Hoje acordei entristecido, cabisbaixo....motivo: tudo vai mal...os últimos anos tem sido difíceis, apesar de toda a luta para se manter vivo e ativo, a custas de três comprimidos de anti-depressivos.
Por um instante lembro o "Poema em linha reta" e me olho no espelho justamente incorporando cada estrofe do poema..."estou farto de semideuses!" Isso sim, é alguém que sente...que vontade de pôr pra fora todo esse sentimento ruim. A mim me basta, mas logo vem um inimigo cruel de todo o ser humano: a comparação. Se eu fosse assim....se eu fosse assado...por que perdi aquela ou aquelas oportunidades ???...
Assolado no final do dia, sento em frente a TV e vejo um monte crimes, tragédias, apelos....por falar em apelos toca o telefone....trimmm....O senhor poderia contribuir com XYZ reais para nossa campanha.....aff! Que dia!
Desconsolado e sem ninguém pra conversar (na verdade, o que eu queria é que aparecesse um anjo e me tirasse dessa situação) deito na minha cama abatido novamente pela depressão.

Um filme longo se passa pela minha cabeça e, de repente, com o corpo já entorpecido de tantos pensamentos negativos, quase entre o sono e o despertar, me vêm a mente coisas que sempre gostei de estudar e observar desde pequeno: as estrelas! Ah! Que alívio! Como são belas, cada uma de um tamanho diferente, cada uma com seu brilho e intensidade diferentes. Acordo num ressalto e pego o laptop a fim de ver as lindas imagens que o telescópio Hubble nos oferece. Inebriado de tantas imagens lindas e de tão diferentes cores e formas que o nosso Universo têm, aparecem-me as dúvidas: Qual o nosso endereço na vastidão do Universo? Quantas estrelas existe nessa vastidão toda?
Quando criança, a alguns anos atrás, quando anoitecia e eu costumava olhar as estrelas no céu, perguntas como essa seriam difíceis e demoradas de serem respondidas. Felizmente, nem desliguei o computador. Novamente entro e começo meu incessante trabalho de pesquisa. Uau! Olha onde estamos! Numa das bordas da Via Láctea ( e ainda mais! Aprendi que Via Láctea vem da civilização grega ? "kiklos" ? e era o leite derramado pela deusa Hera) que por sinal é também o nome da pitbull do meu vizinho da frente).
Com os olhos brilhando, procuro agora a resposta da segunda pergunta, quantas estrelas existem? Me deparo com um vídeo chamado Ultra Deep Field, explico: por uma semana os astrônomos colocaram o Hubble fixo numa direção só por 11 dias e onde eles achvam que não encontrariam nenhuma imagem, verificaram a existência de milhares de galáxias. Sem mais espera, consigo a resposta a minha última questão, existem no universo 1 trilhão de galáxias e cada uma tem 100 bilhões de estrelas, portanto existem agora, girando junto conosco, quando eu escrevo estas páginas, quando você lê este artigo, pasme: 100 bilhões de trilhões de estrelas!!! Coitadinho do nosso sol, tão pequenininho...
Finalmente me deparo com algo inusitado: quão pequenos são meus problemas perto desta vastidão toda, E os da humanidade então? Não são exatamente nada, não tem essa significância toda a que damos a eles. Agora vem o mais intrigante: onde está a felicidade então, já que não me sinto feliz? Neste momento, o anjo que eu pedi me aparece em forma de um pensamento muito bonito: a felicidade que você procura fora está guardada dentro de você, para vê-la basta começar a eliminar os pseudo-problemas que você enxerga como problemas e logo você verá que ela está bem aí, na sua frente, na simplicidade de uma flor ou na grandiosidade da beleza do Universo. E, já que falamos tanto de Universom termino com uma frase de Carl Sagan: " Em algum lugar, algo incrível espera para ser conhecido"....sim...dentro de nós...