Os Desafios da Escola Diante a Alienação do Estado

ADAILSON DOS SANTOS SENA[1]- HISTORIADOR  PROFESSOR SUBSTITUTO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ – UFOPA-2014

 

RESUMO

O artigo a seguir, trata dos problemas que a escola enfrenta, com relação a ser uma instituição totalmente alienada ao Estado que a sustem, ou seja, vem mostrar, que não especificamente por falta de um bom gestor, ou algo assim, o seu processo de ensino-aprendizagem, não surte tanto efeito no desenvolvimento intelectual da sociedade. E tal fato não é um problema da atualidade, mas já acontece, em nosso país, desde o seu período de ainda colônia portuguesa, quando a educação brasileira foi inicialmente gerida pelos jesuítas, os quais tinham o papel de ensinar os colonos a servir a monarquia que os comandava. O texto também mostra o quanto a educação é fator contribuinte para a propagação da desigualdade social existente em nosso país, e também nos remete ao contentamento dos profissionais da aérea de educação.

PALAVRAS CHAVE: Escola, alienação, desigualdade social.

INTRODUÇAO

O que significa ser cidadão no Brasil? Qual é a função da escola e de seus professores? O que significa educar para a cidadania no contexto escolar, considerando a realidade vivenciada pelos educandos? A presença de graves problemas sociais que atingem milhares de brasileiros. Como a escola pode contribuir para equacionar e encaminhar soluções para tais questões?

A escola é, e sempre foi, o lugar de onde o homem adquire conhecimento. Porem a mesma, ainda que possa exercer a sua autoadministração, ainda esta totalmente alienada ao poder do Estado, que a mantem em pleno gozo de suas atribuições educacionais.

A escola é um importante espaço público frequentado pelas crianças e pelos jovens, sob orientação de profissionais preparados para este fim. A ela cabe educar visando a superação da confusão existente na cultura brasileira, entre a esfera da vida pública e a esfera da vida privada. Educar crianças e jovens, nesse contexto, requer uma clara compreensão da distinção existente entre os dois domínios.

Aqui tratamos também da relação entre renda e níveis educacionais da população brasileira e do papel que o sistema educacional exerce na manutenção da desigualdade social. Mostrando assim que o sistema educacional é considerado um elemento da crise da estrutura do capitalismo, diante de desafios e limites que se impõem na construção da emancipação humana.

Os Desafios da Escola Diante a Alienação do Estado

Que a educação de nosso país, está alienada ao Estado é conhecimento de todos. Porem, tal fato não acontece somente na atualidade, muito pelo contrario, essa situação vem acontecendo desde os anos em que o Brasil ainda era colonizado, e ai cita-se o fato de inicialmente a educação brasileira foi dada pelos padres jesuítas, que vieram catequizar os colonos, ensinando-os basicamente a servir a Deus e a monarquia que os colonizara, no então momento.        

Uma explicação para esse estado de coisas pode derivar do fato de que, entre nós, a formação para a cidadania oferecida na e pela escola nunca significou realmente uma formação que conduzisse a uma ruptura direta com o status quo instalado na sociedade (ARENDT, 2002).

Porem com a chegada de imigrantes de varias partes do mundo, passou-se a observar um maior esforço do Estado Brasileiro de modernizar a educação local, ocasionado pelo maior numero de frequentadores nas instituições educacionais, mas também temos que ressaltar que ate 1890 a questão educacional era de total responsabilidade do Estado Brasileiro, o que levou uma grande parcela de imigrantes a criar suas próprias escolas.

Ate meados do século XIX, o Brasil era uma sociedade predominantemente ruralista, dominado por um império centralizado que tentava a todo custo adotar os padrões europeus de educação ( FRANCO 1969).

Foi somente a partir desse fato que realmente houve uma unificação da educação, dando origem ai ao nosso atual sistema de ensino, em idade e serie subsequentes.

         Porem é somente a partir da Era Vargas, que a educação surge como prioridade no âmbito nacional, mas os recursos destinados ainda não são suficientes para alavancar o nível de ensino de nosso país.

Houve nesse período a implantação de algumas politicas de melhoramentos na área educacional, contudo, devido à imensa complexidade dos setores de ensino básico e secundário, ficando quase impossível reconhecer algum tipo de resultado positivo.

         E bastante tempo depois já no governo FHC, há uma nova reforma na base da educação brasileira, reforma essa que acontece com o intuito de trazer mais qualidade e dinamismo educacional, que ao longo de todos esses anos em muito não obteve melhorias.

         E, não se pode deixar de comentar sobre o nível de comprometimento dos profissionais da área, que muitas vezes, por estarem insatisfeitos, seja com salários ou condições não propicias de trabalho, acabam por não exercerem devidamente seu papel de educador, influenciando assim no desempenho do aluno, que na grande maioria dos casos é de péssima qualidade. Isso sem falar na falta de profissionais na área educacional.

Ao optar pela carreira docente, aquele que escolhe ser professor deve assumir, desde os primeiros momentos, o que significa abraçar uma profissão cuja característica precípua é o exercício de uma função pública. No trabalho efetivo em uma escola, em uma sala de aula, o professor se constitui profissionalmente na relação que estabelece com o saber e na relação que estabelece com os seus alunos - crianças, jovens e adultos (CHARLOT, 2006).

         O individuo, tornou-se, ao longo dos séculos, um ser frágil, tanto físico, como intelectualmente falando, em relação ao Estado. Já que esse Estado é quem sustem a escola que o individuo procura para adquirir conhecimento, e a escola, por sua vez, esta atrelada as decisões estatais, que de maneira alguma deseja formar pessoas criticas o suficiente, para que dessa forma não seja submetidos aos mais diversos tipos de questionamentos.

É importante que a escola e seus professores identifiquem e investiguem dificuldades existentes para que o espaço escolar seja reconhecido como espaço efetivamente público e que atenda, de fato, aqueles que o frequentam. Entre tais dificuldades, encontra-se a oposição construída entre polos – campos – extremos: a escola é vista ora como lugar de plena liberdade, semelhante à rua do bosque onde as crianças brincam; ora é vista como lugar de imposições e de grades, semelhante à cela de uma cadeia; ora é confundida com a casa, espaço da subjetividade pura; ora é identificada com o Estado, espaço da racionalidade pura, da legalidade positiva e da lógica formalizada.

         O que não podemos esquecer é que, o que o Estado realmente precisa é de mão de obra barata, coisa que não seria possível, caso o próprio oferecesse uma educação de qualidade.

         A função da escola se identifica quando os educadores supõem que a superação da alienação só pode ocorrer a partir da transformação social que extrapola os muros escolares.

E assim as escolas veem trabalhando ao longo dos séculos, ou seja, formando trabalhadores, que em muito deixam de saber e contribuir para o crescimento organizacional, financeiro e também politico do seu país, e diga-se condição essa imposta claramente pelo Estado, e ate então, aceito pela maioria da população que não tem buscado por um melhor modo de vida, que só pode ser verdadeiramente alcançado através de uma boa educação.

         Logo, o mesmo Estado que dar uma determinada autonomia, (ao menos finge dar essa autonomia), para a que a escola seja gerida por um corpo de profissionais apontados como competentes, também é o mesmo que se utiliza dessa questão como um grande disfarce, já que seu real interesse nada mais é que, como foi dito anteriormente, obter mão de obra barata, e ser responsabilizado como o culpado pela falência do ensino publico de má qualidade.

         E é observando esse pequeno detalhe, que chega-se a seguinte conclusão: as instituições de ensino, ditas como para utilidade publica, estão realmente a favor da Maquina Governamental e em hipótese alguma, a serviço da sociedade que é quem realmente a utiliza, buscando assim uma melhora de vida, e talvez diminuir o imenso numero de desigualdade social do nosso país. Desigualdade essa, que o Estado sequer faz questão que não exista, por isso, ele manipula as diretrizes educacionais, fazendo com que o individuo de baixa renda, tenha o mínimo de instrução possível, pois esta é a única forma do governo se manter no poder, já que, embora o discurso governamental seja absolutamente o contrario, o governo esta a favor de uma determinada elite social, e não a favor de pobres, por assim dizer.

Por isso é que podemos notar um grande numero de evasão escolar por parte dos “menos favorecidos”, pois para os mesmos a sobrevivência não provem de estudos, mas muitas vezes do trabalho, trabalho esse que na grande maioria dos casos, são os famosos braçais, pois enquanto o pobre trabalhar para sobreviver, uma parcela tida como elitizada esta nas escolas, adquirindo conhecimento, formação e capacitação técnica para exercer funções de chefia.

E não devemos esquecer que é de fundamental importância o papel da escola, no processo de diminuição das desigualdades sociais, porem, por estarem alienadas ao Estado, em nada contribuem para que essa divisão seja abolida de nosso país. Ficando assim os mais pobres, menos inteligentes e os mais ricos mais inteligentes. Espera-se que tão logo esse fator seja modificado, e que a educação publica pode ser uma educação de qualidade, possibilitando assim, o desaparecimento dessas classes sociais, tornando-nos realmente iguais, pelo ao menos no sentindo educacional.

A escola e seus professores, ao tratarem alunos e alunas como iguais – mesmo que muitos sejam pobres – e não como necessitados, contribuem efetivamente para a educação das novas gerações e para a construção de uma nova sociedade. Isso não significa, entretanto, que a realidade da fome e da miséria de muitos estudantes em muitas escolas brasileiras, principalmente das regiões Norte e Nordeste, conforme apontado acima, possa ser esquecida. Ao contrário. Tratar como iguais não significa desconhecer as diferenças, que são preocupantes no caso brasileiro (ANTONIO NOVOA 2011).

Os interesses e as necessidades da classe social dominante passaram a delimitar o campo da Educação na medida em que passou a servir para a dominação social de poucos sobre muitos PONCE (2005).

A necessidade de se apropriar da atividade intelectual e das técnicas refinadas de produção passou a compor o rol da divisão social do trabalho e, neste sentido, a classe dominante passou a compreender a Educação como elemento fundamental para a manutenção da desigualdade social, uma vez que os conhecimentos científicos e tecnológicos passaram a ser compreendidos como, cada vez mais necessários para o desenvolvimento do sistema produtivo (SOARES, 2004).

CONSIDERAÇOES FINAIS

Chegamos ao final deste estudo com a consciência de estar mostrando a todos a verdadeira missão da escola, “servir ao Estado, e não ao povo”, pois como foi descrito ao longo de todo o trabalho, a escola é o lugar que se busca conhecimento, porem para o Governo, não é conveniente criar uma sociedade desconhecedora de determinados assuntos, por isso que as escolas são inteiramente submissas aos tão elaborados planejamentos educacionais. Onde a real intenção é continuar mantendo oculto da população mais pobre, e diga-se a maioria da população, assuntos que quando conhecidos, dão ao individuo o direito de questionar toda e qualquer atitude dessa Maquina de fazer dinheiro, e contribuir arduamente para o crescimento das desigualdades sociais, que é o Governo.

Logo, propositalmente, e somente para seu beneficio é que o Estado mantem sob seu domínio as instituições educacionais.

REFERENCIAS

v www.pedagogiaemfoco.pro.br – Historia da educação no Brasil (acesso em 16/10/2014)

v ARENDT, Hannah. Entre o Passado e o Futuro. São Paulo: Perspectiva, 2002.

v NÓVOA, António. Os Professores e o Novo Espaço Público da Educação. In: TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude. Ofício de Professores. Petrópolis: Vozes, 2008.

v PONCE, A. Educação e luta de classes. (21ª Ed), São Paulo: Cortez, 2005.

v SOARES, R. D. Educação, reprodução e luta ideológica. Marx, Lenin, Gramsci e a escola.



[1] Especialista em Docência para  o magistério do Ensino Superior-Faculdade de Itaituba-FAI

Especialista em metodologia do ensino de História e Geografia-FACINTER.

Professor Substituto da Universidade  Federal do Oeste do Pará-UFOPA-2014.

Professor associado a ANPHUN- associação  dos profissionais de história do Brasil.