OS DESAFIOS DO ENSINO DE LIBRAS

 

Benedita Luciana de Moraes

 

Resumo

 

A finalidade deste artigo é, pois aludir os desafios do ensino de libras para educação da atualidade. Sabemos o quanto as libras são importantes sendo estas o principal instrumento de comunicação das pessoas com deficiência auditiva, e deste modo tornando-se elemento de suma importância para o processo de ensino e aprendizagem do século XXI. Procura-se aqui evidenciar  os principais desafio para que esta seja um pratica de sucesso  para escola e para os portadores de deficiência auditiva. A interação social do PNE tem sido um tanto difícil ao longo da história como se pode perceber, todavia cabe à escola cumprir sua função social de proporcionar o cenário de potencializarão de habilidades interativas para estas pessoas. A escola é lugar de respeito às diferenças e a pessoa humana, logoum espaço aberto e adequado ao ensino inclusivo.

 

 

Palavras-chaves: Libras. Desafios. Educação.

 

 

  1. 1.      INTRODUÇÃO

 

 

Procura-se através deste diálogo cognitivo trazer para foco das discussões os principais desafios que implica o ensino de libras para educação da atualidade. Entendendo que não basta oferecer o ensino de libras na escola regular, é, pois preciso um processo de quebra de preconceitos e que busque a valorização dos profissionais. Somente conformação profissional sólida será possível incluir deficientes auditivos numa construção eficiente e de qualidade.

Neste artigo propomos um diálogo com a questão do ensino inclusivo de libras em escola públicas, bem como os desafios que estão colocados a esta prática tão importante nos dias atuais. Desta os objetivos que estarão em foco neste trabalho são os de evidencia a importância do ensino de libras em instituições escolares, tornando-as cada vez mais um espaço público e de todos. Um espaço de superação, de respeito e vivência de valores humanos. Um espaço onde a pessoa com deficiência possa se sentir valorizada e encontre condições para desenvolver e potencializar habilidades e acima de tudo interagir com respeito e dignidade.

Para isto usar-se-á a metodologia de estudos bibliográficos onde serão colocadas ideias de autores como: Costa (2010),Silva (2003)SILVA SOUZA (1998), TOMAZ (1998), SKLIAR(1997) e outro que tiverem contribuições consideráveis na constituição deste diálogo.

  1. 2.      O ENSINO DAS LIBRAS NO FOCO DA HISTÓRIA

O portador de deficiência auditiva foi sempre tratado com indiferença pela sociedade, houve momentos na história da humanidade que cruelmente foram considerados inúteis ou incapazes. Na sociedade contemporânea o uso da fala continua sendo fortemente valorizado, porém aqueles que não faziam uso da linguagem oral não podem ser deixados de lado, á margem de todo processo de produção humana, como dantes.

O fato dos portadores de surdez não fazerem uso da linguagem oral fazia com que a sociedade os vessem como seres não pensantes incapazes de raciocinar. Logo se não racionavam, não pensavam, não necessitavam ir à escola. Este pensamento desumano permaneceu por muito tempo.

Costa (2010) assevera que essa situação foi ao poucos sendo contraposta através de pequenas iniciativas isoladas nos idos do século XVI. Com a força das organizações filantrópicas e movimentos de defesa ao portador de necessidades especiais, o surdo passar se visto como sujeito. Agora ele visto como individuo que é capaz de adquirir a linguagem e se comunicar com os outros de forma a expressar seus sentimentos e ocupar os espaços sociais.

A história nos mostra que ao poucos esta visão castradora foi sendo vencida e algumas iniciativas tímidas se dão no intuito de incluir a pessoas surdas.  O século XVIII, destacou-se metodologia do o abade francês Charles Michel de L'Epée(1712-1789). De acordo com Silva (2016) L'Epée foi responsável pela criação de um asilo para surdo na França onde ensinou  por meio de sua metodologia da língua gestual, mais conhecida atualmente com língua de sinais.

L’Epee acreditava que os surdos podiam ler e escreve  e expressarem suas ideias, com isto trouxe consideráveis contribuições  para educação especial da atualidade. Silva (2003) salienta que:

Em 1775, L'Epée fundou a primeira escola pública para o ensino da pessoa surda, em Paris,  onde  professores  e  alunos  utilizavam-se  dos  sinais  metódicos,  sendo  seus  trabalhos divulgados em reuniões periódicas com objetivo de discutir os resultados obtidos. Para L'Epée a linguagem de sinais seria a língua natural dos surdos e, por meio dela, poderia desenvolver o pensamento  e  a  comunicação.  Em 1776, publicouum  livro  para  relatar  as  suas  técnicas. Sua escola, em 1791, tornou-se o Instituto Nacional para Surdos-Mudos em Paris.

Mas só na década de 90 com a declaração de Salamanca que a discussão da necessidade de educação por parte da pessoa surda, é ampliada e trazida para o cenário mundial como prioridade. A partir de então o conceito de necessidade especiais não se restringe em oferecer um lugar separado da sociedade falante. Necessidades especiais agora são vistas como práticas diferenciadas e não separatistas. Que podem e devem acontecer dentro das escolas regulares. Dai então a ideia de inclusão escolar dos portadores de deficiênciaque traz como principio fundamental o seguinte:

Principio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças devemaprender juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que elas possam ter. Escolas inclusivas devem reconhecer e responder às necessidades diversas de seus alunos, acomodando ambos os estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de um currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, usam de recurso e parceria com as comunidades.  Naverdade deveria existir uma continuidade de serviços e apoio proporcional contínuo ás necessidades especiais encontradas dentro da escola.  (BRASIL, DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. 1994 p.05).

 

A inclusão fica mais evidente na forma da lei no Brasil com a aprovação da Resolução n° 02/2001 pelo Conselho Nacional de educação que lançou as diretrizes do ensino para os portadores de deficiência. O documento ainda comporta as diretrizes para a educação especial na Educação Básica com inclusão de portadores de surdez com processos metodológico e pedagógico diferenciado e uso da linguagem de códigos. E em 2002 a Língua Brasileira de Sinais foi oficializada no Brasil pela Lei 10.436, de 24 de abril, (BRASIL, 2002) que dispõe sobre a obrigatoriedade do seu reconhecimento como língua da comunidade dos surdos conforme o Art.1º e seu parágrafo único. 

  1. 3.      ALÉM DA QUESTÃO DE DIREITO.

 

 

O ensino de libras vai além da questão do direito que tem o PNE de poder freqüentar a escola pública. Não basta incluir crianças portadoras de necessidade especial. É preciso criar uma concepção política e pedagógica capaz de sensibilizas  a escola e a sociedade para que se produzam cenários de discussões, de  direitos, de cooperação. E assim estes alunos poderão receber ensino de qualidade e com respeito ás suas individualidades. Neste campo se concetram três concepções importantes que validam a inclusão do portador de surdez na escola do século XXI. Estas concepções estão lastreadas de valores e outros elementos que constituem o processo inclusivo não somente em caso de surdez, mas em qualquer deficiência.

3.1. Concepção de cidadania

 

Com muita propriedade, Santos Boaventura (1997), argumentam que "temos o direito de ser iguais sempre que as diferenças nos inferiorizem; temos o direito de ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracterize".   É impossível falar de cidadania sem focarmos o estado de direitos que caca pessoa tem coletiva e individualmente. A cidadania não é constituída de coisas ou sentimentos inconsistentes, pelo contrario é uma prática constante. A escola inclusiva deve fomentar a criação de cenários que se dê das práticas de aprendizagem significativas que favoreçam este exercício constante. A cidadania é o que nos coloca na linha da igualdade, logo se não somos iguais no campo dos direitos não somos cidadãos.  

Na perspectiva inclusiva, suprime-se a subdivisão dos sistemas escolares em modalidades de ensino especial e regular. As escolas atendem às diferenças sem discriminar, sem trabalhar à parte com alguns alunos, sem estabelecer regras específicas para se planejar, para aprender, para avaliar. (MANTOAN, 2003, p. 25)

Enquanto cidadãos temos os mesmos direitos e os mesmos deveres, e estes se que se incorporam às nossas vivencias. Nem uma prática de ensino será eficaz se não promover a cidadania ou pelo menos o respeito a ela.

Deste modo para que o ensino de libras seja de fato uma prática que promova a cidadania, deve-se buscar uma ruptura com as dinâmicas tradicionais que existem na escola, abrindo suas portas para uma nova cultura inclusiva. Ampliando essa dinâmica além para o desenvolvimento cognitivo, ensinar libras não é focar o olhar na deficiência, mas sim na escola como um todo e no processo de ensino e aprendizagem. É permitir que a cultura surda encontre chão numa escola pública e de todos. Não queremos aqui contrapor a cultura ouvinte, pelo contrário colocá-la em consonância.  Todavia este é um processo que vai muito mais que estabelecer uma relação onde o surdo se sinta tão cidadão quanto o ouvinte, mas sim estabelecer uma nova cultura orgânica da escola. Assim:

A inclusão diz respeito a todos os alunos, e não somente a alguns. Ela envolve uma mudança de cultura e de organização da escola para assegurar acesso e participação para todos os alunos que a freqüentam regularmente e para aqueles que agora estão em serviço segregado, mas que podem retornar à escola em algum momento no futuro. A inclusão não é a colocação de cada criança individual nas escolas, mas é criar um ambiente onde todos possam desfrutar o acesso e o sucesso no currículo e tornarem-se membros totais da comunidade escolar e local, sendo, desse modo, valorizados. (MITTLER, 2003, p. 236)

A cultura surda quando respeitada na escola, propicia a vivencia de projetos de vida que se configuram nas pratica pedagógicas e cidadãs. A escola é ponto de partida, para que esta cultura se torne uma prática de todos e os pré-conceitos sejam extirpados de qualquer conduta humana.

 

Silva (2000, p. 100)

 

 

Os estudantes e as estudantes surdos devem ser estimulados a explorar as possibilidades de perturbação, de  transgressão,  de  subversão  das identidades de fronteira denunciando a artificialidade”. Isto porque a cultura surda sempre tem uma oposição as particularidades da cultura ouvinte  e  encontra  sua  forma  profunda,  a  estrutura  profunda  de  sua vida cultural na visão. Ela aceita as particularidades decodificando e codificando-as novamente. Por definição a cultura surda é um espaço contraditório, um local de contestação estratégica.

 

3.2. Concepção da dignidade humana

Incluir é, pois voltar o olhar para a singularidade humana e pensá-la como principio. Muitas pessoas confundem a valorização da dignidade humana com certo sentimento de pena, de piedade.  Porém dignidade humana envolve não sentimentos, mas ações que voltam para vida. Senge (2005) salienta que o processo de dignificação da humanidade está envolto de aceitação, de um modo simples de ver a vida e as pessoas, evitando ações excludentes.

 O homem é se complexo e deve enxergar outro em toda sua complexidade, em suas diferenças humanas, e só desta forma a dignidade pode ser resgata. Conforme Mantoan (2002) nos diz que “a inclusão é um conceito que emerge da complexidade, dado que a interação entre as diferenças humanas, o contato e o compartilhamento dessas singularidades compõe a sua idéia motriz” (p. 86).

O portador de necessidade especial em sua maioria já vive um conflito interno pelo fato de ter que percorrer caminhos diferentes para alcançar suas metas. A discriminação e falta de respeito para com este tem um dos fatores que distanciam estas pessoas das práticas educativas. Desta forma podemos dizer que a escola pública tem o dever e a responsabilidade social de promover o respeito a estes indivíduos, tendo como princípio da prática pedagógica a preservação da dignidade humana nos recintos escolares.

3.3. Concepção identitária

Na ótica de autores como SILVA, HALL e WOODWARD (2000) o diálogo sobre identidade é visto na perspectiva da produção social e local, tecidas numa trama que gera a prática social. Neste sentido refere-se a critérios de pertenças, mas também de valores que norteiam a convivência e o funcionamento das regras.

Par um portador de necessidade especial estar em uma instituição de ensino e receber o mesmo tratamento que os demais indivíduos, significa muito mais que freqüentar uma escola, é tomar parte de um processo que lhe garante a identidade de ser humano, é sair do gueto da exclusão e do silêncio e se inter-relacionar com as pessoas.

A busca indenitária da qual falamos aqui, não se trata de ser visto como diferente passível de dó ou coisa parecida, pelo contrário se trata de ser visto como o ser humano que é e que possui habilidades individuais que pode ser colocadas a serviço do coletivo. A escola pública de qualidade deve dar contade apresentar as setas no caminho desta busca que as vezes é pessoal mas pode  e deve ser orientada por coletivo.

De acordo com SILVA (2000) existe nos dias atuais uma escola com formação autoritária e segregacionista de perspectivas controladoras e nelas esta apoiada uma inclusão escolar que afeta a construção identitária tanto profissional como do sujeito incluído. Assim fica constituído o paradigma e a crise identitária no âmago da inclusão. A questão identitária não se firma pelos aspectos psicológicos ou paradidáticos  mais intimamente pela cultura  que fruto da experiência humana.

 

A especificidade do sujeito que aprende não se restringe ao aspecto psicológico da aprendizagem, entendido como processos de funcionamento mental, mas tem que ver com valores, interesses, experiências, cultura, escolhas, rejeições, fins que encaminham internamente as suas ações físicas e/ ou mentais, motivando-o a conhecer, a tomar consciência de si mesmo e do seu entorno. (MANTOAN, 2001, p.61)

 

  1. 4.      PORQUE É IMPORTANTE ENSINAR LIBRAS NA ESCOLA.

 

 

Em primeiro lugar, deve-se ficar claro que a escola é lugar do exercício da democracia. E partindo deste grande principio se torna um espaço de interação social que possibilita o desenvolvimento humano, num processo de potencializarão de habilidades e de inclusão. E quando tratamos aqui da questão inclusão não estamos separando esta ou aquela necessidade, mas nos referimos ao termo generalizado enquanto política pública e universal. E a escola pública deve ser a máxima deste pensamento. Desta forma evidencia-se a escola como espaço favorável para o ensino de libras, uma vez que o portador de deficiência auditiva não está impossibilitado de interagir socialmente, tão pouco de potencializar habilidades ou desenvolve-las.

Assim a importância da língua de sinais na escola ultrapassa sua significância para o desenvolvimento da pessoa surda. É, pois uma oportunidade de a escola fomentar o processo de inclusão desta pessoa em todas as áreas da vida humana. Não basta que o ensino de libras seja um novo componente curricular, é preciso que haja a adequações necessárias. E que este não sejamais uma faze de isolamentoe sim um dinâmica de interatividade entres as possibilidades de comunicação entre ouvintes e não ouvinte.

Nestes termos vale dizer que escola deve propor as possibilidades de atendimento uma vezque dela dependem as decisões político-pedagógicas. É claroque ao oferecer esta opção de ensino  a escola deve ter claro  o salienta  Skliar (2005): “Usufruir da língua de sinais é umdireito do surdo e não uma concessão de alguns professores e escolas”. A partir desta colocação fica evidenciado alguns desafios para o ensino de librasnas instituições escolares, que assim se dispõe:

4.1   Desafio do respeito ás diferenças

 

 

Quando tratamos a questão do respeito as diferenças, focamos o nosso diálogo na individualidade de casa pessoa.é preciso que a escola reconheça esta individualidade e envolva o individuo em suas especificidades  numa trama que o respeite  e o valorize. Pois o surdo ou ouvinte não são melhores ou piores com relação ao outro, são pessoas humanas, dotadas de possibilidades e diferenças. A inclusão do deficiente auditivo deve ser integral, acima de tudo, digna de respeito e direito a educação com qualidade atendendo aos interesses individuais e nos grupos sociais.

Santos e Frazão (2000) argumentam que para que ocorra o respeito às diferenças é necessário um engajamento profissional e por sua vez este engajamento trás algumas implicações que assim se dispõe:

 

 A primeira implicação está em reconhecer que o respeito está diretamente relacionado às atitudes. Atitudes no cotidiano escolar, onde gestos e olhares podem resumir os pensamentos.

Uma segunda implicação reside na consideração de que as atitudes, por sua vez, relacionam-se estreitamente ao modo como interpretamos e definimos as diferenças, e qual a representação que fazemos delas. Por exemplo, de acordo com o Dicionário Aurélio, a palavra 'respeito' pode ter o sentido de reverência, de submissão, de ponto-de-vista, de motivo, de referência, ou mesmo de temor.  A partir do acima colocado, e aqui entramos na terceira implicação, parece-nos óbvio que dependendo da interpretação que dermos a 'respeito' (que por sua vez depende da nossa vivência deste conceito, a criação que tivemos relativa ao conceito de respeito), teremos uma atuação social de acordo com essa interpretação. Se entendermos por respeito uma relação de reverência e submissão, expressaremos este entendimento em nossas relações sociais. Se entendermos que respeito é temor, medo e receio se manifestarão condutualmente esse entendimento de outras formas. E assim por diante. (SANTOS e FRAZÃO 2000, p 01)

 

4.2    Desafio da mudança na visão de escola

A escola que a inclusão exige está longe da escola atual. E no que se refere ao ensino de libras que significa mais que ensinar, mas também expressar a cultura surda no espaço escolar. Isto exige uma nova visão de escola. É precisa uma escola que lance o  olhar para o novo, para o humano, forjando uma dinâmica que seja essencialmente humana e que de conta de toda esta interação com as diferenças. Não estamos falando aqui de uma nova escola, mas no redimensionamento da escola que temos, isso implica novas práticas profissionais, novaprodução de sentidos, valores e identidades. E desta forma é preciso rever o papel social da escola com a inclusão.

4.3  Requer formação profissional

Outro  desafio que está posto para o ensino de libras nas instituições escolares é sem dúvida, a formação dos professionais da educação.  Entendo aqui que profissionais da educação são todos aqueles que se envolvem no processo de ensino e aprendizagem. A falta de conhecimentos de libras por partes dos professores de escolas públicas tem sido gritante. É preciso que a formação docente se modernize se aproprie das tecnologias e as use em prol da inclusão.

[...] a inclusão é um motivo para que a escola se modernize e os professores aperfeiçoem suas práticas e, assim sendo, a inclusão escolar de pessoas deficientes torna-se uma conseqüência natural de todo um esforço de atualização e de reestruturação das condições atuais do ensino básico. (MANTOAN,1997, p.120)

 Assim podemos dizer que a ausência de projetos de formaçãode professores acaba por prejudicar   o ensino de libras. Uma vez que este requer qualidade e prestação na prestação do serviço, já que estamos lidando com o desenvolvimento da pessoa humana. É preciso estabelecer um plano de ação político-pedagógico que envolva a inclusão das pessoas portadoras de necessidades especiais. Faz-se necessário lembrar que a Educação Especial delineia um processo de construção e compreensão de posicionamentos quanto às orientações e diretrizes atuais. Nesta linha de pensamento podemos dizer que escola inclusiva é aquela que não tem medo de correr o risco e tem a ousadia de questionar a vida, a sociedade, as estruturas e a as políticas  na busca do redimensionamento de prática, espaços e identidades.

4.4   O desafio da família

É preciso que se entenda de uma vez por todas que a escola inclusiva  precisa do paio da família para que a inclusão de fato aconteça, uma relação positiva entre ambos é extremamente necessária e pode dinamizar o processo da inclusão. A família e a escola são dois aliados importantes neste processo de inclusão e esta parceria pode se mostrar fortemente favorável á projetos de vidas.

É importante que a família esteja inserida no ensino principalmente com relação às libras uma vez que este conhecimento é para possibilitar a comunicação com o mundo e esta começa em casa. Assim é necessário ser feito um trabalho de conscientização e sensibilização da família. Isto é essencial para a construção de uma sociedade justa e igualitária, na qual as diferenças sejam consideradas e respeitadas. E o surdo é visto como pessoa dotada de direitos.

O primeiro passo é integra as famílias nas atividades. Os pais têm que estar informados dos acontecimentos escolares e todas as atividades de seus filhos, isso favorece a relação de parceria.  Pois para Gomes (2010, p 16):

A família e a escola são pontos que apóiam ao educando, quando melhor for a parceria entre ambas, mais positivos e significativos serão os resultados da sua formação. O papel dos pais na escola deve ser permanente. É importante que os pais, professores compartilhem experiências, entendem e trabalhem as questões que os envolvem sem cair no julgamento ``culpado e inocente ``, mas buscando compreender as nuances de cada situação.

Assim podemos dizer que a família é por excelência o melhor espaço educativo e se configura elemento indispensável á inclusão dado ao fato do seu poder afetivo que potencializa o processo cognitivo. Sem falar de ser um espaço favorável ao diálogo e ao desenvolvimento de habilidades.

  1. 5.      CONCLUSÃO

A partir do diálogo que se travou ao longo da elaboração deste artigo, pode-se concluir que o ensino de libras é fundamental importância na educação atual, uma vez que as pessoas com deficiências auditiva foram ao longo da história humilhadas e excluídas do meio social.

Assim alguns desafios estão propostos sem a superação dos mesmos o ensino ofertado não será eficaz, dentre os quais o mais latente é formação profissional. Por muitas vezes a falta de formação é traduzida em forma de preconceito em quanto na verdade é meramente a questão do preparo da profissional.

Mediante este contexto este trabalho reafirma a importância e os desafios do ensino de libras em instituições escolares, pois sabemos que há muito se fazer ainda no que se diz respeito sobre a educação especial.  E escolas precisam apropriar-se mais dos recursos linguísticos para os deficientes auditivos e traze-los para o cenário de ensino e aprendizagens. E de forma concreta e respeitosa numa dinâmica que coloca os valores humanos em foco incluir não os deficientes auditivos, mas as pessoas em suas especificidades.

 

  1. 6.      REFERENCIAIS BIBLIOGRÁFICOS.

 

 

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