Charles passou os seus primeiros anos de infância mergulhados em leituras. Mas essa situação não durou muito tempo, pois quando tinha cerca de apenas 12 anos de idade, sua família se viu asfixiada por dívidas e por essa razão, seus pais foram presos. Para sustentá-los, Dickens foi enviado para trabalhar uma fábrica de graxa para sapatos. A partir de então, ele teria notado o ponto final de sua infância. Acontecimento este que se tornaria inesquecível para sua vida.
Com o passar dos anos, devido as suas experiências, Dickens adquiriu um caráter muito crítico em relação à sociedade em que vivia. E logo veio a tornar-se um escritor de sucesso. Dickens costumava inspirar-se em suas próprias experiências e em histórias que havia lido desde sua infância, para criar seus próprios personagens. Não perdendo a oportunidade de expressar em seus romances, entre outros aspectos, obras de crítica social. "Nas suas narrativas são tecidos comentários ferozes a uma sociedade que permitia a pobreza extrema, as más condições de vida e de trabalho e a estratificação social abrupta da era vitoriana, a par de uma empatia solidária pelo homem comum e uma atitude céptica em relação à alta sociedade. (fonte Internet-Charles Dickens. 2009).
Em uma das suas mais famosas publicações, Oliver Twist, podemos encontrar as características supracitadas. Nesta obra, Dickens revela detalhes semelhantes à sua história de vida e mostra através da personagem de um jovem rapaz, cujo nome é o mesmo da obra, toda a injustiça social sofrida pela sociedade carente do século XIX.
A história de Oliver Twist começa com o seu nascimento. Sua mãe é encontrada nas ruas, prestes a parir. É, então, levada para uma "workhouse", onde logo que seu bebê nasce ela vem a falecer. Sob estas circunstâncias, Oliver passa desde então a ser criado no mesmo local onde nasceu: uma "workhouse", que "era um lugar onde as pessoas pobres e sem teto trabalhavam em troca de alimentação e moradia". (Fonte Internet-"Cold Reality of Workhouses Depicted in Dickens' novel Oliver Twist." (2009). Oliver passou a maior parte de sua infância naquele local. Dickens não economizou nos detalhes ao descrever- talvez denunciar seja a palavra mais adequada- as condições precárias vividas por quem dependia dela, da má índole das pessoas responsáveis pelo funcionamento destes locais e o descaso das autoridades e sociedade em relação às mesmas.
Além de atos de violência física e moral contra as crianças, Dickens descreveu o modo como elas eram obrigadas há passar o dia com um tipo de alimentação extremamente carente, chegando muitas vezes ao falecimento por desnutrição.
Na casa de correção, a fome seguia atormentando a Oliver e seus companheiros: só lhes davam um prato de um ralo mingau de aveia, exceto nos dias de festas, que recebiam um pedaço de pão. Certo dia, os meninos resolveram cometer a ousadia de pedir mais comida e, depois de tirar na sorte, Oliver foi o escolhido. Naquela noite, depois do jantar, Oliver se levantou da mesa, se aproximou do diretor e disse:
-Por favor, senhor, quero um pouco mais.
-O que? Perguntou o senhor Limbinks enfadado.
-Por favor, senhor, quero um pouco mais-repetiu o garoto.
O menino ficou trancado durante uma semana em um quarto frio e escuro; ali passou os dias e as noites chorando amargamente. (Dickens, 1839)

Entretanto, essa costumava ser uma ocorrência lastimável para quem tomava conta da "workhouse", uma vez que recebiam ajuda de custo por pessoa. Logo, quanto mais crianças, mais dinheiro, que seria desviado dos pratinhos de mingau de aveia dos meninos para os largos bolsos dos "responsáveis" por tais estabelecimentos.

"Os pobrezinhos estavam submetidos à crueldade da senhora Mann, uma mulher cuja avareza a levava a apropriar-se do dinheiro que a paróquia destinava a cada menino para sua manutenção. De modo que aquelas indefesas criaturas passavam muita fome e a maioria adoecia de privações e frio." (Dickens, 1839)

E o que pode ser considerado indignante, é o fato de absolutamente ninguém procurar saber, ao certo, as razões das mortes de suas crianças. Ora, não é nada difícil concluir a mensagem que Dickens pretendia passar, uma vez que se a ajuda enviada pelas autoridades era por pessoa, logo, quanto menos pessoas menores seriam os custos. O que certamente significaria mais dinheiro para eles mesmos. Par simplificar, essas atitudes podem ser consideradas como um círculo vicioso, onde, quanto mais se tem poder, mais se quer ter. Mesmo que ameace a vida de outros.
Certamente não há dúvidas com o quanto Dickens se importava com a sociedade, e essa era sua forma de gritar ao mundo, através de suas palavras escritas, por mudanças. Mudanças não apenas nas "workhouses", como trata esse ensaio, mas também em muitos outros aspectos que podem ser identificados nesta obra e em outras.

REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS
Dickens, Charles. Oliver Twist. Internet. www.Dominiopublico.com (em 19 de maio de 2009).
Fonte Internet-Charles Dickens. www.wikpedia.com (em 19 de maio de 2009).
Fonte Internet-"Cold Reality of Workhouses Depicted in Dickens' novel Oliver Twist." 123helpme. com (em 23 de maio de 2009).
Fonte Internet- Quem foi Charles Dickens? www.e-booksgratis.com(em 23 de maio de 2009).