A radionovela , assim como todo o rádio, estimula ou estimulava a imaginação. Mas é na novela encenada no rádio que o ouvinte usava todo seu poder inventivo, e através da voz dos atores criava sua personagem; a telenovela por mais que se tente estará fadada ao biótipo "Gianecchini". É claro, se tudo não for antes comprado pelo Edir.

Até onde vai a ignorância do ser humano? De corda a um ignorante, que mesmo em uma situação favorável, ele se enforcará. Pregou até o final de sua vida o assassinato dos pichadores, alegando serem servos do Demônio, através do fuzilamento. O detalhe é que ele era evangélico fervoroso e desvirtuava seus ensinamentos, acreditando que aqueles seres (palavras dele) não teriam salvação.

Sentei-me num dos lugares desocupados do ônibus, ao meu lado sentou-se uma senhora com uma Bíblia debaixo do braço, fedendo a sovaco. Nas minhas pernas juntas depositava o novo livro do poeta Fabrício Carpinejar ("Canalha!") e lia suas intrigantes crônicas. A Senhora Sem-Nome olhou-me dos fios de cabelo à ponta do tênis. Era uma interrogação misturada à recriminação. Quis me dizer algo, mas fui logo avisando que só aceitava o debate com aqueles leitores da obra do escritor gaúcho. E nem mesmo com as traças de críticas literárias.

Os autores da minissérie "Ó Pai Ó", exibida às sextas-feiras, após o "Globo Repórter", pode sair do ar caso um grupo de pastores evangélicos consiga emplacar na Justiça um processo contra a minissérie que apresenta uma das personagens (evangélica) de maneira equivocada. Essa é a opinião do grupo que move o processo e parece não saber discernir ficção (arte) da realidade.

Não tenho nada contra religião alguma, está certo que possuo poucos argumentos a favor, e que aqui tento colher e passar para uma linguagem fácil e reflexiva o meu pensamento e insistindo no combate à "Ignorância do Ser".