De acordo com  uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz, entre julho de 1999 e fevereiro de 2000, Foi revelado que 32,5 % das adolescentes que engravidaram estudaram até, no máximo a 4ª série do Ensino Fundamental (ALTMANN, 2001). Surge aí a necessidade de abordar o tema nas escolas, como mecanismo de orientação e prevenção não só da gravidez, como também das DST’s (Doenças Sexualmente Transmissíveis), inclusive a AIDS, a mais temida  de todas.

            Com orientação adequada, o adolescente tem uma vida sexual mais prazerosa e saudável. Atualmente o  diálogo familiar é um pouco mais aberto, porém está longe do ideal. O jovem que precisa da informação, ainda tem medo de perguntar e os pais que poderiam orientar, tem receio de abordar o assunto.

            Na prática as famílias realizam educação sexual das suas crianças e jovens, mesmo aquelas que nunca falam abertamente sobre isso. O comportamento dos pais entre si, na relação com os filhos, no tipo de “cuidados” recomendados, são carregados de valores associados a sexualidade.

            A orientação sexual na escola tem importante papel com referência a prevenção de situações indesejada, como a gravidez precoce e o aumento de casos das doenças relacionadas a práticas sexuais. Aumento este, que resultou em preocupação da sociedade como um todo e também dos governos, que criaram meios para que a orientação sexual fosse implantada nas escolas, através dos PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais).

            Esta preocupação não é de hoje. Desde o século XVII esta necessidade de informação se tornou um problema público. No Brasil, a implementação  da educação sexual surgiu nas décadas de 60 e 70, cabendo as escolas admitirem sua inserção ou não, pois até então, acreditava-se “ser a família a principal responsável pela educação sexual” (ALTMANN, 2001.p.579).

            Na atualidade essa preocupação aumentou devido o crescimento dos casos de gravidez na adolescência e das DST’s, atribuindo-se a escola o papel de contribuir para conscientização dos adolescentes para diminuição e controle dos mesmos. Nesse contexto

 

Os conteúdos tratados na escola devem destacar a importância da saúde sexual e reprodutiva e os cuidados necessários para promovê-la. A escola  deve, integrada com serviços públicos de saúde, conscientizar para a importância de ações não só curativas, mas também preventivas, atitudes denominadas como de ‘autocuidado’.Identifica-se aí a intenção de educar alunos e alunas para o autodisciplinamento de sua sexualidade.

                      (ALTMANN,2001.p.582)

               A sexualidade na educação vem se desenvolvendo de diversas formas, onde se destaca o tema na educação sexual proposta pelo PCN, na modalidade de temas transversais, entretanto, ela é englobada como fonte de informação, de conhecimento, que os adolescentes precisam conhecer.

               O PCN também aponta para a necessidade  de abordá-la durante aulas de educação física. No entanto, não orientam nem instruem como fazê-lo, como expô-la dentro da disciplina. Essas divergências só contribuem ainda mais para a falta de informação e despreparo do professor que não tem orientação adequada para trabalhar o tema, limitando, apenas o professor de Ciências para desenvolver esse trabalho, que ocorre por volta da 7ª série do Ensino Fundamental, quando o adolescente já está começando a desenvolver seu corpo, sua identidade sexual, seus desejos e preferências.

               A curiosidade a respeito do conhecimento dos jovens sobre questões sexuais, levou a autora Helena Altmann, a desenvolver uma pesquisa com adolescentes em uma escola de Ensino Fundamental no Rio de Janeiro, em 2001. Pesquisa esta que revelou expressivamente o quadro de  desinformação dos adolescentes entrevistados, assim como o esforço dos educadores no sentido de conscientizá-los sobre a prevenção as DST’s e gravidez na adolescência, que nem sempre surte resultados positivos.

               A pesquisa revelou  o perfil dos entrevistados, suas principais dúvidas e indagações. Mostrou também a forma como o professor transmitia a temática, de acordo com a compreensão dos alunos, que expuseram seus conhecimentos a respeito de como se prevenir, através da utilização de métodos contraceptivos, seus mitos. Os adolescentes afirmam também que aprendem mais sobre sexualidade na escola do que com os pais, pois o diálogo é quase inexistente e quando ocorre é vago, com explicações superficiais.

A  pesquisa aponta para o fato de os meninos saberem mais se prevenir de DST’s do que as meninas, enquanto estas sabem melhor se prevenir da gravidez precoce.Ambos também reconheceram que a maneira mais eficaz de prevenção, tanto para a gravidez quanto para as DST’s, é o uso do preservativo masculino

               Os adolescentes conhecem a maioria dos métodos de prevenção, mas acreditam que a responsabilidade maior pela gravidez é das meninas, já que são  elas  que geram  a criança. É revelado também que as meninas estão mais abertas ao diálogo e sentem-se mais a vontade para falar sobre o assunto.

            Essa pesquisa deixa bastante claro que a escola assume a tarefa de tentar evitar  a ocorrência de gravidez entre adolescentes e, para isto, mostrar os métodos de prevenção, buscando conscientizá-los de que a adolescência não é um período adequado para se tornar mãe ou pai.(ALTMANN,2003.p.309).

            Contudo, para que haja uma boa atuação e participação dos jovens se faz necessária a participação efetiva dos educadores , elaborando e organizando temáticas organizadas em diferentes aspectos, dentro de uma prática fundamentada no respeito à pessoa humana em sua totalidade.

  

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIA:

 

ALTMANN, Helena. Orientação sexual nos parâmetros curriculares nacionais.Rev.    Estud. Fem., 2001, vol .9,  no .2, p. 575-585.

__________________.Orientação sexual em uma escola: recortes de corpos e de gênero. Cad. Pagu, 2003, no. 21, p. 281-315.

SOUSA, Eustáquia Salvadora de and ALTMANN, Helena. Meninos e meninas: expectativas corporais e implicações na educação física escolar. Cad. CEDES, Ago 1999, vol. 19, no. 48, p. 52-68.