OPOSIÇÃO NO BRASIL É O CRIME – PARTE 2
Por Marcelo C. P. Diniz

Em primeiro lugar, cabe tipificar o que é crime organizado. Vejamos o depoimento de uma adolescente, que saiu no UOL Notícias:
"A violência começou depois que mataram três rapazes. O comando do bairro pediu vingança. Foi aí então que tudo começou. Um rapaz chamado Alemão, que comanda o bairro de Paraisópolis ajuntou um tumulto de traficantes, e eles começaram a atacar. Ao chegar a polícia todos correram e começaram a botar fogo."
A notícia ainda dá conta que neste arremedo de paraíso atuam ONGs, procurando dar alguma assistência aos necessitados, como também milicianos, que lutam pelo poder com os traficantes.

Esta situação parece organizada para você? Para mim não parece.

O que soa como uma organização formidável é o Congresso Nacional. Teoricamente eleitos para nos representar, num regime democrático que muitos consideram exemplar, mas que, como diria o especialista em política Jackson Vasconcelos, não passa de uma "Democrisia", vossas excelências entraram em todo tipo de acordo e colocaram o PMDB na presidência do Senado e da Câmara. Dezenas de partidos apoiaram essas escolhas. Não há espaço para mais nada, a não ser novos acordos nas futuras votações, segundo os interesses do poder.

Interesses que passam longe das nossas necessidades, quase sempre atendidas de forma ilusória. Basta dizer que o Governo empenhou apenas R$ 18,7 bilhões em obras do PAC em 2007 e 2008, dos quais R$ 11,4 bilhões foram efetivamente pagos.  A promessa, que dificilmente será cumprida, é de R$142 bilhões até 2010.

E se há um deputado capaz de construir até um palácio para sua própria moradia, e ainda ser nomeado corregedor, onde está o crime organizado? Em Paraísópolis ou em Brasília?

A meu ver, em Paraisópolis só vamos encontrar a única oposição que existe neste país, se bem que completamente desorganizada: o crime exercido pelos pobres que não aceitam a sua condição social.


OPOSIÇÃO NO BRASIL É O CRIME – PARTE 1 (ESCRITA EM 02.12.06)
Por Marcelo C. P. Diniz

Estou chegado a dizer que a sociedade brasileira está funcionando assim. Em cima, temos os ricos, as grandes empresas, os políticos, os "donos" das estatais, o judiciário. É um conluio quase generalizado, pressão daqui, financiamento dali, doação de lá, uma feira de benesses. Entre os políticos, a palavra da moda é coalizão. Dizem que vão garantir a governabilidade. Deveria ser bom, pois a cooperação, teoricamente, é melhor do que a competição. Mas, na verdade, o que estão fazendo é uma série de acordos para que os participantes não percam a oportunidade de se beneficiar do poder. Ninguém pode ficar de fora. Orestes Quércia e Moreira Franco sentam-se à mesa com Lula e Tarso Genro; Aécio Neves e José Serra são chamados para reunir apoios. Sergio Cabral chama alguns competentes para o seu secretariado, mas mantém parte do que é do Garotinho, ao mesmo tempo em que dá as mãos a Cesar Maia...

Política é assim mesmo? Pode ser, mas que soa esquisito, isto soa.

Abaixo da classe mais poderosa, tem a turma que gravita em torno dela,
procurando negócios. Muitas ONGs, inclusive. O nome do jogo é dinheiro, o objetivo do jogo é lucrar – o livro de regras ninguém escreveu ainda.

Depois vêm os chamados homens de bem, ou maioria (será uma minoria?) silenciosa. Este pessoal quer distância do cipoal aí de cima, por isso não participa da política. Mas é de uma ingenuidade cavalar. A cada eleição, corre lá, dá o seu votinho, legitima uma pseudo-democracia que elege Collors e Malufs, bota toda a corriola na legalidade. Tem gente que vai votar até em cadeira de rodas, subindo escadas. Tem uns velhinhos, coitados, que não se agüentam mais de dor nas costas, mas vão lá, com as suas bengalas, votar por um Brasil melhor, sob os aplausos da mídia – "Brasil Cidadão!"

Já notou, caro leitor, que até agora não há oposição? E ainda temos os pobres, humildes, precisados de emprego ou de Bolsa Família, que também não fazem
oposição.

Chego à triste conclusão que na oposição o Brasil só tem o crime. Não o lá de cima, que está no poder, mas o daqui de baixo. Temos o confronto à propriedade, como o MST, recebendo subvenção do Governo, e a oposição pra valer, nascida das piores sarjetas que a própria sociedade criou: oposição no Brasil é Marcola, PCC, Beira Mar e outros. Se algum dia se estruturar em torno de uma liderança, bota fogo no Brasil, como começou a botar em São Paulo. Olha só o que o Marcola declarou em O Globo, quando perguntado se era do PCC:

"Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível... Vocês nunca me olharam durante décadas... E antigamente era mole resolver o problema da miséria... O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias... A solução é que nunca vinha... Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a "beleza dos morros ao amanhecer", essas coisas... Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo... Nós somos o início tardio de vossa consciência social... Viu? Sou culto... Leio Dante na prisão..."

Olha, se as pessoas de bem não resolverem participar da política e emprestar um pouco de moral ao resto da turma, o futuro não será nada auspicioso...

PS: O AUTOR LANÇOU NOVO MOVIMENTO NA POLÍTICA:

www.voteperereca.com.br