Ninodja Thaysi Barbalho da Silva
Aluna do curso de Especialização à Distância: Educação Ambiental e Geografia do Semi-árido numa Perspectiva Interdisciplinar. IFRN/UAB. 2010.

INTRODUÇÃO

Com os avanços crescentes da ciência e da tecnologia, o mundo vem passando por transformações nos diferentes âmbitos: sociais, políticos, culturais, educacionais, dentre outros. No dia-a-dia nos deparamos com inúmeros meios de comunicação que, de forma rápida e contínua, dentre tantas possibilidades, contribuem para a propagação e o acúmulo da informação, para o estreitamento das distâncias e para uma melhor qualidade de vida das pessoas, propiciando-as mais prazer e comodidade. Como exemplo dessas inovações e especificamente, desses meios de comunicação, temos a televisão, o cinema, o rádio e a internet. Esta, por sua vez, veio revolucionar a sociedade mundial pelas inúmeras possibilidades que oferece: comunicação interpessoal à distância, pesquisa, entretenimento, compras, vendas, cultura, conhecimento, efetuação de transações bancárias, enfim, a internet permite ao usuário conectar-se com o mundo sem sair de casa.

Outro avanço conquistado através das pesquisas efetuadas pela Ciência e pela Tecnologia diz respeito ao surgimento da Inteligência Artificial e a incorporação desta em muitos equipamentos eletroeletrônicos que adquirem capacidades de agir ou realizar tarefas similares a capacidade humana. Surgem no mercado robôs capazes de realizar procedimentos cirúrgicos, afazeres domésticos; jogos de computador que interagem com o jogador como se estivesse jogando com ele, dentre outros exemplos. Paradoxalmente, nem todas as pessoas tem acesso a essas tecnologias, apesar de grandes investimentos serem feitos por grandes indústrias e órgãos para o desenvolvimento das pesquisas e para a fabricação desses produtos. Porém, não podemos dizer o mesmo dos computadores, celulares, TV?s, MP3, MP4, play station, forno de microondas, dentre tantas infinidades de aparelhos eletro-eletrônicos que invadiram o nosso cotidiano e a cada dia vem se popularizando (graças a competitividade). Esses equipamentos também foram frutos de estudos e pesquisas realizadas com o intuito de facilitar a vida dos seres humanos. Advêm portanto do uso de tecnologias.

Nesse processo contínuo, muitas são as nomenclaturas que se evidenciam visando conceituá-lo: "aldeia global, era da informação, sociedade do conhecimento, comunidades de aprendizagem são algumas das expressões que de algum modo buscam representar esses fenômenos impactantes" SARMENTO (2003: 63).

O avanço tecnológico desencadeou-se no Brasil nos anos 80, diante da abertura política ocasionada pelo fim da ditadura militar, que provocou o aumento da competitividade e o barateamento dos produtos eletro e microeletrônicos; intensificou-se na década de 90, especificamente no tocante ao uso da Informática na Educação, ocasionando conseqüentemente, "a redefinição dos padrões de estruturação do processo de ensino e aprendizagem".

Sob a égide da evolução das novas tecnologias da informação e comunicação (tic?s) surge a Educação à distância por meio da internet, onde o Brasil aparece em sexto lugar enquanto país a "desenvolver atividades e criar instituições de EAD". Inicialmente, os cursos à distância no Brasil eram feitos através da correspondência via Correios e iniciaram em 1904. O Instituto Universal Brasileiro (IUB) foi uma das instituições pioneiras na implantação desse tipo de EAD. Contemporaneamente, este tipo de educação foi sendo substituída pela internet.

Segundo Moran (2002), "Educação a distância é o processo de ensino-aprendizagem mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente".

Compreendemos assim, que a Educação a distância veio revolucionar o ensino e a aprendizagem, bem como aumentar o acesso e a difusão do conhecimento através de uma metodologia calcada na aprendizagem colaborativa, na interação, na troca de saberes e culturas, na prática da pesquisa, oferecendo ao aluno autonomia para conduzir a própria aprendizagem. Pessoas de diferentes lugares, vivências, culturas, classes sociais podem produzir e trocar conhecimentos nos muitos cursos viabilizados pela Educação à distância.

VIVENCIANDO UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA:

Enquanto alunos integrantes do curso à distância Educação Ambiental e Geografia do Semi-árido numa Perspectiva Interdisciplinar, viabilizado pela Universidade Aberta do Brasil, em parceria com o IFRN e os municípios, ressaltamos a importância de estarmos participando ativamente deste processo, compartilhando dúvidas, conhecimentos e opiniões com os colegas de curso, com os professores e tutores das disciplinas. Outro aspecto relevante constatado no ensino a distância diz respeito à flexibilidade no tocante ao espaço e ao tempo, ou seja, a aprendizagem se manifesta em tempos e espaços diferentes, onde podemos adequar os estudos ao tempo que cada cursista destina para tanto, cada um em seu ambiente. Além disso, podemos ter momentos de estudo tanto individuais como coletivos. Como enfatiza Moran (2002), "As possibilidades educacionais que se abrem são fantásticas". Outrossim, devemos considerar que a Educação à distância através das políticas públicas destinadas para a sua propagação, vem contribuindo de forma eficaz para a democratização do ensino e para a inclusão digital e social. "A EAD não é um privilégio dos países ricos ou de organizações poderosas. É na verdade, um dos melhores instrumentos para a inclusão social e para a melhoria quantitativa e qualitativa da educação". IPAE (2006).

Por sua vez, os vídeos, a televisão e o cinema são também considerados instrumentos de Educação à distância, já que evidenciam imagens capazes de influenciar nas opiniões dos indivíduos, na criação ou modificação de conceitos e opiniões, na aquisição de modismos, na incorporação de gestos, expressões, enfim, de modelos inseridos no comportamento humano.
Desta forma, podemos dizer que esses meios de comunicação e informação também educam, têm o cunho educativo, muito embora não seja de forma sistemática e formal, ao contrário da escola.

Neste curso de Educação Ambiental e Geografia do Semi-árido numa Perspectiva Interdisciplinar, vivenciamos a aprendizagem de conceitos, reflexões e ressignificações por meio dos vídeos (filmes) sugeridos pelos professores e tutores. Ampliamos assim, muitas formas de ver e pensar.

Em A guerra do Fogo, pudemos perceber que as informações sempre existiram e foram sendo ampliadas através da interação e da socialização entre os indivíduos e entre eles e o meio ambiente no qual estavam inseridos. Esse processo contínuo contribuiu efetivamente para os avanços tecnológicos e continua acontecendo até hoje, tendo em vista que o conhecimento do homem é inacabado, conforme dizia Paulo Freire e o "novo" se constrói a partir do "velho", segundo Madalena Freire.

Já ao assistirmos ao filme 2001: uma odisséia no espaço pudemos perceber que o homem sempre buscou utilizar a inteligência como fonte de criação, inovação e descoberta, tanto científica quanto tecnológica. Contudo, nem sempre a inteligência humana foi utilizada para beneficiar a coletividade, mas mesmo assim, é capaz de transformar o mundo. Contraditoriamente, o homem constrói "máquinas inteligentes" que ameaçam a própria capacidade intelectual (isto é, a criatura se volta contra o criador).

O filme também mostra indícios de educação e informação a distância e de tecnologias inovadoras. O autor do filme (Stanley Kubrick) foi muito além, até mesmo para o ano em que o mesmo foi produzido (1968): um dos astronautas se comunica com a família via televisão em tempo quase real; a entrevista que o repórter (na Terra) fazia aos astronautas (que estavam no espaço sideral), aonde a voz chegava a eles com uma diferença de apenas sete minutos; as orientações dadas à tripulação pelo chefe da missão (da NASA) aos tripulantes da nave via televisão; e o próprio computador inteligente Hal 9000.

Com o terceiro filme: Muito além do jardim, refletimos sobre o quanto as imagens e os meios de comunicação, em especial a televisão, influenciam o comportamento dos indivíduos, são capazes de modificar formas de ver e encarar o mundo. Ao passo em que essas imagens são internalizadas, são incorporadas nas mentes, conduzindo as pessoas a diversas aprendizagens que podem ser (ou não) ampliadas, revividas e ressignificadas. Além disso, aquilo que se consegue gravar está muito ligada a afetividade, ao intuitivo, ao emocional do indivíduo. Assim como o personagem principal do filme, quantos de nós já gravamos imagens, cenas, personagens os quais influenciaram a nossa vida de alguma forma? Não é fácil esquecer a linda cena do filme Ghost, do outro lado da vida, em que o personagem de Patrick Swayze ensina a personagem de Demi Moore a trabalhar com a argila com toques de carinho e sedução ao som daquela linda música, tema do filme? E as músicas das trilhas sonoras das novelas que nos fazem chorar de emoção ao lembrarmos-nos dos pares românticos, estes os personagens centrais da trama? Há quem lembre com saudosismo da década de 80 quando estava no ar o programa A turma do Balão Mágico, com seus desenhos, diálogos, clipes... E o Sítio do Pica-pau Amarelo que nos levava a um mundo mágico e fantástico, nos fazia refletir o quanto é bom casa de vó... Estas e muitas outras imagens televisivas ficarão guardadas nas nossas mentes.

"A eficácia de comunicação dos meios eletrônicos, em particular da televisão, se deve à capacidade de articulação, de superposição e de combinação de linguagens totalmente diferentes ? imagens, fala, música, escrita ? com uma narrativa fluida, uma lógica pouco delimitada, gêneros, conteúdos e ética pouco precisos, o que lhe permite alto grau de entropia, de interferências por parte de concessionários, produtores e consumidores". MORAN (1994).


CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Diante dos pressupostos mencionados a priori no tocante a relevância da Educação à distância, dos conhecimentos adquiridos no curso à distância Educação Ambiental e Geografia do Semi-árido numa perspectiva interdisciplinar e da influência que os meios de comunicação e informação exercem nas nossas vidas, consideramos que há uma tendência crescente de expansão desses recursos, especificamente no Brasil.
Sabemos que quantitativamente e qualitativamente, as novas tecnologias da informação e comunicação necessitam estar disponíveis nas escolas das redes públicas municipais e estaduais do Brasil, tendo em vista que muitas ainda não possuem laboratórios de informática, outras têm esse recurso, mas não utilizam muitas vezes por não disporem de professores habilitados para tanto. Não podemos negar que com a implantação do PROINFO houve um avanço significativo nesse sentido, pois muitos computadores foram enviados às escolas públicas e professores foram capacitados, contudo, há uma disparidade e uma desigualdade substancial se formos comparar a rapidez com que as tecnologias chegam a outros setores da sociedade, como por exemplo: nas indústrias, no comércio e nas instituições de ensino privado, o que não ocorre no ensino público.
Neste ínterim, ressaltamos que as políticas educacionais devem estar voltadas para a ampliação da oferta desses recursos, os quais são de suma importância para a democratização do saber e para a diminuição da exclusão social. Propiciar o amplo acesso aos novos recursos tecnológicos, assim como a oferta dos cursos à distância (sem limites de abrangência, ao contrário do que consta no Artigo 20 do Decreto 5.6220) em diferentes modalidades de ensino (Educação Básica, Ensino Médio, EJA, graduação e pós-graduação, pesquisa, dentre outros) faz-se urgente diante da sociedade globalizada em que vivemos. Por sua vez, o investimento em programas de formação continuada para os docentes na área das novas tecnologias deve acontecer como forma de garantir uma mediação pedagógica eficaz no trabalho desenvolvido com os alunos, visando uma aprendizagem significativa e o crescimento cognitivo de ambos (alunos e professores).
Ressaltamos ainda a importância do professor como mediador, criador de novas possibilidades de aprendizagem que considera o indivíduo enquanto ser integral, dotado de múltiplas inteligências ou habilidades (concordando com as afirmações de Howard Gardner), as quais necessitam estar sendo valorizadas e ampliadas continuamente. Enquanto educadores, devemos estar sempre inovando e ressignificando a prática pedagógica com vistas a formação deste ser integral em constante desenvolvimento.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Filmes:

A GUERRA DO FOGO. Diretor. Jean-Jaques Arnaud. 141 min. Produção: AMLF, ICC Belstar, Stephan Films, França/Canadá:1981.

2001 UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO [ 2001 a space odyssey] Direção/produção e roteiro: Stanley Kubrick. Duração:148min/EUA / Inglaterra: 1968.

MUITO ALÉM DO JARDIM [Being There] (1979) Hal Ashby .


Textos:


ARANTES FILHA, Elizete. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: CARACTERÍSTICAS, PERSPECTIVAS E LEGISLAÇÃO. In: Metodologias do Ensino-Aprendizagem, A Interdisciplinaridade do Conhecimento e o seu Sentido. UAB / IFRN/ Especialização à Distância. 2009. Módulo 2. Unidade 2.

ARANTES FILHA, Elizete. TECNOLOGIA: CONCEITOS FUNDAMENTAIS E OS MEIOS DE INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO NO NOSSO COTIDIANO. In: As Metodologias do Ensino-Aprendizagem, A Interdisciplinaridade do Conhecimento e o seu Sentido. UAB / IFRN/ Especialização à Distância. 2009. Módulo 1. Unidade 1.

AS TECNOLOGIAS INVADEM NOSSO COTIDIANO / Vani Moreira Kenski/ Disponível: KENSKI, V. As tecnologias invadem o nosso cotidiano. In: Salto para o Futuro, Boletins 2002: TV na Escola e os desafios de hoje.

INTERFERÊNCIAS DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NO NOSSO CONHECIMENTO. http://www.eca.usp.br/prof/moran/interf.htm / Acesso em: 09/10/2008
IPAE. Os reflexos da nova regulamentação da Educação a Distância. Estudo técnico sobre o Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, elaborado pelo Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação. Brasília, março de 2006.

KURZ, Robert. A Ignorância da sociedade do conhecimento. - Folha de São Paulo, 13 de janeiro de 2002 ? Caderno Mais, p. 14-15. disponível em: <www.folha.com.br>.

MORAN, José Manuel. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas, São Paulo: Papirus, 2000.

O QUE É EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA. In: http://www.eca.usp.br/prof/moran/distanci.htm

SARMENTO, Maristela Lobão de Moraes. O Coordenador Pedagógico e o Desafio das Novas Tecnologias. In: BRUNO, Eliane Bambini Gorgueira et al (Org). O Coordenador Pedagógico e a Formação Docente. São Paulo: Loyola, 2003. P. 63 ? 69.

SILVA, Ninodja Thaysi Barbalho da. Informática e Educação: desafios e perspectivas para o coordenador pedagógico e para os docentes. In: COORDENADOR PEDAGÓGICO E INFORMÁTICA NA ESCOLA: PERSPECTIVAS PARA A INOVAÇÃO DA PRÁXIS PEDAGÓGICA E PARA A PRODUÇÃO DE NOVOS SABERES. Monografia (Especialização em Educação). UnP. Natal / Parnamirim / RN: 2004. P. 44 ? 65.

Internet:

www.unir.br/.../Elaboracao%20de%20Artigo%20Cientifico2006.doc -
ORIENTAÇÕES BÁSICAS NA ELABORAÇÃO DO ARTIGO CIENTÍFICO*. Clarides Henrich de Barba**. Acesso em 13/10/09.

http://administracao.faccat.br/moodle/mod/resource/view.php?id=89. Acesso em 13/10/09.