OPOSIÇÃO DE LOCKE ACERCA DAS IDEIAS INATAS DE DESCARTES

                                                    

        O presente artigo tem por objetivo geral classificar um ponto fundamental no pensamento lockeano: sua oposição ao que se pode chamar ‘’ideias inatas’’, Por ora é bom dizer que Locke não pensava em publicar esta obra acerca do entendimento humano, esta demorou aproximadamente vinte anos para ser do entendimento humano, esta demorou aproximadamente vinte anos para ser posta em ordem. Não passava de uma conversa com alguns amigos que dentre outros assuntos se procuravam indagar sobre o intelecto e suas capacidades, bem como aquilo que poderia atrapalhar tais capacidades. Outro motivo interessante da constituição desta obre esta relacionada com a vida política de Locke, que prestando serviços a condes e outros podem viajar a muitos lugares e numa dessas viagens teve contato com ideias cartesianas.

        Locke em seu ‘’Ensaio Acerca do Entendimento Humano’’ dispensa boa parte da obra para refutar o princípio fundante do cartesianismo: o inatismo, ou seja, a presença de certas ideias na mente, que se dão no momento da ‘’criação primordial’’. Locke não tem a pretensão de investigar o aspecto físico da mente e nem outro aspecto qualquer que se refere a essência ou formação da mente. Sua disposição está voltada as faculdades (intelectuais) do homem, ou melhor, ‘’como ela se volta aos objetos’’. A filosofia que descartes formula vais de encontro a tal questão, mas por um sentido oposto ( ao que Locke outrora vai trilhar). Locke não se contenta com a posição que o cartesianismo toma, admitir um certo conhecimento inato sobre as coisas do mundo soa estranho frente ao seu pensamento. Existem certos pontos no Ensaio (de Locke) que ilustrariam melhor esta oposição: uma delas esta fundada em um adágio de filosofia (sobretudo da antiguidade e dos medievais) ‘’uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo sob o mesmo aspecto’’.  Acredito ser esta grande sacada que dá validade ao pensamento de Locke – pois se os defensores do inatismo admitem a existência, ouso dizer, a Priori de certas ideias, como não as percebem logo na mente? Outro ponto (que também suscita muita discussão) é a descoberta dessas ideias inatas de Descartes? Como foi dito anteriormente este artigo versará sobre os argumentos de Locke contra os princípios do inatismo.

         Dando continuidade da critica das ideias inatas, chegamos a afirmação de um “acordo geral”.  Esta afirmação válida para os que acreditam, o inatismo das ideias, pois prevê, um tal acordo só pode ser geral quando todos os homens compartilham uma e mesma ideia. Logo com base neste pontos pode-se  então desenvolver o argumento de Locke. Em primeiro lugar deve-se deixar claro e fazer uso de uma menção do próprio Locke esta é a seguinte: “É de grande utilidade para um marinheiro saber a extensão de sua linha”, ou seja, conhecer suas capacidades e limites se tivesse obedecido esta ordem muitos equívocos teriam sido evitados. Outra citação se refere ao termo ideia, Locke a entende como material do pensamento ou “objeto da mente”.

        No que diz respeito ao primeiro ponto, Locke usa o seguinte exemplo: se tais ideias já se encontram em nossas mente e estas dizem respeito ás coisas do mundo, logo, as crianças e os idiotas (deficientes) saberiam responder ás questões matemáticas e outras questões quando se deparassem com elas. E se tais ideias já nos são presentes como não as percebemos tão logo acordamos. E como admitir uma ideia geral a todas as mentes se em alguns lugares certos costumes se diferem. E em relação ás regras morais, para Locke , elas não podem ser inatas, pois necessitam de provas. Portanto, o pensamento Lockeano não admite “princípios inatos”. Contrário a lógica cartesiana a origem das ideias em Locke se dá pela experiência com o uso dos sentidos. Locke propõe a seguinte tese: nossa mente seria ou estaria como uma folha em branco preste a receber as impressões que os objetos nos fornecem. Quando este processo acontece o objeto passa a existir em nos não fisicamente, mas como um objeto da mente. Esta seria uma forma das ideias surgirem em nos e ela diz respeito á sensação. A outra é pela reflexão, mas a reflexão como uma operação interna da mente só se efetiva quando as ideias primárias já nos estão impressas. O que acarreta a seguinte descrição: aquilo que recebemos de objetivo dos objetos (figura, extensão, solidez) são qualidades primárias. As qualidades subjetivas estariam para as combinações das ideias que se formarem dos dados recebidos pelos objetos. Locke ainda introduz o conceito de substância como: “sustentáculo daquelas qualidades que descobrimos que existem nos objetos”.  Entretanto o artigo se limitará até aqui.

        Conclui-se então, que não há princípios inatos porque se estes princípios existissem já o teríamos percebido desde antes e uma coisa não pode estar (no sujeito) e não ser percebido (pelo sujeito) assim como não é possível uma ideia ser comum a todas as mentes, pois cada reino tem seus costumes e regras, desse modo só podemos ter conhecimento das coisas através da experiência pelo uso dos sentidos ou da reflexão tal desfecho se evidencia pelo seguinte modo, assim quando estamos dormindo e não podemos ter ideia alguma, mas quando estamos acordados temos contato com o mundo e pela vivacidade da experiência com ele as ideias nos surgem.

    Ângela Cristina da Silva Duarte                        

                                BIBLIOGRAFIA

LOCKE,  John. Ensaio sobre o entendimento Humano. 5. ed. Tradução Anoar aiex. São Paulo : Nova Cultural , 1991. (Os pensadores).

ABBAGNANO. N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970.

DESCARTES – Discurso do método. Col . Os pensadores, São Paulo: Nova Cultural