OS MÉTODOS AVALIATIVOS UTILIZADOS POR PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO NO COLÉGIO ESTADUAL JOANA DE FREITAS BARBOSA NO MUNICÍPIO DE PROPRIÁ-SE NO ANO LETIVO DE 2008
Publicado em 14 de novembro de 2009 por Rejane Sharlene
OS MÉTODOS AVALIATIVOS UTILIZADOS POR PROFESSORES DO ENSINO MÉDIO NO COLÉGIO ESTADUAL JOANA DE FREITAS BARBOSA NO MUNICÍPIO DE PROPRIÁ-SE NO ANO LETIVO DE 2008.
Quando se fala em métodos e instrumentos avaliativos, logo nos vêm à mente exames e provas de várias formas e modelos, porém todos com a mesma finalidade: medir a capacidade do aluno através de um juízo de valor. Independente de qual série esteja lecionando, o professor utiliza-se de métodos e instrumentos para medir o grau de aprendizagem dos seus alunos, e de forma coercitiva transformam esses métodos em armas, utilizando-se de provas para aprovar ou reprovar os discentes, dessa forma, a avaliação pode se tornar um exercício autoritário de julgamento, que poderia ser o contrário, constituir um processo de crescimento mútuo, onde professor e aluno sofrem uma mudança qualitativa .
No Ensino Médio, o instrumento de avaliação mais utilizado, senão o único, é a prova escrita, no modelo do vestibular, "para dar experiência ao aluno", afirmam os professores entrevistados no C.E.J.F.B. Quanto a isso, Demo afirma:
Olhando para o tipo predominante de ensino médio, o desempenho esperado é um estoque fantástico de memorização, dentro do ritual clássico do mero ensinar e do mero aprender. Os alunos tornam-se no máximo "idiotas especializados". Não se preparam para a vida, mas para o vestibular. Avalia-se, pois, esse desempenho reprodutivo, estando em jogo as melhores vagas da Universidade Pública Gratuita. (DEMO, 2004, p. 86).
Percebe-se, ao observar que esse modelo de ensino é o mais procurado pelos pais, principalmente devido ao grande número de alunos que ingressam na Universidade Pública, que não se pode culpar somente o professor por utilizar-se de métodos e instrumentos que promovem o julgamento e o "adestramento" dos alunos, mas também os pais, por escolherem escolas que tenham esse perfil. Também não se pode dizer que esse perfil é incorreto, visto que já foi mencionado anteriormente, que não existem métodos e instrumentos de avaliação ineficazes ou incorretos, pois sua aplicação vai depender de cada turma, cada realidade, necessitando a avaliação da aprendizagem, ser modelada passo a passo pelo professor, variando a cada aula e sendo modificada quando necessário para atender ao perfil de cada grupo de alunos .
Lecionar nos dias atuais, com tanta tecnologia disputando a atenção dos alunos é uma tarefa complicada, principalmente no Ensino Médio de uma escola pública do interior sergipano, como é o caso do Colégio Estadual Joana de Freitas Barbosa, em Propriá-SE. A falta de recursos físicos e financeiros é um dos problemas enfrentados pelos professores e também um dos pontos mais citados por estes quando questionados sobre os instrumentos avaliativos utilizados. Eles afirmam que sem recursos a única forma de avaliar os alunos é a prova escrita. Diferentemente do que afirma Cazaux em sua obra Avaliação do Processo Ensino-Aprendizagem, quando fala que cabe ao professor reconhecer as diferenças na capacidade de aprender dos alunos, para poder ajudá-los a superar suas dificuldades e avançar na aprendizagem, e ainda que é responsabilidade do professor aperfeiçoar suas técnicas de avaliação , os professores do C.E.J.F.B., em sua maioria persistem na afirmativa que "não podem mudar o sistema, além do mais, se é nota que os pais e os alunos querem, o melhor é fazer prova escrita. "
Analisando as respostas dos alunos, quando perguntados sobre a forma de avaliar dos seus professores, foi observado que a maioria deles discorda do uso contínuo e excessivo da prova escrita, pois acreditam que é desnecessário e argumentam que a "nota" que recebem é um resultado utópico que não garante coisa alguma, pois eles só estudam visando o alcance dela e não o aprendizado, além do que, se uma prova for aplicada em um dia que o aluno esteja com problemas-familiares, sentimentais, etc.- por mais que ele tenha estudado e saiba as respostas, não terá o raciocínio suficiente para responder à prova corretamente . É nesse momento que surgem as perguntas: Os critérios usados para avaliar os alunos são justos? Como é tratado o erro do aluno e a forma como os trabalhos, provas e exames dos discentes são corrigidos é a mais adequada?
Analisando as respostas dos professores quanto à forma de avaliar seus alunos, percebe-se que grande parte deles acredita que errar é comum na vida escolar do educando e que se não errarem não aprendem . No entanto, observa-se também que esses mesmos professores são intolerantes com relação aos erros dos alunos e as formas de correção mais utilizadas são traços enormes de caneta vermelha, dizeres como: "mais atenção" ou "estude mais pra próxima", nas provas e exames, além de uma mascarada aula de reforço utilizando os erros perpetrados nas provas, onde simplesmente é mostrado ao aluno o erro cometido, porem não é explicado como corrigi-lo. Esse tipo de correção, estática e que reprime o aluno se contrapõe à perspectiva de que o processo avaliativo deve ser um método investigativo e que dispensa a correção tradicional, impositiva e coercitiva .
Com relação a isso, Hoffmann, afirma:
Algumas vezes, ocorre a educadores conscientes do problema, apontar aos alunos as falhas do processo, criticá-las a contento e profundidade, exercendo, entretanto, em sua sala de aula, uma prática avaliativa improvisada e arbitrária. (Hoffmann, 1991. P. 12).
Seguindo esse mesmo raciocínio, Luckesi em sua obra Avaliação da Aprendizagem, diz que o julgamento de um professor, em sala de aula, sobre os possíveis resultados de aprendizagem de um educando, é praticamente inapelável, pois o expediente de "revisão de prova", se praticado, geralmente não modifica o resultado obtido, além do que os alunos são castigados pelos seus erros, verdadeiros ou supostos, e isso marca o educando tanto pelo conteúdo, quanto pela forma do castigo .
No C.E.J.F.B., não observamos castigos diferente do que supúnhamos. Provas aplicadas para punir a "rebeldia" dos alunos, foi a forma mais apontada por eles, ferindo assim, o principio de que a avaliação é um ato de investigar a qualidade dos atos intermediários ou finais de uma ação, subsidiando sua melhora , e ainda de que a avaliação é um instrumento que serve para estimular o interesse e motivar o aluno a maior esforço e aproveitamento e não uma arma de tortura para castigá-los . Foi observado através do questionário aplicado , o desgosto dos alunos com alguns métodos e instrumentos avaliativos utilizados pelos professores, muitos acreditam que eles usam a prova como instrumento de punição para o comportamento da turma. Em sua obra, Educação e Qualidade, Demo diz que a prova cabe apenas como expediente tolerável para fins legais e para tratamento de números exorbitantes de alunos e Luckesi em Avaliação da Aprendizagem Escolar dá suporte à afirmação desses alunos quando diz que os professores utilizam permanentemente dos procedimentos de avaliação como elementos motivadores dos estudantes, por meio da ameaça .
Também foi observado que muitos alunos concordam com a forma de avaliar utilizada pelos professores, pois eles acreditam que esses métodos variam de professor para professor e que eles agem de acordo com a turma trabalhada, a turma é quem faz o professor .
A citação anterior mostra quão é importante não julgarmos ou apontarmos métodos e instrumentos avaliativos como corretos ou incorretos, necessários ou desnecessários, pois percebemos que até mesmo os alunos discordam entre si no que concerne aos métodos e instrumentos avaliativos utilizados pelos professores, pois muitos acreditam que estes dependem da forma como os alunos se comportam em sala de aula. Seguindo essa linha de pensamento, Hoffmann afirma:
Não se podem embasar tais discussões em certos e errados, em posições radicais do "sou a favor ou contra", mas principalmente promover encontros e estudos para que todos tenham a oportunidade de expressar seus anseios, compreender as perspectivas alheias, refletir sobre as próprias crenças. Não há como ensinar melhores fazeres em avaliação. (Hoffmann, 2006, P. 11).
3 CONCLUSÃO
Através do exposto, percebe-se que tanto educadores quanto alunos, possuem opiniões diversas com relação ao uso dos métodos e instrumentos avaliativos, bem como da própria avaliação. No entanto, todos concordam que o uso mais comum é o que propõe um julgamento de valor, muitas vezes oculto por vocábulos diferentes, principalmente porque apesar das várias mudanças nas expressões ou formas de tratar, a estrutura e a finalidade da avaliação continuam a mesma, devido a uma cultura e uma tradição que resiste a qualquer mudança . É preciso que o professor procure entender os processos de aprendizagem dos seus alunos, valorizando suas diferenças, para assim melhorar seu desenvolvimento, não esquecendo que ao avaliar o aluno, o professor também esta sendo avaliado, entendendo que um bom ensino contribui positivamente para uma boa aprendizagem e esta contribui para uma boa avaliação , o professor é capaz de modificar o modo como está sendo tratada a avaliação em sala de aula, visando à reorganização e reelaboração de métodos e instrumentos anteriormente tidos como vilões para os alunos. Precisamos aprender de e com avaliação. A avaliação age a serviço do saber e das pessoas que aprendem, por isso deveria ser o momento no qual quem ensina e quem aprende encontram-se com a sã intenção de aprender.