Tentar conseguir um bom emprego nos dias atuais é considerada uma tarefa das mais árduas. Fala-se que sem um curso superior não se vai muito longe na vida.

Mas afinal qual seria a grande missão das Universidades?Qual a sua contribuição efetiva na escalada da consciência humana?

Nenhuma resposta lógica ou racional me ocorria. Comecei a vagar a ermo numa espécie de "sonho acordado", deixando que imagens confusas bombardeassem o meu córtex.

Primeiro percebi o vibrar de um toque marcial. A seguir imagens espectrais começaram a atingir os limiares da minha consciência periférica, e um batalhão de indivíduos, trajando as túnicas e a becas destacaram-se no horizonte de minha percepção mais sutil.

Todos, marchando impecáveis e coordenados, portando orgulhosamente seus bacamartes de papel sobre os ombros, no compasso mecânico da "ordem unida".

Aquela visão me assustou e me vi perguntando em alta voz: será esta a grande missão das Universidades, criar e colocar em campo de batalha, especialistas de varias armas e ciências, prontos para uma competição feroz por um lugar sob a luz do sol?

Se o mercado é o teatro de operações que deve ser conquistado a cada centímetro e a cada segundo por comandos altamente treinados, o nosso futuro prenuncia uma grande batalha final, talvez a Mãe de todas as batalhas.

Qual será o premio destes combatentes determinados? Qual espólio lhes caberá como vencedores?

Uma segunda imagem se sobrepôs a primeira e pude ver entre as nevoas do hiper-espaço uma nova raça humana, evoluída, herdeira dos mestres do saber e do fazer, caminhando por eco-sistemas equilibrados em algum universo paralelo, um mundo ideal de um futuro distante construído pela força e virtude dos herdeiros do amanhã.

Dois mundos tão próximos e tão distantes produzidos por nossas melhores e piores possibilidades, entrelaçados numa bifurcação do tempo/espaço contínuo num abraço insano e genial.

A Universidade pode o ser o terreno propício para se fazer florescer nossas melhores virtudes e qualidades, na revolução sonhada pelos utópicos, poetas e sonhadores.

O Homem Consciente é o resultado deste plano da Criação que pode ter nas Universidades seu grande laboratório. Uma raça íntegra, capaz de se auto policiar e de evoluir de forma sustentável, prenunciada a mais de dois mil anos pelo maior de todos os filósofos e pensadores.

Aliás, a história registra de maneira constante e farta os perigos que rondam aquelas personalidades de mente ousada e espírito independente que se arriscam a pensar e a fazer por conta própria, contra o movimento de ordem unida que tem num modelo padronizado e medíocre, refletido o que conhecemos como pensamento comum.

Será que o papel das Universidades está limitado a de ser a fornecedora de diplomas e títulos, que dependurados na parede, qualifiquem os doutores?

Ou antes, deveria representar a escola de elite da consciência humana formando os pensadores independentes, capazes de ocupar o front desta batalha pela evolução da humanidade?

Queremos crer que a nobre e grandiosa missão das Universidades seria esta, de ser a locomotiva do processo criativo e transformador do Homem e não meramente uma linha de produção, liberando continuamente robôs e cyborgs vestidos a caráter e portando ao ombro em posição marcial, meros canudos de papel, como seu bastião de valor e poder.

A consciência humana encontra-se diante de uma bifurcação de seu objetivo final e real que poderia ser trazido na velha questão: "Ter ou Ser".

Como se resolver este paradoxo? Como poderia Ela abrir mão de valores mesquinhos e medíocres, a titulo de sobrevivência e garantias do futuro e se lançar na grande aventura da Criação se valendo tão somente de sua fé e sua coragem?

A resposta para estas questões está dentro do Grande Vazio onde a Consciência Universal se resguarda, esperando paciente pelos próximos passos da Humanidade.

A evolução humana só é possível porque algumas mentes mais ousadas se arriscam e empreendem um salto no desconhecido, depois de se livrarem de amarras e escoras que as sustentam numa realidade medíocre e limitada.

Preparar estes pioneiros, não seria esta uma das missões das Universidades?