Temos na fronteira de Livramento/Rivera um ditado que diz: "El vivo vive del sonso y el sonso de su trabajo".

Isso se aplica perfeitamente às figuras daqueles caras de pau que pedem dinheiro em nome de Deus.

Houve um tempo em que nas igrejas se vendiam indulgências, o que, entre outras coisas, motivou a Reforma, levada a cabo por Lutero e outros antes e depois dele.

Hoje alguns picaretas se atiram de curandeiros, vendem lugares no céu e conferem até diplomas assinados pela divindade.

Há exploradores e otários pra tudo.E se merecem mutuamente.

Os verdadeiros emissários de Deus são aqueles que fizeram votos de pobreza e que, sem nada possuírem e sem nada ganharem materialmente, às vezes sem terem nem o que comer, saíram a pregar o Evangelho.

João Batista foi um dos primeiros a fazer isto.E também o profeta Jeremias.

Mais tarde houve figuras como Francisco de Assis, Joana D'Arc, Mahatma Ghandi e Madre Teresa de Calcutá.

E quase todos eles foram perseguidos, mortos ou abandonados à própria sorte pelas instituições humanas.

Conheci pessoas honestas e piedosas que fizeram de suas vidas um sacerdócio e ajudaram muita gente sem nada pedir em troca.

Algumas destas pessoas morreram em asilos. Outras ainda são encontradas nesta situação e abandonadas por sua própria congregação religiosa.

Entre as figuras piedosas e notáveis da Igreja, quero lembrar o Papa João Paulo I e três padres extraordinários.

O Papa João Paulo I, Albino Luciani, enquanto patriarca de Veneza, tornou-se conhecido como o Pai dos Necessitados.Todos se lembram da doce criatura que era o Papa Sorriso, cheio de bondade e amor pelo próximo. Era tão bem intencionado que se continuasse vivendo provavelmente iria mudar muita coisa em benefício dos fiéis, dos sacerdotes e da própria Igreja.

Quanto aos três padres, os dois primeiros já faleceram.

O primeiro deles era o padre Orlando Viana. Grande figura humana. Quis montar anexo à sua capela um consultório e um laboratório para atender de graça às pessoas carentes, mas infelizmente não obteve para isto o necessário apoio. Fez o que pode por conta própria para ajudar os pobres.

O segundo era o Padre Basilio Volpato. Da porta da igreja para dentro um sacerdote, da porta para fora um verdadeiro amigo da comunidade de sua paróquia.  Incansável em seu trabalho de evangelização e de assistência social, procurava apaziguar desavenças familiares, aconselhava casais e ajudava aos pobres e necessitados.

O terceiro é o Padre diocesano Edson Dachi, autor de dois livros inéditos sobre filosofia, que direcionou a sua bondade caritativa em cuidar dos animais abandonados.Enquanto gozava de boa saúde, numa casa que alugara em cima do cerro do Marco, vivia rodeado de seus cães e gatos, e, para os alimentar, gastava quase todo o seu salário.Hoje mora no Asilo dos Velhinhos.

Todos estes servidores de Deus, cada um ao seu modo, fizeram de suas vidas um sacrifício independente e voluntário à causa do sacerdócio.

(Luciano Machado)