Introdução

Este trabalho tem como objetivo apresentar um problema de saúde muito grave e silencioso que aflige uma boa parte da população mundial, todavia demonstrar através de pesquisas que esse mal aflige realmente e apresentar possíveis soluções para o problema, procurando também demonstrar que através dessa idéia há países que já passam a obter um relativo sucesso com isso dando uma melhor qualidade de vida aos seus habitantes.
Em segundo plano mostrar a importância da oratória também na vida profissional de vários trabalhadores e que esta não pode ser excluída da vida acadêmica dos mesmos.

O Problema
Nas duas últimas décadas temos percebido um fenômeno que cresce a cada dia que passa em toda sociedade brasileira, quiçá mundial.
É um acontecimento que infelizmente faz parte dos tempos modernos, com uma tendência a aumentar cada vez mais. As pessoas hoje em dia trancam-se no seu próprio mundo ou como dizem os psicólogos no seu "próprio eu". Estas por sua vez têm medo de falar em público, de se relacionar, até mesmo de conversar, é um medo coletivo que chega a contagiar um chamado "pânico coletivo".
De acordo com a Dra. Mello (2008-ABRAPSMOL), " ultimamente muito se tem escutado falar sobre a Síndrome do Pânico, um dos transtornos de ansiedade".
Especificando para muitos que o pânico ocorre quando há uma determinada ameaça de perda de referencial de identidade, costumeiramente isto acontece por um questionamento súbito e maciço do conceito de identidade.
Para Dra. Mello: "O início da fobia social não costuma ser percebido pelo paciente. Lentamente, o fato de ser observado ou de achar que será observado, medo de ser humilhado, considerado ansioso, débil, "maluco", torna extremamente desconfortável executar atividades restritas como escrever, falar, comer, beber em locais públicos, urinar em banheiro público e, muito freqüentemente, de assinar cheques à vista de pessoas estranhas.
O medo de falar em público pode ser em virtude da preocupação de que os outros percebam o tremor em suas mãos ou voz, ou por acharem que não sabem se expressar. Ou seja, são situações envolvendo quase todas as circunstâncias sociais fora do ambiente familiar."
Sendo assim, o ser humano passa a formar pequenos grupos restritos de relacionamentos, pois desta forma ele tem a ligeira impressão de se sentir mais seguro, poucos são aqueles que conseguem superar esse medo.

O Problema camuflado

Algumas pessoas acreditam que a timidez possa ser responsável por estes distúrbios, mas estão redondamente enganadas, pois a timidez não impossibilita de realizar determinadas tarefas, tais como: atividades em grupo, praticar esportes coletivos, falar em público, abordar alguém para namoro ou relação íntima, divertir-se em público, e assim por diante.
Segundo a Dra. Winandy(2009), "As características comumente associadas à Fobia Social incluem: hipersensibilidade a críticas, avaliações negativas ou rejeição; dificuldade em ser afirmativo e baixa auto-estima ou sentimento de inferioridade. Os principais sintomas são: tremores, sudorese, sensação de bolo na garganta, dificuldade para falar, mal estar abdominal, diarréia, tonteiras, falta de ar, vontade de sair do local onde se encontra".
Histórico da oratória

A ciência da oratória não surgiu na Grécia, mas os gregos foram os verdadeiros amantes da palavra, apreciaram a eloqüência natural mais do que qualquer outro povo antigo. Isto é comprovado pelos brilhantes discursos registrados nas páginas da Ilíada, além disto, se não bastasse temos as empolgantes palavras dos comandantes militares dirigidas as suas tropas antecedendo o combate. Por outra, os próprios soldados mortos durante a guerra eram logo homenageados com solenes discursos fúnebres.
Então no que consiste a oratória, esta diz respeito a como falar em público, ou seja, toda parte de gesticulação, textualização, fluência verbal e estilo tudo isto está englobado nesta técnica.
Na Grécia antiga a oratória era vista como um "dom" seriam poucos os escolhidos para receberem tal graça divina.
Segundo Santos(2010, p.09), "A oratória passou assim a ser fundamental, já não apenas para aqueles que aspiravam à política que era a ambição ou a carreira mais normal para cidadãos livres daquele tempo. Mas nem toda gente, porém, era capaz de falar em público com brilho e eficácia. Os menos hábeis na oratória tinham de pedir a ajuda dos mais preparados. A partir daí floresce uma nova classe de profissionais especialistas na arte de bem falar e escrever."

Pesquisas brasileiras e americanas

Uma das maiores empresas de telecomunicações do país através de um dos seus programas televisivos, realizaram uma pesquisa em amplitude nacional para saber o maior medo que atormenta o seu público. Não deu outra o medo de falar em público apareceu em primeiro lugar. A relação completa dos maiores medos que afligem os brasileiros são: Resultado da pesquisa: "Do que você tem mais medo?"
Falar em público: 15.30%
Doenças: 13.27%
Morte: 12.17%
Águas profundas: 10.07%
Solidão: 8.27%
Altura: 6.77%
Desemprego: 6.72%
Dívidas: 6.09%
Sair à noite na rua: 4.12%
Elevador e lugares fechados: 3.30%
Injeção: 3.26%
Dirigir: 2.68%
Avião: 2.67%
Insetos: 2.21%
Escuro: 2.18%
Cachorro: 0.93%

Esta pesquisa foi realizada pelo programa "globo repórter" no dia 28/08/2009.
Para provar que não é só no Brasil que existe essa preocupação, podemos comparar também com uma pesquisa feita nos Estados Unidos da América.
Não fique assustado segundo uma pesquisa realizada por um jornal norte americano de grande circulação, falar em público causa mais medo nas pessoas do que a própria morte.
De acordo com pesquisa realizada sobre "do que você mais tem medo?" Pelo jornal New York Times em meados da década de 90, este foi o índice apontado pela maioria dos entrevistados.
1º Falar em público
2º Problemas financeiros
3º Doenças
4º Morte

Solução para o problema

Você pode até estar se perguntando: - O que isso tem haver com o título desse artigo? Pasme tem tudo haver, pois a oratória é uma ciência tão antiga e ao mesmo tempo ainda tão pouco utilizada no nosso dia-a-dia, e por incrível que pareça inclusive nas universidades e faculdades do nosso país.
Como foi retratado acima a ciência da oratória trabalha não somente os nossos gestos como também a nossa fala, aqui está a solução para o problema descrito no inicio do artigo.
As pessoas que passam a dominar esta ciência mudam completamente o seu estilo de vida, e a sua alta estima fica maior é como se este recebesse uma alta dose de confiança. Isto é o que está faltando às pessoas que se encontram com o "pânico coletivo" ou a chamada "fobia social". Não é fácil, trazer estas pessoas para oratória afinal elas acreditam que não há cura para tais problemas e assim sendo não poderão ser curadas. A falta ou incapacidade de saber se comunicar ou expressa seus desejos, vontades, apreensões ou reivindicar algo, faz com que as pessoas se fechem. Como já dizia o "velho guerreiro", no inicio dos anos 80 a falta de comunicação faz com que estes percam muitas oportunidades.
A oratória é uma das formas mais práticas e menos agressivas para a cura deste problema, é um verdadeiro remédio, quase que homeopático, mas que pode fazer uma grande diferença no mundo em que vivemos, já dizia Aristóteles: "o ser humano que não consegue usar a sua própria "fala" para se defender morre um pouco a cada dia". Daí é necessário que o governo possa encarar essa situação como um problema de política pública de saúde, criando locais adequados para se estabelecerem cursos gratuitos voltados para resolução do problema.

Na prática

Segundo John Fletcher(1998, p.20), "para se ter uma idéia nos Estados Unidos, mais de 65 cidades construíram centros de conferências e congressos com salas e equipamentos especiais para oradores. Mais de 26 milhões de norte-americanos comparecem a mais de 250 mil congressos por ano. É uma verdadeira explosão já mais vista".
Talvez, os norte-americanos estejam tentando evitar um problema psicológico que vem se alastrando pelo mundo. Já é mais do que hora de o governo brasileiro fazer o mesmo pela nossa população.
Atualmente a região sudeste do Brasil pulou na frente das outras, isto foi registrado por alguns institutos de pesquisas (2001/IBGE), um aumento substancial no que diz respeito a criação de vários cursos de oratória, dentre eles nós temos muitos de alta qualidade e outros de qualidade duvidosa, certamente as universidades deveriam também ser co-responsáveis nessa empreitada, mas ainda são poucas as que resolveram abrir as portas para esta ciência que é tão antiga quantas as outras.
Aqui na região Nordeste podemos destacar dois exemplos brilhantes de apoio a ciência da oratória e abocanhar um mercado promissor neste ramo, são exatamente o SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) e a FAETE (Faculdade das Atividades Empresariais de Teresina), as duas instituições desenvolvem um bom trabalho tendo formado suas primeiras turmas e com um aproveitamento excepcional.

Um exemplo histórico a seguir

Demóstenes com muita perseverança conseguiu provar que a oratória não era um "dom divino", como muitos acreditavam, mas sim que treinamento e obstinação poderiam lhe trazer resultados brilhantes. Este excepcional orador grego tinha durante sua adolescência vários problemas fonoaudiológicos. Um deles era a gagueira, não fosse o bastante tinha também tiques nervosos, muitos faziam a mesma pergunta que você está se fazendo agora, como uma pessoa dessa foi um dos maiores oradores de todos os tempos?
Para Santos (2010, p.11), "Demóstenes não se conformou com as barreiras impostas pela natureza e a custa de muito esforço eliminou suas deficiências. Não fez apenas uma apresentação, mas trinta e em todas as vezes que se apresentou foi vaiado e humilhado". Uma pessoa normal teria desistido na primeira, todavia Demóstenes procurou auxilio aos grandes mestres que o treinaram, logo sua recompensa foi entrar para o seleto grupo dos melhores oradores de todos os tempos.

A oratória na vida dos profissionais

Hoje sabemos da real necessidade de se expressar em público, isto não é privilégio único dos legisladores, nem tão pouco dos advogados. Todo profissional deveria saber falar em público.
Todos precisam falar bem para enfrentar as mais diferentes situações: comandar subordinados, dirigir ou participar de reuniões, apresentar relatórios, presidir solenidades, vender ou apresentar produtos e serviços e assim por diante.

A oratória e o direito

Estas duas ciências sempre estiveram unidas, tanto que a Oratória era matéria obrigatória nas universidades e faculdades de Direito. Outrora, na verdade, o advogado precisava esmerar-se para ganhar destaque na tribuna do júri. Essa era a melhor forma do profissional se destacar diante dos outros. A carreira avançava a medida que se lograva êxito nas defesas orais. Mas, a partir dos anos 50 e 60 a oratória foi retirada das grades curriculares dos cursos de direito, ou seja, o direito passou a andar na contramão do mundo moderno, como podemos constatar com este artigo.
Isso passou a ser determinante a partir do momento que especificamente esse profissional teve de começar a utilizar os argumentos, gestos e técnicas no seu campo e lamentavelmente não estava preparado para tal. Nesta perspectiva que passou a assolar esta área muitos advogados e até mesmo magistrados passaram a recorrer a cursos de oratória espalhados pelo Brasil no intuito de usar esta ciência como ponte entre seu conhecimento e a expressão deste no dia-a-dia.

Considerações finais

Este trabalho teve como objetivo geral levantar um problema de saúde que é constatado no mundo moderno, porém desconhecido por muitos, contudo apresentando soluções plausíveis para resolução da questão, temos certeza de que isso é possível, afinal de contas os Estados Unidos já adotam esta prática e os resultados são animadores, por que não fazer o mesmo aqui no Brasil.
O nosso objetivo específico foi o de demonstrar que o direito e arte da oratória estão interligados e a sua separação é algo impensável, podemos assim dizer que houve uma verdadeira castração quando a oratória foi separada do direito, deixando milhares de profissionais desamparados de uma técnica imprescindível para execução de seu trabalho, não podendo também deixar de ressaltar que já é possível vislumbrar uma saída no fim do túnel.
Profissionais de todas as áreas devem e precisam procurar se reciclar o mais breve possível, o mercado é amplo, mas restrito aqueles que não conseguem se adequar a uma realidade tão competitiva.

Referências Bibliográficas
BUENO, Francisco da Silveira, A arte de falar em público, 9ª edição, São Paulo, Saraiva, 1966.
FLETCHER, Leon, Como falar como um profissional. 5ª edição, Rio de Janeiro, Record, 1993.
POLITO, Reinaldo, Como falar corretamente e sem inibições, 54 edição, São Paulo: Saraiva, 1998.
BLICKSTEIN, Izidoro, Como falar em público: Técnicas e habilidades de comunicação para apresentações, São Paulo: Ática, 2007.
SANTOS, Washington Costa, Sedução ? manual de técnicas da oratória, 1ª edição, Santa Catarina, Clube de autores, 2010.
[email protected]/ Publicação ABRAPSMOL
[email protected]/ Timidez/Fobia Social.