A sociologia, tida como um conjunto de atividades produzidas para explicar a vida social, há pouco tempo atrás ainda era mal vista pelas universidades brasileiras e por alguns outros governos sul-americanos. Isso porque, ao se tratar de um projeto intelectual, diverge opiniões, podendo ser considerada desde instrumento para alcance de maior poder por parte das elites à poderosa "arma" de revolução das camadas populares.

O surgimento de tal ciência nos remete a séculos atrás, quando a sociedade feudal perdia espaço para o capitalismo e assim surgiram inúmeros problemas, tais como desemprego, doenças e revoltas operárias, os quais desencadeariam uma maior análise da sociedade e a busca por uma melhor organização social. Estes problemas surgiram após a dupla revolução ocorrida na Europa do século XVIII, em especial e Revolução Industrial, que levou, aos poucos, a sociedade à categoria de "problema" a ser investigado.

Embora ainda no século XVII houvesse intelectuais interessados na análise social, foi apenas com os pensadores iluministas (século XVIII) que a sociedade passou a ser analisada de forma racional e não mais dedutiva. Como dizia Condorcet, os fenômenos sociais deveriam ser vistos num âmbito mais lógico, ao qual denominou de "matemática social", uma das formas iluministas para negar abertamente a sociedade existente.

Segundo os iluministas, intelectuais da burguesia, deveria haver uma revolução nos costumes e comportamentos da sociedade. Porém, para isso, era necessário conhecer a realidade e o poder vigente. A revolução proposta era tamanha que, uma vez no poder, a própria burguesia assustou-se com sua dimensão e precisou elaborar maneiras de contê-la e evitar demais revoltas, usando como lema a "organização e aperfeiçoamento da sociedade".

Dessa forma, percebe-se que o surgimento da sociologia não foi por acaso, mas aconteceu por interesses práticos, voltados a repensar o problema da ordem social, levando em conta o respeito a valores como hierarquias sociais, autoridades e família. É nesse período também em que se torna notável o positivismo de Comte, oficializando a sociologia e tornando-a uma das maneiras mais eficazes de estudar, interferir e melhorar as civilizações.