde falarei um pouco sobre os grandes eventos que sacudiram o século.

Antecedentes da Guerra

        

Antes de adentrar aos eventos ocorridos no século xx, voltarei um pouco ao tempo, mais precisamente na segunda metade do século XIX, sendo que no meu entender o que aconteceu nesse período na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, foi um dos fatores que contribuíram para os acontecimentos que culminariam na Primeira Guerra Mundial.

Esse período de conquista política, econômica e cultural da África, Ásia, Oceania e América (em especial África e Ásia), ficou conhecido como Imperialismo. Os Estados Europeus e os Estados Unidos repartiram esses continentes entre si, organizando poderosos impérios e com um único objetivo em comum, o desenvolvimento da acumulação capitalista.

          Os Estados Europeus voltavam seus interesses especialmente para os continentes africano e asiático, pretendiam não apenas expandirem suas economias, mas também buscarem novos mercados consumidores. Efetivamente, o desenvolvimento capitalista nesses países, que já vinha se processando desde o século XVIII, devido a Primeira Revolução Industrial, significou uma transformação acelerada na estrutura econômica e nos hábitos sociais destes países.

          Esse desenvolvimento industrial ampliou a demanda de matérias- primas, à medida que aumentava a produção desses artigos industriais, ampliava ainda mais a necessidade de mercados exteriores que consumissem os produtos. Era preciso expandir o mercado para fora, já que Europa já tinha todos aqueles produtos, para isso não mediram esforços, estabeleceram-se, não importando se fosse pacífica ou violentamente.

          De início essa “expansão” significava uma busca por mercados consumidores, posteriormente a busca foi por matérias-primas existentes nesses países. Segundo Hobsbawn, o desenvolvimento tecnológico agora dependia de matérias-primas que, devido ao clima ou ao acaso geológico, seriam encontradas exclusiva ou profundamente em lugares remotos[22]. Por exemplo, o motor de combustão interna, criado no período, dependia do petróleo e da borracha. O petróleo era abundante no Oriente Médio e já se tornava objeto de intensos confrontos, já a borracha era um produto exclusivamente tropical, encontrada nas florestas do Congo e da Amazônia. Esses eram apenas alguns dos muitos produtos cobiçados pelas grandes potências.

          Segundo Eric Hobsbawn, o imperialismo ocorre devido há uma crise econômica, a partir dessa crise no século XIX que a expansão capitalista fica estagnada, é que esses países buscam novos mercados, para assim expandirem.

Além dos fatores econômicos, que ficaram evidentes, existiam outros fatores de natureza político-estratégica, que motivavam essas potências rivais, cada uma dessas queria evitar que uma porção excessiva, mesmo sem valor, ou uma parcela atraente fosse parar nas mãos da outra, adquirir colônias na época era uma forma de prestígio. Segundo Eric Hobsbawn:

                                                    [...] Uma vez que o status de grande                 potência se associou, assim, à sua bandeira tremulando em alguma praia bordada de palmeiras (ou, mais provavelmente, em áreas cobertas de arbustos secos), a aquisição de colônias se tornou um símbolo de status em si, independente de seu valor [...] [23]

       

Existiam ainda outras justificativas, que eram usadas como explicação para todo esse processo. Como a da missão civilizadora de uma raça superior, a branca. Mais em que se baseava essa convicção de raça superior? Tanto os europeus, como os americanos viam essa superioridade em suas instituições políticas, na organização da sociedade e no desenvolvimento industrial. E essa imagem ainda era reforçada e estimulada por doutrinas racistas. A que mais se destacou foi o darwinismo social, formulada pelo inglês H. Spencer, o qual defendia a ideia de que a Teoria da Evolução das Espécies de Darwin podia ser aplicada à sociedade. Assim como existia uma seleção natural entre as espécies, ela também existia na sociedade. A luta pela sobrevivência entre os animais correspondia à concorrência capitalista. Segundo Héctor H. Bruit:

  

[...] A seleção natural não era nada além da livre troca dos produtos entre os homens; a sobrevivência do mais capaz, do mais forte demonstrada pela forma criativa dos gigantes da indústria que engoliam os competidores mais fracos, em seu caminho para o enriquecimento. O sucesso dos negócios demonstrava habilidade superior de adaptação às mudanças; o fracasso indicava capacidade inferior. Por estas razões, a intervenção do estado era prejudicial, já que interrompia o processo pelo qual a natureza impessoal premiava o forte e eliminava o fraco.[24]

                                      

           Unificadas apenas em 1871, Alemanha e Itália entram mais tarde nessa corrida imperialista, ficando com poucos territórios sentem-se prejudicadas. A concorrência entre as nações se torna cada vez mais complexa. Nesse período formam-se blocos de poder com o intuito estabelecer alianças, evitando assim o isolamento das potências. A Alemanha parte na frente é a primeira a formar aliança, em 1879, a austro-alemã, mais adiante se transformaria na Tríplice Aliança. A França se alia primeiramente a Rússia e depois a Inglaterra, por fim o acordo anglo-russo, estava formada a Entente.

          Retomando a ideia inicial, entendo que todo esse processo de dominação e exploração exercido sobre esses povos, conseguiu resolver o problema das potências, pois nesses continentes não apenas dominaram pessoas mais também as riquezas que existiam nesse local expandindo seus comércios. No entanto acabaram gerando tensões entre as potências por conta da repartição desigual dos territórios, e essas tensões levaram a rupturas impossíveis de serem contornadas de forma diplomática. O conflito se tornaria uma questão de tempo.

 

Grandes Transformações

          

           Entre 1870 e 1914, não acontecera nem uma grande guerra, praticamente 100 anos sem grandes conflitos. Época marcada por profundas transformações, não apenas no âmbito das idéias e da cultura, da tecnologia, mais principalmente dos costumes, dos hábitos.

          A germinação dessas transformações, já vinha desde a Primeira Revolução Industrial. As mudanças ocorridas desde esse período, que não implicaram apenas na passagem de uma economia de base agrícola e artesanal para uma economia de base industrial e mecanizada, essas significaram modificações nos hábitos, nos costumes dessas pessoas. Por exemplo, mudaram-se as relações de trabalho, a constituição da família (principal mão-de-obra das fábricas nesse período eram de crianças e mulheres), muda-se a vida da população urbana, isso por conta do aumento significativo de pessoas que migraram do campo para cidade em busca de emprego nas fábricas, com esse grande contingente populacional, aumentam os problemas sociais, como miséria, muitos mendigos nas ruas, a insalubridade. Até mesmo o tempo passa a ter outra dimensão, tinha todo um controle nas fábricas, a perda desse significava perda de lucro para o dono da fábrica.

          Essas mudanças continuariam de forma intensa com a Segunda Revolução Industrial, as transformações se deram no âmbito das ciências, da tecnologia, na utilização de novas fontes de energia (petróleo), desenvolvimento de novos setores de produção, dos meios de transportes e de comunicações (criação do automóvel, do avião, do telégrafo,do telefone). Essas mudanças se refletiram especialmente na estrutura familiar, a mulher, que antes cabia apenas o espaço privado da casa, começa buscar novos espaços fora do âmbito familiar. Segundo Mary Del Priore:

                                                                               [...] Nunca, em período anterior, tantas pessoas foram envolvidas em tal processo de transformação de hábitos cotidianos, convicções e percepções, influenciadas, querendo-se ou não, pela expansão do capitalismo:a energia, o petróleo, os altos fornos, o desenvolvimento da indústria química e metalúrgica, e também da bacteriologia e da bioquímica, os impactos de novas medidas de higiene e profilaxia, isso e muito mais influenciou definitivamente o cotidiano [...] O impacto dessa revolução científico-tecnológica se fez sentir nos hábitos do dia-a-dia e, por conseguinte,nas formas de relacionamento.[25]

          Gradativamente essas mudanças foram modificando os hábitos, os costumes e formando uma nova sociedade com novos valores.

Os Grandes Conflitos que Abalaram o Século XX

 

          O século XX foi palco dos maiores conflitos da história da humanidade, não é por acaso que este é visto por muitos, apenas por os eventos catastróficos e massacrantes. Sem dúvidas não podemos tirar deste, o pioneirismo em matéria de horrores e atrocidades. Visto que as quatro piores guerras ocorreram nesse século, seria impossível compreendê-lo sem falar um pouco destas. Houve momentos em que se pensasse que seriam os últimos dias da humanidade, por tamanha proporção dos 31 anos de conflito mundial. Segundo Eric Hobsbawn:

                                               A humanidade sobreviveu. Contudo, o grande edifício da civilização do século XX desmoronou nas chamas da guerra mundial, quando suas colunas ruíram. Não há como compreender o Breve Século XX sem ela. Ele foi marcado pela guerra. Viveu e pensou em termos de guerra mundial, mesmo quando os canhões se calavam e as bombas não explodiam [...][26]

                                  

                           Esse século que foi abalado por duas grandes guerras, seguidas de fortes rebeliões e revoluções globais, não poderia ser visto de outra maneira por aqueles que viveram esse século. Segundo Hobsbawn que viveu esse século, para os historiadores de sua geração e origem, o passado é indestrutível[27]. E isso não é apenas por conta desses terem pertencido àquela geração, mais principalmente por conta dos acontecimentos ocorridos nesse período fazerem parte da textura de vida dessas pessoas.

                           As duas grandes guerras propiciaram para a humanidade episódios de carnificina impossíveis de serem esquecidas. O mundo que assombrou-se com os desastres da Primeira Grande Guerra, não imaginava as proporções que essa tomaria na Segunda Grande Guerra. O mundo pôde perceber essa dimensão trazida justamente por conta do potencial industrial-tecnológico, foram usadas armas que proporcionaram mortes em massa, como as bombas atômicas jogadas sobre as cidades japonesas de Hiroxima e Nagasáki.

                          O “Breve Século XX” também trouxe a cena uma nova força: a Revolução Mundial. Segundo Eric Hobsbawn a revolução foi filha da Guerra no século XX: especificamente a Revolução Russa de 1917, que criou a União Soviética, transformada em superpotência[28].

A Revolução Russa se tornou tão importante para o século XX como a Revolução Francesa para o século XIX, mais como essa teria ganhado essas proporções? Bem, essa foi feita não somente para que tivesse repercussões na Rússia, mas em uma escala global, com repercussões em todo o mundo. A razão fundamental dessa revolução era a construção de uma nova alternativa de sistema para a sociedade capitalista. O que se pretendia era trazer á tona uma nova possibilidade de sociedade, sem opressão, sem desigualdades e sem injustiças.

 Quais eram as condições históricas da Rússia naquele momento? E esta estava preparada para uma revolução socialista-proletária? Eram necessárias certas condições, que no momento não se encontravam na Rússia. Segundo Hobsbawn:

                                                              [...] As condições para uma tal transformação simplesmente não estavam presente num país camponês que era um sinônimo de pobreza, ignorância e atraso, e onde o proletariado industrial, o predestinado coveiro do capitalismo de Marx, era apenas uma minúscula minoria,embora estrategicamente localizada. Os próprios revolucionários marxistas russos partilhavam dessa opinião. Por si mesma, a derrubada do czarismo e do sistema de latifundiários iria produzir, e só se poderia esperar que produzisse, uma “revolução burguesa” [...][29]

                

            

Como vimos, a Rússia atravessava um período de dificuldades, além de todos esses problemas, ainda existiam os efeitos deixados por conta da Primeira Guerra Mundial, que vitimara milhões de soldados russos.  

Mas como um país que vivia uma situação tão difícil pôde por em prática um acontecimento tão grandioso? Que fatores poderiam ter contribuído para isso? Primeiro que a Revolução Russa não foi planejada, a primeira noite foi um golpe de Estado, as pessoas tomaram o Palácio de Inverno e tomam o poder, isso liderados por Lênin.  

                            Um fator básico da Revolução Russa foi seu proletariado, que era alfabetizado, conseguiam se organizarem, agregarem rapidamente.  Todas essas condições, unidas a incapacidade da burguesia de fazer uma revolução e ainda a reivindicação da massa popular, que exigiam entre outras coisas, o pão, a terra, melhores condições de trabalho, com o aumento de salários, e uma carga horária menor de trabalho, tornaram possível o acontecimento na Rússia.

                                   A Revolução Russa ficou conhecida em todo o mundo, os acontecimentos proporcionados por a mesma, abalaram o mundo, inspirando revolucionários em todas as partes do globo. 

Em todo o século XX viveu-se essa constante entre crise total e recomeço, catástrofes e avanços, anos de glória e outros de calamidade. O ano de 1929 foi marcado por uma crise, que abalaria e levaria a economia mundial, quase que ao colapso (ficando imune apenas a União Soviética). Essa “Grande Depressão” não deixou apenas marcas econômicas. Segundo Hobsbawn, um de seus maiores efeitos foi o fortalecimento da direita radical [...] inspirado pelo movimento fascista, “que compartilhava nacionalismo, anticomunismo, antiliberalismo [...] [30]

                            O desemprego e as desastrosas consequências da crise de 1929 acentuaram ainda mais o clima de incertezas em todo o mundo.

        Os movimentos fascistas ecoaram-se pelo o mundo, encontrando em diversos países (como Itália e Alemanha) condições propícias para se estabelecerem.

A Alemanha vivia em uma época muito difícil, o povo estava muito sofrido, necessitavam de alguém que reerguesse o Estado. Os partidos direitistas irão encontrar a Alemanha em um momento ideal. O nazismo surge na Alemanha nesse contexto, com a liderança de Adolf Hitler.

Mais quais seriam as características desse regime, e como o mesmo conseguiu perdurar durante tanto anos e com o apóio da maioria da população alemã?

                           Segundo Alcir Lenharo a aceitação da maioria da população se devia principalmente ao poder de persuasão da propaganda Nazista, de forma que a população foi seduzida ao ponto de aceitar e se deixar levar por uma minoria de poderosos.

Assim como a Revolução Russa que teve repercussão em todo o mundo, os movimentos fascistas também se repercutiram por todo o mundo, inclusive no Brasil.

                           O surgimento desses regimes totalitários possibilitou ao mundo, uma aliança jamais inimaginável, “capitalismo” e “comunismo”, ou seja, Estados Unidos e União Soviética, não que os mesmos tivessem ideais comuns, tinham a necessidade de combaterem um inimigo em comum que se aproxima cada vez, com maior força (nazismo).

                            

 

Considerações Finais

 

         A meu ver, o século XX não pode ser visto apenas pelos grandes eventos causadores de mortes, acontecimentos que de uma forma ou de outra, marcaram a vida da humanidade. Foi sem dúvidas alguma o século dos massacres, dos horrores, da miséria, das desgraças, das mortes, tudo acontecia aos milhares. Mas também foi o século das grandes transformações, essas ocorreram nos diversos campos, econômicos, científicos, tecnológicos, cultural, moral, mudanças que de certa forma se refletiram na vida, nos costumes, nos hábitos, nos valores de toda a humanidade. E de uma intensidade incomparável.   

Poderíamos dizer que o século XX, foi um divisor de águas, pois até o século XIX o passado era tido como referência, à tradição era o que se deveria seguir, o ideal, o novo era o que vinha para destruir. A partir do século XX, o passado deixa de ser modelo, há um rompimento. Essa foi uma das grandes características do final século XX, nos dizeres de Hobsbawn “Houve a destruição do passado- ou melhor, dos mecanismos sociais que vinculam nossa experiência pessoal à das gerações passadas”. Os jovens que viriam não mais tomariam o passado como referência, esses cresceriam numa espécie de presente continuo.  

        Essas mudanças se refletiram principalmente, na estrutura familiar, nos espaços da vida privada. Antes à mulher cabia o espaço privado (cuidar da casa, dos filhos), e ao homem o espaço público (trabalhar fora). Essas mudanças se deram a partir desse século, onde as mulheres começaram a conquista de espaços fora de seu ambiente privado, espaços não imagináveis, que vai desde o poder de escolha do marido ao direito de exercer profissões direcionadas antes apenas aos homens. 

O Breve Século XX”, não é por acaso que Hobsbawn usa essa expressão para falar desse século, as mudanças, os acontecimentos, os grandes conflitos mundiais, as grandes transformações ocorridas no mesmo foram tão intensas e profundas que acabaram tornando-o breve demais.   

Referências Bibliográficas

BRUIT, Héctor H. O Imperialismo/ São Paulo: Atual; Campinas, SP: editora da Universidade de Campinas, 1988.

DEL PRIORE, Mary. História do Amor no Brasil. SP: Ed.: Contexto. 2006.

HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914-1991. São Paulo, Cia. Das Letras, 1995.

HOBSBAWN, Eric. A Era dos Impérios. Tradução: Sieni Maria Campos e Yolanda Steidel de Toledo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

LENHARO, Alcir. Nazismo o Triunfo da Vontade. São Paulo. Editora: ática. 1991.

 

 

         

        

       

 

 

 

         

        

       

 



[1] Graduanda no sétimo semestre do curso de História da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (FAFIDAM), Campus da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

[2] HOBSBAWN, Eric. A Era dos Impérios. Tradução: Sieni Maria Campos e Yolanda Steidel de Toledo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. p.96.

[3] HOBSBAWN, Eric. A Era dos Impérios. Tradução: Sieni Maria Campos e Yolanda Steidel de Toledo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. p.102.

[4] BRUIT, Héctor H. O Imperialismo/ São Paulo: Atual; Campinas, SP: editora da Universidade de Campinas, 1988. p.08.

[5] DEL PRIORE, Mary. História do Amor no Brasil. SP: Ed.: Contexto. 2006. p.232.

[6] HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914-1991. São Paulo, Cia. Das Letras, 1995.p.30.

[7] Idem,p.13.

[8] Idem,p.61.

[9] HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914-1991. São Paulo, Cia. Das Letras, 1995.p.64.

[10] HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914-1991. São Paulo, Cia. Das Letras, 1995.p.108-121.

[11] Graduanda no sétimo semestre do curso de História da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (FAFIDAM), Campus da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

[12] HOBSBAWN, Eric. A Era dos Impérios. Tradução: Sieni Maria Campos e Yolanda Steidel de Toledo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. p.96.

[13] HOBSBAWN, Eric. A Era dos Impérios. Tradução: Sieni Maria Campos e Yolanda Steidel de Toledo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. p.102.

[14] BRUIT, Héctor H. O Imperialismo/ São Paulo: Atual; Campinas, SP: editora da Universidade de Campinas, 1988. p.08.

[15] DEL PRIORE, Mary. História do Amor no Brasil. SP: Ed.: Contexto. 2006. p.232.

[16] HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914-1991. São Paulo, Cia. Das Letras, 1995.p.30.

[17] Idem,p.13.

[18] Idem,p.61.

[19] HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914-1991. São Paulo, Cia. Das Letras, 1995.p.64.

[20] HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914-1991. São Paulo, Cia. Das Letras, 1995.p.108-121.

[21] Graduanda no sétimo semestre do curso de História da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (FAFIDAM), Campus da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

[22] HOBSBAWN, Eric. A Era dos Impérios. Tradução: Sieni Maria Campos e Yolanda Steidel de Toledo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. p.96.

[23] HOBSBAWN, Eric. A Era dos Impérios. Tradução: Sieni Maria Campos e Yolanda Steidel de Toledo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. p.102.

[24] BRUIT, Héctor H. O Imperialismo/ São Paulo: Atual; Campinas, SP: editora da Universidade de Campinas, 1988. p.08.

[25] DEL PRIORE, Mary. História do Amor no Brasil. SP: Ed.: Contexto. 2006. p.232.

[26] HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914-1991. São Paulo, Cia. Das Letras, 1995.p.30.

[27] Idem,p.13.

[28] Idem,p.61.

[29] HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914-1991. São Paulo, Cia. Das Letras, 1995.p.64.

[30] HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: O Breve Século XX: 1914-1991. São Paulo, Cia. Das Letras, 1995.p.108-121.