Valladares, K.K. Orientação Sexual na Escola: de acordo com os novos Parâmetros Curriculares Nacionais-MEC.  Rio de Janeiro,Quartet, 2005. 128 p. 3ª ed.ISBN: 85-85696-39-7.

Este livro foi escrito pela autora Katia Krepsky Valladares,psicóloga, socióloga, e professora. “Escritora por paixão e pintora por diversão”, assim se descreve a própria Katia.

Nessa obra buscou ressaltar a importância da Orientação sexual nas escolas nos tempos atuais.  Produziu nesse livro uma espécie de guia prático e ilustrado, que torna o mais simples e menos desconfortável possível o tratamento do tema por professores, alunos e pais.

A autora faz apontamentos importantes sobre a sexualidade, revela o contrassenso existente entre família, escola e mídia. Destacando que a última tem tomado as rédeas da situação, e incutido uma cultura erotizada na cabeça dos jovens, enquanto a família e a escola se recusam a tratar o assunto de forma adequada. Uma vez que o tabu ainda existente bloqueia muitas pessoas, e as impedem de conversar abertamente sobre sexualidade, sobretudo dentro da escola.

Valladares comenta sobre a finalidade da sexualidade, no que tange o espaço biológico tendo aqui a função reprodutiva da espécie, e numa segunda finalidade ser uma fonte de prazer, bem estar psicofísico.

Relaciona a diferença entre Orientação Sexual e Educação Sexual. Sendo esta ultima a experiência pessoal o conjunto de valores transmitidos pela família e ambiente social. E a primeira se define como um processo formal que acontece dentro de um espaço escolar. Trata-se de uma complementação a educação sexual dada pela família. Cabe aqui à escola abordar diferentes pontos de vista, valores e crenças.

Aduz que a Orientação sexual se faz urgentemente necessária. Cabendo não somente aos pais, mas, também à escola. Para dessa forma proporcionar ao estudante, ao jovem, um desenvolvimento mais equilibrado.

Ao explicar o porquê da Orientação Sexual na escola, Valladares ressalta a necessidade em virtude do aparecimento das DSTs, o número crescente de gravidez na adolescência. Afirma ainda, em sua obra que anteriormente acreditava-se que as famílias não viam com bons olhos a orientação sexual nas escolas, mas que hoje, a situação se inverteu, pois as famílias reivindicam Orientação Sexual na escola, uma vez que reconhecem a sua importância para as crianças e adolescentes, como também sua própria dificuldade em falar abertamente sobre esses assuntos em casa.

Nesse sentido a autora salientou a necessidade de que a escola mude a sua visão a respeito da sexualidade, encarando o tema com a importância e a seriedade que merece. E não limitando- à apenas às aulas de anatomia do corpo humano feminino e masculino.

De acordo com Valladares, a proposta de Orientação Sexual caracteriza-se por trabalhar o esclarecimento e a problematização de questões que favoreçam a reflexão das informações, emoções e valores recebidos e vividos no decorrer da história de cada um e que tantas vezes, prejudicam o desenvolvimento de suas potencialidades.

Além disso, considera fundamental ir além dos aspectos biológicos do individuo, e agregar e discutir os aspectos culturais, políticos, econômicos e psíquicos da sexualidade. Assim, a orientação sexual oferecida pela escola deverá abordar as informações que saem na mídia, as que são transmitidas pela família e pela sociedade, com os jovens e crianças. Dessa forma preenchendo as falhas nas informações que a criança já possui, e acima de tudo criar possibilidade de formar opinião acerca do que lhe é apresentado. Com essa estratégia a escola deverá informar discutir os diferentes tabus, preconceitos, crenças e atitudes existentes na sociedade.

Essa estratégia poderá evitar muitas situações inviáveis. Uma vez que estará munindo o jovem de informações corretas, antes que o desejo natural e a curiosidade sexual sejam supridos com informações distorcidas, encontradas aleatoriamente no meio ambiente. É uma forma de dar informações seguras aos jovens e encaminha-lo em direção a opções mais conscientes e sadias.

A autora evidencia a inserção da orientação sexual no currículo, de forma transversal, isto é, perpassando por todas as áreas de conhecimento: português, historia ciências, etc. impregnando toda a pratica educativa. Sublinha que a postura do orientador sexual deve ser sempre a de coordenar ideias, saber ouvir a opinião do outro e respeitar a si mesmo e o outro. Podendo ser orientadores: pedagogos, psicólogos, professores e educadores.

Valladares destaca ainda, o uso de Dinâmicas e Teatro, no trabalho com a sexualidade. Podendo dessa forma orientar os alunos de uma forma criativa e construtiva. Apresenta para todos os profissionais, um guia com enfoques temáticos para a reflexões com as turmas. Para cada série ela reuniu um conjunto de temas que podem facilitar muito o trabalho dos envolvidos no processo de orientação dos jovens e crianças. As ideias de temas vão desde o ensino fundamental até o ensino básico.

A autora menciona que antes de iniciar o trabalho sobre sexualidade com os adolescentes, as famílias deverão ser avisadas, e devidamente informadas sobre as propostas dos orientadores sexuais.

Na mesma obra a autora aborda dentre os assuntos acima supracitados, outras temáticas relacionadas à sexualidade como, a sexualidade infantil perpassando desde a infância, puberdade, anatomia sexual, hormônios, ciclo menstrual, fecundação e gestão. Além disso, também destaca alguns problemas inerentes à gravidez. Tipos de partos e anticoncepção.  Ressalta também um breve apanhado sobre as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST); prostituição, sexualidade do deficiente mental. E por ultimo, mas não menos importante, a avaliação. De acordo com a autora a avaliação deverá possibilitar ao aluno dentre outras coisas, entender melhor a própria sexualidade e toda a supremacia do amor. Além disso, varias maneiras de avaliação podem ser utilizadas, desde que sejam atingidos os objetivos.

 Logo entendo que é bastante pertinente a proposta de Valladares, pois acredito na necessidade de promover orientação sexual aos estudantes no espaço escolar, como uma medida de complementar ou rebater as informações que os mesmo porventura já possuam. Para que então possam em posse das informações corretas agirem de forma adequada e consciente na sociedade.

Sugere um trabalho transversal, conforme proposto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais. Dessa forma a sexualidade perpassará por todas as áreas do conhecimento. Isso é fundamental para que não fiquem informações fragmentadas. E os alunos recebam o maior número de orientações possíveis. Sanando imediatamente suas dúvidas e diminuindo a probabilidade de que cometa erros inerentes a prática de sua sexualidade.

Finalizando, concordo com os posicionamentos e estratégias da autora em virtude de acreditar na veemente necessidade do trabalho ativo e eficaz da orientação da sexualidade na escola.

Em relação à parte técnica da obra entendo que se trata de uma obra composta de ricas informações e dicas pertinentes que explora os problemas que se propõe a estudar, sem desvios ou distorções e sem também esgotar o tema, uma vez que o mesmo possui uma magnitude de proporções consideráveis. É uma obra valiosa porque aborda um dos tabus da sociedade brasileira: A sexualidade humana, falada abertamente.

Esta obra apresenta especial interesse para estudantes e pesquisadores e pode ser utilizada tanto para alunos de graduação e como de pós-graduação, pois apresenta linguagem simples, sendo também útil como modelo, do ponto de vista metodológico.

   

REFERÊNCIA

VALLADARES, Katia Krepsky. Orientação Sexual na Escola: de acordo com os novos Parâmetros Curriculares Nacionais – MEC.3. ed. Rio de Janeiro:Quarter,2005. 128 p. ISBN: 85-85696-39-7.