Boa noite! Senhoras e senhores e demais autoridades aqui presentes quero em nome dos formandos do Curso de Direito estender meus cumprimentos a todos que aqui vieram nos prestigiar essa noite, em especial:

I.À Diretora Geral da UDC: Professora Rosicler Hauagge do Prado;

II.À Coordenadora do Curso de Direito: Professora Mestre Lissandra Espinosa de Mello Aguirre.

III.Ao professor Nome da Turma: Dr. Rubens Alexandre da Silva;

IV.Ao Patrono: Prof. Ms. Fábio Hauagge do Prado;

V.Ao Paraninfo Prof. Esp. Javert Ribeiro da Fonseca Neto;

VI.Aos professores homenageados:

a)Profª. Ms. Jusilei Soleide Matick

b)Prof. Ms. Luiz Antonio de Souza

c)Prof. Esp. Rogério Irineo Ojeda.

VII.Aos demais professores que nos acompanharam no decorrer do curso, principalmente ao Prof. Ms. E. Beserra.

VIII.Aos funcionários homenageados:

a)João Batista de Moraes;

b)Robson Ferreira da Silva e todos os outros membros dessa insigne instituição.

IX.Aos nossos familiares e amigos pelo apoio irrestrito.

Externamos a todos os nossos sinceros agradecimentos!

Caros Colegas! Hoje é um dia singular em nossas vidas, mas não tão quanto ao que esse dia poderá nos levar.

Hoje é o último dia que nos encontramos oficialmente como acadêmicos dessa instituição que nos conduziu por cinco anos.

E que levaremos seu nome pelo resto de nossas vidas, não só estampando em nossa diploma que ora recebemos, mas também em nossa memória.

Esse momento, guarda de fato, uma singularidade inefável, uma vez que surge da simbiose de lembranças e perspectivas, de saudades e apreensão.

Surge como o deus Janos, da Mitologia Romana, o porteiro celestial, sendo representado com duas cabeças, representando os términos e os começos, o passado e o futuro.

Tal qual Janos, estamos nós hoje pensando em toda a nossa tragetória para chegarmos até aqui e imaginando como será nossas vidas de hoje em diante.

Achamo-nos , pois hoje aqui reunidos, nesse ritual solene para celebrarmos mais um momento crucial de nossas vidas. E nada que aqui seja dito poderá traduzir a sensação que cada um de nós estamos sentido, por ter conseguido realizar esse sonho.

Procurarão essas palavras externar o sentimento coletivo dos formandos, mas talvez quem não o seja não irá compreende-las.

Há exatos cinco anos, esse momento era apenas uma possibilidade perdida no acaso do futuro, hoje é uma realidade que foi construída ao longo de uma árdua jornada.

Onde encontramos pela frente difíceis empecilhos de serem suplantados, por isso hoje podemos nos considerar vencedores de uma luta em que não há perdedor.

Neste mesmo decurso quiçá enfeitiçados por Themis, deusa da justiça, começamos a percurstrar o Estudo de Direito, essa ciência humana tão louvável que fascina os brasileiro desde antes de existir Faculdades de Direito no Brasil, quando os filhos de famílias mais abastadas iam cursá-lo na Europa.

Hoje o curso de Direito tornou-se mais acessível, porém não perdeu seu brilho, continua sendo um curso deslumbrante, porque o Direito é uma matéria viva, fruto da sociedade, que está presente em nosso cotidiano e que circunda todas nossas relações sociais.

E foi com essa concepção que no ano de 1883, um mulato nordestino chamado Tobias Barreto de Meneses em sua aula magna na Faculdade de Recife sobre o direito afirmava:

É mister bater cem vezes e cem vezes repetir: o direito não é um filho do céu, é simplesmente um fenômeno histórico, um produto cultural da humanidade. Serpens nisi serpentem comederit, non fit draco, serpente que não devora serpente, não se faz dragão; a força que não vence a força não se faz direito; o direito é a força, que matou a própria força.

É essa força senhores que a partir de hoje, após o juramento de nossa colega passaremos a defender, como já defendia Ruy Barbosa na Conferência da Paz em Haia no ano de 1909 o qual proclamava a defesa da força do direito e não o direito a força.

Independente do cargo ou função que venhamos a exercer em nome do direito, não podemos sob qualquer condição esquecer do juramento que aqui hoje fizemos nem tampouco de sua função social.

Lembre-se que a partir de hoje estamos bacharéis em Direito. Vejam o termo "estamos", porque estarmos bacharéis e não "sermos" bacharéis!?

Em verdade vos digo, que o bacharelado é uma fase transitória o elo entre o ser acadêmico e o ser profissional que nos espera, o bacharelado é o limbo que termos que passar para chegarmos ao nosso desiderato.

Um dia desses me veio a súbita curiosidade de saber qual a origem do termo bacharel e o que significava em sua grafia primitiva, de pronto recorri à De Plácido e Silva e lá estava seu significado primitivo para os romanos:

"Aquele que está coroado com louros", hoje aquele que conclui curso superior, vejam caros colegas a coroação de louros para os romanos eram o símbolo máxime das vitórias, uma vez que assim eram coroados os atletas vencedores dos jogos no Coliseu e eram assim que desfilavam pelas ruas de Roma os césares em suas aparições públicas.

Então é assim que sentimo-nos , coroados com os louros da vitória por termos conseguido concluir essa primeira fase dos nossos estudos nas ciências jurídicas. Porém, não esqueçamos que o bacharelado só nos tornam aptos ao estudo.

Nesse momento podemos parafrasear Julio Cesar, que em 47 a.C. na Ásia ao concluir sua conquista sobre aquele povo disse a famosa frase "vim, vi e venci". Então, vimos, vemos e vencemos.

Porque para alguns o curso, foi de fato, uma batalha, cheia de embaraços das mais diferentes ordens, alguns tiveram que conciliar trabalho e estudos, tiveram que sacrificar fins de semanas, tiveram que imolar momentos de desconcentração com os familiares.

Passar noites em estudo porque tinham dentro de seu plano de vida um objetivo "concluir o curso de Direito" e muitos não conseguiram, muitos perderam-se pelo caminhos, porém os que acreditaram chegaram até aqui.

Os que acreditaram e lutaram pelo seu ideal estão aqui hoje, como os mirmidões, que acompanharam Aquiles à Guerra de Tróia, uma raça diligente e laboriosa, ávida de ganhar e perseverante na defesa do que ganham.

Mas isso não é tudo e não sejamos medíocres para contentarmos só com o título de bacharel, acreditemos em nós porque temos potencial para irmos muito além disso.

Não nos sintamos intimidados com as dificuldades que aparecerão daqui para a frente, pois estas serão muitas, mas aqueles que acreditam e sabem onde quer chegar conseguirá trilhar seu caminho.

E para suplantar as dificuldadessó nos resta sermos perseverantes em nosso trabalho e em nossosestudos, a exemplo de Ruy Barbosa, o maior jurista dessa Nação, que em sua celebre Oração aos Moços já declarava:

"Estudante sou. Nada mais. Mau sabedor, fraco jurista, mesquinho advogado, pouco mais sei do que saber estudar, saber como se estuda, e saber que tenho estudado.

Nem isso mesmo sei se saberei bem. Mas, do que tenho logrado saber, o melhor devo às manhãs e madrugadas.

Mas, senhores, os que madrugam no ler, convém madrugarem também no pensar. Vulgar é o ler, raro o refletir.

O saber não está na ciência alheia, que se absorve, mas, principalmente, nas idéias próprias, que se geram dos conhecimentos absorvidos, mediante a transmutação, por que passam, no espírito que os assimila.

Um sabedor não é armário de sabedoria armazenada, mas transformador reflexivo de aquisições digeridas."

Com isso podemos extrair da lição que nos deixa o Águia de Haia:

Que devemos serperseverantes em nosso trabalho e estudos, pois só assim teremos êxito nessa nossa jornada que nos propusemos a trilhar o dia que iniciamos o curso de Direito e que hoje concluímos apenas a primeira etapa.

Devemo-nos, igualmente lembrar,e talvez disso lembremos mais, que o curso não foi feito apenas de percalços, houve também, momentos de bonança.

E que um curso não é feito exclusivamente de estudos, embora estes devam prevalecer sobre outros intentos, cabe ressaltar a importância dos sentimentos humanos que se desenvolve nesse trajeto.

Uma vez que no início éramos apenas colegas de sala e no desenvolver do curso muitos de nós tornamo-nos amigos, mais do que o conhecimento sistematizado de uma grade curricular, aqui foi-nos oportunizadas valiosas lições de vida.

Mister se faz lembrar dos momentos de desconcentração que aqui passamos, das aulas que foram trocados por descontraídas conversas regadas à cerveja no extinto Bar do Cabeça, dos churrascos e festas que fizemos juntos.

Das trêmulas apresentações de trabalho nos primeiros períodos e também das trepidantes apresentações de monografias nos últimos.

Talvez no decorrer do curso, devido à correria que o cotidiano nos impinge, não percebemos o quão gratificante foi nos encontrarmospor cinco anos toda semana aqui nessa Faculdade.

Mas agora com o término podemos perceber, que de fato o foi. Porque a partir de amanhã não mais poderemos ser considerados colegas do Curso de Direito, porque para nós o curso acabou,porém as amizades que aqui firmaram prosseguirão.

E esse vínculo subjetivo da amizade é que nós deixará saudades. A qual prematura já a sentíamos, nos últimos dias de aula.

Interessante que a palavra saudadessó existe na língua portuguesa, mas o sentimento saudade existe em toda parte.

Bem! Meus amigos o curso acabou!

Isso nos faz lembrar o poeta de Itabira, Carlos Drummond de Andrade, no poema José o qual escreve:

E agora, José?

A festa acabou,
 a luz apagou,
 o povo sumiu,
 a noite esfriou,
  e agora, José?

E então parafraseando o poeta mineiro falamos:

E agora? O curso acabou! O Exame da Ordem virá! Os Concursos virão!

Agora, só nos resta encarar a realidade extra-curricular do Curso, com a mesma determinação que nos fez concluí-lo com êxito.

E não sermos medíocres de contentarmos apenas com o título de bacharel, porque temos potencial para irmos muito além do que isso.E isso a posteridade verá.

Lembrem-se meus amigos que hoje é um dia singular em nossas vidas, mas não tão quanto ao que esse dia poderá nos levar.

Que venha então o famigeradoExame de Ordem!

Que venham os concorridos concursos públicos!

Por que um futuro glorioso nos espera!

E que Deus, meus colegas, nos abençoe nessa nossa jornada!

Muito Obrigado!

Foz do Iguaçu, anfiteatro da UDC, 17 de julho de 2009.

Mauro Cesar João de Cruz e Souza.