Adorei as Almas!

É o que dizemos ao chamar os vovôs e as vovós que nos amparam e ensinam na Umbanda Sagrada. Acolhimento no carinho das palavras e das benzeduras santas, que humildemente nos concedem. Humildes no sentido pleno, porque são os espíritos que compreendem verdadeiramente esta ação. São as entidades que carregam o mistério das almas, das três cruzes, da fé em Pai Oxalá para a mudança e cura em Pai Omolu.

O arquétipo, do negro escravizado com a fala antiga e simples, é para nos trazer um grande entendimento: sofrimento de qualquer tipo vem para ensinar. Foi no imensurável sofrimento da escravidão que estes guias encontraram a iluminação. Vale ressaltar que nem todo preto ou preta-velha foram escravos, mas há grande simbologia em apresentarem-se nesta personificação. É a ajuda ao próximo pela sobrevivência, por compreender os erros e acertos humanos. A sabedoria dos quatro elementos sagrados dados por Olorum, o criador, fecundado pelas Iabás e por toda Mãe Divina, como as Nossas Senhoras católicas. Tem em Jesus apego e devoção, pois, assim como nós, tem nele o exemplo da caridade pura e da consciência universal. Tudo engatilhado pela história deste país: da escravidão à liberdade.

A Linha das Almas é regida por trabalhos de limpeza e encaminhamentos espirituais muito potentes. É dela que insurgem os mistérios ligados às calungas – tanto a Calunga Grande, o mar, quanto a Calunga Pequena, os cemitérios -, tão importantes para conduzir e receber energias. O famoso Cruzeiro das Almas dos cemitérios é onde um grande portal existe com a função de encaminhar espíritos para a evolução ou punição. Nesta linha se conhece profundamente o oculto e, regidos pela lei atemporal da evolução e retorno, usa-se desse conhecimento para agir. Os sábios vovôs e vovós, já tão iluminados em seu caminhar espiritual, tem a permissão divina de atuar neste campo. Hoje em dia, apesar de causar controvérsias entre estudiosos, já é sabido que existem falanges de Exus e Pombogiras que trabalham para as Almas, conduzindo os espíritos fora da Lei.

Com a modéstia e compreensão de muitas vidas, os trabalhadores das Almas, nossos vovôs amados, estão sempre prontos para nos dar colo e palavra consoladora. Trabalham incansáveis pelo que é do merecimento e livramento dos seus médiuns e consulentes, mas são discretos. Não clamam seus feitos, nem esperam nada em troca pela vaidade. Estão muito além disso.

Salve os Pretos Velhos de Umbanda!

Adorei as Almas!