Os “kibes”, engraxados enrolados em páginas da Bíblia em Jerusalém!

Prof. Dr. Odalberto Domingos Casonatto

Por motivos de estudos Bíblicos vivi longos seis anos no setor árabe da cidade velha de Jerusalém na Via Dolorosa. Vivendo em meio a famílias árabes, num setor árabe de Jerusalém estes anos foram uma Escola. Vi que nada adiantou toda nossa gentileza em bem receber, os árabes (vindos do Egito, Jordânia, Líbano), no Hotel de meu Pai, situado em Vacaria, RS, durante os primeiros anos que iniciavam seus negócios na cidade. Meu pai sempre tinha todo o respeito, inclusive observava o cardápio próprio que a religião muçulmana exigia. Até as galinhas, que naquela época eram mortas e limpas no próprio hotel observava o ritual muçulmano eram degoladas e o sangue escorria sem tomar contato com a carne. Mais tarde, vivendo com os árabes no mesmo bairro, em Jerusalém, agora como estudante, vi eu mesmo que nada valeu nossas gentilezas em acolher, respeitá-los e considerá-los, sem barreira de nacionalidade. Para a maioria dos árabes em Jerusalém, tem as exceções, eu não passava de um inimigo, tinha cara de ocidental de “ianke”, mal visto, e tantas vezes recebido a pedradas. As regras de convivência que os seres humanos estabelecem muitas vezes escapam nosso entendimento.

As controvérsias do alcorão queimado.

A descoberta de livros do Alcorão queimados e chamuscados pelo fogo jogados no lixo por soldados americanos suscitou controvérsias de vida e de morte. Foi motivo de contestação universal e motivo para justificar inúmeros atos sem razão.

O mundo muçulmano não se pergunta pela liberdade das outras nações e de outros povos, supões que as regras de convivência segue o islã. Aquilo que nos brasileiros somos acostumados fazer, receber bem a todos criar amizades é sinônimo de fraqueza, de alma pequena. A regra dos muçulmanos quanto aos estrangeiros é outra, deverão se impor vender suas mercadorias, negociar de forma compensatória para seu comércio. Por isso o Brasil é o paraíso do comércio árabe. Aqui se deu muito bem é um povo que se pode convencer facilmente.

O incidente com os livros queimados do alcorão, sem desmerecer, ser um livro sagrado para eles, para os soldados americanos ou de qualquer outra pessoa que não segue o islamismo, é apenas um livro a mais. E se estavam ali, mofando pela umidade, em meio a sujeira deveriam ser tirados de circulação. Os primeiros cristão já nos deram exemplo, quando uma Bíblia se tornava muito velha pelo uso, era queimada.

 

O fato dos "kibes" enrolados nas páginas da Bíblia.

 

Como já falei morando na cidade de Jerusalém; setor árabe e passando pela porta de Damasco; presenciei um gesto que me deixou chocado: o vendedor árabe de “kibe”, em plena Via Dolorosa, enrolava seu produto em uma página de fino papel rasgada de um Novo Testamento. Esta página de fino papel pertencia a um livro que para nós, cristãos é sagrado. Para o vendedor árabe não representava nada, pois nem grego ou hebraico sabia.

Muitas vezes indo à livraria, tinha olhado Bíblia semelhante, mas os meus “shekels” vindo de bolsa de estudos, não alcançava para comprar. Penso que não é o papel onde está escrita a palavra de Deus, seja em grego, hebraico ou árabe, e que foi queimado ou engraxado em óleo comestível, que vai aproximar as pessoas. Estes fatos mostra que existe um abismo intransponível, entre dois modos de pensar: o Ocidente e o Oriente.