OPINIÃO POPULAR
Nazaré, Bahia

Vou andando pelas ruas.
Ruas movimentadas em
Que todos sorriem mas,
Há em cada sorriso
Uma ponta de nostalgia,
Há em cada sorriso
Uma torrente de sofrimento.

Uns dizem: É o calor!
Outros mais informados,
Dizem que é a fome
Ou o medo de ficar sério.
O mal informado
Diz que o povo é preguiçoso.
O quem não sabe o que dizer,
Nada diz.

A cachoeira continua
A rolar as suas águas.
Águas de todas as cores:
Verde, vermelha,
Marrom e amarela.

Todos sabem o que é, mas
Ninguém diz o que é.
Mas, só o fato de saber,
Já é alguma coisa
Que não é o não saber
Ou pior ainda,
O não querer saber.

Continuo andando
Pelas ruas, pelos povos
E vejo com nitidez.
Em cada olhar, a desconfiança.
Vejo um riso amarelo,
É um riso de medo.

Vejo através de cada pessoa
A angústia atravessada
Ao redor da aura,
Como se carregassem
Uma placa imaginária.
E o que está escrito na placa?
Não é nada menos
Que uma palavra de quatro letras.
Vejo outra placa imaginária,
Nela está escrita a frase:
Aqui mora a desgraça,
Aqui mora a angústia,
Aqui mora também a esperança