OS ENCONTROS E DESENCONTROS DA FALA COM A ESCRITA *

MARIA FABIANE DOS SANTOS SILVA**

NARA NASCIMENTO BENEVIDES

RESUMO

Este artigo tem como objetivo de estudo as variações linguísticas, e a interferência da fala na escrita e como a fonética e fonologia estão diretamente ligadas a estes fenômenos.

PALAVRAS – CHAVES

Estudo; variação lingüística; fala e escrita; fonética e fonologia.

INTRODUÇÃO

É preciso saber que a variação linguística e a interferência da fala na escrita são realidades existentes no cotidiano. Sendo assim não podemos estigmatizá-los e nem tão pouco considerá-las errôneas como denomina a gramática normativa.

Por isto faz-se necessário entendermos a relação da fonética e fonologia no que concerne a fala/escrita e suas respectivas variações.

[1]

Verifica-se então a necessidade de nos aprofundarmos no assunto em questão, pela razão de entender o porquê que algumas pessoas não conseguem perceber a diferença de se pronunciar tais palavras, e aí acabam escrevendo-as da mesma forma como elas oralizam.

Para a elaboração deste artigo, seguimos os seguintes passos: primeiramente, pesquisa de campo, o qual se fez necessário elaborar um questionário referente ao tema da pesquisa, e a entrevista com três docentes.

Logo em seguida foi feita a coleta e análise das redações dos internos do CERGRAP "Centro de Recuperação Graça e Paz".

Após análise dar-se-à redação, revisão e entrega do artigo a docente Teresa Cristina Damásio, do componente curricular Estudos Fonéticos e Fonológicos.

Para a construção de nosso trabalho utilizamos os seguintes teóricos, a saber: Antonio Houaiss (2008), Dinah Callou e Yonne Leite (2003), Eleonora Motta Maia (2001), Gladis Massini - Cagliari e Luis Carlos Cagliari (2005); Ingedore Koch( 2003); Marcos Bagno (2009), Miriam Lemle (2004).

O nosso artigo está dividido em duas secções, a primeira intitulada A variação linguística interrelacionada a fala e a escrita. No qual abordaremos as variações existentes em nossa língua e como estas estão diretamente ligadas ao fenômeno do bem fala e escrever, ressaltando as concepções estigmatizadas. A segunda cujo título será Os encontros e desencontros da fala com a escrita. Nesta secção explanaremos os problemas existentes no âmbito destas modalidades interrelacionando com a fonética e fonologia, destacando a contribuição de ambas para o ensino da linguagem formal e informal, isto é, fala e escrita.

A variação linguística interrelacionada a fala e a escrita

"Linguística: S.f. Ciência que estuda a linguagem humana, a estrutura das línguas e sua origem, desenvolvimento e evolução". (HOUAISS, Antonio e VILLAR, Mauro de Salles, 2008, p.464)

"Variante: Adj. s.f.(o) que varia ou pode variar. S.f. 2. Gram. forma alternativa de uma palavra, p. ex, assobio e assovio 3.Caminho alternativo ou que substitui um trecho interrompido de uma estrada". (idem, ibidem, 2008, p.762)

"Variar: O {mod. 1} t. d 1 tornar diverso; variegado; diversificar, uniformizar, unificar. 2. Apresentar (algo conhecido) como novo aspecto 3. Alternar, revezar. int. 4. exibir aspectos novos ou diferenciados; altera-se, mudar, manter-se 5. Ser diferente; discrepar (as opiniões sobre isso variam) igualar-se 6. Perder o uso da razão; desvairar 7. Mudar de direção; desviar-se t. i. e. int. 8. ( prep. de) optar por ( algo diverso). Como alternativa ao que ´e familiar, comum ( que tal variarmos de cinema?) (vamos sair, só para v.) variação". (idem, ibidem, 2008, p.762)

De acordo com as definições de Houaiss, a linguística, a variante e a variação (variar), estão interligados. Visto que a linguística é a ciência que estuda a linguagem humana, variante é tudo que varia ou pode variar e a variação é tornar diverso ou diversificar; se juntarmos esse tríade, daremos origem ao tema variação linguística que nada mais é que o estudo dos dialetos da nossa língua mãe.

Com base em nossos estudos na área da linguística, torna-se pertinente salientar, que dentro desta, também há espaço para outras áreas, tais como: a fonética e fonologia, porém, daremos enfoque nestas mais adiante, isto é, na segunda secção deste artigo.

Baseado nos estudos fonéticos percebemos que uma palavra pode ter escritas diferentes, mas foneticamente possuem o mesmo som, como por exemplo: o som do [ l] em final de palavras mal e mau, sendo assim podemos perceber que o advento da variação linguística está interligada ao nosso cotidiano, e que de certa forma a fonética vem trazer questionamento a tais variedades.

No entanto não podemos nos esquecer que o fenômeno da variação linguística existe desde os primórdios, assim como o hábito de "rotular" o outro, ditando o que é "certo" ou "errado", que segundo Bagno:

A variação linguística ocorre em todas as comunidades de fala. Não podemos limitar a análise da variação somente aos usos da população rural, pobre, analfabeta, etc. ´E preciso mostrar e demonstrar que a língua falada e escrita pelos brasileiros chamados "cultos" também varia e não corresponde ao que está previsto na gramática normativa. (2009, p.140)

Sendo assim o autor deixa explícito que a variação linguística, ou "erro", como preferem os mais privilegiados, não é um "mérito" só dos não letrados (estigmatizados), mas sim, da sociedade como um todo, visto que esta variação não escolhe sexo, idade, cor ou etnia.

É fundamental observar, que fala e escrita, apesar de possuírem construções frasais diferentes em alguns momentos, estas por sua vez não estão totalmente estanques uma da outra, pois segundo Koch:

Existem textos escritos que se situam, no continuo, mais próximos ao pólo da fala convencional (bilhetes, cartas familiares, textos de humor, por exemplo), ao passo que existem textos falados que mais se aproximam do pólo da escrita formal (conferencias, entrevistas profissionais para altos cargos administrativos e outros). (2003, p.78)

Então diante de tal afirmação supracitada, faz-se necessário indagar: Mito ou verdade? Falar bem é sinônimo de escrever bem ou escrever bem significa falar bem?

De acordo dom a professora "M" trata-se de um "Mito. Na verdade o que existe são pessoas "letradas" o que não significa dizer "alfabetizadas", ou seja, elas dominam muito bema linguagem oral, tem o domínio de vários assuntos, porém não domina o código alfabético (Eu conheço várias) são tidas como analfabetas. Por isso nenhum dos sentidos acima questionados se completam tão pouco são verdades absolutas. Mas são fatores muito relevantes... E que influenciam muito"...

Observaremos agora a resposta dada pela professora "E": "Mito. O primeiro caso é mito pois, ortografia é sempre muito complicado. Já o segundo caso contribui ou aproxima-se mais da verdade embora não seja regra".

Por fim veremos o que disse a docente "C": "Mito. Na minha visão é necessário falar bem para escrever bem. É necessário sim, que se tenha conhecimento que em alguns textos têm-se de ter cuidado com a linguagem utilizada, mais isso não o significa que a pessoa tenha necessariamente que falar bem".

Com isso percebemos unanimidade das respostas, quando as professoras declaram que se trata de um mito a possibilidade de falar bem influir na escrita, principalmente quando Koch ressalta que há textos que mais se aproximam da linguagem informal e outros da formal, no entanto estes não perdem o seu foco principal que é a transmissão de ideias, ou seja, a comunicação.

Mesmo que seja mito, a afirmação de falar bem é escrever bem, nós não podemos dizer que a forma como o sujeito escreveu um determinado texto seja errôneo, por se aproximar da fala, pois como a autora Ingedore Koch nos declarou anteriormente há textos que podem ou não se aproximar da "linguagem coloquial" a depender do contexto e/ou situação, assim como também há falas que podem se aproximar da escrita a depender do momento que esta é utilizada.

Em detrimento desta afirmação, é que devemos analisar a postura de certos professores ao lidar com o novo (o fenômeno da variação linguística) em sala de aula, pois a maioria dos docentes não estão preparados para trabalhar com a variação de seus alunos, e muitos acabam de certa forma estigmatizando esses "garotos e garotas", só porque o seu modo de falar ou a sua fala propriamente dita não está de acordo com a famosa, e por vezes ultrapassada GT (Gramática tradicional).

Com isso o problema no sistema de ensino do país, vem aumentando cada vez mais, pois com a "democratização" das escolas (ainda que falsa) trouxe consigo outra clientela, que veio carregada de diferenças dialetais bastante acentuadas. De repente esses professores se deram conta de que já não mais estavam dando aulas só para aqueles que pertenciam ao seu grupo social. Mas sim, também para outros grupos oriundos das baixas camadas da sociedade, e eles falam diferente.

Entretanto devemos respeitar e aceitar a variação desses novos alunos, pois sabemos que a forma de fala que foi eleita como categoria de língua nada tem aver com a qualidade desta, e segundo Geraldi:

Fatos históricos (econômicos e políticos) determinam a "eleição" de uma forma como a língua portuguesa. As demais formas de falar, que não correspondem à forma "eleita", são todas postas num mesmo saco e qualificadas como "errôneas", deselegantes, inadequadas para a ocasião, etc.(1981, p. 39)

Considerando esta citação devemos refletir que a linguagem não está baseada somente na escrita ou norma padrão, ela também provém da fala das pessoas de classes menos favorecidas quanto das classes elitizadas, Por isso algumas palavras que são pronunciadas de forma diferente pelos falantes de língua portuguesa, tais como: telha (teia), velha (veia), abelha (abêia) não são erradas, pois segundo Bagno estas mudanças vêm ocorrendo na "pronuncia {y} da consoante palatal {λ}, escrita lh, telha, abelha, velha, e que também aconteceu em galego, francês e na maioria das variedades do espanhol"².

Portanto não podemos permitir que em um país miscigenado como o nosso ainda haja preconceito no que concerne a variação linguística ou dialetal e Bagno por sua vez ainda afirma que:

Tanto faz dizer tinha uma pedra no caminho ou havia uma pedra no caminho! Tanto faz me chamo João ou chamo-me João! Tanto faz dizer não se faz mais filmes como antigamente ou não se fazem mais filmes como antigamente! Tanto faz! Tanto faz! Tanto faz! (2009, p.159)

Pois devemos respeita as pessoas como elas são, e não rotulá-las ou estereotipá-las, só porque falam de maneira diferente do que os falantes escolarizados falam, também não devemos pré-julgar o outro pela sua forma de escrever. Bagno vai mais além quando diz:

Se queremos construir uma sociedade tolerante, que valoriza a diversidade, uma sociedade em que as diferenças de sexo, de cor de pele, de opção religiosa, de idade, de condições físicas, de orientação sexual não sejam usados como fator de discriminação e perseguição, temos que exigir também que as diferenças nos comportamentos linguísticos sejam respeitados e valorizados. (Idem, ibidem, p.153)

E mais:

Dizer em voz alta que as formas não-normatizadas também estão corretos é impedir que o conhecimento da norma tradicional seja usada como um instrumento de perseguição, de discriminação, de humilhação do outro. (Idem, Ibidem, p.160)

[2]

Os encontros e desencontros da fala com a escrita

De acordo com Houaiss fonética é: "S.f. estudo dos sons as fala de uma língua – foneticista adj. 2 g". (2008, p. 355)

Fonologia: "S.f. estudo dos fonemas de uma língua – fonológico adj. fonologista adj. 2. g.s. 2g. fonólogo. S.m". (Idem, ibidem, p.355)

Saussure por sua vez diz que:

Fonética é uma ciência histórica, analisa acontecimentos, transformações e se move no tempo. E a fonologia se coloca fora do tempo. Já que o mecanismo da articulação permanece sempre igual a si mesmo. (Saussure apud Dinah Callou e Yonne Leite, 2003, p. 12)

A partir das citações acima percebemos que as duas áreas vão estudar os sons da linguagem humana, mas com perspectivas diferentes, vejamos este excerto que diz o seguinte:

Enquanto a Fonética é basicamente descritiva, a fonologia é uma ciência explicativa, interpretativa; enquanto a análise fonética se baseia na produção, percepção e transmissão dos sons da fala, a análise fonológica busca o valor dos sons em uma língua – em outras palavras, sua função linguística. (CAGLIARI, Gladis-, e CAGLIARI, Luis Carlos, 2005, p.106)

De acordo com o fragmento supracitado é necessário entendermos o objeto de estudo destas duas ciências, a saber, fonética e fonologia, pois ambas são áreas da linguística e estudam os sons da fala que por sua vez contribuem para o trabalho do alfabetizador no momento de alfabetizar.

A interferência da fala na escrita esta bastante presente em nosso cotidiano, principalmente quando algumas deficiências na ortografia são trazidas para a vida adulta, isto é, será que pelo fato deste individuo não ter tido um alfabetização de qualidade, isto poderá prejudicaa sua escrita por toda a vida?

Este questionamento ainda tem causado muita polêmica, pois os pesquisadores têm apontado para outras situações, tais como:

·O meio que individuo faz parte;

·A cultura existente dentro da comunidade a qual pertence;

·E porque que ainda não consegue diferir e/ou perceber que a oralização de uma determinada palavra não é escrita da mesma maneira como ela é falada.

Observemos agora um trecho da carta de um dos internos do CERGRAP (Centro de Recuperação Graça e Paz) que diz o seguinte:

Deus tem uma grandi obra em suas vidas vocês não vinhero aqui ´a-toa meninos continu´i sendo um istrumento nas maos de Deus muito mais Deus tem para fazer Atravez di vocês vocês são ispissiais para Deus e para Nós espero que essa Histori não acabi aqui quiramos ver vocês conosco muitos e muitos vezis Felissidade i agradecimento da Familia Sergrap para vocês

Com este fragmento retirado da carta do senhor A. temos a intenção de mostrar que muitas vezes o modo de falar influência diretamente na escrita dos indivíduos que não tiveram a mesma oportunidade dos mais favorecidos no que se refere à educação de qualidade, por pertencerem a uma classe menos privilegiada.

Observemos a palavra grandi, que de acordo com a GT está escrita de forma "errada", porém se considerarmos a sua pronúncia foneticamente ela estará "correta".

É notório as variações ocorridas no texto do senhor A., entretanto, iremos fazer referência a duas palavras, a saber, acabi e vezis. Nestas é possível evidenciar a discrepância de concepções entre a norma culta e a fonética, pois "o som de [i] em fim de palavras é representado ortograficamente pela letra e"³.

Com base nesta análise iremos observar a opinião das professoras por nós entrevistadas, veremos quais foram as suas respostas quando lhe fizemos as seguintes perguntas:

1.Como e porque a fala pode interferir na escrita? Resposta da docente "C".

Quando a pessoa/aluno não sabe diferenciar fala da escrita, daí, pensa que se pode escrever em texto, pensa que se pode escrever um texto da mesma forma que se fala. É preciso que o professor direcione este aluno nas atividades textuais, explicando que o que falamos não está errado, mas que ao produzir um texto é necessário cuidado com as palavras

Professora "E".

Quando um aluno pronuncia, por exemplo: "probrema", dificilmente ele escreverá: problema, ou seja, nossa escrita está totalmente relacionada à nossa maneira de falar.

Professora "M".

Quando não entendemos/sabemos que a nossa linguagem oral e/ou escrita é regida pela norma culta ou linguagem padrão "gramática", logo acreditamos que a escrita das palavras é igual a forma como a pronunciamos. Isso é perceptível nas crianças quando se deparam com a fase silábica/ silábica alfabética.

Esse conhecimento é adquirido com o conhecimento sistematizado que é apresentado na escola.

[3]

2.É correto afirmar que uma pessoa que não domina a norma culta está condenado a escrever de maneira incorreta? Por quê?Resposta da professora "C".

De forma alguma. A norma culta serve para não fugirmosdo padrão de linguagem, mas não significa que quem não a domina está condenado a escrever errado, ao contrario.

Professora "E".

Não. Claro que não. Pois há sempre possibilidade de novos aprendizados.

Docente "M".

Acredito que a palavra condenado é muito forte. Mas, acredito que seria muito difícil sim.

Observando a primeira pergunta e as repostas dadas pelas respectivas professoras, percebemos que duas delas concordam que a fala interfere na escrita quando o aluno ainda não apreendeu de fato o que são estas modalidades.

Já outra professora foi direta e um pouco "tradicionalista" quando afirmou que o individuo escreve de maneira como fala, mas será que todos apresentam esta característica?

Esta é uma indagação que merece estudo num futuro próximo, porém é valido relembra de outra situações supracitadas , as quais destacamos, a saber: a cultura, o meio em que o sujeito esta inserido, dentre outros.

Considerando o que foi dito pelas docentes diante do primeiro questionamento vimos que no segundo estas também tiveram opiniões divergentes, pois mais uma vez duas delas não concordaram com a suposta afirmação de que uma pessoa não dominar a norma culta está predestinado a escrever de maneira incorreta.

Entre umas das entrevistadas concorda com a suposta afirmação supracitada, ou seja, ela acredita que seja muito difícil, a pessoa escrever de acordo com a GT, pelo fato de não dominá-la.

Veremos outro exemplo de carta, escrita pelo senhor "E" (interno do CERGRAP) que de acordo com a norma padrão está escrito de forma "errada".

A familia UNEB Propocionor um ótimo Projeto, para a familia cergrap eu como um dos aluno do cergrap achei Maravilia eu como " não posso fazer nada mais se a minha Pessoa fosse uns dos direit´ores deste lugar queria a família UNEB aqui Para sempre, não queria-se afastar do Pessoal que foi um ajo para todos nós quero senpre falar com vorses e adorei Muito, as brincadeira, as dinâmica etc: e pricipalmente as apresentação que foi mais risada.

Temos que reconhecer sim, que este texto está fora dos padrões exigidos pela norma culta, porém não podemos considerá-los errado, e nem tão pouco estigmatizar o dono desta, visto que esta é uma manifestação da variedade linguística pertencente a ele. No entanto, "mais interessante do que os problemas ortográficos, neste texto, são as influencias da oralidade na escrita, repetições, uso dos conectivos como "eu", "um", "não", estruturação da narrativa etc."

Assim foi possível constatarmos a grande relação entre a modalidade da fala para escrita, porque como já foi dito anteriormente na primeira secção deste trabalho, há textos que mais se aproximam da linguagem coloquial e outros que mais se adéquam a norma padrão.

É por este motivo que não podemos dizer que tal pessoa escreve "errado, mas sim, diferente, pela razão de que as variações lingüísticas estão presentes e como já nos diz Bagno é preciso que saibamos conviver com elas e mostrando as possibilidades de uso destas para determinadas situações, isto é, fazer com que os nossos discentes tenham o domínio destas variedades e da gramática tradicional e/ou padrão.

[4]

.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização dos estudos acerca de nossa temática ajuda-nos a perceber que existem deficiências não somente na forma como o sujeito escreve, mas como este foi alfabetizado, o grupo social a que pertence e a utilização de uma determinada linguagem para redigir seu texto.

Nisto compreendemos que existem algumas falhas, as quais os culpados, não são apenas o professor ou o aluno, contudo vários fatores vêm sendo pontuados e que

de fato merecem uma atenção maior.

É bem nítida a interferência de nossa fala na escrita, porém, isto não é motivo para que possamos rotular e/ou estigmatizar o outro por se ocupar de uma determinada variante ou por "desconhecer" as regras da chamada GT (gramática tradicional).

Como nos diz Bagno "não queremos fazer um prescritivismo as avessas!", pelo ao contrario, queremos está mais aptos para usarmos tanto a linguagem culta quanto a popular, pois o uso delas estão presentes em nosso cotidiano e não podemos ignorá-las.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAGNO, Marcos. Certo ou errado? Tanto faz! IN Nada na língua é por acaso: Por uma pedagogia da variação linguística. 3ª edição. São Paulo: Parábola editorial, 2009, p.141-161.

CAGLIARI, Gladis Massini- e CAGLIARI, Luis Carlos. Fonética In MUSSALIM, Fernanda e BENTES, Anna Cristina (orgs. Introdução à Linguística, domínios e fronteiras. 5ª edição. São Paulo: Cortez, V. 1, 2005, p.105-139.

DINAH, Callou e LEITE, Yonne. O objeto da fonética e da fonologia In Iniciação à fonética e à fonologia. 9ª edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003, p.11-45.

Geraldi, João Wanderley. Subsídios metodológicos para o ensino de língua portuguesa, Caderno da Fidene. n.18,1981.

HOUAISS, Antonio e VILLAR, Mauro de Salles. Minidicionário Houaiss de língua portuguesa. 3ª edição ver. e aum. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008, p. 355, 464 e 762.

KOCH, Ingedore V. A natureza da fala IN Texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2003, p.77- 81.

LEMLE, Miriam. A alfabetização In Guia teórico do alfabetizador. 16ª edição revista e atualizada, São Paulo: Editora ática, 2004, p.16-31.

MAIA, Eleonora Motta. Descobrindo a fala IN No reino da fala, a linguagem e seus sons. 4 ª edição. São Paulo: Editora ática, 2001, p. 5-13.

ANEXO

Dados pessoais

Nome: Professora "C"

Escola: B

Qual a sua área de formação: Letras (em curso)

Quais são as séries que leciona:

Há quanto tempo leciona:

Questionários

1. Mito ou verdade. Falar bem é sinônimo de escrever bem ou escrever bem significa falar bem?

Mito. Na minha visão é necessário falar bem para escrever bem. É necessário sim, que se tenha conhecimento que em alguns textos têm-se de ter cuidado com a linguagem utilizada, mais isso não o significa que a pessoa tenha necessariamente que falar bem.

2.Como e porque a fala pode interferir na escrita?

Quando a pessoa/aluno não sabe diferenciar fala da escrita, daí, pensa que se pode escrever em texto, pensa que se pode escrever um texto da mesma forma que se fala. É preciso que o professor direcione este aluno nas atividades textuais, explicando que o que falamos não está errado, mas que ao produzir um texto é necessário cuidado com as palavras.

3.Você entende que o seu modo de falar prejudica na hora de redigir (escrever)? Por quê?

Sim, claro, vai depender a que público este texto será direcionado.

4.É correto afirmar que uma pessoa que não domina a norma culta está condenado a escrever de maneira incorreta? Por quê?

De forma alguma. A norma culta serve para não fugirmosdo padrão de linguagem, mas não significa que quem não a domina está condenado a escrever errado, ao contrario.

5.Como é possível no ensino de língua portuguesa, trabalhar com a diversidade linguística, no ensino fundamental interrelacionado com a ortografia oficial?

Tentando fazer um parâmetro entre realidade "cultural" do aluno e a gramática normativa e mostrar que a maneira a qual os alunos falam não está incorreta, mas que é preciso estudar a gramática tradicional.

6.A escola continua reafirmando o preconceito lingüístico para com seus alunos, ou seja, a fala em particular deles continua sendo alvo de críticas, isto é, pondo a oralidade daqueles discentes como "errônea". Como modificar esta realidade?

Tentando criar mecanismo que atraia atenção dos alunos, para isso, o professor precisa, o professor precisa trabalhar em suas aulas diversos textos, músicas que falem da realidade destes alunos e mostrar estas diversidades linguísticas por meio destes textos e/ou músicas.

7.A diversidade linguística dos alunos do ensino fundamental (5ª à 8ª) pode ser um problema para que eles tenham dificuldades de aprender a língua padrão? Que estratégias podem ser utilizadas para ensinar a variante padrão sem desprestigiar as outras variantes.

Exercendo um paralelo entre as duas.

Dados pessoais

Nome: Professora "E"

Escola: VCC

Qual a sua área de formação: Letras (em curso)

Quais são as séries que leciona: Fundamental II

Há quanto tempo leciona: 10 anos

Questionários

1.Mito ou verdade. Falar bem é sinônimo de escrever bem ou escrever bem significa falar bem?

Mito. O primeiro caso é mito pois, ortografia é sempre muito complicado.Já o segundo caso contribui ou aproxima-se mais da verdade embora não seja regra.

2.Como e porque a fala pode interferir na escrita?

Quando um aluno pronuncia, por exemplo: "probrema", dificilmente ele escreverá: problema, ou seja, nossa escrita está totalmente relacionada à nossa maneira de falar.

3.Você entende que o seu modo de falar prejudica na hora de redigir (escrever)? Por quê?

Não, pois, procuro ser bem cuidadosa na oralidade.

4.É correto afirmar que uma pessoa que não domina a norma culta está condenado a escrever de maneira incorreta? Por quê?

Não. Claro que não. Pois há sempre possibilidade de novos aprendizados.

5.Como é possível no ensino de língua portuguesa, trabalhar com a diversidade linguística, no ensino fundamental interrelacionado com a ortografia oficial?

Há inúmeras atividades que priorizam a diversidade linguística, partindo do cotidiano do aluno, pesquisando outros dialetos, por exemplo, de outros estados ou regiões que não só ajudam o aluno a perceber as inúmeras possibilidades de realizações de uma palavra, como o instiga a saber o que a gramática diz sobre o assunto em questão.

6.A escola continua reafirmando o preconceito lingüístico para com seus alunos, ou seja, a fala em particular deles continua sendo alvo de críticas, isto é, pondo a oralidade daqueles discentes como "errônea". Como modificar esta realidade?

É uma questão de respeito, por parte do professor, já que esperar isto dos livros didáticos seria esperar demais de uma classe dominante que faz questão de "dizer" ou afirmar que estão sempre certos e as camadas populares erradas.

7.A diversidade linguística dos alunos do ensino fundamental (5ª à 8ª) pode ser um problema para que eles tenham dificuldades de aprender a língua padrão? Que estratégias podem ser utilizadas para ensinar a variante padrão sem desprestigiar as outras variantes.

Isto dependerá da postura do educador frente a tais diversidades.

Dados pessoais

Nome: Professora "M" (assim gostaria)

Escola: A

Qual a sua área de formação: Pedagogia

Quais são as séries que leciona: Fundamental I

Há quanto tempo leciona: 11 anos

Questionários

1.Mito ou verdade. Falar bem é sinônimo de escrever bem ou escrever bem significa falar bem?

Mito. Na verdade o que existe são pessoas "letradas" o que não significa dizer "alfabetizadas", ou seja, elas dominam muito bema linguagem oral, tem o domínio de vários assuntos, porém não domina o código alfabético (Eu conheço várias) são tidas como analfabetas. Por isso nenhum dos sentidos acima questionados se completam tão pouco são verdades absolutas. Mas são fatores muito relevantes... E que influenciam muito...

2.Como e porque a fala pode interferir na escrita?

Quando não entendemos/sabemos que a nossa linguagem oral e/ou escrita é regida pela norma culta ou linguagem padrão "gramática", logo acreditamos que a escrita das palavras é igual a forma como a pronunciamos. Isso é perceptível nas crianças quando se deparam com a fase silábica/ silábica alfabética.

Esse conhecimento é adquirido com o conhecimento sistematizado que é apresentado na escola.

3.Você entende que o seu modo de falar prejudica na hora de redigir (escrever)? Por quê?

As vezes.

4.É correto afirmar que uma pessoa que não domina a norma culta está condenado a escrever de maneira incorreta? Por quê?

Acredito que a palavra condenado é muito forte. Mas, acredito que seria muito difícil sim.

5.Como é possível no ensino de língua portuguesa, trabalhar com a diversidade linguística, no ensino fundamental interrelacionado com a ortografia oficial?

Inicialmente estabelece uma relação de confiança entre educador x educando, onde o educador iria oralmente explicar para os educandos sobre a gramática /norma culta, suas funções, etc. Faz-se necessário também trabalhar com o dicionário, entre outras atividades... Tudo isso sem discriminar a variedade linguística que é uma questão também cultural em nosso país.

6.A escola continua reafirmando o preconceito lingüístico para com seus alunos, ou seja, a fala em particular deles continua sendo alvo de críticas, isto é, pondo a oralidade daqueles discentes como "errônea". Como modificar esta realidade?

Infelizmente existem "professores" (e não educadores) que andam por aí assassinando gente, estereotipando o tempo todo seus alunos o tempo destes profissionais está se esgotando.

7.A diversidade linguística dos alunos do ensino fundamental (5ª à 8ª) pode ser um problema para que eles tenham dificuldades de aprender a língua padrão? Que estratégias podem ser utilizadas para ensinar a variante padrão sem desprestigiar as outras variantes.

Idem questão 5.

ipiaú 18 di desembro 2009

Carta do Senhor "A".

"A" obreiro do sergrap gostaria di mim espressar em poucos palavras sobri tudo que Aconteceu Aqui nestes 2 dias que os queridos e sinpaticas professoras as unebi estivera aqui sendo elas Suzane, Nara, Ana, Fabianí, Marcelo Valmira elas mudaram a rotina do cergrap foram momentos majicos que vivemos com elas aqui elas trousera alegria e muita paz para nossos coracois quero dizer que a prezençadi delas aqui contribuiu para sará muitos coracois

Deus tem uma grandi obra em suas vidas vocês não vinhero aqui à-toa meninos continu´i sendo um istrumento nas maos de Deus muito mais Deus tem para fazer Atravez di vocês vocês são ispissiais para Deus e para Nós espero que essa Histori não acabi aqui quiramos ver vocês conosco muitos e muitos vezis

Felissidade i agradecimento da Familia Sergrap para vocês

não só lia A Biblia mas pratiquia

Tiago 1.22que Deus abencoi

Carta do Senhor "E".

Projeto ótimo:

A familia UNEB Propocionor um ótimo Projeto, para a familia cergrap eu como um dos aluno do cergrap achei Maravilia

eu como aluno não posso fazer nada mais se a minha Pessoa fosse uns dos direitóres deste lugar queria a família UNEB aqui Para sempre, não queria-se afastar do Pessoal que foi um ajo para todos nós quero senpre falar com vorses e adorei Muito, as brincadeira, as dinâmica etc: e pricipalmente as apresentação que foi mais risada.



* Artigo apresentado a Prof. e Ms. Teresa Cristina Damásio, do componente curricular Estudos fonéticos e fonológicos, como complementação de nota do curso de Letras vernáculas, da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, campus XXI – Ipiaú.

** Discentes do 4° semestre, vespertinos.

[2] BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. 3ª edição. São Paulo: Parábola editorial, 2009, p.

[3] LEMLE, Miriam. Guia teórico do alfabetizador. 16 ª edição revista e atualizada. São Paulo: editora ática, 2004, p.30

[4] GERALDI, João Wanderley. Subsídios metodológicos para o ensino de língua portuguesa. Caderno da Fidene, n.18, 1981, p. 130.