Onde vamos com isso?

 

Muitos conhecem estes versos por terem ouvido o disco. Se não for este o teu caso, e estiver curioso pode acessar o seguinte endereço: <http://letras.terra.com.br/raul-seixas/48322/> Lá você poderá ler o “Novo Aeon”: “O sol da noite agora está nascendo, alguma coisa está acontecendo, não dá no rádio nem está nas bancas de jornais. Em cada dia ou qualquer lugar, um larga a fábrica, outro sai do lar e até as mulheres, ditas escravas, já não querem servir mais”

Algo está acontecendo. Embora tenha produzidos alguns avanços, o processo e o progresso como um todo, não é bom, pois vemos e ouvimos muita gente reclamado. A insatisfação perpassa lares, instituições e as relações entre as pessoas. A humanidade está numa encruzilhada e uma decisão deve ser tomada. Aliás vem sendo tomada, contra a humanidade e contra a sociedade. Já o havia dito o Maluco Beleza: “O vento voa e varre as velhas ruas, capim silvestre racha as pedras nuas e encobre asfaltos que guardavam histórias terríveis; já não há mais culpado nem inocente, cada pessoa ou coisa é diferente. Já que é assim, baseado em que você pune quem não é você?”

A crise vem de longa data: duas guerras mundiais, uma “guerra fria” e incontáveis incidentes o demonstram. Quem não se lembra de já ter ouvido: “Ta rebocado meu compadre, como os donos do mundo piraram, eles já são carrascos e vítimas do próprio mecanismo que criaram / O monstro SIST é retado e tá doido pra transar comigo e sempre que você dorme de touca ele fatura em cima do inimigo/ A arapuca está armada e não adianta de fora protestar quando se quer entrar num buraco de rato de rato você tem que transar”. Leia toda a letra da música  em: <http://letras.terra.com.br/raul-seixas/90577/>. É verdade que “As aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor” não fez muito sucesso, entretanto sua letra nos convida a pensar, não sobre o mundo, mas sobre os deuses criados pelos homens, a fim de satisfazer suas necessidades. E é com base nessa música que começamos a nos perguntar: Onde vamos com isso? Isso o quê?, você pode perguntar. Onde vamos com os problemas que estamos criando em nosso mundo.

Agora, só para justificar a situação em que nos encontramos, veja algumas manchetes que circularam pela internet nos últimos dias: “Mulher mata marido após ser impedida de ir à festa”; “Criança atira em professora e se suicida em sala de aula”; “Marido é preso por manter esposa amarrada na cama”; “PM mata colega em Rondônia”. Essas são só algumas manchetes de tragédias. Teria, também, todas as notícias sobre as malandragens que infestam a política, como os ministros que foram afastados por denuncia de corrupção, além dos quase escondidos e surrados casos do mensalão, e das malas de dinheiro.

Também poderíamos lembrar o descaso produzindo a situação de dente terminal em que se encontra o sistema de saúde pública; os noticiários alardeiam inúmeros casos em que se manifesta o caos na saúde... pública e privada; sem falar dos planos de saúde que mais ajudam a matar que promover a saúde. É evidente que os noticiários se deliciam com isso. Eles faturam alto...

E com isso chegamos – ou voltamos – à educação: alunos e professores em guerra. Num universo em que tudo devia concorrer para o bem dos envolvidos, os problemas se ampliam. O mundo da educação escolar está em ruínas; o mesmo ocorre na galáxia educação que deveria ser promovida pela família... tudo está desmoronando por infecção de mil afazeres. Desmorona porque a família, cotidianamente vem sucumbindo diante da invasão dos anti-valores. A TV, os traficantes, os políticos e os criadores de leis idiotas perverteram de tal modo o ambiente da educação (escolar e doméstico) que está impossível a respiração. É como se ouvíssemos, novamente Raul Seixas, cantando suas aventuras na “cidade de Thor: “A civilização se tornou complicada que ficou tão frágil como um computador que se uma criança descobrir o calcanhar de Aquiles com um só palito pára o motor”

Tá na hora de começarmos não só a desconfiar das coisas, mas a colocar nossa indignação em atos. No tempo da ditadura algumas pessoas tiveram coragem de se manifestar. Pagaram o preço, mas marcaram a história. Findo aquele período, em virtude da castração mental produzida, pelos milicos, as pessoas nem mais se dão o direito de protestar. Hoje alguns loucos começam a “dar a cara a tapa”. E esse é o caminho: ganhar a rua, reeditar os movimentos e protestos de rua. E os estudantes são os primeiros desafiados para essa empreitada, pois são os que mais sofrem as conseqüências dos desmandos. “Eu já passei por todas as religiões filosofias, políticas e lutas, aos 11 anos de idade eu já desconfiava da verdade absoluta”.

E você, ainda acredita em soluções, trazendo benefícios para o povo? E então, para onde vamos com tudo isso?

Neri de Paula Carneiro – Mestre em Educação, Filósofo, Teólogo, Historiador.
Rolim de Moura - RO