Olhos de solidão
Publicado em 12 de outubro de 2011 por Francisco Hilário Soares brandão
OLHOS DE SOLIDÃO
Como seria, a seus olhos, a imagem da solidão:
ü O sol poente no deserto com a figura de um beduíno em seu camelo projetando sua sombra nas areias douradas ?
ü Um velho pescador, sentado em seu barco cinza de velhice pescando em águas claras num mar cristalino com seu sol ao alvorecer?
ü A figura do astronauta olhando pela escotilha da nave o mundo azul se separando dele sob uma negra e estrelada estrada para a eternidade?
ü A imagem do nadar trágico de um cachalote sob o frio mar de uma Antártida vazia?
ü Sob o olhar da lua o cacto mexicano enverga seus braços ao sabor dos ventos do deserto?
ü O correr da auto-estrada num fim de dia de outono entre fronteiras, serpenteando os Alpes?
ü A pequena flor branca, que desrespeitando a gravidade balança em pedras nuas no cume de montanhas?
ü A mão enrugada do velho camponês segurando o cigarro de palha que sustenta seu olhar perdido á beira da estrada de terra que o levará a lugar nenhum?
ü Ouvir o gargalhar frenético da hiena em uma tenda aos pés de um Kilimanjaro já sem neve?
ü O mergulho do jovem exibicionista nos mares do golfo do México?
ü A última onda do entardecer do surfista nos mares da Austrália?
ü A asa delta deslizando nas correntes mornas de um Rio exuberante?
ü O olhar perdido do velho padre numa capela de Igreja do interior?
ü O cair da folha verde nas correntes prateadas de um pequeno córrego de pomar da fazenda?.
ü O soluço de desespero do primeiro amor desiludido?
ü O choro do bebê nascido que ressoa no corredor frio de um branco hospital?
ü A pétala branca da rosa envelhecida em cândido repouso sobre a mesa da sala?
ü Uma pipa cortada que plana como primeira bailarina sobre os telhados da cidade?
ü Ou um pequeno pé de meia furado que envolve em doce calor o ovo de madeira?
A solidão é apenas uma questão de escolha.
A solidão da vida se encontra na morte.