Creumir Guerra OS BICHOS QUE NAO DEIXAVAM O HOMEM DORMIR O nosso amigo Chem reclamava de insonia. O que mais lhe prejudicava era o barulho. O moco para dormir precisava de silencio quase que absoluto. Um dia estava ele na roca e se recolheu cedo para tentar pegar no sono. Nem bem tinha colocado a cabeca no travesseiro surge a primeira incomodacao. Ronq...ronq..ronq... Era o ruido que vinha do chiqueiro. Os porcos pareciam estar macumunados. Cada um queria fazer mais barulho do que outro. O nosso amigo se enfureceu, passou a mao num pedaco de pau, se dirigiu ate a pocilga e aquietou os suinos na base da pancada. Voltou para o seu leito para tentar dormir. Os olhos do rapaz ainda estavam arregalados quando os cachorros comecaram a latir. Au au daqui, au au dali, nao se sabendo a quem ou o que os caes pretendiam atacar. Por certo deveria ser algum bicho do mato. O problema era a inquietacao do filho da Sara. Novamente se pos de pe, apanhou o pau que ja estava do lado e saiu para distribuir pauladas no lombo dos animais, dito amigos do homem. O relogio ja batia as duas da madrugada e o moco nao tinha adormecido. Tomou um gole d'agua e esticou o esqueleto na cama. O silencio parece que vai durar e o amigo vai finalmente dormir. Os sonhos ainda estavam por vir na hora em que o jumento decidiu que era o momento de relinchar. O bicho imitava o animal do Gino do Genesio. Relinchava e peidava ao mesmo tempo. Nao teve perdao. O camarada levantou e deu uma surra no jumento. Deitou e deu uma cochilada ate que o despertador avisou que devia se levantar. O compromisso do Chem era a pescaria nos tres tombos, Joacuba, Ecoporanga, na comitiva do meu avo Miguel. Nesta pescaria estavam presentes o vo Miguel, o Miguelzinho, tio Izaias, Odeir, Edinho, o sonolento Chem e outros. Todos estavam na beirada do rio buscando fisgar os seus peixinhos. O Miguel pegava muito piau, sua especialiade. Para conservar os pescados ele deixava o embornal dentro d'agua. Os peixes permaneciam vivos, porem, agoniados para sairem daquela prisao, o que os levava a se debaterem com vigor. A luta dos piaus para sobreviverem era sofrida e causava um pouco de barulho. O Chem ja traumatizado com ruidos feitos por animais, reclamou com O Miguelito que os peixes dele estavam lhe incomodando. Sabendo do que o Chem era capaz de fazer com bicho que fica desinqueto, o filho do Zaia Briti retrucou la do outro lado do rio. Pessoal! Eu vou descer um pouco o rio por que nao vai demorar nada para o Chem comecar a dar pauladas nos meus piaus. Nao teve pescador que nao mostrasse os dentes, menos o cidadao que era uma ameaca a curta vida que restava aos peixinhos do meu primo Miguel. (sem acentuacao-texto digitado em apad).