OS EXCLUÍDOS GEÓGRAFOS: ensaio crítico referente à graduação Marquessuel Dantas de Souza Graduado em Geografia [email protected] São Paulo-SP 2014 Resumo Este texto se propõe a abordar, sumariamente, a posição e o papel dos graduados, principalmente na e para a Geografia científica. Uma análise em que busca mostrar, ou valorizar os estudantes de geografia, visando à importância dos mesmos nos cursos, bem como dando ênfase aos meios de divulgação acadêmica, por sua vez, direcionando uma crítica para com a produção dos estudantes, que, grosso modo, são esquecidos quando se trata de intelectualismo nascente. Palavras Chaves: Exclusão. Estudantes de Graduação. Geógrafos. Resumen Este texto es discutir, brevemente, la posición y el papel de los graduados, especialmente en ciencias y geografía. Un análisis que pretende mostrar, o incrementar los estudiantes de geografía, con el objetivo de su importancia y cursos, así como haciendo hincapié en los medios de difusión académica, a su vez, fundamental para dirigir la producción con los estudiantes, que a grandes rasgos se pasan por alto cuando se trata de aumento de intelectualismo. Palabras claves: Exclusión. Estudiantes Universitarios. Geógrafos. Résumé Cet article se propose d'aborder, brièvement, la position et le rôle des diplômés, en particulier dans les sciences et la géographie. Une analyse qui cherche à montrer, ou apprécier les étudiants en géographie, visant à l'importance de ces cours, ainsi que mettant l'accent sur les moyens de diffusion académique, à son tour, critique à la réalisation avec les étudiants de production, que globalement sont négligés quand il s'agit de la hausse intellectualisme. Mots-clés: Exclusion; Les étudiants de premier cycle; Géographes. Introdução O presente manuscrito pretende ser bastante crítico em relação à realidade geográfica no âmbito hierárquico dentro da academia. Assim, ao tratar da situação dos estudantes da graduação (sua importância), há de elucidar que polêmicas surgirão, embora como ação positiva no sentido de abranger um campo fechado, inexplorado por intelectuais da academia. Quer dizer, o tema em si é fora do comum vulgar e não é debatido ou evocado simplesmente pelo fato da demasiada burocracia na hierarquia acadêmica, ou talvez medo por parte de vozes ocultas. No entanto, é propósito aqui fazer evocar esta voz ou vozes. Porém, aqui há a oportunidade de chamar atenção no que diz respeito aos preconceitos e discriminação que existem nas Universidades (faculdades, e, grosso modo, isto tem que mudar urgentemente). Só assim, a ideia de progresso científico, propriamente dito, se efetivará para com os cursos preparatórios para a pós-graduação. E acreditamos que a reflexão é válida. O texto se divide em três partes, a primeira parte pretende valorizar merecidamente os estudantes de geografia, qual sua posição na academia; a outra parte intenta por mostrar a burocracia dos pós-graduados, no qual os mesmos se recusam a enxergar ou a encarar ou até mesmo a aceitar o graduado ou graduando como um cientista iniciante; o último ponto que será debatido envolve estes estudantes (graduados) e os meios de divulgação acadêmica, ou seja, o propósito é trazer à discussão o fato de que os estudantes são menosprezados, rejeitados e esquecidos pelas revistas em suas publicações. Isto é, algumas revistas ignoram os estudantes como profissionais. Não aceitam o grau ou o nível de graduado como um título registrado pelo Ministério da Educação. Um absurdo demasiado diante intelectuais. Destarte, não mencionaremos nomes, nem de instituições acadêmicas e nem de revistas, periódicos científicos para evitarmos constrangimentos. Para tanto, usa-se bom senso (ética) nas formulações das ideias. Os estudantes e a graduação em geografia: sua importância Ao falar do estudante de qualquer campo do saber ou do conhecimento, devemos salientar que simplesmente os cursos de qualquer área existem ou se mantém devidamente pelos alunos que frequentam, ou melhor, que estão no curso. Assim, como não aceitar este ser? Em que consiste sua ação que é posta de lado pelos professores? A graduação não é válida? O primeiro estágio da vida acadêmica não tem significado? Exposto algumas indagações que poucos fazem e que poucos se atrevem a mencionar ou a questionar, há que lembrar a importância destes estudantes nas discussões em sala de aula, bem como nos trabalhos de campo. – Todo profissional doutor, por exemplo, um dia fora estudante, e em alguma ocasião passou pelos fatos evocados. Com efeito, todos devem pensar significativamente no papel que os estudantes ocupam academicamente. Mas não, o que vemos é exatamente o contrário. Na graduação, o estudante se prepara para a pós-graduação, portanto, o mesmo precisa mostrar, em algum momento, seu envolvimento com os interesses, por assim dizer, de sua ciência. Sua pesquisa, no qual o mesmo busca desenvolver na monografia, de certo modo o qualifica como um cientista iniciante. Neste sentido, vê-se que todos estão sujeitos as reações do mundo real. Todos passam por avaliações ao longo do curso e, não obstante, os elogios e as críticas fazem parte do convívio acadêmico. Com isso, os estudantes vão adquirindo experiências cada vez que os mesmos promovem contatos diretos com as pesquisas que tem em mãos. Ou seja, sua importância e seu papel como acadêmico requerem, ou melhor, exigem atenção de todos aqueles que lhes estão próximos: do orientador, em particular. O envolvimento de um estudante em uma pesquisa, seja esta de seu orientador, por exemplo, amplia as possibilidades tanto por parte do professor quanto por parte do aluno quando se propõe a conhecer o desconhecido, a debater o tema, a evocar o novo. Entrementes, poucos são os “estudantes” que passam ou tem essa oportunidade na vida. Quer dizer, em número reduzido alguns alunos desenvolvem suas ideias junto aos seus orientadores. Não obstante, isto é raro em tempos atuais. Ou seja, um professor orientador sempre prefere oferecer o crédito da pesquisa a um estudante da pós-graduação, só raramente um graduando passa por uma avaliação deste tipo. Deveras, perguntemos aos professores: como seria seu curso sem os estudantes? Evidentemente que estamos preocupados com os graduandos ou graduados, por assim dizer. Por conseguinte, não podemos esquecer que nas faculdades o maior número de discentes é da graduação. Portanto, se não valorizarmos os discentes iniciantes profissionalmente, então porque não acabam com os cursos de graduação em geral? Qual o motivo em manter cursos de graduação se os graduandos e ou graduados são banalizados, marginalizados a todo instante, e mais, para que serve uma graduação se os próprios mantenedores das turmas na sala de aula (os discentes) não são respeitados devido à arrogância imperial e titânico-olímpica dos pós-graduados ou dos pós-graduandos? Em outros termos, seria ideal formar um mestre ou um doutor sem passar pela graduação? Isto não seria um absurdo quando pensamos que todos nós precisamos de professores primários para encaminhar os primeiros passos no processo de alfabetização? Pois sim, eis algumas questões polêmicas e instigantes que ponderamos neste escrito e que pretendemos levá-lo mais adiante sistematicamente. - A falta de respeito para com o graduado se mostra cada vez mais evidente e humilhante, principalmente dentro da academia e por que não dizer, quando de sua participação em eventos que intentam o desenvolvimento científico. Neste tipo de evento também se pode considerar os meios de divulgação tais como revistas, jornais ou livros (anais). Meios estes cujos mesmos o propósito é contribuir para com a reflexão científica. - Não podemos esquecer que as coisas são muito contraditórias, se apresentam como paradoxos, ambiguidades alarmantes. Bem entendido, com prudência não é possível ser um pós-graduado sem possuir uma formação de graduação. Com efeito, o título da graduação é a formação primeira, a base do posterior profissional, seja este mestre ou doutor. Uma ação primeira que mostra o potencial do curso de nível um, por assim dizer, que é a graduação. Primeiro nível de desenvolvimento intelectual. Os estudantes de geografia são, ou formam singularmente a base dos futuros eminentes – ou não – geógrafos que contribuirão para o desenvolvimento da sociedade no qual está inserido, bem como das várias sociedades existentes no mundo. Devemos lembrar que Einstein obteve as atenções voltadas para si quando ainda era estudante de Física Teórica na Alemanha. Uma questão que pode ilustrar muito bem nossa proposição: o valor do estudante. A Geografia científica possui contradições implícitas e explícitas que lhe confere um papel de ciência caricaturada; um dos pontos centrais desta crise intermitente é a desvalorização do graduado ou do graduando. Este nível (graduação) é muito perseguido por outras instâncias mais elevadas. Quer dizer, os cursos de licenciatura, principalmente, são tidos como vagos ou rasteiros, sem importância alguma diante os pós-graduados. Especificamente as licenciaturas das instituições não públicas. Em outros termos, simplesmente os discentes da graduação são considerados como alunos do ensino primário. – Claro que muitos dos mesmos se comportam como alunos de ensino fundamental e médio, no entanto, há outros que merecem respeito e uma atenção especial, isto é, mostram uma capacidade (maturidade) outra que não deve em hipótese alguma ser desperdiçada. Embora o que vemos é exatamente o oposto. Isto também pode ser válido em muitas ocasiões para os cursos de bacharelado. A alienação em torno de uma ideia fanática de que o estudante não é nada (no sentido popular) é absurda do ponto de vista do contexto histórico é cultural do nossa sociedade. A coisificação e o estranhamento distanciando cada vez mais o estudante de sua singular postura acadêmica é vergonhosa para um país como o nosso, que, se seus dirigentes pensam um dia alcançar o status de primeiro mundo, acreditamos que vai passar séculos. Certamente, além do que fora exposto até aqui e o que será mostrado mais adiante ilustra perfeitamente a capacidade ou um verdadeiro comportamento de um povo de terceiro mundo (a não ser que as coisas mudem para melhor conforme a proposta deste escrito ousado). Em todo caso, o estudante é o primeiro intelectual na gama dos conhecimentos complexos existentes no mundo. O discente de Geografia deve ser reconhecido como geógrafo. Aceitem isto ou não. Em termos críticos, essa colocação serve para qualquer área do conhecimento, independentemente do seu método ou do seu objeto de estudo. Os estudantes da pós-graduação e seus impasses Como já fora defendido anteriormente, os estudantes necessitam de uma atenção especial para com sua situação acadêmica desconfortante e de ofensas tautológicas. Aqui, sem embargo, o pós-graduado ou pós-graduando recebe uma atenção de nossa parte. Em todo caso, os impasses que os mesmos enfrentam também os fazem vítimas juntamente com os graduados do referido sistema burocrático do meio acadêmico. Uma situação gritante e que tende a se agravar se não tivermos coragem para evocar as injustiças que estão acontecendo há muitos anos. Pois, “na abundância aparente, não estamos realizados – estamos apenas saturados e cansados em face dos poderes que parecem nos privar de uma inteligência histórica do nosso agir cotidiano” (MARTINS, 2000, p. 12). Em face desta colocação, carecemos dizer que as coisas devem mudar. - Um graduado quando consegue chegar ao nível da pós-graduação, se deve notar que seu reconhecimento foi efetivado, contudo, para alguns isto se torna um problema psicológico quando de sua situação anterior. Ou seja, muitos dos mesmos confundem o que ocorreu. Muitos agem simplesmente como proprietários do curso, alguns outros, porém, não sabem o que fazer; outros mais esquecem que já foram graduados. Por sua vez, alguns outros demonstram uma arrogância para com os graduados. Um despreparo para com o público, para com sua situação naquele exato momento de realização das tarefas acadêmicas no plano singular de sua carreira profissional. Muitos se sentem os dominantes como se fossem os donos de todas as ideias que estão em voga. Oprimem os estudantes com termos grosseiros e de baixo escalão. Negando totalmente o potencial do discente e afirmando, sem perceber, sua incapacidade como tutor ou como educador. Com efeito, as coisas devem ser colocadas em seus devidos lugares para evitar equívocos e problemas, mesmo que sejam simples no modo do acontecer. - Para compreendermos melhor tudo que fora colocado, isto se traduz pelo mal estar que se passa na academia. Claro que até podem dizer que estamos exagerando, mas podemos advertir - em seus detalhes textuais - que para muitos, a falta de respeito, a falta de coerência e a ausência de responsabilidade reinam sobre a cabeça de muitos veteranos, todavia, isto vale para todas as áreas do conhecimento. Diante de tal situação, o estudante da graduação se sente reprimido, e, em certas ocasiões, há uma perda no interesse por parte dos estudantes em prosseguir seus estudos, suas investigações, pois o mesmo se encontra em um estado de ânimo mínimo. Entrementes, isso o atinge profundamente. A sensação de depressão o domina. - Estamos aclarando os estudantes de graduação, porém, devemos ter em mente que tais fatos partem dos próprios pós-graduados, não raro, dos próprios professores, em algumas circunstâncias, dos profissionais como pós-doutorados e livres-docentes. Outro ponto que consideramos importante neste debate é a falta de ética de alguns professores quando da avaliação do projeto de pesquisa direcionado ao mesmo pelos alunos da graduação. Com efeito, muitos se apresentam fechados para com sua própria ciência (disciplina). Negam a aceitar certos projetos pelo fato de não estarem de acordo com tal proposta que lhe diz respeito. Literalmente rejeitam os alunos pelo projeto, sem, contudo, oferecer possibilidades para outro projeto, para outro tema, para outra abordagem investigativa. Do mesmo modo, ocorre a rejeição quando o discente se mostra um conhecedor (do assunto em questão) muito superior ao docente. Em suma, estes professores não percebem, mas estão se comportando como amadores para com o mundo que lhe envolve e não aceitam a inovação; tem medo e, por assim dizer, em muitas ocasiões são incapazes de seguir uma orientação qualitativa específica. Demonstram uma pequenez diante o graduado. Grosso modo, estão promovendo um gravíssimo atraso à sua ciência e a sua sociedade. Profissionais estes, poder-se-ia dizer caricaturados de cientistas que engendram desigualdades acentuadas. Profissionais que são merecedores de serem chamados de amadores egoístas e involuídos. Professores incapazes do cargo ou função que exercem. Reprovam os estudantes sem saber o porquê da reprovação. Apenas agem cegamente ostentando uma postura outra. Poder-se-ia dizer, cientistas caricaturados (amadores) que pensam o mundo à sua maneira. Sujeitos empobrecidos de mentalidades. Sabemos que muitos professores não estão preparados para se envolver com algumas pesquisas. No entanto, porque não oferecer uma oportunidade ao estudante? Com efeito, pouquíssimos são aqueles que conseguem prosseguir pesquisando e desenvolvendo uma verdadeira investigação científica. Quando muito, são raros aqueles que em sua formação conseguem abranger outras áreas, ou conseguem ver na interdisciplinaridade o potencial imanente do progresso científico. Poucos cedem lugar a outros saberes além daquele no qual o mesmo é especialista. Assim sendo, verifica-se o quão complexo é o convívio no âmbito acadêmico quando da relação em termos burocráticos e, grosso modo, professor-aluno. Uma situação muito difícil e atual, destarte, precisa urgentemente ser superada para evitar mais problemas e fazer avançar o conhecimento. Sabemos, com efeito, que muito há de oculto nesta sociedade brasileira de vista grossa, sociedade que simula tudo e tende a mascarar tudo de modo sínico. Muitos intelectuais iniciantes se mantêm invisíveis para os olhos da população, muitos sofrem as opressões do cotidiano sem se quer tentar resolver suas situações. - Uma angústia permanente circunda toda uma geração desgostosa e, por assim dizer, revoltada. Pois sempre surgem vantagens para uns, enquanto outros são marginalizados sem, no entanto, serem ouvidos ou sequer serem vistos como cidadãos nacionais. Neste sentido, muitos estudantes se veem como estranhos dentro de sua própria cultura. Um país que deseja crescer possibilita a seus habitantes sonharem com seus objetivos e que tais sonhos sejam realizados sem percalços. Mas o que percebemos é retrocesso desse projeto - ilusório e utópico - que reduz em demasia os agrupamentos humanos mais desfavorecidos da sociedade. Contudo, coloca-se mais umas questões básicas: onde estão ou onde se encontram aqueles que fazem e dirigem as leis que regem uma república democrática? O que realmente fazem? Qual a razão de tanta covardia dos hegemônicos quando o apelo advém dos que necessitam, dos que clamam por justiça e quer apenas ser livre, quando em realidade, tornam-se prisioneiros em seu próprio habitar, estão encarcerados e amordaçados sem poder falar coisa alguma sobre o que pensam do mundo como uma realidade existencial concreta. Será que se esqueceram das cidades e das leis da Grécia antiga da época de Platão e Aristóteles? Nunca leram Cícero, Montaigne, Montesquieu, Locke, Rousseau, Hegel, Karl Marx entre outros? Certamente para alguns, estes autores são desconhecidos . Em que consiste nossa consciência social em meio a incertezas? - Em se tratando de legislação e, por assim dizer, de jurisprudência, dizemos ser tudo isso um descabimento à civilidade. Os meios de divulgação científica e seus excluídos: os estudantes da graduação, em especial Esta parte, deveras, quer ser a mais crítica e a mais polêmica de todo o texto. Esta sessão se volta para a análise das produções elaboradas pelos estudantes, e, não obstante, qual a razão destas produções sempre serem reprovadas nos meios de divulgação acadêmica. Em se tratando de revistas científicas, por exemplo, há que destacar a demasiada falta de respeito, a ausência de ética e a discriminação por parte de algumas revistas ditas científicas, cujas mesmas possuem cadastro no CNPq e recebem a qualificação do CAPES, entrementes, agem de maneira incoerente, insatisfatória, insuficiente e com absoluta burocracia para com o próprio desenvolvimento científico. As produções publicadas são - assim consideramos -, todas, contribuições significativas para com a ideia de progresso da e na ciência. Por conseguinte, as atividades de algumas revistas são exageradamente fora do contexto histórico-cultural. Grosso modo, são publicações ideológicas de um grupo específico de agentes com interesse próprio. Quer dizer, sem nenhuma preocupação social e coletiva. Deste modo entendemos serem estas revistas, periódicos inautênticos. Contudo, os estudantes apenas e tão somente sofrem e, devido ao absurdo verificado, o país perde muito por conta dessas e outras tantas desconexões. Uma vez que todos fazem parte da sociedade, os estudantes (como já apontado) são excluídos inexoravelmente da sociedade no qual estão inseridos. São esquecidos inegavelmente. Ou seja, muitas das revistas não aceitam textos em arquivos para uma possível avaliação e publicação, exatamente porque o autor do texto em muitas ocasiões possui apenas o grau ou o título de graduado. Portanto, pode-se ver o absurdo, a arrogância, o escárnio, a aversão no qual estamos envolvidos, e porque não, a falta de respeito com os graduados. Uma situação constrangedora que faz com que os próprios estudantes percebam seu verdadeiro papel para estas revistas. – Lembrando que em muitos casos, quando um graduado chega a publicar algo, há sempre ao lado do seu nome, ao lado de sua inscrição de identificação, outro nome, este, o de seu professor orientador. Neste contexto, devemos reclamar evidentemente o ponto de distanciamento gritante entre revista-publicação-graduado. Apesar de ocorrer à devida publicação em algum momento, mesmo assim o texto só fora publicado por conta da inscrição do professor, seja este doutor, por exemplo, que consta no arquivo. - Exemplificando o parágrafo anterior: quando um estudante envia um texto para avaliação, algumas revistas respondem ao autor ou aos autores dizendo-lhes o seguinte: caro autor - ou algo parecido - não será possível publicar seu texto, pois a política interna da revista exige, como critério básico para o texto se vincular como Em Avaliação, o grau de mestre. Entrementes, encontramos frases como estas: seu texto não se encaixa dentro do escopo e foco da revista, pois a mesma é mantida pelo programa de pós-graduação, portanto, tão somente aceita trabalhos resultantes de dissertação ou tese. Outras colocam como critério o título de doutor: uma avaliação inicial do manuscrito demonstrou que não é possível dar continuidade ao processo de avaliação do texto, pois conforme diretriz da Revista é necessário possuir titulação mínima de doutor para apreciação dos trabalhos submetidos. Não obstante, há outras que ainda escrevem coisas deste gênero: autores, uma das normas da revista é aceitar submissão de manuscritos de autores cuja titulação mínima seja a de doutor, em alguns casos que esteja se doutorando. Como você é graduado, torna-se impossível manter o processo de submissão do texto que encaminho. Sugiro que encaminhe o texto para outra revista que publica manuscritos oriundos de pesquisas realizadas por graduando ou autores que tenham a graduação. Por conseguinte, ainda temos: caro colaborador, lamentavelmente, a revista lida, exclusivamente, com trabalhos inseridos no âmbito da pós-graduação. Contribuições provenientes de outros domínios não são por nós cotejadas (grifo nosso). Estes são alguns exemplos dentre inúmeros outros. Apenas citamos para demonstrar e fundamentar o que estamos reclamando, nossa inquietação frente à burocracia ao desenvolvimento científico. Outras ainda abusam por não comunicar o arquivamento do texto. O autor só tem conhecimento que o texto de sua autoria foi arquivado quando o mesmo consulta a página do usuário disponibilizado (online) pela revista (quando o periódico é eletrônico). Não obstante, sabemos que as avaliações são efetuadas por pares cegos, quer dizer, quando de uma possível aceitação de um primeiro parecer, as revistas científicas usam este modelo de avaliação para evitarem vantagens na apreciação. Até então, perfeito. No entanto, o que estamos evocando é que mesmo antes de um texto entrar no processo de avaliação por pares cegos para um possível parecer de seus avaliadores pareceristas, os textos são arquivados simplesmente em virtude dos organizadores editores das revistas identificarem o grau de formação do autor. Que, em muitos casos o autor apresente somente ser graduado, quando muito apresente ser mestre em sua respectiva área do conhecimento. Não exagerando ou não abusando por parte do texto em si, colocam-se mais algumas outras questões em cena. Quer dizer, há revistas em que os números publicados sempre demonstram uma verdadeira tapa na cara da população, uma zombaria, um golpe àqueles que têm acesso às mesmas (acesso este de forma indireta quando muito). Em outras palavras, algumas revistas publicam até quatro volumes ao longo do ano e observando cuidadosamente estas publicações é possível identificar a ideia de esquema inerente às mesmas. Ou seja, quando feito uma observação atenta verifica-se que em muitas situações, três dos quatro volumes sempre apresentam artigos dos mesmos autores. Isto é, não há outros profissionais contribuindo com a revista, apenas e tão somente o grupo que, grosso modo, forma a organização da própria revista. A ideia de esquema (no sentido popular) que citamos anteriormente pode ser traduzida como fraude ou acordo entre os agentes manipuladores das revistas. Apenas eles mantêm o periódico funcionando com suas publicações, não há outros colaboradores. Isto demonstra que os mesmos sempre possuem a vantagem quando pensamos naqueles outros que são deixados em segundo ou terceiro plano de uma devida publicação. Advertimos que estas revistas são instituições que concentram o monopólio das divulgações científicas. Mantém sobre si o poder e o controle do que circulará na sociedade. Periódicos com interesses próprios, hegemônicos e que excluem muitos contribuintes e excluem muitas inovações para o desenvolvimento social. Revistas estas que muitas vezes se mostram como democráticas e abertas, disponíveis ao público em geral, quando na verdade, mascaradamente são seletivas e classificatórias (talvez). Meios de divulgação apenas para os seus cobaias. - Não podemos deixar de colocar que algumas revistas, discriminatória e desrespeitosamente rejeitam os trabalhos dos graduados e publicam três ou quatro artigos em alguns números. Dito de outro modo, às vezes algumas revistas publicam um número com apenas quatro artigos. Pergunta-se, onde estão os autores que contribuem com o periódico? Porque efetuar a editoração de uma revista e publicá-la com apenas quatro textos? Faltam colaboradores? Certamente que não. Diante o exposto indaga-se: ora, isto é uma revista ou um panfleto acadêmico? Este comportamento é de um veículo para divulgar os trabalhos desenvolvidos ou folders estampados apenas para dizer serem revistas a nível acadêmico? Perguntemos uma vez mais: se estamos presenciando tudo isso, então porque se expor como veículo que recebe materiais do público geral, mas em realidade se limita aos seus colaboradores tautológicos ou outra denominação qualquer? Não existem outros autores? Um número de uma revista com três ou quatro artigos para quem? Qual o interesse dessas revistas? Qual o seu público? Quem as mantém? Ao contribuir com uma publicação o autor que se submete a estas supostas revistas, creio, contribui realmente ou ajuda a manter uma política centralizadora e discriminatória? E mais, alguns periódicos publicam até dois ou três artigos de um mesmo autor em um mesmo número. Uma violação ao saber intelectual oculto existente. - Perguntemos: quando um graduado em nível de pós-graduado publicará antes de chegar a pós? Isto exposto, devemos nos recordar que muitas revistas ignoram até mesmo os estudantes de mestrado, como já apontado; deste modo, para que serve revistas com esta índole social, este comportamento outro em que se mantém como seletiva corrupta e subjulgadora. - Que vergonha esta, um caso de ausência de compromisso ao desenvolvimento cultural. Para não ficarmos pensando coisas inadequadas, coloquemos uma vez mais que algumas revistas cobram o grau ou o título de mestre e de doutor para uma possível avaliação e quem sabe, uma possível publicação. Que constrangimento, verdadeiramente um absurdo no sentido de que o estudante está sendo comparado a qualquer coisa; menos, é verdade, a um estudante de sua ciência. – Estas revistas deveriam ser fechadas, reprovadas, proibidas pelo CNPq e desqualificadas pelo CAPES para não promoveram mais preconceitos e discriminação dentro da sociedade. Tais revistas mantém o controle selecionado das produções intelectuais do nosso país. Uma hegemonia falsificadora e classificatória de intelectuais dogmáticos e por que não, cético-dogmáticos. Muitas vezes, um professor doutor toda semana participa de mesas redondas ministrando palestras, entre outras coisas, no entanto, nunca contribui com o seu discurso repetitivo e reduzido, tautológico. Neste contexto, porque não abrir espaço, por assim dizer, para os estudantes debaterem suas pesquisas, o que pensam sobre sua ciência, seu mundo? – Há garotos (as) que não tem oportunidade para tais fins, porém, quando raramente esta aparece, o estudante surpreende o público significativamente. Devemos lembrar que “onde há discussão há vida, onde há debate aflora o pensamento crítico, onde há polêmica há espaço para o novo, para a criação” (MORAES, 2007, p.131). Em certa medida “somos aquilo que vivemos” (SOUZA, 2012, p. 84). Perguntemos outra vez mais: porque excluir o estudante graduado ou graduando dos meios de divulgação acadêmica? Qual o motivo, qual a razão para tal acontecimento? - Responderemos conforme os miseráveis e burocráticos padrões acadêmicos: ocorre que o discente é apenas um estudante e tem que está inteiramente subordinado, submetido ao seu nível (grau, titulação). E mais, como pode um estudante saber mais que um professor? Como é possível um aluno graduado desenvolver algo superior do que um pós-graduado? Quando um mestre, doutro ou livre-docente irá aceitar a capacidade de um simples estudante intelectual que faz colocações que os mesmos são incapazes de promoverem? Em que medida um pós-graduado aceitará um jovem dizer que sabe coisas que o deixe surpreso? Por que um graduado quer sempre superar? Quais circunstâncias fazem do graduado ser um indivíduo ou um sujeito recusado das miseráveis e corruptíveis regras, normas, modelos e padrões da academia? - Responderemos em suma que tudo isto acontece por simples falta de enfrentamento por parte dos próprios estudantes que aceitam sua situação inferior como supõem os pós-graduados. Grosso modo, somos censurados o tempo todo. Devemos enfrentar sem medo, com muita audácia/ousadia e persistência. Não podemos recuar diante destas capciosas questões. Consideramos que através de muita resistência, conseguiremos atingir o nosso propósito, podemos alcançar aquilo que tanto desejamos: ser reconhecido academicamente como profissionais e dizer que somos capazes de construir cultura. Somos capazes de contribuir para com a sociedade. Em suma, somos. Caso contrário, estaremos colaborando e promovendo uma grande perda para as ciências. Uma vez mais, note-se que somos privados de criatividade intelectual e de liberdade de expressão como sujeitos habitantes de um país que segue, por assim dizer, leis, normas, regras e diretrizes internacionais. Além disso, mais uma vez coloquemos o seguinte: neste sentido absurdo, porque não deixar os alunos fora de tudo no que diz respeito à academia, à escola, à faculdade, à universidade fazendo com que os professores não possam garantir sua posição de profissional capacitado para formar? Em que consiste o esforço do estudante? Como não se irritar e indignar-se com tantas negações, tantos Nãos que ouvimos, quando na verdade, quem mantém a pós-graduação são exatamente ex-graduados? Um discente não pode ou jamais poderá ser um professor? Um professor não necessita de substituição? Para que validar revistas que possui um programa, ou uma política egocentrista, fechada, arrogante, entre outras coisas? – Isto também é válido para alguns programas formadores em algumas universidades existentes no Brasil (outra questão). Os estudantes são inexistentes a ponto de não ouvirem suas reivindicações e suas inquietações? Ironizemos: a água não é molhada? É possível enxugar gelo? Um professor ministra aulas para as paredes? O sol é quadrado? Einstein não foi cientista? Ao analisar um mapa sem escala e sem legenda é possível entendê-lo? Por que jogar sal no mar se o mesmo é salgado? Qualquer aluno nunca sabe algo? Um docente sabe tudo? É evidente que estas últimas colocações não se aplicam ao real. Portanto, exigimos atenção para conosco, exigimos respeito e acima de tudo, somos seres pensantes e humanos no sentido comum do termo. Vivemos numa mesma sociedade, todavia, muito desigual juridicamente pautado na constituição de um país ilusoriamente democrático (dignamente ser cidadão no Brasil é uma farsa). A educação brasileira, assim como a saúde e a segurança e outras instâncias mais são farsas muito bem pensadas e muito bem manipuladas desrespeitosamente atingindo todos os habitantes e residentes de todas as camadas ou agrupamentos humanos. Uma vergonha nacional. Compreendemos e com muita atenção devemos nos recordar que muitos casos ou descobertas científicas - mundialmente reconhecidas - apesar de todas as dificuldades só ocorreram por contribuições magistrais entre Mestre e Aprendiz, seja este graduado ou pós-graduado. Em todo caso, somos e somos; devemos fazer as coisas acontecerem e sempre, da melhor maneira possível. Grosso modo, um dia minha produção virá à luz e contribuirá positivamente deixando muitos daqueles ou destes, que a todo instante nos dizem Não, surpresos e expressando boquiaberto: jamais imaginei que seria capaz de tal façanha, realmente superou todas as expectativas. Qualquer estudante merece respeito e exige que o respeito seja recíproco, tão somente. Seja este Graduado, Técnico, Mestre, Doutor, Pós-doutor, Livre-docente, Professor Emérito entre outros níveis intelectuais e que tenham reconhecimento merecidamente. Devemos manter nossa ética e honrar nossa capacidade intelectual. Considerações Logo após colocar todas estas reflexões em pauta, chagamos a um momento oportuno para dizermos o quão estamos satisfeitos em evocar o valor do estudante diante da alta e demasiada burocracia e complexidade acadêmica. Não obstante social. O texto em si se mostrou bastante crítico para com a realidade estudantil. Do mesmo modo se mostrou diferente quando observamos o comum. Agora é a ocasião para dizermos que as coisas e as pessoas devem mudar, porém, mantendo a coerência das mesmas. Quer dizer, apesar de tudo respeitamos o que a nossa sociedade civil tem a nos oferecer, muito embora, desconfiando e estando atento aos acontecimentos. Doravante, dissemos, este breve escrito pareceu uma espécie de espectro, mas em si mesmo, um texto reacionário, radical, revolucionário. Um pouco nietzschiano. Dialético. O fato dos estudantes serem rejeitados dentro e também fora da academia nos termos expostos exige que defendamos a ideia do potencial dos discentes pesquisadores para com sua realidade existencial e concreta no sentido fenomenológico. - Merecidamente, digamos: poucas revistas oferecem possibilidades de publicação às pesquisas individuais e coletivas dos graduados. Uma verdadeira oportunidade para os estudantes mostrarem suas preocupações, sejas estas no plano prático ou teórico. Assim, é digno de nota dizer que estas revistas merecem o seu real reconhecimento como meio de divulgação científica profissional, contribuindo para novos debates, novas discussões, novos diálogos, novas reflexões. Enquanto outras vergonhosamente se comportam diferentemente (contrariamente) como já apontamos. É oportuno dizer que, talvez, este texto seja incompreensível em seu todo. Isto, pelo fato de não estarmos habituados a este tipo de diálogo. Grosso modo, o povo brasileiro vive na imediatez das coisas. Apenas serve para a população o que é imediato; o agora, o rápido, o sem voltas ou o sem rodeios é o que se torna interessante. Não obstante, devemos lembrar que o MEDIATO requer reflexão e exige atenção para evitarmos equívocos demasiados. Contudo, em se tratando do Brasil, isto não ocorre. Haja vista que o brasileiro não está habituado ao Mediato. Tão somente o imediato é o elemento que domina nossa sociedade massificada. Portanto, o presente texto possa se configura como algo rasteiro, amador, infantil e sem sentido para alguns que são incapazes de escavar até as profundezas do real e elevar a arqueologia do saber a um nível supremo. – As pessoas não estão preparadas e não suportam PENSAR. Pois o pensar dói e incomoda. Do mesmo modo, pensar o pensar não faz parte de nossa educação. Eis, portanto o porquê das incompreensões gritantes dos fatos reais. Chegamos às últimas palavras considerando que o texto alcançou ou atingiu àquilo que se propôs: evocar uma breve crítica em relação à vida acadêmica, principalmente dos estudantes de graduação (Geografia). Não obstante, o manuscrito serve para efetuar reflexões no âmbito de outras ciências, não apenas na Geografia. Realizar outros debates consubstancialmente. Aprendemos fazendo, fazemos e sempre estamos aprendendo, portanto não podemos calar-se ou se ausentar das questões evocadas neste simples e humilde escrito crítico para com a realidade que nos envolve por inteiro. Referencias bibliográficas MARTINS, José de Souza. A Sociabilidade do Homem Simples: cotidiano e história na modernidade anômala. São Paulo: Hucitec, 2000. 210p. (Ciências Sociais; 43) MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. 21ª ed. São Paulo: Annablume, 2007. 152p. SOUZA, Marquessuel Dantas de. Geografia e Percepção: uma interpretação introdutória a partir da fenomenologia de Merleau-Ponty. São Paulo: Biblioteca 24 horas, 2012. 134p.