Os Amigos Imaginários

Este artigo pretende ser uma reflexão sobre os amigos imaginários ou invisíveis das crianças, suas repercussões no desenvolvimento e alguns conselhos aos pais.


Um amigo imaginário pode ser qualquer coisa,
e até não ser nada de concreto, simplesmente,
estar ali, para a criança.


Muitos pais já se confrontaram com o facto de o seu filho ter um amigo imaginário, chegando a visualizar o seu filho a falar, rir e até a se zangar com o amiguinho que acabou de criar. Este fenómeno gera alguma preocupação nos pais que, muitas vezes, sentem muitas dificuldades em lidar com esta situação.
De facto, ver o seu filho a falar sozinho com um amigo invisível, com os quais passa horas a brincar, a conversar e a contar os seus problemas, pode ser assustador para os pais. No entanto, na maioria dos casos, não há motivos para alarmes. O amigo imaginário é, quase sempre, um indicador de criatividade e uma forma que a criança tem de para lidar com o seu mundo de fantasia e de sonho.
Normalmente, estes amigos invisíveis surgem entre os dois e os seis anos de idade, uma fase repleta de magia e encanto para as crianças, pelo que nesta fase as crianças precisam imaginar e criar o seu mundo de fantasia, que lhe proporciona felicidade e prazer em crescer.

Estes amigos imaginários podem surgir de dois modos: amigos invisíveis (que ninguém pode ver) e objectos personificados (com os quais a criança interage, como se fossem humanos).
A criação de um amigo imaginário não ocorre, obrigatoriamente, porque a criança se sente triste solitária ou até mesmo porque não tem amigos. Apesar de conviver com outras crianças, ela pode sentir necessidade de inventar um amigo que se manifesta, sobretudo, quando ela está só. Situações em que está subjacente uma elevada carga de ansiedade ou grandes mudanças na vida da criança, como o início ou mudança de escola, a chegada de um irmão, o divórcio dos pais, podem induzir e despoletar o aparecimento destes amigos especiais.
O amigo imaginário serve essencialmente para que a criança se liberte das suas ansiedades diárias (decorrentes do processo de desenvolvimento), mas também podem servir para ajudar a criança na tarefa de lidar com sentimentos de raiva ou frustração, ou até mesmo servirem como meros confidentes.
No entanto também permite começar a aprender a gerir algumas situações, como estabelecer relações de amizade com os outros, compartilhar segredos ou dividir as suas coisas, ao mesmo tempo que desenvolve a sua imaginação e criatividade.
No que toca aos pais, estes devem agir com tranquilidade, não dando muita importância à situação, escutando as conversas que o filho mantém com o amigo imaginário, aceitando e respeitando as suas personagens de "faz de conta", de modo a percepcionarem os seus receios e conflitos internos. No entanto, não devem, de forma alguma, estimular o jogo do "faz de conta" do seu filho, nem tentar provar que aquele amigo em que ele tanto confia é fruto da sua imaginação.
É importante respeitar o amigo imaginário e não repreender a criança, pois no fundo ela sabe que ele vive apenas na sua imaginação.
No entanto, a existência do amigo imaginário deve ser alvo da preocupação dos pais quando o filho demonstrar que prefere ficar com o amigo invisível a divertir-se com os amigos "de carne e osso" ou a fazer passeios e actividades com a família, isto é, quando todas as suas actividades se centram no amigo invisível. Se esta situação ocorrer será importante consultar um/a Psicólogo/a Infantil.
No entanto, em regra, a ideia que pais e educadores devem ter em mente é que o amigo imaginário é uma criação saudável da criança que a ajuda a vivenciar o seu processo de desenvolvimento.