Nós de classe média-alta às vezes nos deparamos com situações que nos fazem concluir coisas sobre a realidade triste em que nosso país vive. Ao irmos aos grandes centros comerciais, nos acostumamos a ver o mesmo tipo de gente, jovens se divertindo, madames desfilando com suas bolsas de grife e homens com cara de executivos.
É sempre igual como uma "receita de bolo", determinadas porções de cada coisa, misturamos e temos a composição de um shopping center, mas basta um elemento estranho nessa combinação pra os olhares se tornarem hostis, pessoas de classe social mais baixa quando tentam frequentar tais lugares são alvo de desconfianças em geral.
É como se fossem "estranhos", pessoas que não fazem parte do mesmo país e nem falam a mesma língua, mas moram muitas vezes do outro lado da rua do shopping ou em bairros próximos aos nossos ou até mesmo na mesma rua que agente mora, mas os ignoramos e até chegamos a hostilizar.
No Brasil temos uma pequena parcela que tem condições de se integrar ao processo do consumo globalizado, mas a grande maioria ainda vive uma realidade extremamente oposta, enquanto uns compram nike, outros não têm o que calçar, enquanto pagar um lanche em um restaurante fast-food é barato pra uns, outros não tem nem o que comer.
Como diria Cristovam Buarque no seu texto os Instrangeiros: "Estranha globalização que une e desagrega. Une estrangeiros internacionalmente e desagrega nacionais internamente". É mais fácil para nós de classe média-alta acharmos semelhanças com pessoas que vem de países da Europa ou dos Estados Unidos do que com vizinhos do final da rua. É triste, mas os "estranhos" são brasileiros também, pessoas reguladas pela mesma constituição, com os mesmos direitos, mas realidades extremamente diferentes.