Na hora do almoço, eu me sentei próximo a uma mesa ocupada, supostamente, por maranhenses. Esses discutiam, ao que parece, relações familiares e entre amigos.

Isso me fez lembrar dois outros momentos:

- Duas noites passadas, comentava em família sobre política. Meu cunhado falava sobre suas experiências no Bico do Papagaio, região do Norte de Goiás (hoje do Tocantins), na divisa com os estados do Pará e do Maranhão.

Discorria sobre o poder de Sarney – e de Davi, em Imperatriz. E o atraso de vida que esse poder representa para o povo.

- No final de semana passado, lia num blog de sociologia e política sobre o teórico do século XIX, que cunhou a máxima segundo a qual “cada povo tem o governo que merece”.

Buscando novamente, me informei que esse teórico se chama(va) Joseph De Maistre, é(ra) filósofo e diplomata francês, crítico fervoroso da Revolução Francesa,  conservador, inimigo das repúblicas e defensor das monarquias.

Realmente, alguém bastante autorizado a opinar sobre comportamento, escolha, decisões, não é mesmo?

Quer dizer que é o povo maranhense o (único) responsável pelo descalabro e atraso daquele Estado?

É o povo o responsável por as melhores oportunidades, por mais degradantes que sejam, estarem quase sempre no exílio?

Não seria esse povo a vítima do abuso e da extorsão?

Ora, já se diz, há um bom tempo, que o princípio da equidade comanda que se trate os desiguais de forma desigual, na proporção de sua desigualdade.

Em sendo assim, eu penso que se devia dar um desconto para os votos equivocados (se é que o são) do povo maranhense. Afinal, o autoritarismo não deixa-o respirar em paz.

Mesmo assim, alguma coisa está acontecendo. Esse povo elegeu um médico militante na esquerda, e o poder local teve que recorrer ao tapetão para por no lugar “a candidata que virou picolé” (lembram dessa?).