Resume: This article aims to analyze and conceptualize the love of Werther for Charlotte reported in the book concept from Goethe, who launched the German Romanticism. To this will be used as a basis different aspects that their study has focused on a better understanding of what love is.

Keywords: Love, Romance, Werther, Change, Charllote.

Introdução: Quando começamos o estudo sobre o Romantismo e nos deparamos com Os Sofrimentos do jovem Werther, escrito por Goethe em 1774, estamos praticamente fadados a enxergar o amor que Werther sente por Carlota como um amor profundo e impossível e nos vem à mente a ideia um amor sublime. Essa conceituação só nos é possível graças ao entendimento comum que o sentimento que não busca recompensas e que é paciente, sem visar o orgulho e a maldade é amor. Esse conceito de amor vem desde a Grécia antiga, onde surgiu o conceito de amor platônico. Transpondo esse conceito para o romantismo, temos como significado, um amor que é alheio a interesses pessoais. Da mesma forma, existe um conceito bíblico para tal sentimento, e assim descreve São Paulo na sua primeira epístola dedicada aos Coríntios:

"O amor é paciente, o amor é prestável, não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso, nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita nem guarda ressentimento. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará".(1 Cor. 13: 4-8).

O amor conceituado na Bíblia, primeiramente vem de Deus e este amor é a "a perfeição de Deus pela qual Ele é movido eternamente à Sua própria comunicação" ( BERKHOF, Louis, 1995), por isso Deus ama incondicionalmente a qualquer um, e deseja que nos amemos uns aos outros como a si próprio. Deste modo, o Amor de Werther deixa a desejar, já que apesar de toda a idolatria e veneração por Carlota, ele esquece de si para amar unicamente a moça.
Freud ao receber o prêmio Goethe revelou uma profunda admiração pelo escritor, que fora por ele estudado de uma maneira ímpar. A peculiaridade encontrada por Freud nos Sofrimentos do jovem Werther, é que para compor o personagem central do livro, Goethe fez uso de uma experiência própria e do relato de um jovem que havia se matado e assim tomou emprestado a idéia e fez junção das duas, livrando-se desse modo, das conseqüências dessa experiência mal sucedida. Podemos inferir então, que Goethe preferiu moldar a sua obra na forma de um romance epistolar usando um tom autobiográfico, que o permite repassar mais veracidade, como se as cartas realmente fossem a comprovação de tal romance.

"O crítico russo BAKTHIN em Ensaios sobre a Poética histórica, descreve o romance em tom autobiográfico onde o protagonista leva à criação de uma nova imagem, à imagem do homem que trilhou o próprio caminho e seguiu o curso natural de sua vida.O uso das cartas para estruturar uma narrativa permite que o leitor se aproxime mais da consciência íntima das personagens e o autor textual, ao elaborar o que as personagens poderiam escrever em determinadas circunstâncias, traz para a ficção o uso cotidiano das cartas: a correspondência informal, onde o objetivo era partilhar com seus(s) interlocutor(es) seus pensamentos e atos cotidianos." (VALENTIM, Cláudia, 2006)

1.0 - O amor de acordo com a Ciência.
De acordo com a Psicologia, para o amor ocorrer ele precisa ser permitido, isso implica na auto consciência de quem ama e na reciprocidade do sentimento capaz de alargar os sentimentos das pessoas envolvidas. Werther, não se encaixa nesse perfil de amor, já que a Psicologia afirma que essa aceitação ocorre de maneira natural, sem que sejam necessárias quaisquer obrigações.

"O amor pode ser entendido de diferentes formas, e tomado por certo enquanto é um sentimento, dessa forma é abstrato, sem forma, sem cor, sem tamanho ou textura. Mas é por si só: O sentimento em excelência; o que quer dizer que é o sentimento primário e inicial de todo e cada ser humano, animal ou qualquer outro ser dotado de sentimentos e capacidade de raciocínio natural".(FISCHER, Helen)


No início do livro, o Jovem Werther tenta fugir desse sentimento, que Carlota afirma ser um capricho já que a moça é comprometida e por isso não pode concretizar o desejo do mesmo . Muitos estudiosos consideram que esse sentimento é paixão, e que tem uma durabilidade temporária, uma vez que objetiva a obtenção de prazer e conquista. Para a Psicologia, o amor é um fenômeno social e cultural, onde em diversos lugares do mundo existem reações específicas.
2.0 - O amor conceituado por grandes pensadores

Santo Agostinho afirmava que é necessário diferenciar amor de luxúria. O amor é sagrado e a luxúria é pecado, e expõe ainda que, somente Deus pode amar verdadeiramente, porque o amor dos homens possui falhas como o ciúme, a desconfiança, a discórdia e outros.
Platão, em "O Banquete", conceitua o amor como algo intermediário que revela ao homem os desígnos dos deuses, que deverá elevar-se ao amor da ciência, o amor da idéia.
Assim como Platão, Camões também configura o amor no meio termo, ao escrever um de seus sonetos mais famosos:
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Da mesma forma, Goethe em Os Sofrimentos do Jovem Werther vem trazer essa contradição do que é o amor, como já foi ressaltado no início do livro, Werther tem um sentimento conceituado de sublime e perfeito, já que o simples fato de entrar em contado com uma pessoa que estivesse presenciado a bela Carlota era o suficiente para deixá-lo extasiado de felicidade. Esse é o amor que não visa recompensas, que tudo crê, tudo espera e tudo suporta; esse é o amor cristão, um amor divino.
De modo contraditório, Werther não suporta ver sua amada aos braços de outro, opondo-se ao sentimento conceituado anteriormente, e por sua vez acaba com todas as características divinas existentes em seu sentimento. Ao cometer suicídio, Werther é egoísta, pecador e acima de tudo continua exercendo a contradição do amor. Ora é fraco, e permite-se morrer por amor, ora é forte, pois permite-se morrer por amor. Amando Carlota, Werther não segue mais o curso natural de sua vida, mas permite que sua amada e doce Carlota viva sem o incômodo que ele próprio sentia causar.
Assim, sem demais preocupações, Werther segue sua história amando Carlota, sem se preocupar se o amor era divino ou profano, permitido ou proibido, e como mais um mortal se rende ao tão desejado e misterioso amor, buscando concretizar de alguma forma esse amor, leva até as ultimas conseqüências a sua vida. Esse conceito correu mundo e serviu de marco para o Romantismo lançar o movimento Mal-do-século, que de acordo com alguns escritores e estudiosos, como Victor Hugo, nada mais era de que uma enfermidade moral da sociedade, e não uma enfermidade pessoal.

"Já é tempo do meu coração não se comover
porque aos outros já deixei de emocionar
mas embora eu não possa ser amado
que possa pelo menos amar". (BYRON, Lord).

Isso explicaria o porquê do suicídio de tantos jovens após lerem esse livro, não seria por causa do amor exacerbado, mas por motivos sociais em que a Europa se encontrava. Assim, Goethe escreveu um livro que mobilizou uma sociedade inteira em prol do amor.

Referencial


ALMEIDA, Ana Felipa. Análise Psicológica, 2000;

VALENTIM, Cláudia. O romance epistolar na literatura portuguesa da segunda metade do século XX. RJ, 2006;


MENEZES, José Euclimar. Ressonâncias do Romantismo no discurso Freudiano sobre o amor. 2008