Os diversos mundos.

 

Tenho que ficar eternamente.

Brigando com Fernando pessoa.

 Fico até triste.

Pelo fato de ter escrito.

Por não saber.  

Quantas almas ele tinha.

Sei que suas almas.

Referiam os seus mundos.

Volitivos.

Não sei se você teria.

Especificamente um mundo.

 Um centro de gravidade.

 Portanto, referem-se as suas.

Tantas almas.

Quando você constantemente.

Mudou-se.

Isso significa que foram diversos.

Fernandos.

Mas na prática apenas o Pessoa.

Mudou a cada momento.

É exatamente o que acontece comigo.

Eu nunca fui as variáveis.

 Dos edjares.

Porque nunca existiu o Edjar.

Existiu o rosto dele.

O corpo dele.

Como pêndulo do entendimento.

Negado.

Mais axiologicamente o nome.

Do edjar.

Essa etimologia será eterna.

Mas o Edjar mesmo nunca existiu.

E jamais existirá.

Ontologicamente.

Mesmo que queira que exista.

Nada disso será além de uma intuição.

Porque ele mesmo é inexistente.

Como você sempre foi.

Nunca percebeu.

Entao enganou-se com os diversos Fernandos.

Mas cada um dos Fernandos superados.

Entendeu-se  continuamente estranho.

Você nunca viu você mesmo.

O zênite da ponderação.

Do mesmo modo o Edjar.

 Nunca encontrou com ele mesmo.

 Com outros que desejavam ser.

Exatamente sem saber.

Motivo pelo qual o Edjar.

Nunca escolheu ser um dos mundos.

A nossa diferença

Você escolhia os mundos.

E desejava ao mesmo tempo.

Destruí-los.

O Edjar não escolheu os mundos.

Procurava a destruir a si mesmo.

Antes da efetivação de todos eles.

Suas vicissitudes.

Motivo pelo qual  foi sempre outros.

Consecutivamente.

Para não ser absolutamente ninguém.

Desse modo superou a cultura.

E tudo que provem dela.

 Você antes de revolucionar a si mesmo.

Criava seus caminhos.

Versânios.

Metaforicamente.

Muitos deles irracionais.

Vossas veleidades.

E quando desejava negá-los.

Recusava a sua própria alma.

Você diz nunca ter visto você mesmo.

E que nunca  terminou-se.

A grande diferença nossa

Eu sequer procurei me ver.

Entender-me.

 Não tive nem mesmo desejo.

O meu ser não  se iniciou.

Sua existência.

Tem o princípio do acabamento.

Inexequível.

Motivo pelo qual não tive propósito.

De me acabar.

 Sempre me imaginei uma ficção.

Pensei no mundo meu.

Não sendo absolutamente nada.

Inexcedível.

 Ao próprio mundo.

Por fim consegui concluir.

O que você disse.

Que do tanto ser.

Só se tem uma alma.

O que significa ser o Fernando Pessoa.

Apenas.

Nunca conseguiu separar sua realidade.

Da etimologia do vosso nome.

Por que refletir então.

Litofilogicamente.   

Quem tem alma.

Não tem alma.

Quem não tem alma.

Não tem mundo.

Eu não tenho mundo e nem alma.

Eu só tenho a tecnicidade do meu nome.

 A figuração dele.

Filologicamente.  

Motivo pelo qual o mundo meu.

Não é o meu mundo.

 Posso mudar a qualquer hora.

E aceitar ser outro mundo.

Com fiúza.

 Mas preciso de um motivo.

Excepcional.

Até tenho esse motivo.

Mimeticamente.

Mas a revelação dele é um segredo.

A necessidade da passagem.

Para realização de um efeito.

 Observacional.

Quem tanto pede não sabe ainda.

A valorização de um sonho.

O meu mundo é um segredo.

Indelével.

O vosso uma destinação.  

Não aceitaria ter outro mundo.

 Por qualquer motivo frágil.

E muito menos aceitaria.

Pela própria razão do mundo.

 Porque na verdade não existe.

Apofanticamente.

Nenhuma razão para nada disso.

Quem tem alma não tem calma.

Perfunctória.  

E quem não tem alma.

Tem toda paz do mundo.

Posso ser e posso não ser.

Porque não sou preso as ideologias.

O meu mundo nega.

 Os demais mundos.

Perlongados.

E supera também as ideologias.

 Dos mundos.

Que ainda não fui.  

Atento ao que você vê.

Entao quem percebe.

Não é quem entende.

 O mundo é a não significação.

Dos seus sonhos.

 Como não tenho sonhos.

As minhas vontades realizam.

Razão pela qual sou feliz.

Peremptoriamente.             

Nunca quis ser igual a eles.

Atento apenas o que vejo.

O que sou.

E tudo não tem razão de ser.

Cada sonho meu.

É inexaurível.

Diferentes dos seus sonhos.

Porque tudo que sonho.

Não é  continuidade.

Sou a imagem de uma ficção.

 De uma passagem.

Temerária às vezes.

Você é o seu próprio caminho.

Mas também a minha estadia.  

De tudo que nasce.

A sua recordação.

Sei que você não sabe sentir.

Onde de fato está.

Eu sequer estou.

 Nem  mesmo tenho.

 Que sentir.

A minha vida é despegada.

Por ser alheio ao mundo.

 É  a mim mesmo.

Sou como páginas não lidas.

Pífanos.     

De uma grande obra.  

Mas o seu mundo me interessa.

Imprescindivelmente.

Por ser exatamente o seu.

E por existir um grande segredo.

Entre o seu mundo e o meu.

O desejo da minha percepção.

Exuberantemente pertinente.

Sem picardia.

Queiramos ou não.

Necessariamente será eterno.

Edjar Dias de Vasconcelos.