OS JESUITAS E A EDUCAÇÃO BRASILEIRA UMA ABORDAGEM REFLEXIVA 

Fontes, Marcos Aurélio R. 

A história da educação no Brasil esta intimamente ligada à presença da igreja católica, desde nossa “descoberta” ate os dias atuais a presença e influencia da igreja católica se faz presente em nosso cotidiano escolar. Com a vinda dos primeiros educadores, os jesuítas em 1549, trazendo na bagagem seu modelo educativo e dedicando-se, também, à pregação da fé católica e ao trabalho educativo, foi dado inicio a um longo período de dominação desta concepção educativa na recente colônia descoberta..

Percebendo logo de inicio que não seria possível converter os índios à fé católica sem que soubessem ler e escrever os jesuítas logo trataram de escolarizar os moradores no “novo mundo”.

Comandados pelo Padre Manoel de Nóbrega, quinze dias após a chegada edificaram a primeira escola elementar brasileira, em Salvador, tendo como mestre o Irmão Vicente Rodrigues, contando apenas 21 anos. Irmão Vicente tornou-se o primeiro professor nos moldes europeus, em terras brasileiras, e durante mais de 50 anos dedicou-se ao ensino e a propagação da fé religiosa. (...) (Belo 2001). Texto de internet. http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb14.htm..

Os jesuítas mantiveram-se como o único e a referencia em educação no Brasil por 210 anos de 1549, ano de sua chegada ate sua expulsão em 1759 pelo Marques de Pombal, quando de sua chegada em nossas terras os jesuítas não trouxeram apenas seu modelo educativo, trouxeram consigo os costumes a moral os valores o modo de agir e de pensar e a religiosidade europeia, impondo costumes valores e crenças aos índios num trabalho de educação e catequização dos nativos.

            A educação jesuíta era uma educação organizada que tinha pressupostos metodologias e pedagogia bastante avançados para a época traziam consigo uma espécie de carta magna chamado de Ratio Studiorum documentos escrito por Inácio de Loiola que regulamentava toda obra educativa dos jesuítas.

Eles não se limitaram ao ensino das primeiras letras; além do curso elementar mantinham cursos de Letras e Filosofia, considerados secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para formação de sacerdotes. No curso de Letras estudava-se Gramática Latina, Humanidades e Retórica; e no curso de Filosofia estudava-se Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais. (Belo 2001). Texto de internet. http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb14.htm.

O Ratio Studiorum foi um documento resultado das experiências pedagógicas desenvolvidas pelos catequizadores, elaborado pela Companhia de Jesus no final do século XVI, foi utilizado para catequizar no Novo Mundo, servindo aos interesses da empresa da colonização e da Igreja contra reformista. Surgiu para fornecer às instituições de ensino da Ordem uma base comum e as experiências pedagógicas das diferentes regiões onde esses religiosos atuaram acabaram colaborando para a construção do documento final publicado em 1599.

A pedagogia escolar jesuítica, de um modo geral, possuía algumas características básicas. Além de envolver estudos e métodos de ensino assentados fundamentalmente na repetição e imitação dos textos clássicos, latinos e gregos; de ser prisioneira da orientação religiosa, contrapondo-se, em parte, ao espírito científico nascente, caracterizava-se por voltar-se para a elite, constituindo-se como um elemento de distinção dessa mesma elite no interior da sociedade, um ornamento para as camadas superiores da sociedade. A pedagogia jesuítica, ademais, foi quase impermeável às especificidades da Colônia.

Os jesuítas constituíram na colônia portuguesa do Brasil uma presença cultural e social relevante. Embora inseridos no contexto de regime colonial e submetidos às regras do poder do reino português, “os missionários foram responsáveis pela criação da primeira rede de ensino no país e pela construção de numerosas obras”, com o objetivo de integrar as culturas indígenas e europeias. (Oliveira 2011). Disponível em:

http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pub.html

È de saber que com uma influencia, de dois séculos, a educação jesuítica não se limitou ao seu período de vigência (1549 – 1759), ultrapassou períodos e é fácil encontrarmos hoje em maior ou menor quantidade aspectos dessa educação que marcou profundamente nossa educação nossa historia e nossa civilização, principalmente no campo da religiosidade ética e valores morais origem da vida e nosso lugar no mundo, uma vez que a politica colonizadora foi ao mesmo tempo religiosa e a serviços de prerrogativas do estado em face das pretensões da igreja.

Na expulsão dos jesuítas depois de dois séculos, estes já haviam se consolidados na colônia como referencial educacional com forte influencia intelectual e politica e sobre tudo religiosa a companhia de Jesus tornou-se forte influenciadora na população, na nação despertando a desconfianças dos governantes e rivalidades de outras ordens religiosas e do clero secular. Estavam assim criadas as condições para a antipatia pombalina para com os religiosos desta Ordem.

“Declaro os sobreditos regulares [os Jesuítas] (…) rebeldes, traidores, adversários e agressores que estão contra a minha real pessoa e Estados, contra a paz pública dos meus reinos e domínios, e contra o bem comum dos meus fiéis vassalos (…) mandando que efetivamente sejam expulsos de todos os meus reinos e domínios”. Decreto de expulsão dos Jesuítas, 1759.

A luz destas manifestações iluministas reinantes na política religiosa portuguesa neste período Pombal considerava que a Companhia constituía-se num obstáculo à condução da sua política de reformas econômicas e politicas.

Tais reformas visavam transformar Portugal numa metrópole capitalista, seguindo o exemplo da Inglaterra, além de adaptar sua maior colônia o Brasil a fim de acomodá-la a nova ordem pretendida em Portugal. A idéia de pôr o reinado português em condições econômicas tais que lhe permitissem competir com as nações estrangeiras era talvez a mais forte razão das reformas pombalinas. (Seco e Amaral) Disponível em: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/index.html

            A expulsão dos jesuítas do Brasil por Pombal teve como objetivo dar fim às contendas envolvendo os colonos e os jesuítas. O conflito se desenvolveu em torno da questão da exploração da mão-de-obra indígena (Brasil Escola). A falta de escravos negros fazia com que muitos colonos quisessem apresar e escravizar as populações indígenas. Os jesuítas se opunham a tal prática, muitas vezes apoiando os índios contra os colonos.

A reforma educacional pombalina culminou com a expulsão dos jesuítas precisamente das colônias portuguesas, tirando o comando da educação das mãos destes e passando para as mãos do Estado. Os objetivos que conduziram a administração pombalina a tal reforma, foram assim, um imperativo da própria circunstância histórica. Extintos os colégios jesuítas, o governo não poderia deixar de suprir a enorme lacuna que se abria na vida educacional tanto portuguesa como de suas colônias. Para o Brasil, a expulsão dos jesuítas significou, entre outras coisas, a destruição do único sistema de ensino existente no país.

A educação jesuítica foi um marco na historia da educação da cultura e da civilização do Brasil, sua expulsão e a ruptura com seu modelo educacional representou na época um retrocesso sem precedentes para a historia de nossa nação.

“A organicidade da educação jesuítica foi consagrada quando Pombal os expulsou levando o ensino brasileiro ao caos, através de suas famosas ‘aulas régias’, a despeito da existência de escolas fundadas por outras ordens religiosas, como os Beneditinos, os franciscanos e os Carmelitas”. (Niskier, 2001, p. 34)

            Após a saída dos jesuítas foi Imposto um novo modelo de educação criou-se as aulas régias ou avulsas de Latim, Grego, Filosofia e Retórica, que deveriam substituir os extintos colégios jesuítas e criou a figura do “Diretor Geral dos Estudos”, para nomear e fiscalizar a ação dos professores. Em substituição a um sistema já consolidado o ensino passou a ser fragmentado, isolados ministrado por docentes leigos e mal preparados com escassez de recursos, de um currículo regular. O ensino passou a ser subsidiado pelo governo pela colônia. Houve um retrocesso um atraso no processo civilizatório e educacional no país a presença dos jesuítas significou a tomada de uma cara a nação.

REFERENCIAS.

Bello, José Luiz de Paiva. O Período jesuítico, 2001. Disponível em:  http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb14.htm Acesso em: 31/10/2012.

 Brasil Escola, Revista Eletrônica. Disponível em:

http://www.brasilescola.com/historiab/reformas-pombalinas.htm Acesso em 30/10/2012.

 Fonseca, Sonia Maria. A hegemonia jesuítica. Disponível em: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/periodo_jesuitico.html. Acesso em: 30/10/2012.

 Oliveira, Amanda Melissa Bariano. Anais do III encontro nacional do gt história das religiões e das religiosidades – ANPUH - Questões teórico-metodológicas no estudo das religiões e religiosidades. IN: Revista Brasileira de História das Religiões. Maringá – PR v III n 09, jan. 2011. ISSN 1983-2859. Disponível em http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pub.html Acesso em: 01/11/2012.

Seco, Ana Paula. Amaral, Tania Conceição Iglesias. Marquês de pombal e a reforma educacional brasileira. Disponível em: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/periodo_pombalino_intro.html. Acesso em: 30/10/2012.

 Teixeira, Olga Suely et al. Anais do II encontro internacional de história colonial. Mneme – Revista de Humanidades. UFRN. Caicó (RN), v. 9. n. 24, Set/out. 2008. ISSN 1518-3394. Disponível em: www.cerescaico.ufrn.br/mneme/anais.