* Introdução
Os Mundurucus dominavam boa parte do Pará. Essa tribo pertence ao tronco linguistico dos Tupis, e existem poucos menos de 15.000 índios em toda a Amazônia.
Os primeiros contatos com a tribo datam de 1768, onde foram encontrados andando completamente nus.
Os Mundurucus possuem vários rituais, um deles chama atenção, o ritual das Cabeças Mumificadas, onde as mesmas que são de seus inimigos servem como troféus.
Com a chegada das Missões Católicas nas aéreas indígenas, perdeu-se um pouco das tradições religiosas locais, entretanto, os índios Mundurucus, fortaleceram-se mais com as práticas religiosas.

* Índios Mundurucus
A tribo dos índios Mundurucus está localizada à margem direita do rio Tapajós no Pará, no Amazonas na região do Rio Negro e no Mato Grosso em TI Apiaká, município de Juaru. Pertencentes ao tronco linguistico dos Tupis, e sua população é cerca de 7.000 ou mais índios.
Eles viviam em aldeias de círculos que eram uma espécie de unidades políticas autônomas sob a liderança dos chefes e dos mais velhos, que se encontrava em volta de uma praça central limpa.
Os primeiros contatos com os Mundurucus datam de 1768. Foram vistos, pela primeira vez, andando completamente nus. Os homens usavam um canudo de folhas que disfarçavam o sexo e, as mulheres usavam um tecido de palha. Eram altos, peitos largos, musculatura forte, de cor muito clara com feições largas, bem pronunciadas e, afáveis, rudes cabelos pretos luzidos, cortados na testa, e todo o corpo tatuado com linhas finas. Esses índios eram guerreiros respeitados até pelos portugueses, que lhes pediram ajudar para enfrentar povos inimigos.
"Os Mundurucus tatuam todo o rosto ou pintam no meio da face da malha meio elíptica, da qual partem numerosas linhas paralelas sobre o queixo, mandíbula e pescoços, até o peito. Do meio de uma espádua até a outra, correm sobre o peito duas ou três linhas, separadas meia polegada uma de outra, até ao fim do peito, se acham desenhos romboidais verticais, ora cheios, ora vazios. O resto do tronco é riscado com linhas paralelas ou formando redes. As costas são igualmente tatuadas, porém menos completamente, e nas extremidades repete-se a série de linhas, com ou sem rombos. Nas mulheres, é raro ver-se o rosto todo enegrecido, a malha que elas trazem tem forma de lua crescente, de pontos voltados para cima." (Martius, 1981, p. 275 ? 276).
Após um combate, os índios cortavam as cabeças dos inimigos mortos, retiravam o cérebro, os olhos e a língua. Em seguida, mergulhavam as cabeças no óleo de andiroba (carapa guianiensis) e punham para secar. Depois, enfeitavam as cabeças com penas e as espetavam em pedaços de paus. Essas cabeças tornavam-se então o Pariuá-á.
Os Mundurucus viviam da colheita de produtos naturais da terra e faziam farinha. Com a chegada dos portugueses, eles passaram a se dedicar especialmente a coleta de borracha.
A partir de 1912, a população dos Mundurucus foi sumindo, devidos aos deslocamentos das aldeias para os estabelecimentos onde eram preparada a borracha. Algumas vezes, não voltam para aldeia e não criavam outras.

* Rituais dos Mundurukus
Os deslocamentos das aldeias tradicionais para o estabelecimento nas margens dos rios, por certo contribuiu também para o desaparecimento da casa dos homens, unidade importante na aldeia tradicional e na permanência de alguns rituais de caráter coletivo que estavam relacionados às atividades de provisão de alimentos, divididas entre a estação da seca (abril a setembro) e a estação das chuvas (outubro a março). Entre estes rituais estava o da mãe do mato, realizado no início do período das chuvas, visando obter permissão para as atividades de caça, proteção nas incursões pela floresta e bons resultados na caçada. Alguns elementos desta atividade ainda estão presentes, ou foram recriados com novos significados, especialmente na relação de respeito com os animais caçados, nas práticas do cotidiano do homem caçador para obter caça e nas regras alimentares.
Outro ritual é o Sairê2, uma dança em círculos formada por homens, mulheres, crianças, jovens e anciãos da aldeia.
E o principal ritual, as Cabeças Mumificadas, que era praticado após vencerem uma batalha. Ele era composto por três partes.
A primeira denominada inyenborotaptam3, ornamentação de brincos de penas. A decoração da cabeça representava a sua introdução em um segmento daquela sociedade. Cada matador adornava o seu troféu com penas que eram específicos de seu clã. Além disso, o rito consagrava o seu dono na condição de dajeboishi4 e marcava o inicio de um longo e rigoroso resguardo, que se fosse descumprido, levava o matador a perder antecipadamente sua qualidade de proporciador da caça.
A segunda parte do ritual era realizado no período de chuva, o yashegon5, quando ela era cozida e esfolada.
No inverno, completava-se o clico com a festa taimetoröm6, na qual os dentes extraídos para confecção do troféu eram enfileirados em um cinto de algodão7, denominado Pariuaete-ran. Essa era a mais elaborada das cerimonias e os donos das cabeças convidavam os aliados para comerem os couros da caça do dejaboishi. Antes da festa, era realizada uma grande caçada, na qual adquiriam as provisões para o dia marcado. Nesse dia, toda a tribo se reunia para assistir o tuchaua8 confeccionar o cinto e enfeitá-lo com os dentes dos inimigos, os quais eram limpos e furados, para serem depois pendurados. Durante este trabalho, todos os presentes permaneciam nus e sentados, entoando hinos guerreiros. Terminado o cinto, todos se dirigiam à Casa dos Homens, denominada por eles de exçá, para vestirem os seus trajes de festa e se armarem.

*Deuses Cultuados
A Missão católica, além de ter exercido influência na concentração da população nas margens do rio Cururu, difundiu princípios do catolicismo, como o batismo do recém-nascido como obrigatório e o casamento religioso. No entanto, em relação ao mundo da religião indígena, mesmo considerando que as práticas de conversão não diferem em essência das praticadas no período colonial, com a condenação dos rituais de pajelança, os avanços em termos de conversão católica podem ser considerados modestos tendo em vista que os Munduruku são extremamente ligados ao mundo de sua religião tradicional.
Um dos principais deuses dos Mundurucus, é o Caro Sacaibu9, um criador onisciente e herói civilizador, pois ensinou aos homens e a caça e a agricultura. Ele foi maltratado pelos Munducurus, retirou-se ao mais alto do céu, onde se confunde com a cerração. No fim do mundo, ele queimará os homens no fogo. Mas, é benévolo e atende as preces dos que a ele recorrem (antes da caça, da pesca, e nas doenças). Castiga os maus e acolhe benignamente os bons.

*Referências Bibliográficas

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SANTOS, Francisco Jorge dos. NOGUEIRA, Amélia Regina Batista. NOGUEIRA, Ricardo José Batista. História e Geografia do Amazonas ? Ensino Médio. ENT ? Editora Novo Tempo Ltda, 2003. 129 p.

RAMOS, André. Munduruku ? Aspectos Culturais. Disponível em: <http://pib.socioambiental.org/pt/povo/munduruku/798>. Acesso em 18/04/2010.