É fato consumado que a garantia da qualidade do ensino nas escolas e nas universidades públicas, não estão assegurados em lei, mesmo sabendo que segundo nossa Constituição Federal "educação é direito de todos" e a baixa qualidade de ensino nas escolas públicas interferem muito e de forma negativa no desenvolvimento do País; mesmo com os incentivos criados pelo governo Federal como o bolsa escola com o objetivo de aumentar o número de alunos na escola, fato que não aumenta em nada o nível de conhecimento dos alunos da escola pública,  percebemos claramente esta diferença quando comparamos os alunos da escola pública   com os alunos da rede particular de ensino;  sabemos que os alunos que podem pagar são preparados para passar em exames de alto nível, já os que dependem só do governo para estudar com pequenas exceções, não tem as mesmas oportunidades, por este motivo competem em desvantagem  pela qualidade do ensino que recebe na rede pública.

 Acaba havendo uma perversa inversão de papeis quando se trata  do acesso ao ensino superior; os jovens advindos de famílias carentes deviam ter acesso as universidades públicas, acabam tendo que cursar nas universidades  particulares e os advindos de famílias com situações econômicas mais favorecidas, por  terem estudado a vida inteira nas escolas particulares e ainda terem condições de pagar os melhores cursinhos  acabam conseguindo o maior número de vagas nas  Universidades públicas. Segundo o IBGE(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as instituições de ensino  superior no Brasil  são compostas por 73% de alunos avindos das escolas particulares, sendo que o maior número de estudantes universitários são da região sudeste do país, chegando a  81,4%. Estes dados provam que o ensino superior  ainda está distante da população carente uma vez que o nordeste além de ser uma região grande em extensão, é também uma região carente economicamente e que a democratização do ensino superior ainda é uma incógnita; somos conscientes da presença de alguns avanços com a abertura de mais instituições de ensino superior e de mais cursos, pois por muito tempo esta modalidade de ensino ficou nas mãos da elite e hoje, já existe um número bem significativo  de alunos advindos das classes trabalhadoras ou seja ,de jovens de classe menos favorerecidas nas universidades.

A professora Betânia Ramalho, presidente da COMPERVE (Comissão permanente de vestibular) da UFRN (Universidade Federal do Rio G. do Norte), afirmou para a Revista Foco que; a educação tem uma dimensão de inclusão social no País e que as Universidades sempre foram elitistas sendo que nos dias atuais está havendo uma abertura nesta modalidade de ensino, por ter sido elitista por muito tempo, o maior acesso foi para as pessoas com maior poder econômico. Na avaliação do MEC (Ministério da Educação e Cultura) a UFRN foi classificada como a melhor Universidade do estado, daí o fato que justifica a grande concorrência em seus cursos e que a maioria de seus alunos estudou em escolas particulares, a prova deste fato é que em 2009, 3.255 alunos de escolas particulares entraram na UFRN enquanto que das escolas públicas somente  2.013 conquistaram suas vagas, esta significativa diferença serve como critério de avaliação para as nossas escolas públicas, constado-se deficiências significativas, mesmo assim os alunos de advindos das escolas públicas conseguiram notas baixas no vestibular, conseguindo aprovação apenas em cursos menos concorridos. A professora Betânia Ramalho, afirmou ainda que de 40 mil alunos da escola pública que concluem o ensino médio, apenas 10 mil se inscrevem no vestibular; pois, substituem o sonho da universidade pelo sonho de conquistar uma vaga no mercado de trabalho, pois, precisam garantir seu sustento e ajudar no sustento da família.

As escolas particulares desenvolvem em seus alunos o sonho de entrar na universidade, de buscar uma profissão, ao contrário das escolas públicas que não incentivam seus alunos a continuarem seus estudos; o que contribui muito para aumentar o número de desempregados e de mão de obra barata e desqualificada. Alguns ainda continuam alimentando este sonho, mas, como não podem pagar, tem seus sonhos podados ou adiados. Mas, com o surgimento das bolsas  de empregos, as esperanças renascem pois, nelas os jovens tem a oportunidade de trabalhar o que incentiva a volta aos estudos ou a entrada na universidade.

 Os alunos das escolas públicas são favorecidos por bolsas e por linha de financiamentos, como incentivo para entrarem em algum curso universitário. Existe também o PROUNI; programa do governo Federal que concede bolsas de estudos parciais e integrais a estudantes de universidades privadas. O caminho para o acesso as bolsas, é ter cursado o ensino médio na rede pública ou em particular com bolsas integrais e que o aluno tenha participado do ENEM ( Exame Nacional do Ensino Médio) e alcançado nota acima de 4,5 pontos; e a renda  da família do aluno de ser inferior a três  salários mínimos; o governo paga a metade dos gastos do curso e o aluno ou a família pagam  a outra parte. A seleção do PROUNI demora aproximadamente um mês, neste período o candidato escolhe até cinco cursos em cinco universidades diferentes, tendo que concorrer com outros alunos.

Avaliado pelas notas depois do exame, a pré-seleção é publicadas e, o aluno é convocado para comprovar as informações dadas no ato da inscrição. Segundo Nelson Santos,  Gerente de Financiamento da UNP(Universidade Potiguar)o processo de bolsa é supervisionado pelas notas e o aluno deve ter um rendimento superior a 75% ou então ele perde a bolsa. Um dado lamentável, é que 40% dos alunos das universidades particulares no Brasil desistem do curso por não poderem bancar as despesas.  Por tudo o que descrevemos aqui, é que mesmo com os incentivos do governo Federal para suprir a inclusão social dos alunos de baixa renda, o problema se prolonga e o resultado não é ainda o que desejamos, então, podemos afirmar que não só com os incentivos para a entrada nas universidades são suficientes para a solução do problema, pois,  este incentivo deve iniciar no ensino fundamental, se prolongando até o ensino médio, para que o aluno saia do ensino médio determinando a fazer um curso universitário e decidido qual a carreira seguir, estando assim preparado para fazer e passar no vestibular. Como sugestão eu diria que o governo deve mais investir nos professores e nas escolas públicas, desde o ensino fundamental até o médio; para  que possamos mudar esta realidade  nas escolas públicas, melhorando o nível de aprendizagem e preparando seus alunos para enfrentar o mercado de trabalho, oferencedo a sociedade mão de obra especializada.   

Referências:

Ensino Superior ao alcance de poucos. Revista Foco, a revista do RN, Natal, Nº 150, Pag. 28 – 30, 25 de novembro de 2009.