André Henrique Ciano ? aluno da FAAL (Faculdade de Administração e Artes de Limeira)
Dr. Ricardo Luiz Bruno ? Professor Orientador da FAAL (Faculdade de Administração e Artes de Limeira)

RESUMO

O presente artigo visa expor algumas das principais vantagens que o bioplástico oferece em relação aos demais plásticos convencionais.
Através da sua produção, suas características e aplicações, o bioplástico apresenta-se como um material extremamente vantajoso especialmente no ponto de vista ambiental. Sua produção a partir de fontes renováveis e a sua rápida biodegradação são fatores fundamentais que impulsionam as pesquisas para uma maior implantação deste material no mercado.
Na comparação entre o bioplástico e o plástico comum observar-se os benefícios ambientais deste novo material e o quanto ele pode auxiliar tanto na diminuição dos impactos ambientais gerados através dos materiais e resíduos plásticos quanto em uma mudança nas formas de se produzir e pensar de uma nova sociedade


PALAVRAS-CHAVE: plásticos, biodegradação, vantagens.


ABSTRACT

This article aims to expose some of the major advantages that bioplastics offer compared to other conventional plastics.
Through its production, its characteristics and applications, the bioplastic is presented as a material extremely advantageous especially in the environmental point of view. Its production from renewable sources, and its rapid biodegradation are fundamental factors that drive the research to further the deployment of this stuff on the market.
Comparing the common plastic and bioplastic observe the environmental benefits of this new material and how it can assist in the reduction of environmental impacts generated throug the materials and plastic waste as a change in the ways of thinking and produce a new society.


INTRODUÇÃO

Os sacos plásticos surgiram em 1950, na tentativa de se obter uma maneira conveniente, versátil e de baixo custo para se transportar os mantimentos nos mercados.
Tornou-se, em pouco tempo, um sucesso absoluto ao ponto de se estimar hoje uma produção mundial de aproximadamente 100 milhões de t/ano de plásticos produzidos.
Porém, a solução do transporte de mercadorias, tão bem aceita e utilizada, tem se tornado nos últimos tempos, uma preocupação de nível mundial, devido ao fato do plástico ser produzido a partir de uma fonte não-renovável (o petróleo é uma de suas matérias-primas) além da quantidade de resíduos plásticos descartados no meio ambiente, cujo tempo de degradação total é próximo de 100 anos, e que acabam se transformando em lixo e poluindo todos os lugares, além de obstruirem redes de esgotos e de se acumularem nos aterros sanitários.
Pensando em solucionar estes tipos de problema é que surgiram as primeiras tentativas em se produzir um tipo de plástico capaz de se degradar mais rapidamente, causando um menor impacto ao meio ambiente.
Este material é denominado Bioplástico e , como o próprio nome indica, consiste num plástico biodegradável (ou seja um material que se degrada rompendo totalmente suas moléculas com a ação de microorganismos) e que pode ser produzido a partir de resíduos agro-pecuários, como cana-de-açúcar, milho, entre outros.
Os plásticos biodegradáveis tem se tornado uma nova tendência por apresentar-se como uma alternativa ecológica, principalmente nos casos das embalagens, e já são produzidos comercialmente, porém em uma escala bem reduzida, nos Estados Unidos e na Europa.
O presente trabalho tem como objetivo mostrar as vantagens ambientais obtidas pela substituição do plástico comum pelo bioplástico, e o quanto isto pode impactar no nosso futuro e no das próximas gerações.


REFERENCIAL TEÓRICO

O lixo gera um impacto negativo tanto em nível social quanto ambiental e pensar em soluções para este tipo de problema tem se tornado algo bastante frequente.
No intuito de amenizar o grande impacto que o resíduos plásticos tem causado surgiu a idéia de que a criação de um tipo plástico com um rápido potencial de biodegradação seria a solução mais adequada para o meio ambiente.
Aliada à rápida biodegradação surgiu também a idéia de se produzir um tipo alternativo de plástico, cuja matéria-prima seria proveniente de uma fonte renovável , amenizando a dependência do petróleo, que é um material escasso, constituindo-se assim em uma solução ainda mais interessante. (Rosa, 2003)
Surgiu então o Bioplástico que é um produto com as características de rápida biodegradação e que pode ser produzido através de matérias-primas como cana-de-açúcar, mandioca, milho, arroz, batata etc,
Por isso mesmo, os bioplásticos oferecem vantagens ambientais quando utilizados em substituição aos plásticos comuns. Segundo Franchetti (2001) a biodegradação é um processo que consiste na modificação física ou química, através da ação de microrganismos, sob condições de calor, umidade, luz, oxigênio entre outros.
Mas somente podemos observar vantagens na biodegradação quando esta ocorre em um curto espaço de tempo, sem que o material degradado ocupe um determinado espaço por um longo período.
O bioplástico é um material extremamente biodegradável no momento que é exposto ao solo ou à água, ou ainda com a interação por bactérias e fungos do solo. Ele pode ser produzido através da modificação da matéria-prima (como cereais por exemplo) para produzir diversos precursores através da fermentação. Em seguida estes precursores podem ser processados em bioplásticos através de microrganismos modificados geneticamente. (Gracida, 2004)
Há uma diferença clara quando falamos em "bioplástico" e "plástico biodegradável". É que o plástico biodegradável não é necessariamente produzido por material biológico ou orgânico, diferentemente do bioplástico. Inclusive vários tipos de plásticos biodegradáveis são igualmente produzidos a partir do petróleo, como os convencionais.
Como empecilho à produção em grande escala do bioplástico está o fato deste apresentar um custo de produção superior ao plástico convencional.
Mas alguns fatores tem sido fundamentais para a retomada da discussão a favor da produção do bioplástico em maior escala: a alta dos impostos aplicados às embalagens, a elevação no preço do petróleo e o apelo da sociedade em geral para a adoção de produtos e tecnologias "ecologicamente corretos" (Lanfredi, 2002).
Tais fatores tem levado aos fabricantes a investirem em pesquisas por alternativas renováveis e isso, aliado a uma maior procura dos bioplásticos por parte do mercado, tem diminuindo a diferença no custo de produção e tornado mais atrativo o investimento neste tipo de produto.


As vantagens da utilização dos Bioplásticos

A principal vantagem na utilização do bioplástico, sem dúvida nenhuma, esta relacionada ao meio ambiente. A produção é menos impactante e consome menos energia.
Ao invés da utilização do petróleo, na fabricação do bioplástico é utilizada uma matéria-prima renovável. Em geral utiliza-se milho, arroz, batata e até cana-de-açúcar.
A capacidade de biodegradar-se em um curto espaço de tempo (até 18 semanas) se contrastam drasticamente aos 100 anos (em média) que um plástico comum leva para se degradar totalmente.(Agnelli, 1996)
Além disto, os bioplásticos podem, na sua degradação, se transformarem em adubo quando colocados juntamente ao lixo orgânico.
Da mesma forma que os demais tipos de plásticos, o bioplástico pode ser utilizado para se produzir diversos produtos como utensílios, peças, diversas embalagens, materiais de escritório, de informática, artigos de laboratórios entre outros. Isto porque as características de resistência e durabilidade são comuns tanto nos bioplásticos quanto nos plásticos convencionais.
Os bioplásticos podem ajudar as indústrias também na questão do descarte final de seus produtos uma vez que são bem menos impactantes ao meio ambiente.
Uma vez em condições adequadas do solo, podem se transformar em adubos orgânicos e estes podem ser aplicados nos aterros sanitários acelerando a degradação de outros materiais.
Outros benefícios que o bioplástico pode trazer estão relacionados ao incremento das pesquisas de novas tecnologias, onde surgirão novas oportunidades de empregos e desenvolvimento de produtos e negócios.
O mais importante ao se verificar que novas oportunidades estão surgindo é que o bioplástico é uma alternativa que pode minimizar os impactos ambientais e trazer inúmeros benefícios para a sociedade. (Portilho, 2006)


CONSIDERAÇÕES FINAIS

O consumo anual de plástico no mundo cresceu 20 vezes desde os anos 50, totalizando 150 milhões de toneladas. Como o plástico é um material indispensável na vida moderna, a idéia de tornar sua produção mais sustentável pode ter um impacto positivo muito importante para o meio ambiente.
As indústrias passarão por um processo de mudança até que a produção do bioplástico se torne uma realidade mais viável do ponto de vista econômico. O mercado terá de absorver os custos da produção deste novo material até que o aumento da produção possa proporcionar uma baixa no preço final.
Felizmente, já existem diversos segmentos de mercado interessados em desenvolver o bioplástico em uma escala industrial e comercial maior e, quando isso acontecer, a produção deste material poderá mostrar-se tão interessante ao ponto de receber incentivos governamentais, tornando ainda mais viável sua produção.
A proposta de se receber incentivos por parte do governo tem como base a possibilidade do quanto a indústria de bioplásticos poderá gerar em termos de empregos e benefícios ao meio ambiente e a sociedade.
No contexto da mudança deverão ser considerados dois fatores: tempo e dinheiro, para que o bioplástico se torne mais presente em nosso cotidiano.
O tempo será contabilizado em anos de pesquisa, pois ainda será preciso conhecer com maior profundidade todo a sistemática que viabilize a produção de bioplástico em escala industrial com um custo próximo ao do plástico convencional.
Enquanto isto, levará mais algum tempo até a total aceitação por parte tanto das indústrias, que terão que arcar com uma produção mais cara deste tipo de plástico, e do público se disponibilizando a gastar um pouco mais em favor do meio ambiente.
Mas, sem dúvida, o dinheiro ainda é o maior de todos os problemas a ser vencido.
É necessário mais do que vantagens ambientais para que as indústrias se sintam interessadas a investirem neste novo produto. Deve-se alcançar um custo de produção mais baixo e consequentemente um preço melhor ao consumidor para que este se sinta em condições de optar por um produto que traga maiores benefícios ao meio ambiente, aumentando assim o consumo e a própria produção do bioplástico.
Alternativas como associações dos produtores e financiamentos de projetos por parte das indústrias e universidades tem sido iniciativas bastante estudadas no sentido de amenizarem os impactos dos custos da produção do bioplástico.
O que se sabe é que o bioplástico não será a solução definitiva para as mais sérias questões ambientais. Tratar dessas questões , assim como fazer prevalecer o uso do bioplástico, requer uma maior divulgação e disposição para que haja mudança nas atitudes das pessoas.
Fundamental, é que se tenha a compreensão de que o bioplástico ou plástico biodegradável é um material útil e interessante, que deve ser incentivado e produzido por oferecer vantagens ambientais para o planeta.
No entanto, "salvar o planeta" para que este não sofra um colapso ambiental depende muito mais da boa vontade e participação do ser humano em um esforço conjunto para se cobrar mudanças na forma como hoje se produz e consome todo tipo de material.
É necessário investir na sustentabilidade do planeta não como um meio de reparar aquilo que, em parte, já se destruiu mas como uma forma de se garantir um futuro onde sejam conservados nossos recursos naturais.
Onde haja menos poluição, contaminações, doenças e outros problemas ambientais. Onde possamos encontrar equilíbrio e sabedoria tanto na hora de fazermos nossas escolhas quanto no momento de agirmos em favor do meio ambiente, fazendo da preservação do planeta uma bandeira a ser erguida e uma realidade que se possa alcançar.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ROSA, D. S; PÂNTANO FILHO, R. Biodegradação ? Um ensaio com polímeros. São Paulo: Editora Moara, 2003. p.17-24.
FRANCHETTI, M ; MARCONATTO, J,C Química Nova na Escola. São Paulo: Editora SBQ, 2004. p. 42.
GRACIDA, J.; ALBA, J.; GUEVARA, P. Degradação de Polímeros. São Paulo: Editora SBQ, 2004. p.83-87.
LANFREDI, G.F. Política Ambiental. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002. p.76.
AGNELLI, J. A. M.; Polímeros: Ciência e Tecnologia São Paulo: Editora UFSCAR, 1996. p.9.

GOMES, J. G. C ; BUENO NETTO, C. L. Produção de Plásticos Biodegradáveis por Bactérias. São Paulo, Edição: Revista Brasileira de Engenharia Química, 1997. p.24-29.
PORTILHO, F. Sustentabilidade Ambiental, Consumo e Cidadania. São Paulo: Editora Cortez, 2006. p.79.
CZAPSKI, S. Os diferentes matizes da Educação Ambiental no Brasil. Brasília, Distrito Federal: Editora CID, 2008. p.15.
VALLE, L. F. Reflexões sobre Sustentabilidade. São Paulo: Ecosfera Empreendimentos Sustentáveis, 2009. Disponível em: http://www.blograizes.com.br acessado em 06/Jun/2010