Origem das idéias segundo Locke e Leibniz

Esdras Sales Braga ¹

 

1. Introdução

 

O período histórico da filosofia considerado moderno apresenta com maior teor discursivo questões a cerca da origem do conhecimento, método e estruturas adequadas para a composição da ciência.

Seguindo um percurso de superação é possível elencar o descrédito por questões próprias de explicação medieval e remeter a inquietações que dizem respeito à origem das idéias mesmo as possibilidades para se constituir a ciência. Neste ínterim, a metafísica assume uma postura secular propriamente em acordo ao fato que a razão passa a seguir sem a concordância com fé. Essas propostas, acrescidas da autonomia do pensamento possibilitam a reflexão à cerca de como o homem produz conhecimento e não simplesmente o repassa como anteriormente sugerido pelo ensino escolástico.

Esta discussão epistemológica é posta em questão sobre a visão de Leibniz e Locke, neste presente texto, segundo o método que lhes é devido e a reflexão sobre o conteúdo da mente humana.

 

2. Resumo

 

Nesta presente exposição sobre a origem do conhecimento segundo as perspectivas de Leibniz e Locke relata em um primeiro momento a noção inata do primeiro e a necessária experiência para o segundo. No decorrer do texto outras noções a parte da epistemologia serão apresentadas para um melhor esclarecimento desses autores que se serviram de métodos e de outras estruturas cognitivas para informar o conhecimento adquirido.

                                                                                                           

Palavra-Chave: Epistemologia, Leibniz, Locke.

 

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1 - Alunos do Curso de Filosofia licenciatura da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA.

 

3. Defesa de idéias inatas por Leibniz

 

Na epistemologia de Leibniz em sua obra dita como Novos ensaios a cerca do entendimento humano é posta em questão em forma de diálogo uma força como sendo esta própria essência dos seres presentes em sua alma, somente em ato é o espírito que pode construí-las. Podendo distinguir tipos de causa para esclarecimento como sendo eficiente a própria para a ação humana e as causas finais como conjunto de inclinações e disposições desta alma. Através destes conceitos é possível a reflexão sobre como a atividade do homem está seguida de suas atribuições.

 

As desconsiderações da posse de conhecimento em consonância com a experiência são possíveis em favor de que mesmo antes conceber uma idéia a própria alma a configura, mesmo que seja em seu próprio intimo. Como mesmo o defensor deste princípio afirma, ainda que esta atividade não seja de acesso imediato.

 

“Em um sentido tão vasto, que é bom empregar para ter noções mais compreensivas e mais determinadas, todas as verdades que podemos haurir dos conhecimentos inatos primitivos podem denominar-se ainda inatas, pelo fato de o espírito poder hauri-las de seu fundo, embora isto por vezes não seja fácil.” (LEIBNIZ, G.)

 

Leibniz explica a existência do mundo como sendo uma resposta divina, apresentando questões sobre o porquê deste mundo e por que Deus o fez assim. O que nos apresenta a questão de como a metafísica ultrapassa o corruptível, perceptível pelos sentidos. Essa tentativa de Leibniz é conciliar a liberdade com a moralidade, tendo um fim para a própria criação e necessidade física de obedecer a uma moral. A física passa a ser pensada como explicação mecânica para os eventos, sob o principio de causalidade, configurando uma causa eficiente. Neste caso, nenhum fato particular explica as coisas, o que reforça uma idéia de criação, tendo Deus como razão suficiente.

O que nos sugere a representação de que é possível mostrar este mundo físico sem necessitar da metafísica, porém Deus dela necessita enquanto razão suficiente e essencial. Razão esta que pensa a ocorrência das coisas ruins em favor da realização do bem.

Esta questão de essência para o dito filósofo aponta a existência de Deus como sendo uma necessidade este fato sendo contrariado representaria um erro lógico, pois este sendo único explica-se a si mesmo. Ora, outros mundos poderiam ter sido pensados por Deus, porém este é o melhor. Estes conceitos são importantes para presidir a percepção sobre os sentidos, estes como sendo não inatos constituem erroneamente fatos que os corroborem em bases disformes para a produção do conhecimento. Para explicar de maneira mais precisa o autor faz uso dos extintos como sendo estes naturais e espontâneos.

“[...] todo sentimento é a percepção de uma verdade, que o sentimento natural é a percepção de uma verdade inata [...] como o gênero deve ser distinguido na espécie, visto que as verdades inatas compreendem tanto os instintos como a luz natural.” (LEIBNIZ, G.)

 

Para Leibniz a capacidade do individuo de produzir o conhecimento está em si próprio, usa o autor para assegurar esta verdade a capacidade que o individuo possui por necessidade de produzir as idéias, a mente é pois capaz de apreender de si mesma as verdades buscada em particular por cada individuo.

 

“O espírito não é somente capaz de conhecê-las, mas também de descobri-las em si mesmo: se o espírito tivesse apenas a capacidade de receber o conhecimento ou a potencia passiva para isto [...] não seria fonte das verdades necessárias, como acabo de demonstrar que na realidade é.”

(LEIBNIZ, G.)

 

4. Uso da experiência para o conhecimento por Locke

 

Locke fundamenta sua crítica em combate as noções do inatismo proposto por Descartes, sendo este fundamentado em idéias inatas, próprias da mente humana. Locke assevera a noção de que a mente humana é semelhante a uma folha em branca retratada por impressões obtidas pelo individuo. Logo. Todas as idéias são possíveis graças a experiência de sensação ou de reflexão e os mecanismos para que cada uma seja empreendido.

 

O fato de a experiência gerar por si dois tipos de idéias nos possibilita classificá-las segundo o critério que estas nos são dadas, no caso as idéias de sensação são próprias do objeto ou da combinação de vários sentidos que associados direcionam a noção de que as idéias até podem estar na mente humana mas fora há algo que tem o poder de produzi-las na mente.

 

“Em primeiro lugar, nossos sentidos, que tem trato com objetos sensíveis particulares, transmitem respectivas e distintas percepções das coisas a mente, segundo os variados modos em que esses objetos os afetam, e é assim como chegamos a possuir essas idéias que temos do amarelo, do branco, do calor, do frio, do macio, do duro, do amargo, do doce, e de todas aquelas que chamamos qualidades sensíveis [...] a chamo de sensação.” (LOCKE, John.)

 

O autor também nos aponta o mecanismo em que são geradas as idéias partindo da própria orientação do ato de proximidade com o objeto e por conseguindo as modificações provocadas em nossa mente em virtude deste estímulo.

 

Partindo então deste principio de que na própria mente não constam idéias inatas, o autor deste ensaio não descarta a possibilidade de faculdades consideradas inatas, o que possibilita a evidencia de que a mente percebe, memoriza e combina as idéias advindas de fora. Logo, a experiência é ato ocorrido por etapas sendo introduzida pela observação tanto de objetos externos quanto por operações do raciocínio o que em um primeiro momento nos colocamos sobre o efeito da sensação, e no segundo são realizadas intervenções sob o uso das idéias como é o caso da reflexão. Por propriedade supracitada nos implica a relação de que as sensações são possíveis enquanto relação direta ao objeto e enquanto operação interna da mente dimensão da reflexão. Convém retratar segundo critério do autor que este termo operação está relacionado as relações da mente conjuntamente as idéias ou, como mesmo ele sugere, inquietações próprias enquanto pensamento.

 

“Todo o homem possui totalmente em si mesmo esta fonte de idéias e, ainda que ela não seja um sentido por nada ter que ver com os objetos externos, assemelha-se-lhe muito, todavia, e pode com propriedade ser chamada sentido interno. Mas, como à outra fonte das idéias chamo sensação, a esta denomino reflexão, porque por seu intermédio a ente só recebe as idéias que adquire ao refletir sobre as próprias operações internas.” (LOCKE, John.)

 

 

5. Conclusão

 

Durante a exposição sobre o presente tema a aparente dicotomia da razão experimental proposta por Locke e a consideração de conjunturas inatas para o conhecimento segundo Leibniz, sugere o questionamento sobre a origem das idéias enquanto sendo essas um conteúdo mental.

A noção de uma estrutura que seja cognitiva, sendo este um debate da modernidade, informa o que é possível conhecer, as possibilidades de adquirir conhecimento, em seus limites e em suas possibilidades de formulação de ciência, temas exploradas na síntese proposta por Kant. Mas anterior a esta fundamentação filósofos tentaram esclarecer como o diálogo entre o sujeito cognoscente e o objeto congnoscível se coloca de fato, como de fato adquirimos conhecimento.

O objetivo deste artigo é o esclarecimento sobre as formas propostas por esses dois filósofos do período moderno, embasado nos ensaios por eles escritos que remetem métodos de como o humano submete seu entendimento.

 

 

6. Bibliografia

 

-  LEIBNIZ, Gottfried. Novos ensaios sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultura. ( Coleção os pensadores)

- LOCKE, John. Ensaio a cerca do entendimento humano. São Paulo: Abril Cultura. (Coleção os pensadores)