É de senso comum que a formação do povo pernambucano é a do homem branco português, do indígena e do escravo negro vindo da África, porém o que poucas pessoas sabem é que a partir do ano de 1542 houve um fluxo contínuo e crescente do número de judeus e de judeus convertidos a força (cristãos-novos) pelo poder da Igreja e da Santa Inquisição.


Esse povo teria fugido da Espanha por ordem da Inquisição e com a sanção dos Reis Católicos, Isabel de Castela e Fernando de Aragão, e teriam migrado para Portugal aonde o regime de segregação étnica era menos rigoroso. A partir de do ano de 1542 a Santa Inquisição aperta o cerco e D. João III acata o pedido da Santa Inquisição e passa a distinguir judicialmente os cristãos-velhos, os cristãos-novos e os judeus, além da pequena parcela moura que vivia a ao sul de Portugal.

Com essa decisão boa parte dos cristãos-novos que viviam em Portugal procuram uma rota alternativa de fuga para se livrar da Inquisição e o lugar escolhido foi o Brasil, principalmente as capitanias de Pernambuco e de Itamaracá.

A partir daí os cristãos-novos adentram na vida política, social e econômica por meio de casamentos entre eles e os cristãos-velhos, que se tornara fácil essa miscigenação devido a escassez de mulheres brancas na capitania, sendo por tanto um fato cada vez mais comum o casamento de cristãos-velhos com cristãs-novas.

A chegada dos holandeses em 1630 acentuou ainda mais o número de judeus propriamente ditos, que vieram de Amsterdã e ajudaram a formar a WIC, e aqui tiveram liberdade de culto, dada pelo Conde Maurício de Nassau, que durante sua gestão foi construída a primeira sinagoga das Américas.

Com a expulsão dos Holandeses em 1654 os judeus partem de Pernambuco para colonizar uma região inóspita ao na América do norte, que ele chamaria Nova Amsterdã, e posteriormente seria conhecida e batizada por New York.

Porém o sangue judeu permaneceu correndo nas veias dos pernambucanos, principalmente no sangue das famílias mais proeminentes da capitania, que esconderam esse passado de miscigenação, para se manter com uma certa opulência nobiliárquica, escondendo suas verdadeiras origens, principalmente nas investigações que o Santo ofício promoveu antes e depois dos holandeses.

Portanto no sangue pernambucano tem também uma parcela judia, rejeitada por muitas pessoas, anteriormente, e hoje essa identidade está sendo revigorada, pelos estudos de José Antônio Gonsalves de Mello, In memorian, e de Evaldo Cabral de Mello, nos livros Gente da Nação e O nome e o Sangue.